Capítulo 27
2029palavras
2023-08-03 15:32
Seus olhos brilharam sobre sua imagem no espelho mais uma vez. Ela passou as mãos sobre a barriga lisa. Com a calça vermelha e uma jaqueta linda, ela parecia ser confiante: tudo o que ela atualmente não era.
Ela olhou para o cabelo. As mechas loiras foram amarradas em um rabo de cavalo rígido. As pontas de seu cabelo formavam ondas perfeitamente lindas que foram arrumadas por Emily, ela acordou duas horas antes para fazer.
Roxanne repetiu várias vezes em frente ao espelho como iria falar na hora de ser entrevistada, mas ainda estava preocupada. Talvez fosse por causa do contraste acentuado do seu batom vermelho com sua calça. Emily disse que isso completaria seu visual é como se ela falasse, "Sou a melhor mulher certa para esse trabalho, então não brinque comigo e não perca essa oportunidade". Roxanne não sabia se ela concordava com isso ou não, o que ela sabia agora, era que ela estava nervosa pra c*ralho.

Era engraçado o como ela esperava por esse dia há muito tempo, o dia em que finalmente voltaria à força de trabalho dos Estados Unidos. Mas, agora que o dia havia chegado, ela só queria se rastejar até a cama e afundar todos os seus medos comendo hambúrguer com queijo.
No entanto, ela sabia que comer vários hambúrgueres com queijo não a ajudariam a preencher um cheque para pagar sua parte do aluguel. Emily já havia feito tanto por ela, ela não poderia estressar ainda mais a sua amiga.
Nesse momento, Emily entrou no quarto com uma tigela de cereal na mão direita e o celular na mão esquerda. Seus olhos brilharam quando ela viu Roxanne em frente ao espelho.
"Garota! Você parece ter um milhão de dólares na sua conta bancária!"
Roxanne revirou os olhos enquanto sorria.
"Mas, eu só me sentiria com um milhão de dólares na conta DEPOIS de conseguir o emprego".

"E você vai, menina", com isso, Emily se acomodou na cama de Roxanne com um sorriso no rosto.
"Sabe, a última vez que você disse algo assim...", Roxanne fez uma pausa e se virou para Emily, com um sorriso sarcástico no rosto.
"...Eu perdi o meu emprego".
Dramaticamente, Emily colocou a mão no peito enquanto ela fingia uma expressão de coração partido.

"Ai, não exagera".
Roxanne riu.
"Eu não quis dizer isso..."
"Eu sei, mas pelo menos você está sorrindo. Eu tô fazendo um bom trabalho como coach, não acha?"
"Talvez você devesse levar essa carreira mais a sério".
"E arruinar a vida de tantos jovens por aí? Não. Acho que não".
Ambos riram jutas. Mas, além das risadas, Emily podia ver a pitada de medo e ansiedade nos olhos de sua amiga.
"Você está apavorada".
Roxanne não conseguia mais esconder, Emily tinha cheirado ela como se fosse uma cachorra que estava faminta e farejava seu osso.
"Eu não posso mentir pra você, eu tô".
"Depois que você tomar umas duas xícaras de café e uma de hortelã com pimenta, você vai melhorar, vamos lá garota! Hortelã com pimenta resolve tudo!"
Roxanne revirou os olhos e caminhou até a cama onde Emily estava deitada.
"Eu tô falando sério. Eu esperava poder acalmar meus nervos até quinta-feira, mas depois que eles mudaram a data pra hoje, me dando apenas um fim de semana para me preparar, acho que isso me deixou ansiosa ainda mais", enquanto falava, ela se acomodou na beirada da cama, sorrindo tristemente para a amiga.
Os olhos de Emily se suavizaram. Sua amiga já havia passado por muita coisa. Ela esperava, pelo bem de Roxanne, conseguir esse emprego hoje. Sua amiga precisava de uma boa notícia em sua vida depois de todas as más que ela teve que passar desde então.
"Essa empresa é nova, de acordo com o que você me disse. E aqui está você! Com o quê? 5 anos de experiência em uma das maiores empresas de câmbio de todo o país! Vamos Roxanne, você é uma mina de ouro ambulante. E se essa empresa não ver isso, quem vai perder é ela".
Enquanto Emily falava, a palma direita cobria o rosto de Roxanne. Roxanne apoiou o rosto na palma da mão dela e se permitiu sentir o calor das mãos de sua melhor amiga.
Nas palavras de Emily, ela encontrou conforto. Mas ainda assim, ela não pôde evitar a resposta que escapou dos seus lábios.
"Sim, mas naquele dia, eu voltei pra casa desempregada e no maior prejuízo".
Emily pareceu pensativa por um momento, antes de concordar com a cabeça.
"Sim. Eu concordo com você sobre isso. Mas, não temos que pensar muito sobre isso, porque você vai voltar pra casa com uma carta de compromisso...", Emily parou para respirar fundo enquanto ela fechava os olhos.
Roxanne não pôde deixar de revirar os olhos. Não era de admirar como sua melhor amiga havia se tornado uma artista tão habilidosa. A essência de Emily fazia parte de drama e arte.
"...Eu posso sentir isso em minha alma".
"Sinto o ódio que você tem pelos outros no mundo, além de mim, né? Oh, por favor!", Roxanne falou, rindo enquanto se levantava.
Emily sorriu.
"Você com certeza banca a suja, Roxanne Harvey".
"Posso me ajudar?", as duas começaram a rir de novo e Roxanne deu uma olhada rápida no relógio digital ao lado de Emily.
"Ah, eu tenho que ir agora, não quero me atrasar na minha entrevista. A primeira impressão é a mais importante".
Emily riu enquanto observava sua amiga verificar seus arquivos. Roxanne pendurou a alça da bolsa no ombro, mandou um beijo para Emily e abriu a porta do quarto para sair.
"Vá brilhar, menina!", Emily comemorou ruidosamente.
"Eu poderia!"
"Pode levar o carro, para dar sorte!"
"Obrigada! Eu te devo um café com leite!", Roxanne gritou de volta.
"Café com leite se compra com dinheiro, primeiro você tem que arrumar um emprego!", Emily brincou.
"F*da-se!", Roxanne respondeu, rindo.
Roxanne saiu apressada, na entrada de sua casa. O carro azul de Emily estava parado, esperando por ela.
Ao vê-lo, sua mente fez uma rápida viagem no tempo.
A última vez que ela andou naquele carro, ela conheceu o estranho mais... único que ela já havia encontrado na vida. O rosto dele passou por sua mente novamente.
Ela não sabia nada sobre ele, exceto seu nome. Nossa! E seu cheiro, como seu abdômen era esculpido, o tamanho do seu p*nis era...
Roxanne parou ali, enquanto respirava fundo. Ela fazia um exercício de respiração quando sentia a ansiedade tomar conta dela.
"Vamos esperar que não encontremos nenhum estranho bonito hoje", ela murmurou para si mesma, enquanto caminhava até o carro e entrava nele.
Ao chegar em frente ao prédio da empresa, com a ajuda do mapa do Google, ela se surpreendeu. O prédio era simplesmente... Magnífico.
Naquele momento, ela sabia que, se conseguisse um emprego nessa empresa, o salário seria mais do que suficiente para começar do zero.
E ela queria isso. Não, ela precisava disso.
Ela entrou rapidamente no prédio, de repente, desejando ter ouvido suas entranhas e colocado suas sapatilhas brancas, em vez dos saltos brancos que Emily insistia que ela usasse. Com eles, parecia que ela não estava andando rápido o suficiente.
A primeira sala que ela entrou era extremamente grande, com o que pareciam ser ladrilhos de vidro transparente sob seus pés. Havia uma grande mesa circular de vidro à sua frente, onde uma mulher vestida de azul estava sentada, com os olhos fixos no PC à sua frente.
Roxanne caminhou até a mulher.
"Bom dia, estou aqui para uma entrevista de emprego", Roxanne falou em voz alta.
'Que chinesa, linda', Roxanne pensou, quando a mulher sorriu educadamente para ela.
"É no quinto andar, o saguão à sua esquerda. Você é o número 30", a mulher disse indicando, entregando-lhe uma etiqueta com o número.
Antes que Roxanne pudesse dizer qualquer outra coisa, os olhos da mulher se voltaram para o teclado do seu computador.
"Obrigada", Roxanne murmurou, correndo em direção do elevador.
Ela entrou no primeiro elevador que se abriu para ela. Ao entrar, tentou controlar a respiração e acalmar os nervos, mas nada do que ela fazia estava funcionando.
Inconscientemente, ela passou os dedos nos arquivos que estava segurando.
Pobres papéis, eles não mereciam sofrer pelo leve ataque de ansiedade que ela estava tendo.
Ela não estava sozinha no elevador, mas estava com os pensamentos longe, para notar qualquer outra pessoa. Quando chegou ao quinto andar e correu para o corredor à sua esquerda.
Ela encontrou pessoas sentadas em cadeiras em frente a um escritório. Ela respirou fundo antes de se sentar ao lado de uma senhora. Roxanne suspirou enquanto olhava para a mulher. A ruiva tinha os olhos fixos em um pedaço de papel. Pelo que viu, a mulher estava... estudando?
E todos ao seu redor também estavam!
'Ótimo.' Ela não levou um único material para estudar! Como ela deveria conseguir um emprego quando todas essas elites estavam presentes?
'Perfeito, Roxanne Harvey. Simplesmente perfeito.'
Ela ficou com a postura ereta enquanto se arrumava em sua cadeira.
A porta da sala se abriu, os olhos de todos se levantaram simultaneamente.
Uma senhora bem vestida com um vestido verde esguio saiu do escritório. Roxanne não pôde deixar de admirá-la. Com um sorriso no rosto, ela era o epítome da graça, equilíbrio e confiança.
"Sinto muito pela inconveniência que isso pode causar, mas agora vamos começar a chamar os números que cada um de vocês receberam", a senhora falou.
As pessoas ao seu redor murmuraram. Roxanne apenas olhou inexpressivamente, ela não sabia se tinha sorte ou azar.
"Número 32?", a senhora chamou.
O batimento cardíaco de Roxanne acelerou.
Ela era a número 30! E aparentemente, o número 32 não estava presente!
Os olhos da mulher analisaram a sala.
"31?"
Nesse momento, a porta foi aberta novamente, uma mulher saiu, ela tinha um sorriso no rosto. Quando ela se inclinou para outra senhora, que pelo olhar em seu rosto, Roxanne poderia dizer que ela era sua amiga. Roxanne decidiu escutar a conversa delas.
"Como foi?"
"Esplêndido, devo dizer! O CEO estava por perto..."
O coração de Roxanne deu um salto de nervosismo. Ela não se dava muito bem com CEOs.
"Mas ele era muito frio e indiferente, não disse nada o tempo todo e não fez nenhuma pergunta", a mulher disse novamente.
Roxanne soltou um suspiro de alívio, um suspiro de gratidão.
"O número 30 também não está presente?", a senhora de verde disse em voz alta novamente. Seus olhos se fixaram na etiqueta presa à camisa de Roxanne.
Sua voz trouxe Roxanne de volta ao presente. Aturdida, ela tentou juntar suas coisas e se levantar.
"Eu estou presente, sinto muito", Roxanne respondeu, quando ela finalmente encontrou sua voz.
Deus! Por que ela estava sendo tão... Ela nem sabia o que estava sendo no momento.
"Pronto, me acompanhe, por favor", a senhora disse, apenas dando um aceno de cabeça antes de virar as costas para eles.
*****
Impaciente, ele pediu que começassem a chamar os números do fundo. Por que ele ainda não a viu?
Depois que a última moça foi dispensada, Lancelot voltou a olhar para o laptop, como vinha fazendo durante a maior parte da entrevista.
Ele estava olhando para a foto do passaporte dela novamente, esperando pacientemente o momento em que ela entraria pela porta.
Melissa, sua gerente de recursos humanos, abriu a porta e entrou novamente. Os olhos de Lancelot se ergueram quando ele ouviu a porta se fechar.
Atrás dela, estava a figura de uma moça muito familiar, uma figura que ele esperou ver a manhã inteira.
Só que dessa vez, ela parecia distante. Como se ela não devesse estar aqui. Ela parecia assustada, nervosa. Seus olhos continuaram a analisar a sala, até que eles testaram a mesa que ele atualmente sentava com outros membros seniores da equipe.
'Vamos, olhe pra mim', ele pensou mentalmente enquanto olhava para ela. Ele não podia evitar a forma como seu coração continuava a bater em seu peito.
De repente, seus olhares se encontraram. Mais uma vez, o fogo dentro dele se acendeu.
Chamas de desejo passaram pelo seu corpo imediatamente.
Ele sorriu abertamente ao ver a reação de choque dela.
Ótimo. Ele a pegou dessa vez.