Quando Roxanne entrou na sala, apenas uma coisa continuou a ressoar em sua cabeça.
'Corra, você não pertence a esse lugar'.
Roxanne tentou manter o olhar fixo em alguma coisa comum, mas era difícil. Esse escritório era a definição de requintado.

Paredes altas e brancas polidas, uma rica mesa de madeira de mogno que se curvava em ambas as extremidades. Na outra ponta da mesa, sete pessoas — quatro homens e três mulheres — estavam sentadas, com os olhos fixos nela.
Roxanne tentou desviar o olhar da bela escultura do globo que descansava no final da parede. Ela se perguntou o que Emily falaria sobre a escultura: era luxuosa mesmo.
Quando finalmente conseguiu manter os olhos nos rostos das pessoas à sua frente, respirou fundo antes de pousar o olhar em um homem idoso. Ela só se perguntou se ele era o CEO da empresa. Alexander tinha mais ou menos sua idade.
O homem ajustou os óculos e estreitou os olhos para Roxanne. Ela engoliu em seco e desviou o olhar dele, enviando seu olhar para a mulher de verde, que agora estava sentada ao seu lado.
Seus olhos continuaram a percorrer ao redor da sala, até que seu olhar caiu sobre...
Os olhos de Roxanne se arregalaram, se seu batimento cardíaco estava bastante acelerado antes, agora ele estava errado as batidas de tão acelerado.

Subconscientemente, ela cambaleou para trás.
Ela estava olhando para ele. O único homem de quem ela teria feito qualquer coisa para fugir. O único homem que ela não queria ver nunca mais em sua vida.
Ele, Lance.
O que di*bos ele estava fazendo nessa empresa?!

Por um momento, Roxanne pensou ter visto ele sorrir. Um sorriso largo, mas maligno. Antes que ela tivesse a chance de piscar, o sorriso se foi e apenas um olhar frio permaneceu em seus olhos.
Roxanne se encolheu. O que estava acontecendo mesmo?
Ela estava achando difícil respirar agora, mesmo entrelaçando os dois dedos à sua frente.
"Srta. Roxanne Harvey, eu acredito que você não gostaria de ser entrevistada em pé ou você gostaria?"
A voz masculina e rouca do velho que estava sentado na borda curva da mesa a forçou a voltar à sanidade.
Ela tentou controlar a respiração ofegante quando olhou para ele novamente. Dessa vez, ela forçou um sorriso.
Se ela fosse conseguir esse emprego, agradar o CEO seria a primeira coisa mais importante a se fazer. Portanto, ela tinha que parecer confiante e capaz para esse homem mais velho.
Então, com o sorriso no rosto, seus dedos trêmulos agarraram a cadeira enquanto ela se acomodava. Ela colocou o arquivo nas coxas enquanto cruzava as pernas e se sentava.
"Ombros e queixo para cima", ela sussurrou para si mesma. Ela endireitou sua postura, espiando levemente a dama de verde que ela havia admirado antes.
Se ela quisesse conquistar seus corações, ela tinha que ter certeza de que era tão boa quanto eles e não poderiam dizer não a ela, mesmo que quisessem.
De repente, ela se lembrou que ele estava presente na sala. Mas, ela não deixaria sua ansiedade levar o melhor dela. Tudo o que ela tinha que fazer era fingir que ele não existia.
"Minhas desculpas, senhor. Eu estava bastante... Sobrecarregada".
Roxanne finalmente disse alguma coisa. Seus olhos estavam fixos no velho que lhe deu um breve aceno de cabeça e se virou para a senhora ao seu lado.
"Srta. Harvey", a senhora de verde falou, com seu polido sotaque americano.
Roxanne se virou para ela, o sorriso ainda estampado em seu rosto.
"Gostaríamos que você nos contasse um pouco sobre quem você é..."
Roxanne abriu a boca para falar, mas foi interrompida pela senhora de verde.
"...Além do que está no seu currículo, nós estamos bem cientes de tudo. Queremos conhecê-la, como pessoa".
Melissa estava com um sorriso largo no rosto, um sorriso genuíno que deveria fazer Roxanne relaxar, deveria tranquilizá-la.
No entanto, isso não fez nada além do que deixar ela nervosa.
Eles queriam saber sobre ela. Mas o que ela diria a eles?
"Vamos, Roxy, se acalme, você sabe falar sobre isso", ela murmurou para si mesma.
Por reflexo, seu olhar cintilou para Lancelot. Seus olhos se estreitaram nos dela, como se ele estivesse esperando que ela fracassasse. Roxanne não estava entendendo. Ela iria surpreendê-lo, ganharia o coração deles e sairia daquela empresa... Com um emprego ou pelo menos tentaria.
Ela soltou um sorriso antes de limpar a garganta e falar.
"Meu nome é Roxanne Harvey, como vocês já sabem. Nasci e cresci em Nova York, embora tenha passado meus primeiros anos no Brooklyn. Me mudei para Manhattan depois da faculdade e agora moro aqui...", ela soltou um sorriso de nervosismo.
"...Bom, desde então".
Quando ela ficou quieta por alguns segundos, Melissa suspirou fundo e limpou a garganta.
"Bom, isso foi... perspicaz. Estaríamos fazendo algumas perguntas, esperamos que esteja tudo bem para você?"
Roxanne assentiu com a cabeça: "Claro".
"Muito bem, então. Por que você quer trabalhar conosco em Dankworth?"
Roxanne sorriu. Dessa vez, foi genuíno. Ela esperava que essa fosse a primeira pergunta que eles fariam, sempre era.
E ela sabia exatamente o que dizer.
"Depois que encontrei a vaga, fiz uma pesquisa detalhada sobre a empresa. A Dankworth Technology Corporations é, há muito tempo, a empresa líder em tecnologia. Acredito que trabalhar para vocês ajudaria a melhorar o meu portfólio e as minhas habilidades".
Pelo canto dos olhos, ela viu os entrevistadores à sua frente balançarem a cabeça. Todos menos ele: Lancelot.
"Muito interessante, Srta. Harvey", dessa vez, o homem ao lado de Melissa falou. Ele não poderia ter mais de vinte e três anos, ou até menos. No entanto, ele havia encontrado um assento em tal mesa. Roxanne não pôde deixar de admirá-lo.
"Francamente, concordo com você. Você nos disse o por que precisa de nós. Agora, precisamos saber por que precisamos de você", outro homem falou.
Roxanne se virou para ele. O que ela diria agora?
Por que eles precisavam dela?
Alguém realmente já precisou dela?
Não. Ela afastou os pensamentos de dúvida e negatividade de sua mente. Ela não permitiria que eventos do passado afetassem o que seu futuro.
"Como vocês já sabem, tenho cinco anos de experiência na LexCorp, uma grande empresa de câmbio. Enquanto trabalhava lá, passei de estagiária a gerente de vendas. Mas, eu não teria conseguido fazer isso em tal empresa se eu não tivesse sido tão dedicada a empresa e prestativa".
Sim, ela tinha isso. Só mais um pouco.
"Com suas inúmeras contribuições com a sua antiga empresa, você acredita que pode se comprometer com a nossa também?"
Ela virou a cabeça para a mulher e sorriu. Ela estava sentada ao lado esquerdo de Lancelot, mas Roxanne tentou não deixar seus olhos se moverem para ele.
"Sim, tenho certeza. Eu me dedicaria muito mais. Daria tudo o que pudesse para o crescimento de Dankworth em Nova York. Conheço essa cidade como ninguém. Posso ajudar com a ter muitos clientes e muita interação".
A mulher assentiu com a cabeça em aprovação. Isso fez o coração de Roxanne vibrar de alegria.
Sim, ela estava muito feliz. Ela tinha certeza de que tinha agradado ele, tinha certeza de que conseguiria o emprego.
Melissa falou novamente.
"Senhor, acredito que não tenha mais perguntas a fazer. Podemos chamar o próximo candidato".
Quando Roxanne olhou para Melissa, ela seguiu seu olhar para Lancelot. Cujos olhos estavam fixos nela. Seu olhar era frio, severo.
Roxanne continuou a olhar para eles.
Senhor? Por que ela o chamou de senhor? Por que ele estava naquele lugar?
"O CEO estava presente. Mas ele não fez nenhuma pergunta", as palavras da moça entrevistada anteriormente passaram pela mente dela novamente.
Suas pernas começaram a tremer instantaneamente.
CEO? Era ele...?
Os olhos de Roxanne se arregalaram. Oh, não.
Lancelot olhou para Melissa, com um breve aceno de cabeça.
"Na verdade, eu tenho uma pergunta para fazer".
Todos olharam para ele com desconfiança, mesmo enquanto questionavam uns aos outros.
Os olhos de Lancelot se estreitaram em Roxanne novamente. Roxanne queria sumir daquela sala, toda essa ansiedade a estava matando.
"Senhorita Harvey, você falou muito sobre seus cinco anos de experiência nesse ramo e de como trabalhou para uma empresa formidável, a LexCorp. Se você... É tão boa quanto diz, por que saiu de lá?"
O coração de Roxanne paralisou. O que ele estava querendo dizer com isso?
"Pode me responder a essa pergunta ?", ele olhou para ela com desdém.
"Foi demitida?"
Roxanne balançou a cabeça com veemência. Ela não sabia aonde ele queria chegar fazendo essa pergunta, mas não o deixaria fazer isso.
"Senhor, eu..."
"Eu analisei seus arquivos, entrei em contato com seus antigos empregadores... Quero dizer, eu deveria saber o histórico de trabalho dos meus funcionários, não deveria?", Ele olhou para o resto de seu conselho.
Todos concordaram com a cabeça.
"Sim, senhor, claro".
"Você está absolutamente certo".
Todos pareciam ter medo de falar contra ele.
O pior pesadelo de Roxanne estava passando bem diante de seus olhos, como isso poderia estar acontecendo com ela?
"Então, nos dia, Srta. Harvey, exatamente por que a LexCorp a expulsou?"
O coração de Roxanne se partiu. De repente, todo o seu corpo começou a tremer.
O rosto de Thomas Hardy passou pela sua mente novamente. Ela podia ouvir o deboche retumbante em sua voz quando ele pediu que ela deixasse a empresa.
Após 5 anos de tanto trabalho, a LexCorp a expulsou porque ela não queria foder com o RH deles.
Como ela deveria dizer isso a eles?
"Bom, senhorita Harvey, já que está claro que você não tem uma resposta para a minha pergunta, infelizmente não temos o dia todo".
Não. Isso não podia estar acontecendo.
Mesmo assim, Roxanne estava paralisada na cadeira, os olhos dela estavam fixos nos olhos severos dele.
Ela não entendia o que estava acontecendo.
Ele realmente acabou de mandar ela embora sem permitir que ela dissesse uma palavra?
"Chamem o próximo candidato".
A voz de Lancelot soou em seus ouvidos.
Ao perceber que Melissa havia se levantado, ela criou coragem para se levantar.
Quando ela se levantou, seus olhos se estreitaram para ele em um olhar questionador. Lancelot desviou o olhar dela sem se importar com sua expressão.
Antes de virar as costas para ir embora, ela lançou olhar para ele, esperando que ele mudasse de ideia.
Lancelot nem sequer olhou para ela novamente.
"Não há necessidade de esperar uma resposta nossa, Sra. Harvey, você simplesmente não é quem estamos procurando", foi tudo o que ele disse, dispensando ela da sala.
Ela fungou baixinho, e tentou não chorar mediante a situação ela apenas saiu pela porta, logo atrás da senhora de verde.