Capítulo 26
2002palavras
2023-08-03 15:16
Eram 6 da manhã quando o seu celular começou a tocar e isso o fez acordar de seu sono.
Lancelot gemeu quando suas pálpebras se abriram. Ele sempre dormia muito tarde, mas não se importava de acordar tarde de vez em quando, especialmente quando era interrompido rudemente dos sonhos por causa de uma pessoa que estava ligando sem parar.
Em relação ao sonho que teve, ele a tinha visto, mas não entraria em detalhes sobre isso agora.
Franzindo a testa, ele se virou para a cabeceira onde estava seu celular. Quando ele viu quem estava ligando, ele pulou da cama imediatamente. Ele clicou no botão para atender e pressionou o celular contra a orelha direita.
Ao olhar para o espelho, Lancelot ficou admirando seu corpo. Os pelos da sua pele estavam começando a crescer demais, mais tarde ele vai se livrar deles.
"Peter?"
"Bom dia, senhor, pelo som da sua voz, acho que acabei de interromper seu sono".
As sobrancelhas de Lancelot franziram em aborrecimento. O que havia de errado com esse homem?
"Espero, pelo seu bem, que você não tenha me acordado para falar sobre trabalho", Lancelot falou. O tom de voz perigoso disse a Peter que se Lancelot não visse um bom motivo para ele acordá-lo, ele se daria mal.
Felizmente, foi.
"Minhas desculpas, senhor. É só que o voo que reservei para nós sai em...", ele fez uma pausa.
"Quarenta e cinco minutos".
Os olhos de Lancelot se arregalaram.
"E você não achou melhor me ligar mais cedo?!", seus pés estavam no chão agora enquanto ele corria os dedos pelo cabelo bagunçado.
"Eu posso arranjar outro se perdermos esse", Peter parecia sério, mas Lancelot havia trabalhado com o homem por tempo suficiente para saber que ele estava secretamente zombando dele.
"Zombe de mim o quanto quiser, Robertson, mas se eu perder esse voo, você perderá seu contracheque do próximo mês", Lancelot falou enquanto corria até a porta de seu banheiro.
"Meu Deus! Eu estarei lá pra te ajudar a se preparar, senhor, estou no meu..."
Lancelot desligou a ligação e se aproximou da sua cama, antes de jogar o aparelho na cama. Ele o fez com pressa, mas com cuidado para garantir que não caísse no chão e se quebrasse.
Lancelot fez o possível para garantir que estivesse pronto para pegar o voo em vinte minutos. Felizmente, ele havia organizado todas as coisas pessoais que precisaria em sua viagem, na noite anterior.
Ele agradeceu por ter um instinto de viajante. Lancelot sentiu que Peter não seria capaz de reservar um voo tão cedo, ele imaginou que iria embora às 12h após uma conversa curta, mas bem-sucedida, com sua mãe.
Lancelot sabia que Madeline ainda estaria dormindo. Sua mãe nunca se levantou da cama antes das 8h da manhã. Seu sono era uma das muitas coisas que ela levava muito a sério.
No entanto, para seu filho, hoje era conveniente fazer o que ele queria.
Às 6h25, Peter estava tentando carregar a mala de Lancelot escada abaixo. O homem se perguntou o que Lancelot sempre colocava na mala que tornava sua bagagem tão pesada.
O mordomo Lee estava subindo os degraus da escada quando viu Lancelot descendo correndo, Peter estava atrás dele, carregando a mala preta e pesada.
Os olhos questionadores de Lee pousaram em Lancelot.
"Onde a minha mãe está?", Lancelot parou para perguntar ao mordomo.
"A senhora ainda está dormindo", Lee respondeu, olhando por cima de Lancelot para a grande mala que Peter estava tentando carregar. Lancelot notou o olhar do homem e riu levemente.
"Eu estou indo para Nova York, surgiu algo muito importante", Lancelot disse apressadamente, passando por Lee.
"Jovem mestre! O que devo dizer a Luna quando ela acordar?! Ela arrancaria a minha cabeça por permitir que você saísse do palácio sem a permissão dela".
"Então, farei uma generosa doação para o sucesso de sua cerimônia de enterro!", Lancelot gritou por cima do ombro, sem olhar para o velho.
Aparentemente frustrado, os olhos de Lee caíram sobre Peter, que ainda estava lutando com a mala.
"Ele estará de volta em uma semana. Ele quer que você passe essa mensagem para a Luna".
Antes que Lee pudesse responder, Peter continuou tentando alcançar seu chefe.
Dentro do carro, Lancelot continuou esfregando as palmas das mãos suadas no tecido da calça azul marinho que estava usando. Estava frio lá fora, ainda mais frio no Tesla devido ao ar condicionado ligado, ainda assim, gotas de suor se formaram em sua testa e se acumularam na palma da mão.
"Talvez devêssemos abaixar a temperatura do ar condicionado, senhor? Você está suando", Peter disse, depois de perceber como Lancelot estava.
Lancelot franziu a testa e olhou para ele.
"Concentre-se em tudo o que você está fazendo", Lancelot disse, se afastando. Suspirando fundo, Peter voltou a olhar para o iPad que estava em seu colo.
Lancelot apenas desejava que o homem o deixasse em paz. Como Peter não percebeu que ele não estava com disposição para conversa fiada? Ele estava lentamente perdendo a cabeça, por reprimir toda a ansiedade que ele não ousava mostrar ou falar e Peter estava sentado ao lado dele, preocupado com nada além da temperatura do carro?!
Lancelot mordeu o lábio inferior e suspirou fundo. Por que exatamente ele estava ficando bravo com Peter? O homem estava apenas fazendo seu trabalho.
Ansiedade. Ele ouviu seu subconsciente dizer.
Na verdade, ele estava descontando toda a sua raiva e tudo o que sentia, no pobre homem. Peter havia trabalhado muito ele não merecia ser tratado dessa forma, mas Lancelot não se desculparia. Ele pagou muito bem a Peter para fazê-lo.
Então ele ficou quieto pelo resto do caminho até o aeroporto.
Eles embarcaram em um voo de primeira classe da companhia aérea American para Nova York.
Enquanto Lancelot se acomodava em seu assento, ele tentava manter seus pensamentos em ordem. Ele ia vê-la agora, o que ele pretendia fazer? O que ele pretendia dizer para ela?
Como ele iria lidar com o fato de vê-la novamente depois que ela o abandonou na noite em que dormiram juntos? Escapou da sua vida da mesma forma que ela havia entrado, só que de uma forma mais silenciosa.
"Quer uma limonada, senhor?"
Lancelot suspirou aborrecido. Por que todos decidiram interromper seus pensamentos hoje?
Ele desviou o olhar das nuvens brancas com as quais a janela enfeitava sua visão e fixou seus olhos na mulher loira e magra que estava parada à sua frente. Pelo sotaque, Lancelot percebeu que ela era francesa.
Ele não queria uma limonada de jeito nenhum.
O que ele queria agora poderia ter cheirado a limões frescos na primeira vez que se encontraram, mas ela certamente não era uma limonada.
Quando ele recusou a limonada, os olhos de Lancelot pousaram em Peter, que estava olhando para ele. Quando seus olhares se encontraram, Peter limpou a garganta e desviou o olhar.
O que havia de errado com o seu assistente ultimamente? Lancelot ficou se perguntando. O homem estava se comportando de maneira suspeita. Primeiro, ele fez com que Lancelot examinasse os documentos sabendo que Roxanne fazia parte dos candidatos. E depois, ele ficava olhando cautelosamente para ele para tomar nota de cada expressão sua.
O que exatamente Peter planejou dessa vez?
"O quê foi agora?", Lancelot perguntou, chamando por Peter.
De olhos arregalados, Peter se sentou, endireitou sua postura e limpou a garganta.
"Eu só queria dizer que eu tô providenciando um hotel cinco estrelas. Requintado e luxuoso, um dos melhores do estado. Você vai aproveitar cada segundo da sua estadia, senhor, eu prometo", Peter respondeu.
Lancelot apenas respondeu acenando com a cabeça. O homem parecia estar nervoso demais para apenas contar que fez uma reserva de hotel.
Era óbvio que Lancelot teria que esperar para ver o que Peter estava escondendo.
Quando aterrissaram em Nova York, um táxi os esperava no aeroporto. Foi uma viagem bastante silenciosa que durou uma hora até chegarem ao hotel. Lancelot se perguntou por que Peter não havia reservado o hotel anterior em que haviam se hospedado na outra viajem. Pelo que conseguia se lembrar, aquele era mais perto do aeroporto.
A viajem, estava deixando Lancelot louco. Ele precisava tomar um banho frio ou morno - as duas opções deixavam o seu corpo relaxado e acalmava os nervos.
E ele precisava disso agora.
No entanto, Lancelot sabia que tinha pouco tempo e a entrevista seria na próxima quinta-feira. Daqui a seis dias. Isso não funcionaria.
Eles teriam que adiantar a data, para segunda-feira.
Pensando em voz alta, ele se virou para Peter.
"O que você acha de mudarmos a data da entrevista, para segunda-feira?"
Peter ergueu o olhar para encontrar o de Lancelot.
"Em tão pouco tempo, assim?"
"Eles vão conseguir", o tom de voz de Lancelot não era de sugestão, era um tom que falava "assim será". Peter sabia disso então pegou o celular para ligar para o diretor-gerente.
"Olá, senhor. Sim, sou eu, Peter Robertson. O Sr. Dankworth e eu acabamos de chegar à cidade... Sim, o chefe decidiu que era importante que ele estivesse presente... sim, sobre isso...", ele fez uma pausa para olhar para Lancelot novamente.
Lancelot assentiu com a cabeça, dando um sinal para Peter seguir em frente.
"O Sr. Dankworth acabou de me notificar que gostaria que a data da entrevista fosse transferida para segunda-feira...", uma leve risada escapou dos seus lábios, o que lhe rendeu uma sobrancelha erguida de Lancelot.
"Não, não na segunda-feira da próxima semana, sim, eu entendo, mas..."
"Quem não estiver presente pode esquecer o trabalho", Lancelot interrompeu, certificando-se de que falou alto o suficiente para ser ouvida do outro lado da linha.
"Você ouviu o chefe falando", Peter disse, rindo nervosamente.
"Sim... claro, obrigado", ele desligou imediatamente.
"Feito, senhor, a entrevista foi transferida para segunda-feira".
"Ótimo", foi tudo o que Lancelot disse. Ele tinha mais coisas em mente para se preocupar.
O quarto do hotel era exatamente como Peter disse que seria. Lancelot havia se acomodado perfeitamente bem, tomado o banho que tanto desejava e agora estava revisando o arquivo com a lista de candidatos novamente. Enquanto Peter se certificava de que as roupas de Lancelot estivessem bem arrumadas.
"O que você acha de dirigirmos até a cidade de Tudor, Mid Manhattan? Eu realmente sinto vontade de conhecer esse lugar", Lancelot disse, dirigindo sua pergunta a Peter, embora seus olhos permanecessem na cópia do currículo de Roxanne, em seu laptop.
Peter deu um sorriso malicioso.
"Isso não seria um problema, senhor. Não estamos muito longe de lá".
Lancelot quis rir. Então foi por isso que ele não havia reservado um quarto no hotel anterior! Peter o levou para lá de propósito.
"Você fez isso de propósito, né?", Lancelot não pôde deixar de perguntar. O que Peter estava tentando fazer?
Peter fingiu um olhar perdido e confuso.
"Do que você tá falando, senhor?"
Lancelot balançou a cabeça em diversão. Peter era um personagem engraçado.
Trinta minutos depois que Peter tinha terminado de separar as roupas de Lancelot, eles chamaram um táxi para dar uma volta pela cidade.
Ao se aproximarem da rua 40, onde ficava a cidade de Tudor, Lancelot sentiu Ziko ficar violento dentro dele.
'O que foi?', Lancelot perguntou mentalmente.
'Companheira!', Ziko gritou.
'O quê?'
'Companheira! Ela tá ali na esquerda! Minha companheira!'
Ao ouvir isso, Lancelot olhou à esquerda, assim como Ziko havia falado.
Foi então que seu mundo pareceu ter parado.
Era ela, exatamente, ele não poderia confundir aquele sorriso com qualquer outro. Ela estava vestida com um suéter preto, as mãos entrelaçadas com a mulher negra que Lancelot reconhecia como sua melhor amiga. Elas saíram da cafeteria com copos de plástico nas mãos. Rindo.
Ela estava tão feliz, mas não trouxe a ele nada além de agonia e confusão.
'Companheira!'
"Ah, cala a boca!", Lancelot ordenou em voz alta. Fazendo Peter olhar fixamente para ele.
Ela estava sorrindo. Mesmo depois de tudo que ela o fez passar!
Seus punhos se fecharam em cima de seu colo.
Ele tiraria aquele sorriso do rosto dela no momento em que tivesse a chance.