Capítulo 24
1687palavras
2023-08-02 14:43
Depois de Edward assistir à exibição dramática de seus filhos e sobrinho no campo de golfe na noite anterior, ele decidiu que era melhor falar com Lancelot na manhã seguinte.
Havia muito o que discutir entre pai e filho. Desde seu retorno, Edward tentou encontrar uma maneira para conversar com Lancelot. Mas todos os seus esforços se mostraram inúteis desde então. Então, quando encontrou seu filho no terraço do palácio, Edward sabia que essa era uma oportunidade que não poderia perder.
Ele deu passos lentos até o seu filho que estava com os braços espalhados pelas grades de tijolos.

"Filho", ele gritou. Lancelot se virou para ele.
"Pai, você não deveria estar visitando o orfanato com a mamãe hoje?", Lancelot perguntou, com um olhar ligeiramente suspeito dirigido a seu pai.
"Eu deveria estar, mas eu tenho questões mais urgentes pra resolver".
Lancelot olhou para seu pai de sessenta e cinco anos uma última vez. Seu pai, o Alfa da alcateia London Pride, Edward era ainda mais alto que o seu filho. Lancelot sabia que havia herdado o queixo, a altura e o carisma de seu pai. Mas sua aura de autoridade, seu cabelo e seus olhos eram estritamente de sua mãe.
Os dois eram uma combinação perfeita juntos. Enquanto sua mãe era cabeça dura, autoritária e espontânea, seu pai era calmo, manso e inteligente. Isso nunca poderia ter sido tão bom.
"E qual seria?"

Edward se aproximou do seu filho e ficou ao lado dele.
"Você, Lancelot".
Lancelot lutou contra a vontade de revirar os olhos.
"Pai..."

"Ouça Lancelot, eu sei e entendo o quão difícil tudo isso deve ser pra você. Uma coisa é nascer no poder, outra coisa é ele ser concedido a você, especialmente quando você não quer ter..."
"Pai..."
"Não, Lance. Eu quero que você saiba que eu sinto o que você sente. Vejo o quanto você está tentando ser perfeito o tempo todo. O quanto você está tentando atender às expectativas de todos, incluindo as de sua mãe e as minhas. Temos sido extremamente rígidos com você, mas é apenas porque sabemos o que significa estar sendo um dos assuntos mais falados. Ter tantos inimigos esperando que você dê um passo errado. Aqui eu governo uma das maiores alcateias que já existiu, somente os mais durões podem sobreviver e eu sei que você é durão", ele fez uma pausa pra dar uma olhada em seu filho.
"Eu preciso que você acredite nisso. James e Albert? Eles são apenas uma inconstância da adversidade que você enfrentará quando finalmente for coroado como Rei Alfa. Haverá muitas pessoas que vão querer te matar que vão te odiar só por você ser você mesmo. Não tenho dúvidas de que você me deixará muito orgulhoso, Lancelot, começando com a caçada".
Os olhos de Lancelot pousaram nos do seu pai mais uma vez.
A caçada.
O ritual que aconteceria sete dias antes da sua coroação, era o primeiro ritual significativo para o início de sua vida como o Rei Alfa. Ele tinha a responsabilidade de trazer de volta a melhor caça. Mesmo que não o fizesse, isso não afetaria sua coroação, mas era uma regra tácita que ele tinha de cumprir.
Além disso, ele tinha uma aposta para ganhar.
Lancelot assentiu com a cabeça e desviou o olhar do pai.
"James precisa ser mais controlado, no entanto", ele finalmente falou, depois do longo discurso de seu pai.
Edward riu e colocou a mão no ombro do seu filho.
"Você é o rei Alfa, deveria saber como fazer isso".
Antes que Lancelot pudesse dar uma resposta igualmente bem-humorada e espirituosa ao seu pai, Edward deu as costas ao filho e saiu do terraço.
Lancelot debochou e voltou a olhar para o jardim abaixo dele. Ele estava apreciando a vista e tentando não pensar muito em tudo.
Passaram-se nada menos que uns trinta minutos quando Lancelot ouviu alguém chamar seu nome, tirando-o de seus pensamentos. Desde que seu pai tinha ido embora, ele achou difícil pensar em qualquer coisa que não fosse sua vida após a coroação.
Logo antes dos seus pensamentos vagarem de volta para a América, mas tudo o que ele lembrava, era da mulher.
Lancelot queria desesperadamente encontrar uma maneira de esquecê-la. Ziko pensava dia e noite no rosto dela. O nome dela continuou a ressoar em sua cabeça a cada hora que se passava. Ziko ansiava pela sua companheira, precisava da sua companheira ao seu lado.
Companheira.
Sua companheiro.
Aquela palavra, de repente, se tornou assustadora. Sua companheira deveria estar ao seu lado e ser coroada como rainha Luna no dia da sua coroação. Ainda assim, ele achou impossível contar a sua família sobre ela.
Como ele diria isso? Que como rei Alfa, ele iria escolher uma humana, não qualquer humana, mas uma americana, como sua rainha Luna.
Madeline arrancaria sua cabeça, e James iria rir dele com desprezo. Não haveria nada que o salvasse da ira da família Dankworth. Absolutamente nada.
"Sr. Lancelot".
Lancelot reconheceu a voz, ele se virou e encontrou Peter parado atrás dele. Um laptop se abriu em seus braços.
Lancelot olhou para o homem, com os olhos cheios de dúvidas. Peter sabia que não devia deixar Lancelot perguntar o que era. Ele fez questão de falar primeiro.
"Ligaram da filial de Manhattan essa manhã. O diretor administrativo disse que eles começaram o processo de recrutamento".
Os olhos de Lancelot se estreitaram para Peter. Ele não podia acreditar que o homem o interrompeu para falar de um assunto tão trivial, quando poderia ter sido dito a qualquer outro momento. Inclusive quando ele fosse fazer seus exercícios físicos noturno.
"Claro que deveriam fazer isso. Não pago a eles milhares de dólares pra não fazerem nada".
Peter suspirou fundo. Ele sabia que seria difícil convencer seu chefe a olhar o nome das possíveis recrutas. Ainda assim, ele precisava que seu chefe desse uma olhada nisso. Era muito importante que ele fizesse isso.
"Então, eles enviaram a você um e-mail com dados biológicos de todos os candidatos a recrutas e os currículos. Você deve analisar cada um e restringir a lista de candidatos, para que eles possam saber quem convidar para a entrevista presencial", Peter falou, erguendo os olhos ao ler o nome que estava na tela do laptop.
"E você não pode fazer isso por que?"
"Senhor. É sua empresa, seu estabelecimento, você têm que decidir o que quer. Você não gostaria que eu escolhesse qualquer pessoa que tenha um currículo que eu considerasse bom. Você é um homem muito inteligente e sabe o que é exigido de todos os seus funcionários, só você pode fazer isso, senhor".
'Por favor, Deus. Apenas faça ele analisar isso', Peter orou mentalmente.
Lancelot lançou um olhar furioso para Peter, desde quando ele se tornou tão preguiçoso assim?
"Peter Robertson, você vai analisar os documentos", Lancelot ordenou, o tom definido em sua voz fez Peter ficar com medo.
O que ele iria fazer agora?
"Tudo bem, senhor. Mas, há um documento que que o senhor precisa assinar. Está em um arquivo anexado ao e-mail. Não posso fazer isso por você, senhor", Peter mentiu. Ele rezou para que sua mentira funcionasse e também que não perdesse o seu emprego por causa da mentira.
Lancelot deu de ombros enquanto se afastava das grades nas quais estava apoiado.
"Tudo bem, vamos para o meu quarto. Vou dar uma olhada e assinar lá".
Peter fez uma dança comemorativa mentalmente. Infelizmente! Seu plano funcionou, Deus atendeu suas orações. Agora, ele só esperava que, quando seu chefe descobrisse que ele estava mentindo, ele não percebesse e se concentrasse na questão mais urgente e permitisse que ele continue com seu emprego como recompensa.
Eles desceram do terraço, de escada, até chegar no corredor dos quartos, em seguida, seguiram direto para o quarto de Lancelot.
Quando eles entraram, Peter fechou a porta do quarto e ficou na porta até que Lancelot estivesse sentado em sua mesa de estudo. Ele esperou o chefe chamá-lo.
"Traga os documentos aqui", Lancelot ordenou.
Peter deu passos lentos em direção a Lancelot e finalmente colocou o laptop na frente dele.
Os olhos de Lancelot analisaram o rosto de Peter mais uma vez. Ele não pôde deixar de notar os olhares esboçados e a postura que Peter estava assumindo. Era quase como se houvesse algo que ele estava escondendo.
O pensamento fez Lancelot franzir a testa. Se Peter estava realmente escondendo algo dele, ele sentiria toda a sua ira se descobrisse.
E Lancelot sabia que o faria. Nada nunca foi escondido dele por muito tempo, nada. Ele sempre sabia de tudo. Tudo o que ele procurava ter, ele tinha. E nada jamais mudaria esse fato.
"Eu gostaria de me despedir agora, senhor", Peter falou, quando os olhos de Lancelot finalmente pousaram no laptop.
"Não, fique", Lancelot falou, sem desviar o olhar da tela.
"Mas, senhor, há um monte de coisas que eu preciso preparar para o seu..."
Ele parou de falar quando Lancelot ordenou que ele ficasse quieto.
"Fique aqui", foi tudo o que ele disse.
Ele queria manter Peter perto dele. Até que ele deixe escapar o que quer que ele esteja escondendo.
Mas antes disso, ele tinha assuntos importantes para resolver.
Lancelot continuou a analisar os nomes, classificados em ordem alfabética.
Quando achava o perfil de uma pessoa interessante, dizia o nome em voz alta para que Peter o anotasse no celular.
Ele ficou impressionado com muitos de seus portfólios, mas Lancelot só precisava do...
Foi quando seus olhos encontraram a foto dela na identidade.
Inconscientemente, seus punhos se fecharam. Seu coração começou a bater contra o peito. Ele piscou duas vezes, para se certificar de que não estava tendo alucinações.
Ele pensava tanto nela, que agora ele via seu rosto na foto de outra pessoa? Ou ele estava ficando louco aos poucos?
'O nome', ele pensou.
O nome resolveria tudo. Ele iria ver que não era ela e garantiria que ele fugisse, a Dra. Flinn o aconselhou, antes que ele enlouquecesse ainda mais.
Seus olhos percorreram o nome do currículo abaixo na carteira de identidade e seus lábios se abriram para que ele dissesse em voz alta.
"Roxanne Harvey".