Capítulo 23
1641palavras
2023-08-01 16:26
Ela colocou outro punhado de pipoca na boca enquanto pressionava a orelha esquerda contra o ombro para segurar o celular no lugar.
"Você tem certeza que vai ficar tudo bem se eu não estiver em casa essa noite?", Emily perguntou, do outro lado da linha.
Roxanne, cujos os olhos estavam fixos na televisão à sua frente, acenou com a cabeça afirmando que sim, como se Emily pudesse ver ela pela chamada de voz.
"Roxy! Eu tô falando sério. Se não estiver tudo bem e você precisar de mim, posso voltar agora e...", Roxanne tentou rir de uma forma que não se engasgasse com a pipoca.
"Você está assistindo as donas de casa reais de Atlanta de novo?", perguntou Emily.
"Não, não", Roxanne finalmente falou, depois de engolir a pipoca.
"Eu tô vendo um stand up. O show vai acabar daqui a pouco e depois eu vou pra cama..."
"Assim que acabar", Emily interrompeu.
Roxanne riu e disse: "Assim que acabar eu vou dormir".
"Me prometa que vai me ligar se precisar de mim", Emily exotou novamente. Roxanne colocou sua tigela de pipoca na mesa de centro à sua frente e sorriu. Ela tirou o celular do ombro e o pressionou contra a orelha direita com a mão direita.
"Não, eu não vou. Nós já conversamos sobre isso essa tarde, Emily. Eu preciso que você viva sua vida, saia e se divirta..."
"Eu vou Roxy, mas..."
"Você não está tomando anticoncepcional, então mande ele usar camisinha", com isso, Roxanne encerrou a ligação enquanto ria e colocou o celular no modo Não Perturbe, porque sabia que Emily definitivamente ligaria de volta. Com isso, ela colocou o celular na mesa, para curtir o resto do seu reality show favorito.
Depois de uns dez minutos de show, o som da campainha fez com que Roxanne pausasse o reality show e olhasse para cima da tela da TV.
Ela pegou o celular para ver a hora. Apenas dez minutos se passaram.
Emily realmente voltou para casa só por que não conseguiu ligar para ela? Além de Emily, não havia mais ninguém que ela esperasse a essa hora.
Já eram 20h30 da noite e ela não havia pedido pizza, então, definitivamente tinha que ser Emily.
Roxanne já havia se preparado para rir de sua amiga. Como Emily não queria ser mãe, mas era uma das pessoas mais "maternal" que Roxanne conhecia?
Rindo, Roxanne se levantou do sofá e deu passos lentos até chegar a porta.
"Emily, você é definitivamente uma louca...", ela parou de falar quando abriu a porta.
Seu coração se despedaçou. A raiva e dor começou a ferver em seu estômago novamente.
Ela já havia saído de suas vidas, então o que di*bos esse homem estava fazendo na porta dela às 20h36 da noite, e além disso bêbado.
Roxanne olhou para ele. Não havia ninguém atrás dele e nenhum carro.
Roxanne se viu suspirando de alívio por ele não ter vindo até a casa dela dirigindo. No estado em que ele está, Deus sabe o que teria acontecido com ele.
Ele ergueu os olhos para encontrar os dela. Ele estava fedendo a álcool e estava todo suado.
Ainda olhando para ele com desgosto, Roxanne não sabia se deveria mandar ele para o inf*rno e bater a porta na cara dele, ou colocar ele para dentro de casa primeiro, e depois mandar ele para o inf*rno, ou mandar ele ir embora e então bater a porta na cara dele.
"Roxy!", Jonah gritou, cambaleando enquanto lutava para se manter em pé. Agora, ele era a definição de f*dido.
Os olhos de Roxanne se ergueram para desviar o olhar dele.
Ela o puxou para dentro de casa e fechou a porta. Ela o observou cair em seu sofá com as pernas abertas. Sua gravata estava frouxa e os dois primeiros botões de sua camisa vermelha estavam abertos.
Roxanne muitas vezes se perguntou como seria ficar sozinha com Jonah depois de tudo o que aconteceu. Muitas vezes ela imaginou como seria olhar para ele novamente. Mas agora que ele estava na casa dela, ela só sentia três coisas. Três coisas que normalmente não deveriam coexistir: raiva, pena e indiferença.
"Roxy, eu tô tão cansado".
Roxanne estava diante dele, com os braços cruzados sob os seios enquanto o observava murmurar palavras que não dava para entender.
"Sinto muito por tudo, Roxy, sinto muito a sua falta".
Roxanne debochou amargamente. Ela foi até a mesa para pegar o celular.
"É isso, vou chamar a polícia pra levar você embora daqui".
"Não! Por favor, não".
Roxanne parou de andar e se virou para ele. Ela lançou a ele um olhar de desgosto novamente antes de tomar sua posição.
"E por que eu não deveria ligar?"
"Eu vim aqui pra me desculpar, Roxy, eu te machuquei..."
"Não, não", ela acenou com as mãos no ar dramaticamente. "Eu não quero conhecer esse, Jonah".
Realmente.
"Mas você tem que conhecer Roxanne. Rayla, ela...", ele fez uma pausa, um leve soluço irrompeu de sua garganta.
"Ela me prendeu em tudo isso. Ela me seduziu e engravidou de mim. Eu tive que assumir a responsabilidade por isso, Roxy, eu tinha que fazer a coisa certa".
Seus olhos se arregalaram ao ouvir as palavras dele, rindo amargamente.
A coisa certa? Ele acabou de dizer "a coisa certa"? O certo seria ele não ter a traído com a sua irmã gêmea! O certo seria ele ter falado na cara dela que não a amava mais. E não se esconder atrás de sua irmã!
"Eu pensei que depois que eu me casasse com ela, eu iria me apaixonar por ela e esquecer você. Mas, eu estava mentindo pra mim mesmo. Rayla não é como você. Ela é...", ele fez uma pausa para conter as lágrimas nos olhos. "Ela é incorrigível, patética, egoísta, orgulhosa, ela é uma m*ldita psicopata! Não aguento mais Roxanne, você tem que me ajudar, por favor. Deixa eu ficar com você. Não posso voltar pra casa, pra Rayla. Desde que nós perdemos o bebê, não há nada pelo que viver. Eu quero você de volta, Roxanne. Eu..."
Ele caiu de joelhos e começou a engatinhar até onde ela estava.
Atordoada e com mais raiva do que choque, seu olhar abaixou para ele enquanto ele se ajoelhava na frente dela.
"Mais nada faz sentido, Roxy. Eu posso pedir o divórcio, eu e você podemos ser felizes novamente".
Essa foi a gota d'água para Roxanne. Por que eles simplesmente não a deixava em paz? Sua família já não a tinha feito sofrer o suficiente? Eles nunca a deixaram ficar com ele, ainda assim, eles encontraram uma maneira ou outra de torturá-la. Jonah teve a coragem de ir à casa dela bêbado. Talvez a bebida tenha lhe dado coragem. Ainda assim, Roxanne se sentiu insultada, terrivelmente insultada.
"Tá na hora de você ir pra casa Jonah".
Ao ouvir ela falar, ele continuou chorando no chão.
Roxanne franziu a testa e se abaixou para ele. Ela pensou em ligar para Rayla e pedir para ela buscar ele, mas desistiu.
Ela sabia que não conseguiria olhar para o rosto de sua irmã depois de tudo que aconteceu.
Então, ela o levantou do chão e colocou as mãos dele sobre os ombros dela. Ela o puxou para si para poder controlar sua postura. Ela o levou para fora de casa e esperou que um táxi parasse na frente da casa dela.
Depois de dar ao taxista a descrição da casa, ela pagou ao homem e o ajudou com uma gorjeta de vinte dólares. Ela não tinha muito dinheiro sobrando, mas sabia que o homem iria precisar.
"Isso é pelo estresse que você vai passar com ele. Eu realmente espero que você esteja bem familiarizado com o endereço. Ele não está em posição de responder a nenhuma pergunta agora".
O motorista deu uma olhada incerta para Jonah antes de forçar um sorriso tranquilizador. Afinal, ela pagou a mais por qualquer bagagem que o homem bêbado levasse.
"Você não precisa se preocupar, senhorita".
Com isso, Roxanne se endireitou e observou o taxista ir embora.
Foi só quando ela estava de costas contra a porta que ela percebeu que estava suando profusamente desde então. Ainda com as costas contra a porta, ela a trancou e respirou fundo por dez segundos para acalmar os nervos.
Ver Jonah a fez ficar terrivelmente exausta.
Enquanto caminhava até a sala, percebeu que não tinha mais ânimo para assistir seu programa, nem apetite para terminar de comer a pipoca.
Irritada e cansada, ela caminhou até a mesa de estudo ao lado da porta da cozinha. Ela puxou a cadeira de madeira e se acomodou nela. Seu laptop estava sobre a mesa, olhando para ela.
Ela iria em busca de boas notícias, por menores que fossem. Algo tinha que fazer ela sorrir.
Roxanne pensou em ligar para Emily. Mas ela sabia que a noite da sua melhor amiga seria arruinada se ela contasse a ela que Jonah tinha ido até a sua casa.
Não, ela não poderia fazer isso.
Enquanto seus olhos analisavam a tela inicial, ela viu uma notificação aparecer.
O coração de Roxanne acelerou rapidamente de alegria.
Quando ela clicou, era um anúncio de emprego de um site no qual ela havia se inscrito. Foi quem lhe forneceu todas as ofertas de emprego. Agora, havia um novo e ela estava pronta para tentar novamente.
"Dankworth tecnologia corporações, Nova York, EUA agora tem uma vaga para o trabalho de marketing de vendas. Se você atender aos requisitos abaixo, envie seu currículo para o e-mail anexado a este e-mail e aguarde uma resposta. Obrigado", Roxanne leu em voz alta.
Instantaneamente, seus olhos percorreram os requisitos. Quando ela percebeu que conhecia tudo isso, ela clicou no link do e-mail e sorriu.
Ela sorriu! Ela sorriu!
Finalmente, algo a fez sorrir.
Ela estava com esperança de conseguir.
"Por favor, deixe esse ser o único".