Capítulo 22
1951palavras
2023-08-01 16:06
Lancelot saiu do escritório da Dra. Flinn. Peter estava sentado em uma das cadeiras da sala de recepção, esperando seu chefe sair da sala da Dra. Flinn.
De repente, Lancelot pigarreou e endireitou a postura, Peter tirou os olhos rapidamente do Macbook que estava em seu colo e olhou para o corpo alto de seu chefe. Lancelot enfiou as mãos no bolso de sua calça e se encostou na parede.
"Eu tô esquecendo de alguma coisa?", Lancelot perguntou, observando as rugas serem formadas na testa de Peter.

Peter suspirou fundo, guardou seus Macbook silenciosamente e se levantou.
"Nada sério. O rei Alfa acabou de solicitar sua presença no campo de golfe".
Lancelot debochou, revirou os olhos e se endireitou.
"Ele sabe bem que eu odeio golfe", ele afirmou. Lancelot nunca se importou com jogos. O golfe era simplesmente uma daquelas coisas que sua aristocracia exigia que ele aprendesse. E foi muito fácil, considerando os oito mil metros de terra que servia como campo de golfe do Dankworth.
"Eu também, senhor. Porém, são as ordens do rei..."
"E deve ser obedecido. É ousadia demais da parte dele interromper minha agenda dessa forma", Lancelot respondeu, se aproximando de Peter, que estava tentando segurar firme a alça da bolsa de ombro que estava muito pesada.

Ele sempre se perguntava por que Lancelot gostava de andar por aí com um monte de coisas que nunca usava.
"Talvez eu devesse ir ver ele", disse Lancelot. Ele fez uma pausa rápida e virou as costas para Peter, pegando o jovem desprevenido.
A sobrancelha esquerda de Lancelot ergueu-se em dúvida.
"Tá tudo bem?"

Não. Nada bem.
Mas Peter não falou nada. Apenas deu um sorriso para Lancelot antes de firmar a compostura.
"Eu vou pra casa antes de ir para o campo de golfe...", ele fez uma pausa, pareceu pensativo e balançou a cabeça levemente. Ele não iria se preparar para jogar golfe. Dessa forma, ele poderia se desculpar e ir embora no segundo em que seu pai o deixasse desconfortável.
Ele deu de ombros e olhou para Peter.
"Pensando bem, vamos direto para o campo de golfe".
Peter acenou com a cabeça afirmativamente e conduziu Lancelot até a Mercedes preta que estava estacionada em frente ao consutório, só para ele.
A viagem para voltar à propriedade Dankworth pareceu demorar mais do que o normal. Lancelot presumiu que fosse devido ao horário. Era aquela hora do dia em que a escola fechava e os pais iam buscar seus filhos, corriam para deixá-los em casa ou corriam para voltar ao trabalho.
Isso fez Lancelot lembrar de algumas coisas. Quando ele era criança, e chegava á escola no carro de seu pai ele percebia os olhares de todos os alunos da escola pousar sobre ele e seus irmãos. Os meninos Dankworth eram o desejo de todas as garotas, já os garotos sentiam inveja deles.
Até mesmo agora que eles haviam se tornado homens, isso não havia mudado muito com nenhum deles.
Os portões de metal que protegiam a entrada da maior propriedade de toda a cidade de Londres, Dankworth Estate, se abriram para que o carro entrasse.
"Tem certeza de que não quer trocar de roupa, senhor?", Peter perguntou, olhando para Lancelot, que continuava olhando para fora da janela distraidamente.
"Vamos para o campo de golfe primeiro, Peter", Lancelot respondeu, sem olhar para ele.
Ao se aproximarem do campo de golfe, Lancelot ficou surpreso e irritado ao ver uns sete carros estacionados no estacionamento. Ele pensou que seria mais um jogo entre pai e filho.
De repente, ele ficou muito feliz por ter decidido não se preparar. Agora, havia uma desculpa para ir embora. Pelo que viu, Lancelot teve a sensação de que sairia daquele lugar mais rápido do que esperava.
Peter deixou a bolsa pesada no carro dessa vez, enquanto seguia Lancelot até o campo. Ele sabia que Lancelot não iria precisar dela: considerando o quão bom seu chefe era em tudo (menos nos assuntos relacionados ao coração), quer ele quisesse ou não. Ainda assim, ele sabia que ser o assistente de Lancelot lhe daria a oportunidade de assistir ao doce jogo de golfe.
Quando chegaram ao campo de partida, Lancelot respirou fundo para acalmar todo o seu aborrecimento. Ele estava prestes a entrar em multidão cheia de homens — embora fossem apenas cinco — estava parecendo que o mundo havia acabado de cair sobre seus ombros: apesar do fato de que realmente tinha.
"Lancelot, querido!" Bailey, seu tio, gritou. Lancelot mostrou um sorriso forçado enquanto caminhava em direção ao homem mais velho.
Bailey estava usando um short preto e uma camisa rosa de manga curta. Ele estava com um chapéu na cabeça cobrindo a testa para que o sol não o queimasse muito.
Ao ouvir seu nome, todos olharam para ele. Todos, exceto James, que estava se preparando para dar um arremesso. Lancelot notou seu passo, seu taco e sua postura.
Por reflexo, ele debochou.
"Eu não acho que você deveria fazer isso, irmão. Sua postura não está correta", Lancelot disse, ficando entre seu pai e seu irmão depois de dar ao resto dos homens um breve aceno de cabeça. Ele sorriu levemente apenas para Lee. Albert respondeu seu breve aceno com um olhar frio, antes de focar sua atenção em James.
"Eu sei disso", James gritou, sem se virar para ele.
"Acho que você deveria endireitar mais o seu taco, e sua postura", ele falou novamente. Cruzando os braços sobre o peito.
James cerrou os dentes antes de se virar para o irmão mais velho.
"E quem aparece em um campo de golfe de calça social? Hein? Irmão?", James perguntou. O tom de voz que escapou de sua boca fez parecer que ele tinha se arrependido ou odiado de ter falado daquela forma.
Edward debochou e olhou diretamente para Lancelot.
"Obvio que era você, Lance", o despeito em sua voz não passou despercebido.
"Eu pensei que isso deveria ser um assunto de família", Lancelot falou, concentrando seu olhar em seu pai, que fez de tudo para garantir que seus olhos não encontrassem os de Lancelot.
"Nós somos os homens da família, então chamei todos aqui", Edward falou, ainda sem arriscar dar um olhar para Lancelot.
Bailey tentou achar alguma maneira para aliviar a tensão do local. Quando percebeu como as narinas de Lancelot se contraíam violentamente, ele suspirou fundo.
"Diga Lance, você está trabalhando demais ultimamente. Você precisa sair e tomar alguma bebida", Bailey gritou, socando de brincadeira o braço do sobrinho.
O olhar frio de Lancelot caiu sobre o dele.
"Sim, irmão", James estava parado na frente dele agora.
"Você deveria ir tomar uma bebida comigo. No clube, tr*nsar com algumas prostit*tas...", James parou por um momento, fingindo uma expressão pensativa antes de dobrar os lábios e demostrar pena.
"Ai, me perdoe, irmão. Eu tinha esquecido que você tinha decidido ficar com a companheira escolhida de Bran...", as palavras saíram da língua de James com uma pitada de veneno.
À sua frente, os punhos de Lancelot se fecharam.
"Quero dizer, eu sabia que você herdaria tudo o que pertencia a ele, mas a mulher dele? Pensei que você era melhor do que isso, Lance", a voz de Albert que fez Lancelot desviar o olhar de James.
Por Deus, se ele ouvisse mais uma palavra sobre seu irmão mais velho, ele iria...
"Rapazes!"
A voz de Edward chamou a atenção de todos eles.
"Agora, eu não sei o que tá acontecendo aqui, mas aconselho que todos salvem a fera que estão prestes a lançar sobre si mesmos, para a caçada!", Edward repreendeu eles com raiva. Até quando eles vão continuar fazendo isso?
Se eles não se dessem bem agora, o que aconteceria depois que ele morresse?
Ele focou seu olhar em seu filho mais velho. Com sua postura, Edward poderia dizer que se ele não os tivesse interrompido, James estaria no chão com o nariz cheio de sangue escorrendo.
"Lance, você deveria treinar mais. Sua coroação está a menos de um mês e a caçada está ainda mais próxima! Faltam apenas duas ou três semanas! Você sabe como o ritual é importante para a sua coroação. Meu pai e o pai dele estabeleceram um recorde que eu vivi, um que espero que você supere!...", ele parou para olhar para os três jovens.
"Vocês deveriam estar treinando juntos, não inventando novos meios pra destruir um ao outro!"
"Tudo seria mais fácil se Lancelot se lembrasse de qual é o lugar dele", James falou novamente, olhando diretamente nos olhos de Lancelot.
'Se controle, se controle, se controle', Lancelot continuou a repetir as palavras para si mesmo. Se ele desse o tipo de soco que pretendia dar no rosto de James, ele tinha certeza de que seu irmão perderia seus dentes do meio para sempre.
"James!"
"Não, pai! Me deixa falar", James desviou seu olhar de Lancelot e o fixou em Edward.
"Lancelot têm que entender que precisa parar de se esforçar tanto para caber em lugares que não pertencem a ele. Esse trono não pertence a ele!"
Seu irmão estava cheio de amargura. E agora, olhando-o nos olhos, Lancelot sabia o por quê.
Não era sobre Bran. Nunca tinha sido sobre Bran.
Lancelot riu. Um gesto que enfureceu James ainda mais.
"Por quê você não para de agir como se tudo isso fosse sobre Bran? Você e eu sabemos que não é e nunca foi", Lancelot disse. O tom de voz calmo dele fez James parecer um id*ota que estava parado na frente dele.
Uma risada forçada saiu da boca de James.
"Lá vem você de novo, irmão, agindo como se soubesse de tudo".
"Talvez, depois que eu te vencer no jogo de hoje e te mostrar que você não é nada além de um cachorrinho na caça, você entenderá que eu, na verdade, sei de tudo".
Estava lá no olhar e na postura de James: a derrota, a humildade repentina e a humilhação sutil. Ele se afastou de Lancelot e apertou o taco com mais força.
Se havia algo que ele sabia sobre seu irmão, era que Lancelot nunca foi de fazer ameaças vazias.
Albert, que estava observando silenciosamente a exibição dos dois irmãos, foi provocado pela última fala de Lancelot.
"Você pode falar menos, para que não haja muitas palavras para engolir", ele falou, caminhando lentamente em direção à parte do campo onde Lancelot estava.
Lancelot olhou para seu primo. A única pessoa que se parecia com ele em altura e beleza. Albert também tinha a mesma presença dominadora ao seu redor, mas era sempre forçada.
Os lábios de Lancelot se curvaram em um sorriso unilateral. Não valia a pena brigar com Albert.
"Agora, eu não sou de jogar, mas você colocaria seu dinheiro nisso?", Albert perguntou com um sorriso no rosto. Ele estava desafiando Lancelot abertamente, na frente de todos os homens da família.
Se sua captura fosse maior que a de Lancelot, seria uma grande vitória para ele. E ele desejava e ansiava por aquela vitória mais do que qualquer outra coisa.
No entanto, Lancelot teve uma ideia ainda melhor.
"Você e eu sabemos que dinheiro perdido não vai significar nada pra nós dois. Mas, eu vou fazer essa aposta", Lancelot falou, se aproximando de Albert, então ele ficou cara a cara com ele.
"Quando eu ganhar de você, terei sessenta por cento das suas propriedades. E se você ganhar, você pode ter setenta por cento das minhas".
Os olhos de Albert se estreitaram para Lancelot, que lhe deu um sorriso chamativo. Albert queria desistir, mas seu orgulho não o deixava.
"Isso é uma aposta".
"Muito bem, senhores. Já fizemos a nossa aposta", ele olhou ao seu redor, antes de estreitar os olhos para o primo.
"Está avisado, Albert. Eu não vou ter nenhuma piedade".