Capítulo 17
1903palavras
2023-07-28 13:13
A mãe de Lancelot pediu que ele voltasse terça-feira para casa, e assim ele fez.
Depois de dois dias procurando por Roxanne, Lancelot voltou para casa com raiva e cheio de vingança em seu peito.
Ele ia voltar para Londres, mas jurou que quando voltasse, a encontraria e a faria com que ela pagasse por ter feito ele passar por aquela humilhação. Não importava quanto tempo levaria ou quanto custaria.

Eram exatamente 7 horas da manhã quando Lancelot e Peter embarcaram no voo de primeira classe de Nova York, América, para Londres, Inglaterra. Durante todo o voo, Lancelot não conseguia pensar em nada além da americana de olhos violetas e em todo o drama que o esperava em casa.
"...com tudo o que tá acontecendo aqui...", sua mãe havia dito.
O que ela estava fazendo de novo?
Exatamente às 14h15, o avião que Lancelot estava embarcando pousou em Londres. Havia um carro esperando por eles no aeroporto.
Lancelot reconheceu a limusine do seu pai pelo nome Dankworth gravado em prata acima do número da placa. Ele debochou, seu pai sempre foi de se exibir. Talvez fosse por causa do orgulho da sua mãe. Em qualquer lugar que Madeline Dankworth entrasse, ela se certificava de que as pessoas soubessem e reconhecessem quem era ela. Assim como um furacão, ela deixava rastros, bons ou ruins, onde quer que fosse.
A viagem por Londres até o palácio Dankworth foi uma viagem longa e silenciosa. Lancelot ficou olhando pela janela o tempo todo.

Ao lado dele, Peter estava atendendo ligações e conversando com as pessoas pelo celular. Organizando e cancelando reuniões, ajustando os horários de Lancelot e aprovando compromissos.
Lancelot teria olhado para o homem e elogiado seu trabalho esforçado, mas estava perdido em seus pensamentos.
Havia muita coisa esperando por ele no palácio, muita coisa da qual ele daria qualquer coisa para ficar o mais longe possível.
A limusine parou em frente aos magníficos portões de aço. Lancelot sabia que finalmente havia chegado em casa, podia ver as flores favoritas de sua mãe: Ixora, lírios e alamandas plantadas no lado oposto da estrada asfaltada.

Ao passarem pelos portões do grande castelo, Lancelot notou os cavalos errantes, o jardim e a fonte de água. Seus olhos se desviaram para a escultura de 8 pés de seu avô, Edward Dankworth. Lancelot queria sorrir ao pensar nas lembranças que tinha com o homem, ele ainda era um ícone e assim permaneceria na mente de Lancelot.
O carro parou diante das portas de mogno da entrada da casa dos Dankworth. Lancelot deu uma olhada e suspirou fundo, antes de abrir a porta do carro e sair dele.
Atrás dele, Peter e o motorista tentavam tirar as malas do carro, separando a de Peter da de Lancelot.
Ao se aproximar da porta, Lancelot desabotoou os botões prateados das mangas da sua camisa vermelha e ajustou o colarinho, desabotoando também os dois primeiros botões. Foi um pequeno esforço para enfurecer sua mãe. Ele sabia que ela iria pirar ao ver o quão "indevidamente" ele havia entrado em seu castelo.
As portas se abriram, mostrando o rosto de um homem muito familiar.
Lancelot sentiu seu coração crescer de alegria. O mordomo Lee foi a primeira pessoa que o viu chegar, ele tinha certeza de que hoje não seria um dia tão ruim quanto esperava.
O homem mais velho sorriu para Lancelot, o menino que ele conhecia há tantos anos se tornou um homem bonito e charmoso, ele apenas desejava que a vida tivesse sido um pouco mais gentil com o menino. Mordomo Lee serviu á família Dankworth por trinta anos. Quando menino, ele entrou para a família com seu pai, que serviu ao bisavô e ao bisavô de Lancelot. Quando mordomo Lee perdeu o pai, ele decidiu assumir e cuidar da família que tanto o amava.
Talvez essa fosse a razão pela qual ele sentia um grande carinho pelo segundo filho de Edward Dankworth, Lancelot Dankworth.
"Vossa Alteza", o homem mais velho brincou com uma reverência de cortesia, depois de se aproximar de Lancelot.
Lancelot permitiu que uma risada sincera escapasse dos seus lábios. O mordomo Lee sempre foi muito engraçado.
"Oh, pare com isso Lee! Eu sei que você não está nem um pouco feliz em me ver aqui".
"Talvez você esteja certo. Seu quarto sempre foi o mais difícil de arrumar...", ele fez uma pausa e olhou por cima do ombro de Lancelot com um sorriso no rosto. Lee sempre foi grato por ter crescido e se tornado um homem alto e magro, ou então Lancelot teria ficado maior que ele.
"...só Deus sabe as atrocidades que você já colocou em todas essas caixas!", ele gritou, dramaticamente.
Lancelot sorriu, demostrando um sorriso perverso no rosto.
"Você e eu sabemos que eu tenho um talento especial pra cometer atrocidades".
"Não é de se admirar que você tenha passado tanto tempo na cidade das atrocidades. Chorando e jantando com todas as lindas filhas de Eva..."
"Não diga mais nada, por favor...", Lancelot disse, lutando contra a vontade de rir até o seu estômago doer.
"Eu estou tão feliz por você ter voltado, jovem mestre. Mas! Tenho certeza que a futura Luna está mais feliz do que eu".
O sorriso de Lancelot sumiu ao escutar ele mencionar sua mãe. Lee percebeu, mas optou por ignorá-lo. O relacionamento da Luna Madeline e o seu filho ficaram tensos depois que...
O pensamento fez Lee balançar a cabeça, ele forçou a mostrar um sorriso de volta em seu rosto. Isso era um evento que ele não pretendia lembrar, que mudou a família Dankworth para sempre.
"Eu esperava não te ver até a hora do jantar", disse Lancelot.
Ele entrou no enorme corredor com Lee ao seu lado. A casa parecia a mesma, nada parecia ter mudado na semana em que ele esteve fora, não que ele esperasse nada também.
Lancelot deu uma olhada ao redor do corredor. Esse corredor tinha uma ligação longa e estreita com o resto da casa. As paredes eram cobertas de um papel de parede vermelho e tinham retratos dos ancestrais da família Dankworth por toda parte.
Sempre foi assim. Sempre que alguém entrava na mansão, a magnificência e o poder da realeza da alcateia de lobisomens mais poderosa os cumprimentavam primeiro. Com isso, eles pensavam duas vezes antes de querer prejudicar qualquer membro dessa família.
Nenhum dos Dankworth era alguém de se brincar. Cada um deles, por mais pacíficos e tranquilos que parecessem ser, tinham um d*mônio escondido dentro deles.
Enquanto Lancelot e Lee caminhavam pelo corredor até a escada que levava aos cômodos principais da casa, Lancelot olhou em volta uma última vez.
Seu olhar se fixou na porta da sala onde o trono de seu pai ficava, do lado direito da escada, Lee puxou seu braço.
"Eu acho que a deusa falhou em conceder seus desejos depois de tudo que aconteceu", mordomo Lee falou em um tom de voz abafado.
Lancelot não conseguiu entender sobre o que o homem estava falando até que olhou para a escada e encontrou sua mãe lá.
"Legal da sua parte finalmente decidir se juntar a nós novamente, Lance".
Lancelot sentiu-se encolher ao ouvir a voz dela. Desde pequeno, sempre o surpreendeu como sua mãe era tão pequena e feminina e ainda ter uma voz tão profunda e autoritária.
Madeline Dankworth ficou de pé e observou seu filho se aproximar dela.
Enquanto Lancelot subia os degraus da escada, seus olhos analisavam a aparência sempre elegante de sua mãe. Mesmo dormindo, Madeline nunca deixou de irradiar riqueza, aristocracia e poder. Era quase como se a elegância corresse em suas veias em vez de sangue.
Além dos cabelos finos e grisalhos que ameaçavam ofuscar as mechas loiras em seu cabelo, seus olhos mostravam que ela tinha passado por muitas coisas em seus anos na Terra, nada mais sobre ela dizia ao mundo que ela faria sessenta anos.
Se Lancelot não fosse seu filho, ele teria pensado que ela era apenas dez anos mais velha.
De pé na frente dela agora, seus olhos escureceram quando ele finalmente reconheceu a presença da moça que estava ao lado de sua mãe.
Calça social preta uma blusa rosa de mangas compridas em chiffon solto. Seu cabelo penteado em uma trança francesa elegante e seus olhos brilhantes e azuis. Suas duas mãos estavam entrelaçadas para frente do corpo e ela tinha um sorriso no rosto.
'Formal e adequada', Lancelot pensou. Do jeito que sua mãe gostava.
Ele reconheceu a moça chamada: Ava Relish. Sua companheira escolhida por sua mãe.
"Mãe", Lancelot cumprimentou, depois de desviar o olhar da mulher mais jovem.
Ele se inclinou para sua mãe e deu um beijo de cortesia em sua bochecha. Para Ava, ele deu um breve aceno de cabeça.
"Embora eu esteja extremamente irritada com você, eu sei que você precisa descansar antes do jantar, então eu vou deixar você descansar", Madeline disse, olhando para o seu filho, que agora se elevava acima dela.
Os olhos de Lancelot se estreitaram para ela. Para sua mãe adiar as reclamações para o jantar ou depois do jantar, isso significava que algo grande estava para acontecer.
"O que vai acontecer durante o jantar, mãe?"
As sobrancelhas de Madeline franziram ao ouvir a pergunta do filho. Ela ficou quieta enquanto Lee e Peter passavam por eles com as malas de Lancelot nas mãos. Quando ela teve certeza de que eles haviam passado, ela estreitou os olhos para Lancelot.
"Um jantar para recebê-lo de volta em casa. Além disso, precisamos começar a nos preparar para a sua coroação".
"Mãe..."
"Nunca é cedo pra estar pronto, seu avô falava muito isso para o seu pai. Então, convidei todos para vir aqui em casa. Seu casamento será logo após sua coroação, há muito o que se preparar, quanto mais cedo reunirmos todos, melhor pra todos nós. Seus primos, tias e tios estariam aqui no máximo às 19h da noite. Sugiro que você descanse o máximo que puder antes disso..."
Sua mandíbula se apertou ao ver sua aparência indisciplinada.
"Casamento." Ao ouvir a palavra, o olhar de Lancelot mudou de sua mãe para Ava que estava ao lado dela sorrindo.
Por que ela ficou parada e sorriu em silêncio? Ela não podia ver o quão estranha ela estava sendo?
Quando seus olhos se encontraram, Lancelot deu de ombros e desviou o olhar dela. Não havia nenhuma outra maneira que fizesse ele permitir que essa união acontecesse.
"Seu pai não está, mas James e Arthur estão, estou te avisando caso você queira falar com eles antes de se retirar para o seu quarto. E certifique-se de descer para o jantar vestido adequadamente. Lady Marion cortaria sua cabeça se você não o fizesse. E, eu ficaria feliz em fazer parte disso".
'Mesmo que você a odeie', Lancelot pensou. Ele não ousaria dizer isso.
Com um encolher de ombros, sua mãe deu meia-volta e subiu as escadas. Deixando Lancelot e Ava sozinhos em um silêncio constrangedor.
Finalmente, Ava quebrou o silêncio.
"Gostaria de comer algo antes de ir para a cama, Lance?", ela perguntou.
Se essa era sua tentativa de ser doce, ela poderia continuar.
Mas ele precisava de café gelado.
"Sim", ele respondeu secamente.
"Café gelado. Com dois cubos de açúcar", ele disse, ainda olhando para ela.
"Claro! Eu sei exatamente como você gosta".
Lancelot não disse nada, ele a observou enquanto ela passava por ele, descendo as escadas.
'Esse dia vai ser longo', ele pensou.