Capítulo 16
1307palavras
2023-07-27 14:32
Roxanne passou correndo pelas portas do hospital, parecendo duas vezes mais maluca do que a calça jeans estranha que ela estava usando.
Frenética, ela correu até a recepção. Uma senhora negra de roupa vermelha olhou para ela. Roxanne tentou controlar a respiração antes de falar.
"Sou Roxanne...", ela fez uma pausa.
"Roxanne Harvey, minha irmã... Minha irmã Rayla Harvey... Desculpa, Rayla Rivers foi levada às pressas pra cá essa manhã... Complicações com o...", ela estava tentando respirar e falar ao mesmo tempo.
A senhora continuou a encarando, tentando entender as palavras que ela dizia.
"Roxy!", Roxanne ouviu a voz familiar estridente da sua mãe chamar ela.
Imediatamente, ela se virou na direção da voz. Sarah estava com lágrimas nos olhos, os braços cruzados sobre o peito. Roxanne parou de falar com a mulher da recepção e correu até a sua mãe.
Sarah começou a chorar nos braços da filha.
"Mãe, o que tá acontecendo?", Roxanne perguntou, olhando por cima do ombro de sua mãe para ver mais pessoas da sua família, antes que seus olhos pousassem no rosto de sua mãe.
"Jonah nos ligou essa manhã. Ele disse que Rayla acordou gritando de dor e ele teve que trazer ela às pressas para o hospital. Os médicos...", ela desabou de novo. "Eu nem sei o que eles estão dizendo", ela continuou a chorar.
Roxanne sentiu seu coração amolecer.
Talvez ela odiasse Rayla, mas certamente não queria que nada acontecesse com ela ou com seu filho.
"Onde está todo mundo?", Roxanne perguntou, acariciando as costas de sua mãe gentilmente.
"No quarto onde Rayla está. Você quer vê-la?"
Roxanne sorriu tristemente, antes de acenar com a cabeça. Os olhos de Sarah brilharam quando ela se afastou da sua filha para orientá-la.
Quando Roxanne entrou no quarto e viu Rayla deitada na cama do hospital com lágrimas nos olhos e segurando a mão de Jonah, que parecia igualmente frustrado e dolorido, o coração de Roxanne se suavizou mais uma vez.
Tony olhou para sua filha gêmea mais nova e seus olhos se iluminaram.
"Roxy!", ele gritou.
A atenção de todos se voltou para ela imediatamente. Mais uma vez, Roxanne teve aquela vontade de desaparecer, mas ela tinha que estar lá para dar apoio a sua irmã, embora desejasse não ter que fazer isso.
A criança não merecia nada do que estava acontecendo com ela.
"Você tá bem Rayla?", ela perguntou, ignorando todos os olhares sobre ela e caminhando em direção a Rayla.
"Eu tô sentindo muita dor, Roxy. Dói tanto!", Rayla continuou chorando. Seus olhos marejados estavam fixos nos olhos tristes de Roxanne.
"Por favor, Roxy, por favor, me ajuda. Não quero perder meu bebê, amo muito o meu bebê, não quero perdê-lo. Por favor, sinto muito por tudo, não quero perder meu bebê..."
Roxanne abriu a boca para falar, mas o médico que entrou a interrompeu.
"Temos que cuidar dela agora. Por favor, saiam do quarto e esperem".
Roxanne ficou calada e se virou na direção do médico. Ela se afastou do olhar de Rayla e seguiu sua mãe e seu pai.
Pelo canto do olho, ela viu Jonah se aproximar do médico.
"Posso ficar aqui com ela e esperar? Ela é a minha esposa, preciso ficar com ela".
"Sr. Rivers, por favor, é melhor você sair. Gostaríamos de garantir que sua esposa e seu filho estejam bem. Há poucas chances, mas vamos fazer tudo o que for clinicamente possível", o médico respondeu. Algo em sua voz disse a Roxanne que ele já havia visto situações como essa muitas vezes, não havia nada de simpático na maneira como ele falava.
'Os horrores da profissão médica', ela pensou. Era preciso se acostumar a ver o pior absoluto todos os dias.
A porta foi fechada, as cortinas também foram fechadas. Agora, tudo o que eles podiam fazer era esperar.
Roxanne estava sentada no banco de metal do corredor do hospital, em frente ao quarto da irmã, ao lado dos pais. Seus olhos observaram Jonah atentamente enquanto ele ficava andando de um lado para o outro pelo corredor.
Por um momento, Roxanne se perguntou se ele estava preocupado por causa do bebê ou de Rayla. Ela se perguntou se ele teria ficado tão preocupado assim se fosse ela na enfermaria e não Rayla.
Ela mordeu o lábio inferior com raiva. Como ela poderia pensar nessas coisas agora? Enquanto a sua irmã estava em uma condição tão crítica? A raiva e a amargura a tornaram fria e narcisista?
Os segundos se transformaram em minutos enquanto esperavam. Exatamente três horas depois, os médicos e as enfermeiras saíram da sala.
Ao avistá-los, Jonah foi até o médico. Tony e Sarah o seguiram logo atrás. Roxanne não conseguia se levantar, não depois do que tinha acabado de pensar.
"Doutor, como... como ela está?"
O homem tirou a máscara nasal e entregou-a a uma das três enfermeiras que estavam atrás dele, dando a elas um sinal para irem à sua frente.
"Sinto muito, senhor Rivers, não conseguimos salvar o bebê. No entanto, sua esposa está bem, ela está inconsciente, mas ela acordará nas próximas horas".
De onde estava sentada, Roxanne observou as palavras escaparem dos lábios do médico com tanta facilidade. Como se ele não estivesse apenas anunciando a morte de uma criança. Ele falou sobre Rayla estar viva como se quisesse consolar a família.
Ela olhou para Jonah e viu ele caindo de joelhos ao lado de seus pais.
Tony e Sarah levantaram Jonah do chão enquanto entravam no quarto de Rayla. Roxanne ficou imóvel onde estava.
Não tinha ideia do que fazer.
Quando ela encontrou coragem para se levantar, ela o fez e entrou na sala.
Rayla estava acordada agora. Parecia que Jonah e seus pais haviam dado a notícia a ela porque ela estava chorando incontrolavelmente. Jonah estava ao seu lado, tentando acalmá-la, mas ela não queria.
Tony e Sarah se afastaram do casal e Roxanne caminhou até eles depois de fechar a porta.
De repente, os olhos frustrados e cheios de lágrimas de Rayla se ergueram para olhar para Roxanne. Seu olhar era mortal, cheio de raiva e ódio.
Tudo aconteceu tão rápido.
Antes que alguém pudesse entender o que estava acontecendo, Rayla pegou um pequeno vaso que tinha ao lado da cama e o jogou em Roxanne.
Roxanne ficou pálida, antes de sentir uma dor insuportável em sua testa. Ela levantou as mãos e passou na cabeça e em seguida olhou para o sangue nas mãos.
Ela ficou pasma, não estava conseguindo falar.
"É tudo sua culpa, sua p*ta m*ldita! Você queria que o meu bebê tivesse morrido! Você usou seu ciúme e sua inveja pra matar meu bebê! O que eu fiz pra você?! Não me culpe por eu sempre ser melhor em tudo! Não me culpe por ter feito s*xo com Jonah e feito ainda melhor do que você! Você descarregou toda a sua raiva no meu bebê! Meu pobre bebê!"
Palavras, palavras e mais palavras. Roxanne não conseguia mais ouvir nada, mas percebeu que Rayla ainda estava gritando.
Com dor, ela olhou em volta, esperando que seus pais a ajudassem, viessem até ela ou até mesmo chamassem o médico.
Em vez disso, eles correram até Rayla e a seguraram. Ela poderia dizer que eles estavam tentando acalmá-la. Jonah estava com um olhar morto em seus olhos quando Roxanne olhou para ele.
"Por favor, Roxanne! Saia daqui! Saia agora!", Sarah falou chorando.
Roxanne ainda estava lá, com dor e em estado de choque.
Não era desse jeito. Estava errado, tudo errado.
"Você ouviu sua mãe Roxanne, saia daqui. Rayla não precisa ver você agora", Tony gritou com ela.
Ninguém se importava que ela estava sangrando, ninguém se importava que ela pudesse morrer de tanto sangue que estava perdendo.
Ela iria embora e nunca mais voltaria.
Com as mãos pressionadas na cabeça, ela saiu do quarto cambaleando sem dizer nenhuma palavra.