"Ah, você só pode estar brincando comigo", Emily disse em voz alta, tirando o edredom do corpo de Roxanne.
Os olhos de Roxanne se estreitaram para sua melhor amiga e colega de apartamento. Ela colocou o hambúrguer que já tinha sido mordido no pires que estava a seus pés e se virou para Emily novamente.
"O que foi dessa vez?", Roxanne gemeu, triste por ter sido impedida de comer a única coisa que curava sua pequena depressão: hambúrguer com muito queijo.

"Não me diga que você pretende passar o resto do dia comendo hambúrguer e assistindo...", os olhos de Emily se desviaram para a tela do notebook que estava na frente de Roxanne. Ela debochou e desviou os olhos dele.
"...O que é isso? Donas de casa reais de Atlanta?"
"Isso me faz lembrar que as outras pessoas têm mais tragédias acontecendo em suas vidas do que na minha", Roxanne murmurou tristemente, fazendo beicinho.
Os olhos de Emily se suavizaram ao olhar para sua amiga. A irritação em seu olhar se transformou em preocupação e amor, quando ela se levantou e subiu na cama para ficar ao lado de Roxanne.
Emily olhou para sua melhor amiga. Seu cabelo castanho estava preso em um coque bagunçado, ela estava com um pijama vermelho enorme e tinha queijo e maionese espalhado pelos seus lábios e na ponta do nariz. Simplificando, sua melhor amiga cheirava a pena.
Emily estendeu a mão para Roxanne e sorriu tristemente.

"O que tá acontecendo, bebê?"
Roxanne suspirou fundo e olhou para o notebook.
"Fui rejeitada, de novo", Roxanne disse. Se referindo ao emprego de secretária que ela tentou conseguir em um banco de microcrédito.
"...Eles disseram que o meu nível de educação não atende aos requisitos que eles procuram. Sabe, eu realmente pensei que depois do casamento, eu seria capaz de finalmente encontrar a força de que preciso pra voltar aos trilhos. Mas, tudo desde então só piorou, recebi e-mails de rejeição e lembranças dele...", percebendo exatamente o que havia dito, Roxanne mordeu o lábio inferior, os olhos fixos nos de Emily. Ela sentiu que ficou vermelha enquanto desviava o olhar.

"Ele? Sua c*dela, você acabou de dizer ele?", Emily perguntou, com um sorriso malicioso no rosto. Roxanne não respondeu.
"Agora, eu não suponho que você esteja falando sobre aquele cara desconhecido com sotaque britânico do dia do casamento de Rayla..."
Roxanne olhou para Emily.
"Quem mais seria?"
Emily não pôde evitar o riso que saiu de sua garganta ao ouvir a confissão da sua melhor amiga.
"Garota, você tá falando sério?! Ele definitivamente fez um s*xo muito bom com você, hein? Você tá me dizendo que ele chupou sua b*ceta tão bem que agora você pensa nele já faz dois dias?!"
Atordoada, Roxanne jogou um travesseiro no rosto de sua melhor amiga.
"Para!"
"O quê c*dela?!", Emily riu de volta.
"Eu só estava me perguntando o que teria acontecido se eu tivesse ficado no quarto por mais tempo, sabe? E se eu não tivesse saído correndo? Teríamos tomado café da manhã juntos? Conversado um com o outro? Eu sei que é loucura, porque acabei de ter meu coração partido e minha confiança e amor jogados no lixo. Mas não consigo parar de pensar nele, ele está na minha cabeça e eu realmente queria não ter corrido do jeito que corri", Roxanne se viu abrindo seu coração para sua melhor amiga.
Era por isso que ela amava tanto Emily, era fácil conversar com ela.
Os olhos de Emily se suavizaram. Ela podia entender a dor da sua melhor amiga, mas não pôde evitar a resposta espirituosa que escapou de seus lábios.
"Sim, ele certamente chupou a sua b*ceta muito bem".
"Eu tô falando sério!", Roxanne respondeu, rindo.
"Eu sei, eu sei, me desculpa", Emily parou de rir.
"Se você o achou tão atraente, por que fugiu?", Emily perguntou, depois que riu.
Roxanne ficou pensativa por um tempo, antes de balançar a cabeça.
"Não tenho esperanças. Ele provavelmente pensou que eu era uma mulher maluca que precisava ser salva. Eu não queria ver ele acordar de manhã e me convidar para sair do seu quarto. Ele era um cara completamente fora do meu alcance", por mais que ela tentasse disfarçar com um encolher de ombros, havia uma pitada de dor nos olhos de Roxanne que fez Emily se aproximar dela e beijar sua bochecha.
"Talvez eu tenha que concordar com você sobre isso. Quero dizer, você viu o Rolex dele? M*rda poderia ter custado cerca de cem mil dólares, pelo menos!"
"Eu sou honesta, tá?!" Roxanne respondeu. Seus olhos lentamente se iluminaram em um sorriso, Emily tinha o poder de fazer isso com ela.
O momento delas foi interrompido pelo toque do celular de Roxanne.
"Por favor, Deus, que seja a editora que procurei ontem", Roxanne gritou, estendendo a mão para pegar o celular.
"Amém!", Emily respondeu.
Quando Roxanne pegou o celular e o ligou para ver de quem era a ligação, sua esperança foi embora e ela franziu a testa.
"É a minha mãe", ela disse aborrecida, se virando para Emily.
A mulher de cabelos escuros sorriu para sua melhor amiga.
"Será que eu atendo?"
"Sério isso?"
Emily assentiu com a cabeça. Roxanne revirou os olhos e atendeu a ligação.
"Olá", ela disse, colocando o celular em seus ouvidos. A cada segundo que se passava, os olhos de Roxanne se arregalavam e o medo superava a raiva em seus olhos.
Quando ela desligou a ligação, ela se virou para Emily, o choque e o medo ainda estavam evidentes em seu olhar.
"Tá tudo bem?", Emily perguntou, confusa.
O olhar de Roxanne caiu em seu notebook quando ela rapidamente se levantou da cama.
"Eu tenho que ir pro hospital de Saint Patrick agora!"