Capítulo 14
1992palavras
2023-07-26 14:20
Lancelot agora estava acordado. Ainda assim, ele continuou a se virar de um lado para o outro da cama, lutando para voltar a dormir.
Pelo raio de sol que passava pela janela e batia em seu rosto, Lancelot percebeu que já era dia. No entanto, parecia que ele tinha acabado de se deitar para dormir.
Sua mente começou a se lembrar dos acontecimentos da noite anterior.

Ele lembrou de tudo: de quando ele estava se preparando para a festa de casamento da irmã da mulher desconhecida. Ele se lembrou de quando estava sentado ao lado dela, de quando estava sendo arrebatado por ela ter uma grande habilidade e espírito livre com o piano, ele se lembrou de correr até ela, pegando uma garrafa em suas mãos e colocando-a em seu carro.
Quando ele se lembrou de estar enrolado nos lençóis com ela também se lembrou de que Ziko a marcou, as suas pálpebras se abriram imediatamente.
'O que ele fez?!', ele pensou.
Ele olhou para o lustre pendurado no telhado acima dele. Se ele não estivesse tão tenso, teria parado para apreciar sua beleza, mas não era hora de fazer isso.
Irritado, ele virou o rosto para o outro lado da cama, agora esperando ver o corpinho nu dela esparramado sobre a cama, embaixo ou em cima do edredom, ele realmente não se importava. Ele só precisava ver ela.
Seu olhar se deparou com um lado da cama vazio, a única prova de que ela já esteve lá foi seu cheiro persistente de lavanda, por todo o lençol, edredom e fronha.

'Ela se levantou da cama e foi para o sofá no meio da noite?', Lancelot se perguntou em seus pensamentos.
Ele se lembrava de ter acordado em algum momento durante a noite, quer dizer, depois de um pesadelo horrível. Ele havia se levantado para acender as luzes, mas o seu domínio sobre ele o acalmou. Foi assim que ele conseguiu voltar a dormir.
Ele inspirou e expirou profundamente, mesmo com a bochecha direita ainda pressionada no travesseiro. Agora que ele estava acordado, daria uma boa olhada nela e farejaria o que havia nela que a tornava tão...
Suas narinas se contraíram em desgosto com o pensamento...

Fraco.
Ele se levantou da cama e se sentou, com as costas contra a luxuosa cabeceira da cama. Seus olhos se voltaram em direção ao sofá vazio.
Ela também não estava lá.
Rapidamente, seus olhos percorreram o quarto inteiro. As paredes, os móveis e o chão.
Além do seu cheiro persistente que parecia estar preso em todos os lugares do quarto, não havia uma única evidência de que ela já havia entrado nesse quarto.
Nenhuma roupa feminina no chão, nenhum sapato, calcinha e o que quer que ela tenha usado no quarto dele na noite anterior, tudo se foi.
Primeiro veio a dúvida. Lancelot pôs os pés no chão e se levantou da cama, lutando para recuperar a postura a princípio. Ele ficou se segurando na cabeceira da cama até que seus pés parassem de tremer. Quando isso aconteceu, ele a soltou e foi até a porta do banheiro.
'Talvez ela esteja lá.' Ele pensou. 'Ela poderia estar se preparando para ir embora, ou fazendo algo dentro do banheiro.'
Ao se aproximar da porta, percebeu que não havia nenhum som saindo de lá. Nem um som de água corrente, ou um chuveiro aberto ou mesmo alguém usando o banheiro. Nada! Tudo estava silencioso.
Mas, ela tinha que estar lá. Ela não estava em nenhum lugar do quarto, então ela tinha que estar lá.
Sua mão girou a maçaneta da porta do banheiro enquanto a abria.
Seu olhar deu de cara em vaso sanitário vazio.
A descrença disparou em suas veias como uma grande adrenalina, antes que a raiva começasse a ferver em seu estômago.
Ele olhou para a banheira. Não havia ninguém lá também.
A dúvida saiu do seu corpo, permitindo que sua raiva assumisse o controle total.
Ele se afastou do banheiro e bateu a porta. Não havia o que duvidar, ele havia sido enganado.
'Desculpe??', Lancelot ouviu seu subconsciente perguntar.
Instantaneamente, ele foi até o seu armário e vasculhou seus pertences. Tudo estava intacto. Seus documentos, suas roupas, sapatos, joias, coleção de perfumes e carteiras de identidade estavam todos no mesmo lugar. Exceto o cartão-chave que agora estava ao pé da porta do quarto.
Ele ainda não podia acreditar no que estava vendo. Pela primeira vez em sua vida, uma mulher o largou. Lancelot queria se convencer de que era seu ego. Francamente, ele esperava que fosse. Ele tentou se convencer de que estava bravo porque nenhuma mulher jamais havia saído da sua cama antes dele acordar.
Todas as mulheres com quem ele já esteve queriam ter a chance de tomar café da manhã com ele, queriam ter a chance de ver ele novamente, almoçar ou até jantar. Cada mulher que já tinha ido para a cama com ele se rastejou ao seus pés querendo ter uma outra chance de acabar nua com ele novamente.
Então, quem di*bos ela pensou que era para sair ás escondidas assim?!
Essa foi a única vez que ele sentiu que havia conhecido uma mulher digna para tomar café da manhã com ele depois do s*xo, mas ela decidiu fugir como uma covarde!
Frustrado, ele passou os dedos musculosos pelas grossas mechas loiras do seu cabelo.
Ele avistou o telefone fixo do quarto que estava em um banquinho antigo perto da porta. Se ela tivesse partido, não teria sido há tanto tempo assim. Talvez, apenas talvez, ele pudesse encontrar informações sobre ela na recepção do hotel, uma que fosse suficiente para encontrá-la.
Ele teria que ligar para a recepção primeiro.
Ele caminhou até o banquinho e pegou o telefone. Ao lado do telefone, havia um cartão chique com o número da recepção gravado.
Sua mandíbula se apertou em aborrecimento. Era melhor ele encontrar uma maneira de encontrar ela e, quando a encontrasse, ela pagaria por ela ter humilhado ele dessa maneira.
'Isso é realmente o seu ego te machucando?', ele ouviu Ziko perguntar mentalmente.
Que tipo de pergunta estúpida era essa? Claro que isso era o ego dele!
Ela era apenas uma americana patética de quem ele teve pena e decidiu ajudar. Como ela pode ter sido tão ingrata a ponto de não pensar em ficar e dizer um simples obrigado?!
'Eu tô magoado. Eu nem tive a chance de conhecer melhor a minha companheira. Eu queria conhecê-la, estar com ela', Ziko rosnou, soltando gemidos tristes mentalmente.
Lancelot o ignorou e discou os números do cartão, no telefone.
Enquanto pressionava o celular contra os ouvidos, ele podia ouvir as batidas do seu coração ficando cada vez mais aceleradas.
"Hotel De' Royale, como posso ajudar?", uma voz feminina com um leve sotaque francês atendeu do outro lado da linha.
"Quarto 207, Lancelot Dankworth..."
"Espere um pouco, por favor", a mulher disse novamente. Ele a ouviu digitar algumas teclas enquanto ele permanecia em silêncio, as veias do seu corpo mostravam o quão irritado ele estava.
"Sim, senhor. Como posso te ajudar?", ela finalmente respondeu.
"Eu gostaria de saber há quanto tempo minha...", ele fez uma pausa, como ele a chamaria?
"...namorada saiu do meu quarto essa manhã?"
"Ah", quem quer que ela fosse, ela não foi capaz de mascarar seu súbito aborrecimento.
"Descrição, por favor".
"Baixinha e morena. Ela deve ter colocado um vestido branco e..."
"Muitas mulheres que correspondem a essa descrição saíram desse hotel desde as 6h da manhã. Vou deixar uma sugestão, você pode ligar para ela, senhor".
Os olhos de Lancelot escureceram quando ele largou o telefone com raiva.
Claro que ele poderia ligar para ela! Se ele tivesse o m*ldito número do celular dela!
Oh, claro que não tinha!
Lancelot continuou andando pelo quarto, tinha que haver alguma coisa, alguma maneira que ele pudesse achar para encontrar ela novamente.
De repente, foi como se uma lâmpada tivesse acendido em sua cabeça. Ele caminhou até a gaveta ao lado da cama, pegou o celular e ligou para seu assistente, o número de Peter.
"Venha ao meu quarto, agora", foi tudo o que ele disse, antes de encerrar a ligação.
Peter entendeu, ele estava batendo na porta do quarto dele em menos de cinco minutos depois. Quando Lancelot abriu a porta para ele, ele entrou, vestido para suas obrigações diárias e com uma expressão incerta no rosto.
Quem tinha brigado com seu chefe tão cedo logo pela manhã?
"Senhor..."
"O carro que você bateu ontem. Eu preciso que você ligue pro mecânico, precisamos ter certeza de que o carro não será pego até chegarmos lá", Lancelot falou, seus olhos estavam queimando de raiva enquanto olhava para Peter.
O homem mais baixo ficou ali, confuso.
"Apenas faça o que eu te pedi!", Lancelot gritou.
Peter se encolheu, antes de tirar o celular do bolso.
Enquanto ele discava o número, Lancelot se sentou na beira da cama, com os olhos fixos em Peter enquanto falava.
Quando Peter encerrou a ligação com um olhar desapontado no rosto, os olhos de Lancelot se estreitaram para ele.
"O carro foi pego essa manhã", Peter falou, gravemente.
"Dá pra acreditar nessa mulher?!", Lancelot gritou, enquanto levantava da cama com raiva.
"Ela simplesmente se joga na minha cama e foge na manhã seguinte! Você pode imaginar isso? Quem ela pensa que é?!"
Peter ficou em silêncio. Por que seu chefe estava tão chateado com uma mulher comum quando ele poderia ter tantas?
"Temos que encontrá-la, Peter. Vasculhe cada parte dessa maldita cidade, encontre ela e a traga pra mim", Lancelot caiu na cama novamente. Ele se perguntou o que havia nela que o estava deixando louco? Ele não conseguia identificar o motivo de estar tão zangado, mas não conseguia evitar esse sentimento.
"E quando eu a encontrar?"
A pergunta de Peter fez com que o olhar de Lancelot se voltasse para ele.
"O que você disse?"
"O que vai acontecer quando eu a encontrar, senhor?"
A mandíbula de Lancelot se contraiu.
"Eu vou fazer ela pagar".
Peter não deveria ter feito a próxima pergunta, mas não conseguiu evitar sua curiosidade e preocupação.
"Pagar o quê?"
Com sua pergunta, os olhos de Lancelot se suavizaram e ele desviou o olhar de Peter.
Ele não tinha uma resposta para essa pergunta, ambos sabiam.
Suspirando fundo, Peter balançou a cabeça e continuou a falar.
"Por outro lado, senhor, temos questões mais urgentes pra resolver".
"Quais são?", a raiva nos olhos de Lancelot deu lugar a uma expressão entediada.
Peter inspirou e expirou profundamente.
"Pra começar, sua mãe mandou uma mensagem pra você. Ela disse, 'Lancelot Dankworth, filho de Edward Dankworth terceiro, espero que você esteja de volta aqui em Londres nos próximos três dias! Eu sei que você acabou com seus negócios lá. O que você pensa que está fazendo ficando longe de casa por tanto tempo, apesar de tudo o que está acontecendo aqui?! Você está ignorando todas as minhas ligações e mensagens. Agora eu juro pelo túmulo do meu pai que se você não estiver em Londres na terça-feira, eu mesmo irei a esse país e vou te trazer nem que seja amarrado!'", a impressão de Peter sobre Madeline fez Lancelot rir.
"Terça-feira, ela disse", Lancelot falou, se levantando da cama.
"Sua coroação como príncipe Alfa é em 27 dias, senhor. Sua futura Luna já está no palácio. Todos estão esperando por você em casa. Alfa Edward ligou ontem, disse que eles estão pensando em levar a Rainha Luna a um médico, ela está falando sem parar sobre como você precisa atender as ligações dela ou voltar pra casa".
"Eu não quero falar com nenhum deles", ele ficou na frente do grande espelho, Lancelot percebeu que tinha ficado seminu a manhã toda.
"Mas...", ele continuou, passando as mãos pelos cabelos novamente.
"Reserve um voo e compre nossas passagens para Londres, vamos embora na terça-feira".
Peter estava certo, havia assuntos mais urgentes que precisavam ser discutidos.
Dois dias. Ele tinha apenas dois dias para encontrar ela.