Capítulo 14
1751palavras
2023-08-02 03:13
Robert
Eu estava trabalhando como um louco nos últimos dias. Tínhamos uma filial nova sendo criada na Argentina, havia o novo contrato de treinamento com a escola do Toninho e várias e várias reuniões com fornecedores. Cristian estava se envolvendo em um novo negócio e, portanto, as maiores responsabilidades da nossa rede de Hipermercados estavam recaindo sobre mim. Meu pai trabalhava mais como um consultor e em seus setenta anos, já não aguentava mais ficar o dia todo trancado num escritório.
E hoje haviam inventado um jantar de noivado, argh! Minha mãe não se conformou que Betina e eu estivéssemos noivos sem a pompa necessária. Aliás, ela queria realizar uma recepção na casa dela, com uma lista de oitenta convidados , mas fui muito taxativo quanto ao tamanho do evento: o mais íntimo possível.
No final da tarde fui para meu apartamento me arrumar apesar da dor de cabeça infernal. Nos últimos dias eu tinha enxaqueca todos os dias, além de uma queimação no estômago.
Para falar a verdade eu estava me afundando no trabalho para esquecer certa mulher que ficava visitando meus sonhos. E essa história de ser fiel era uma tremenda merda porque eu estava sem ficar com ninguém há alguns dias e me sentia muito frustrado, algumas vezes não conseguia conter a ereção e precisava correr para o banheiro anexo a minha sala para me aliviar. Não devia ser saudável ficar mais de uma semana sem sexo, imagina duas então!
Hoje eu com certeza iria ficar com Betina e nos tornaremos um casal de verdade.
Cheguei ao restaurante que minha mãe tinha reservado. Fui conduzido até uma parte discreta do estabelecimento onde uma mesa de oito lugares estava decorada com flores brancas. Betina veio rápido e me cumprimentou com um beijo rápido nos lábios.
— Você está muito bonito e elegante — ela disse, observando meu terno escuro.
— Colocou até a gravata.
— Você também está linda — eu disse.
O clima entre nós estava um pouco frio depois da confusão na casa dos meus pais. Betina não estava presente durante o episódio, mas alguns de seus amigos sim e ela ficou sabendo da história por várias fontes diferentes que só distorceram os fatos. Foi minha mãe quem acabou com o mal entendido, contato para ela o ocorrido do ponto de vista de alguém que estava no momento da confusão.
Ainda assim a confiança estava um pouco abalada. Nos olhos de Betina não havia aquela adoração costumeira. Aquele noivado formal na frente dos pais dela era para mostrar que eu levava a sério o nosso enlace.
— Cadê meu irmão, Cristian? — perguntei.
— Ia buscar a namorada e já vem — minha mãe falou.
Eu não sabia que meu irmão estava namorando. Seria Lisa? E se fosse, eu deveria perguntar pela Theodora ou fingir que não me lembrava dela? Todos fizemos nossos pedidos. O pai de Betina e Octávio riam o tempo todo, felizes pela união de seus filhos. Eu olhava para Betina e tentei nos imaginar juntos.
Incrível como bastante eu olhar para ela já vinham as lembranças da infância. Pedi uma garrafa de vinho na qual pretendia tomá-la sozinho.
Logo Cristian chegou com a namorada e não era Lisa. Fiquei aliviado e consegui levar o restante da noite com leveza.
Depois veio o momento da troca das alianças, o brinde e muitas fotos. A mãe de Betina tinha providenciando um fotógrafo profissional que inventou mil e uma poses.
Quando o noivado terminou eu havia bebido demais para dirigir. Percebi que estava com os pensamentos confusos e a coragem lá em cima.
— Eu disse que você está linda, Betina?
— Sim, você disse. — Ela viu que eu não estava sóbrio— Acho que você bebeu um pouquinho a mais.
— Você está certa. E se é assim não posso dirigir. Você me leva para casa?
— Não é melhor que o...
— Você é minha noiva, lembra? Tem que cuidar de mim. — Segurei as mãos dela e levei aos meus lábios.
— Está certo. — Ela se rendeu — Te deixo em casa.
Nós despedimos e minha mãe ficou contente por nos ver partindo juntos, no mesmo carro.
Meu apartamento era muito próximo do restaurante e em menos de dez minutos chegamos.
— Agora vamos subir Betina. Estou um pouco tonto e você precisa se certificar que vou entrar no apartamento certo.
Ela se fingiu de zangada, mas acabou rindo da cara de bobo que fiz. Subimos o elevador de mãos dadas e nada mais.
Quando entramos eu não a deixei acender as luzes e a puxei para um beijo. Ela se atrapalhou e quase caímos.
— Devagar — ela disse. — Você me pegou de surpresa.
Eu apenas sorri maliciosamente e capturei os lábios com volúpia. Senti o gosto ferroso do sangue nos lábios dela e fiquei satisfeito pelo gemido. Então a levantei pela cintura e praticamente a atirei sobre o sofá.
— Robert, desse jeito não — ela pediu, um pouco assustada. Betina conhecia apenas o Robert gentil e aquele meu lado lobo devorador era novo. — Preciso que você vá conversar comigo para eu ficar mais relaxada...
Eu não queria conversar. O álcool havia me subido à cabeça e eu praticamente não me lembrava com quem estava. Ali, no escuro do meu apartamento, ela passou a parecer com Theodora e senti meu membro ficar rígido como uma pedra. Uma necessidade urgente de aliviá-lo tomou conta de mim. Subi o vestido dela e apertei as nádegas generosas com força.
Ela gemeu.
— Está gostando, né? — Talvez por estar embriagado meus dedos pareciam atrapalhados quando tentei puxar-lhe a calcinha — Ah, você é tão gostosa, Tessy!
Betina me empurrou com um supetão.
— VOCÊ ME CHAMOU DE QUÊ? — Ela procurou o interruptor e acendeu a luz. O cabelo dela estava desgrenhado e o vestido todo amassado — Você me chamou de Tessy!
— Ei, eu tô meio zonzo e falei qualquer coisa. Eu quis dizer que você Betina é muito gostosa. — Tentei corrigir e procurei abraçá-la, no entanto ela desviou — Ah vamos, não fique ofendida. Olha só como estou por sua causa. — Apontei para o volume da minha calça.
— Você dormiu com ela? — O rosto da garota ficou rosado de raiva — É por isso que me confundiu com aquela moça?
— Nunca te traí, ok?
— Como vou acreditar em você?
— Venha aqui, meu bem. — Tentei beijar-lhe o pescoço — Vamos terminar o que começamos...
— Não! — Ela procurou pela bolsa caída no chão — Não vou ter minha primeira vez desse jeito, com um homem que nem sabe com quem está transando. E totalmente descontrolado. Preciso que na primeira vez que dormir comigo esteja sóbrio e que seja gentil! — ela esbravejou. — Não me ligue amanhã, provavelmente estarei furiosa ainda.
Ela saiu batendo a porta.
Aquela discussão cortou todo meu tesão.
Que droga!
Fui para minha cama ainda tonto pela bebida e adormeci ainda com os sapatos nos pés.
Acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça, mas não poderia faltar no trabalho.
Cheguei ao prédio da Rede RCS mais tarde que o de costume e compareci à reunião com o banco parceiro, no entanto colaborei muito pouco nas negociações.
Eu estava podre e não era só pela ressaca. Era um combo de stress, dias longos sem sexo e o fiasco da noite anterior com minha noiva foi a cereja do bolo.
Meu pai entrou na minha sala na companhia do Toninho. Trocamos cumprimentos e tentei conversar sobre a homologação do contrato com a escola dele, mas era evidente que eu não estava bem.
— Meu rapaz, você não está com uma cara boa — Toninho foi o primeiro a falar.
— Eu tô com ressaca da noite anterior. Ontem foi meu noivado — respondi.
— Eu realmente tenho notado você meio cansado esses dias. Sua secretária disse, umas duas vezes essa semana, que você teve dores de cabeça — meu pai falou, se inclinando sobre mim, me examinando como fazia quando eu era uma criança. — Você tem trabalhado demais.
— O que posso fazer, pai? O senhor praticamente se aposentou e o Cristian quase não fica aqui.
— Ele precisa de férias — meu pai falou, olhando para Toninho. — Eu poderia assumir as coisas por alguns dias.
— Tenho certeza que você é muito competente também, meu amigo — Toninho afirmou.
— Não se preocupem, eu logo ficarei bem. — Assim que eu disse isso meu estômago embrulhou e eles perceberam a careta que fiz.
Pedi licença e fui até a janela tomar um ar. Os dois homens continuam debatendo sobre minha vida, como se eu fosse um menino de dez anos.
— Aquele encontro com o sindicato é em Ubatuba. Temos cinco unidades na região e acho que você deveria ir. Depois aproveita e já fica uns dias na cidade.
Torci o nariz. Preferia as praias cariocas e não tínhamos nenhuma casa na praia naquela área, eu teria que ficar num hotel, no meio da agitação e isso não era a minha melhor definição de um lugar para descansar a cabeça.
— Eu tenho uma casa em Ubatuba — Toninho disse, como se lesse meus pensamentos. — Não é uma casa sofisticada como você deve estar acostumado, mas fica num condomínio que dá acesso a uma praia privativa — ele disse, todo empolgado.
— Eu agradeço, mas posso ficar num hotel.
— Filho, acho que deveria aceitar a oferta gentil do Toninho. — A olhada dura que meu pai me mandou estava repleta de avisos.
A verdade é que meu pai achava que eu devia desculpas ao homem por ter causado uma cena com Theodora e Kaique. Eu soube que o casal se separou e ficou subentendido que a culpa era minha. Ferraz tinha sido esquecido completamente, só falavam sobre o fato que sumi por algumas horas com a nora do Toninho. Era evidente que o homem se sentiria muito lisonjeado se o filho do amigo rico ficasse em sua casa de praia.
Então eu cedi.
— Eu vou aceitar a sua hospitalidade.
— Perfeito! — O rosto de Toninho se iluminou — Como eu disse, não é chique, mas fiz de tudo para ser um lugar aconchegante.
— É suficiente para o meu filho, Robert não é esnobe.
E a partir daquela conversa eu me organizei para a viagem nos dias seguintes sem ter noção das doces surpresas que o destino me preparava.