Capítulo 17
1084palavras
2023-07-15 21:54
Um silêncio sufocante.
Um silêncio desesperador.
Um silêncio quase mortal.

" Oi, borboletinha, sou eu o papai."
Desvio o olhar, focalizando-se na cama. Segundos pós segundos, pego-me parada a observando dormir como um anjinho, longe de qualquer toxicidade. Abaixo a cabeça, não conseguindo nem segurar a caneta direito entre os meus dedos por estarem trêmulos. Como posso continuar a enganando?
É muito injusto com ela.
Risco, amassando a folha de papel e começando novamente a carta.
" Oi, filha, sou eu a mamãe. Para mim, ter que escrever isto, está me matando por dentro. Sei que você pode não entender tudo que fiz, mas a mamãe sente muito, sente muito mesmo. Não existe nenhum pai, Mel, nunca existiu. Esse homem que você idealizou em seus pensamentos, é uma fantasia, nem digno de ser chamado de pai esse monstro merece. Ele destruiu tudo; meu psicológico, meu eu, me fez chegar até a questionar se a culpa não teria sido minha. Infelizmente... por mais difícil que seja admitir, tu nasceu por meio de um momento horrível para mim, foi um completo pesadelo, mas nada apaga e muda o quanto eu te amo. Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Na hora que eu estava no fundo do poço, filha, você veio e me resgatou de lá." — na medida que disserto cada palavra, choro.—A vida me deu uma segunda chance de ter colocado você nela. Eu tenho muito orgulho de ser a sua mãe."
(.....)

00:50 AM
Posiciono a carta ao lado do travesseiro onde dorme com a cabecinha em cima, para que amanhã seja a primeira coisa que veja assim que acordar. Aproximo-me o rosto, dando um beijo em sua bochecha, sussurrando baixinho boa noite. Cubro-a com a lençol, assim como faço o mesmo com Giulia que dorme toda de mal jeito na cama de cima.
Visto a camisola, me ajeitando para deitar. De repente, ouço barulho de batidas na porta que fazem o meu coração se borrar de medo. Quem será uma hora dessas? De ponta de pé, sigo para cozinha, para ir atrás de uma faca. Quando a pego, vou vagarosamente até a sala, mesmo no breu do escuro, tomo coragem para abrir. Fico de boquiaberta, interrompendo a tempo os meus planos de atacar o suposto ladrão com a faca.
— Você?— arregalo os olhos, incrédula.— O que faz aqui?— o pergunto, franzindo a testa sem entender como achou o meu endereço e porque veio me procurar. Dura apenas questão de instantes, pois logo desmaia completamente fraco, cheio de hematomas espalhados pelo corpo.

Grito desesperadamente com a cabeça do mesmo sobre o meu colo, para Giulia venha me ajudar colocá-lo para dentro. Mas o sono que a minha irmã tem, é tão pesado que pode até cair a casa inteira que ela não escuta nada.
Arrasto-o, colocando toda a força para puxa-ló até o sofá.
Começo a cuidar dos machucados e ferimentos, colocando também um pouco de água nos seus lábios ressecados. Ele deve está assim por ter ficado muitos dias sem comer e com sede.
Sem eu esperar, Melissa desperta.
— Mamãe, o papai chegou?— dá um sobressalto.
Merda.
Engulo à seco, bastante tensa avistando a carta que escrevi, caída no chão.
— É o papai!— se empolga, correndo até o homem que está inconsciente, achando na inocência que seja ele.— Por que o papai está machucado, mamãe? — olha para mim, com os olhinhos apreensivos.—Por acaso, ele sofreu um acidente?
Fico paralisada, em estado de choque, sem piscar as pálpebras. Aos poucos, o principal envolvido nesse mal-entendido, vai abrindo os olhos e vendo o rostinho da loirinha.
— Oi, papai. — pronuncia-se tão feliz, toda meiga, igual uma criança sapeca — É tão bom te conhecer.— o abraça, colocando a cabecinha em seu ombro. O homem fica cético pelo que eu percebo, porém, não a afasta.
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POV's Mabel Bieber
Motel.
01:30 AM.
— É, quem é vivo sempre aparece.— debocho, com o sorrisinho de canto nos lábios. A vontade que tenho em vê-lo dando um de vítima, é estrangula-ló pelo pescoço.— Acha mesmo que caio na sua conversinha? Todos os dias eu penso em como seria, se você não tivesse cruzado no meu caminho.— as palavras são proferidas em arrependimento por ter sido tão cega.
Tudo que desabafo, o outro não rebate em nenhum momento. E chega ser tão covarde de tal forma, que não consegue nem olhar nos meus olhos.
— Sabe como me senti de verdade? Usada! Ferida. Enganada.— vê o tanto de cicatrizes expostas em sua cabeça, é a marca dos tiros que levou e nem digno de pena merece. — Eu te considerava o amor da minha vida. Me apaixonei de verdade por você, você foi o único que de fato eu amei. E você me traiu!— cuspo para fora e seus olhos azuis se erguem. Pauso, ficando desconfortável em encara-ló tão fundo repassando um ar de desprezo.
Daí, suspiro fundo ao confronta-ló:
— Por que me traiu? Por quê? Seria mais fácil se você tivesse sido honesto comigo, eu teria arrumado um jeito de te ajudar, teria feito qualquer loucura. Mas como?— gesticulo os braços, com a voz tomada de ressentimento. — Não existe uma fórmula de parar um psicopata, a não ser o matando.— dou ênfase no finalzinho da frase, soando com frieza. Talvez no fundo seja como ele... mau.
— Eu não sou um psicopata. —afirma. Tudo que faço é rir da sua cara.— Mabel, armaram para mim.
Balanço a cabeça pro lado, sarcástica.
— Eu nunca machucaria a sua irmã.
— Não toque no nome dela! —grito revoltada, com o sangue quente pelo seu cinismo de menciona-lá depois de tudo.— Annabelle já sofreu demais para ter que lidar com mais um baque. E quer um conselho? Se você a importunar novamente, eu te mato. Dessa vez, não será de mentira, será questão de honra. Porque um diabo feito você, merece apodrecer no inferno ao lado do Satanás.
—Mas o seu pai acreditou na minha inocência. Ele é um demônio, também?
— Lava a sua boca, para falar do meu pai, seu verme!— logo me irrito. A calma que expressa, é um nível de frieza absurda que me causa nojo.— Meu pai jamais passaria por cima da minha mãe, para te proteger, o Will. Eu me recuso acreditar que um homem tão íntegro feito o meu pai, protegeria o cara que abusou da filha dele. Jamais!— aos gritos, defendo-o.
Se essa bomba vir à tona, minha família estará acabada.