Capítulo 18
2030palavras
2023-07-16 20:01
Washington D.C
P.O.V.S ANNABELLE BIEBER.
08:30 AM
— O que você vai fazer?— cochicha ao meu lado, observando a cena onde a Mel está no sofá conversando com o homem que ela "considera" o seu pai.
— Eu tô pensando.— mordo o meu lábio inferior, com o olhar apreensivo.
— Não podemos o deixar aqui.
— Por que será que você não o quer aqui?— a olho com ironia, insinuando o motivo.
— Ele é o chefe do FBI, Anna! Não mais. Quer dizer, ele está sendo dado como desaparecido. Se a gente o abrigar aqui, se descobrirem o paradeiro, vão achar que o sequestramos.
— Você tem razão, mas o que eu posso fazer? Se ele não consegue lembrar de nada.
— Sim, mas e daí? — dá de ombros, como se quisesse dizer:" isso não é problema nosso".— Ele que se vire, ora. Vamos comunicar a família. As autoridades. Não temos nada a ver com isso.— se desloca para ir pegar o seu celular, no entanto, interrompo os seus passos, segurando no seu pulso.
— E se as mesmas pessoas que o raptaram, o levarem de novo?— trago a hipótese, ouvindo Giulia bufar fundo.
— Por que tanto interesse nele, hein, Annabelle? — seu olhar interrogativo, me desconcerta. Suspiro fundo, voltando o corpo para trás. Fico toda sem jeito, invadindo em mim uma timidez.
— Prometi para ele que o resgataria. Se não fosse por ele, eu nem estaria aqui.— assumo o porquê, sussurrando baixinho.— Eu não posso deixá-lo ir nessas condições. — confesso, sentindo-me no dever de retribuir o que fizera por mim.
De alguma maneira a cena que presencio toca os meus olhos. Vê-lo brincar de boneca com a minha garotinha, em algum momento os dois troca sorrisos, é bonito de admirar. Apesar dos pesares, o agente arrogante do FBI, nem parece o mesmo mesquinho sem coração. Está diferente, pode ser que por ter perdido a memória.
— Você quer é um pai para sua filha, isso sim! — o tom provocativo da minha irmã, é totalmente cheio de conclusões.
Reviro os olhos.
— Tá ficando louca?
— Você disse ontem que pagaria até um mendigo para deixá-la feliz.— usa as minhas palavras contra mim.— Bom, então vamos unir o útil e o agradável. A fofinha tá tão feliz, não vamos estragar o Happy birthday dela com mal notícias. Deixa ele ser o pai dela apenas por hoje.
— Não, nem pensar.
— Como não, Anna?— entreabre os lábios, incrédula. — Não é você mesmo que está se contrapondo, querendo que ele fique.
— Mas isso não quer dizer que vou usá-lo para ser o pai da minha filha, seria sujo da minha parte fazer isso com alguém que está desmemoriado. Tenho que arrumar uma saída para esclarecer tudo, mas preciso de um pouco mais de tempo. — murmuro pensativa, entreolhando para a carta que ainda está caída no chão.
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POV's MABEL BIEBER
Restaurante 11:30 AM
— Mais vinho?— despejo, enchendo a taça. O Will nega, mas sorrio, usando o meu charme para convencê-lo.
— Não vai me deixar ficar bêbeda sozinha, né?— sôo divertida, bebericando alguns goles, com o sorriso maroto no canto dos lábios.
— Eu não bebo.— responde com o tom calmo, afastando o copo.
— Que isso, Will? Vai me fazer essa desfeita? — finjo está ofendida com a recusa.— Achei que pudéssemos conversar. Como posso entender o seu lado, se não conheço a real versão por trás.
— Já lhe contei tudo que tinha que dizer.
— Por que será que não acredito em você?— rebato irônica. Meu comentário o deixa nervoso, fazendo-o se levantar da cadeira para ir embora.— Espera, o Will.— pego na sua mão. Seus olhos azuis focam profundamente nas minhas orbes. — Eu preciso de uma prova para saber se o que fizeram com você, foi complô da organização que eu trabalho.
Ele suspira fundo, retornando para sentar novamente.
— Não foi a sua organização.
— Quem foi?
— Richard.
— É fácil acusa-ló agora, já que ele está morto, Will.
— Ele era apaixonado por você.
Ergo o dedo para cima.
— Aquele lá não era apaixonado, mas sim, obcecado.— o corrijo, num tom espontâneo. Saber que me livrei daquela praga, é um alívio — Sempre perseguiu cada passo meu, não suportava o fato de eu amar você. Mas, Richard não teria essa inteligência toda de ferrar com a sua vida. Ele era muito burro.
— E eu sou o quê, Mabel?— fito-o, umedecendo os lábios em nervosismo, ficando insegura do quanto a sua presença mexe comigo.
— Não sei. — respondo confusa, incapaz de constatar se estou mesmo diante de um psicopata manipulador. Para mim, Will continua sendo aquele mesmo garoto atrapalhado que conheci anos atrás, até o jeito de mexer as mãos freneticamente por conta de odiar lugares com barulhos, permanece igual.— Demorei bastante tempo para aceitar que você era um serial Killer, no começo eu não aceitava que a minha mãe tinha te matado e não dado a mim o direito de cuspir tudo que eu sentia por você. Era eu que deveria ter te matado, e não ela. — profiro com indiferença, o atingindo em cheio. Todo o ódio que despejo, traz um impacto deixando-o sem chão.
Abaixo a cabeça e fugindo de manter um contato visual.
Dói, está doendo muito.
— Quando te conheci pela primeira, eu achava que não tinha a menor chance. Você era tão linda, tão perfeita— suspiro fundo, subindo o olhar cheio de mágoa. — Diferente de mim, que era apenas um nerd que trabalhava pro FBI, ninguém nunca me levava a sério. As garotas fugiam, acho que elas tinham preconceito por eu ser autista. Nunca havia me relacionado com ninguém, nem sabia o que significava o amor. Quando você surgiu, juro, que não foi fácil. Tinha que me adaptar a uma garota da cidade que com certeza zombaria de mim no primeiro encontro. Mas foi diferente....— pausa, destacando um brilho nos olhos. — Você gostou de mim do jeito que eu era, ignorou a aparência e o que as pessoas iam dizer.
— Isso não importa mais, Will. — o corto, com a voz falha, deixando as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas. — Você ferrou com tudo. Você partiu o meu coração. Você me deu a desilusão para o amor. Aquela garota que você conheceu na adolescência, a vida a fez crescer. Hoje apenas sobrevivo.— revelo o quanto sou infeliz. — É por isso que devo voltar para minha realidade.
Antes de ergue-me do assento, recebo o contato suave da sua mão, colocando-se em cima da minha sobre a mesa. Encaro o gesto balançada, com o coração quase saindo pela boca, amaldiçoando-o mentalmente por ser tão insistente.
— Pergunte ao seu pai. — faz uma última tentativa.— Se ele confiou em mim, você também pode confiar.
— Eu tenho que ir, Will.— desvencilho do seu toque, seca. — Posso te pedir uma coisa?— diminuo o tom, um pouco receosa.— Será que pode me dá um abraço?— ao pedi-ló, sinto as minhas pernas bambas e o corpo inteiro trêmulo. — Esse pode ser o último.— concorda.
Tudo isso é tão proibido.
Seco as lágrimas, puxando-o para perto e envolvendo os braços no seu pescoço. Fungo o nariz próximo do seu ombro, de olhos fechados, notando que o Will continua com o mesmo perfume, jamais consegui esquecer do seu cheiro predominante. Sinto-o pousar as mãos pela minha cintura, mantendo os nossos corpos bem juntos. O clima do abraço mergulhado de uma imensa tensão, me faz criar coragem para descobrir a verdade seja qual for ela.
Deixo a emoção de lado, levada pelo o instinto. Aproveito que estamos nesse momento íntimo, encontrando um deslize para pega-ló desprevenido. Invento uma história qualquer, arrancando alguns fios do seu cabelo escuro.
— Aí!
— Desculpe.— dou alguns passos, lhe vendo massagear a região onde puxei.— Adeus, Will! Ou até logo.— boto a condição no ar, acenando um tchau. Viro e começo andar, largando-o lá parado.
Olho para trás por alguns instantes, exibindo um sorriso fraco em confiança de que independentemente de tudo que rolou, vou descobrir a verdade pela minha irmã.
Will não vai se safar dessa.
Eu vou desmascara-ló.
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Pego um táxi, retornando pro apartamento.
12 30 PM.
— Nem me olhe com essa cara, Boris.— adentro, descaradamente, como se nada tivesse acontecido. — Eu não fugi, eu tô aqui.
— O que foi isso na sua mão, patroa?
— Foi um incidente.— minto. — Só está um pouco inchada, mas não precisa se preocupar. O Nameless ligou?— nega.— Ótimo! Você não me dedurou para ele, certo?
— Não, patroa.
— Bom velhinho!— elogio-o, apertando suas bochechas. Boris fica corado, constrangido. Sorrio. É melhor ser aliada do inimigo, do que ser rebelde.
Subo os degraus da escada para ir pro quarto.
— Ah, Boris. —o chamo.— Prepara o carro, nós vamos ao shopping e depois vamos da uma passadinha no subúrbio.
— A patroa não vai trabalhar hoje?— interroga.
— Digamos que não, hoje é o aniversário da minha sobrinha e ela me convidou para eu está lá com ela.
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Subúrbio WASHINGTON DC
14:45 PM
— Tia!— corre toda feliz vindo ao meu encontro. Agacho, abrindo os braços para recebê-la.
— Oi, Melzinha! Feliz aniversário.— parabenizo-a, enchendo-a de beijos. Aperta-a, sentindo vontade de esmaga-lá por ser tão fofa.
Eu amo criança, sinto falta de não poder ser mãe.
Entrego-a o presente, contemplando o lindo sorriso que se preenche em seu rosto sapeca em segurar a caixa.
— É um iPhone?
— Uhum. Gostou?
— O meu pai vai me dá um.
Engulo à seco, paralisando. Não, não pode ser...
— Quer conhecer ele, tia? Ele está lá dentro.
— Como ele ousa fazer isso.
Levanto, sacando a arma da bolsa.
— Eu vou resolver isso é agora.
Até assusto a minha sobrinha, mas fico fora de si. Como Will tem coragem de mexer com a mente de uma criança?
— O que você está fazendo, Mabel?— minha irmã me repreende, tentando tirar o revólver das minhas mãos, quando invado a sua casa, para matar o desgraçado.
— Eu falei para ele não se aproximar de você.
— Do que você está falando?— encara-me confusa.
Quando vou contar tudo, a voz rouca percorre, interrompendo à discussão.
—Olá.
— Lorenzo.— sou surpreendida em vê-lo saindo do banheiro, apenas de toalha. Annabelle está se relacionando com ele? A encaro, pedindo explicação, mas a própria fica tão encabulada que não fala nada. — Então ele é o pai.— aponto, surpresa.
Abaixo a arma, morrendo de vergonha pelo papelão que prestei.
— Acho que estou atrapalhando, com licença.— resolvo me retirar, para deixá-los a sós.
Deparo-me com pequenininha de trança na entrada da porta.
— Tia, você ia matar o meu pai?— na inocência, indaga.
— Claro que não, meu bem. Foi apenas um engano. Seu pai é um ótimo homem, fico muito feliz que você tenha a ele. — afirmo, sabendo que elas estarão seguras.
Lorenzo tem um histórico bom, o conheço de anos, é um excelente agente do FBI. Ele perdeu a esposa e a filha no acidente de carro. Acho que a vida está lhe dando uma nova chance, pondo Annabelle e Melissa no seu caminho para preencher o vazio que sente.
— Aí tia, está doendo!— reclama, quando puxo roubando alguns fios do seu cabelo claro.
— Mabel, o que é isso?— minha irmã aparece, brigando comigo, com os olhos indignados.
— A menina está cheia de piolho, Annabelle. Eu vi um quase caindo.
— A minha filha não tem piolho, Mabel.— protege a pequena envolta de si, montando um escudo.—Acho que já está na hora de você ir embora.— nas entrelinhas, me manda sair.
— Claro, sim, eu não sou bem-vinda mesmo né.— percebo a sua indiferença.
Saio, cabisbaixa, tendo certeza que estraguei tudo. Mas pelo menos consegui o que eu preciso. Juntando os fios dos cabelos de ambos, vou ver se são compatíveis.
Chego até o carro.
— Boris, preciso desse teste de DNA até o final da tarde. Caso der negativo, a gente vai ter que desenterrar um corpo.
— De quem, patroa?
— Richard Ferrari.