Capítulo 15
1658palavras
2023-07-15 21:52
ALGUNS DIAS DEPOIS....
09:30 AM.
Giro a caneta entre os meus dedos, a um passo de assinar os papéis do casamento. Mas antes de cometer a pior cilada da vida, olho para cara do advogado que foi enviado. Se por acaso eu sair correndo daqui, será uma escolha inteligente? Começo a ler as cláusulas que há no contrato pré-nupcial. Existem inúmeras exigências, onde vou me tornar totalmente uma prisioneira dentro desse matrimônio por conveniência.

— Até aqui, ele é Nameless.— tiro onda sarcástica em ver o local onde deveria conter o nome do noivo, em branco. Achei que finalmente descobriria a identidade do grande chefão russo. — É muito dinâmico casar sem a presença do noivo. É bastante satisfatório, inclusive. As noivas deveriam aderir a ideia.—me divirto horrores, porém por dentro, é um escudo que estou usando para não cair aos prantos ao me dá conta que a minha vida é comandada por outras pessoas e eu estou longe de ter o controle dela.
Estar aqui hoje neste escritório, é muito difícil. É como se tudo que eu tivesse sonhado um dia, fosse uma mera ilusão. Quando eu era mais nova idealizava um casamento de conto de fadas, aquele dos sonhos. O cenário perfeito seria onde entraria de véu e grinalda na igreja, com o meu pai me levando até o altar. Sempre me imaginei usando um vestido com caldas longas, volumoso igual de princesa, enquanto carregaria um buquê de rosas brancas em direção ao meu amado. Meu noivo não seria somente um noivo, seria aquele que teria todo o meu coração e poderia ser facilmente considerando o amor da minha vida.
— Está tudo bem?— sinto a mão pousar no meu ombro, ao ver-me cabisbaixa, deixando algumas lágrimas escorrerem.
— Estou emocionada. Toda noiva fica.— esclareço com o tom frustrado, garantindo pro profissional jurídico que se preocupa ao notar a infelicidade que transpareço. Ele é apenas um advogado, jamais vai ligar pro que eu sinto.
— Meu cliente lamenta por não ter comparecido.— dentro de mim, uma vozinha grita no fundo:"é mentira"—Mas enviou para senhora um presente em nome da união.— põe sobre a mesa uma caixinha preta de veludo, atentamente observo.
— Não precisa de formalidade, e não precisa me chamar de senhora. — corto curta e grossa. Me indigna em está romantizando nas palavras um "contrato" assim chamado, onde ambas as partes nunca se viram na vida. Mas é pago para isso.

Puxo o laço avermelhado, desamarrando. Ergo a tampa, abrindo a pequena caixinha. Meu coração se acelera ao avistar o lindo anel, fico tão impressionada pela belezura que os meus olhos brilham. Por mais que seja uma forma de pagamento, deve custar milhões de dólares.
— Isso é diamante?
— Sim.
Quando confirma revelando o valor estimado, dou um sobressalto da cadeira, pulando nos braços do advogado.

— Ah, me desculpe!— afasto, por ter amassado seu paletó por tamanha euforia. — Eu já amo o meu marido, não precisa contar para ele essa parte. Diga que eu adorei o mimo.— admiro em meu dedo anelar esquerdo, a pedra preciosa, com o sorriso no canto dos lábios.
Após esse momento, não penso nem duas vezes e assino os papéis. Agora oficialmente, sou uma mulher casada.
— Trouxe também as demandas solicitadas. — puxa da pasta, as papeladas. — Há um veredito.
FBI.
Sinto um frio na barriga e volto a ficar séria. Bate uma ansiedade e um nervosismo fora do normal por está com o coração na mão em ler cada parágrafo, quando chega no finalzinho comprovo a minha admissão ao cargo. É, honraram com a promessa de me colocar de novo lá dentro como chefe. Não sei se fico feliz ou preocupada. Porque dessa vez não posso cometer nenhum deslize, tem muita coisa em jogo.
— Excelente!— agradeço, mordendo o meu lábio inferior. Embora não seja uma tarefa fácil, preciso lidar psicologicamente para enfrentar todos os transtornos que estão por vir. — Farei de tudo que tiver ao meu alcance em prol da organização. Dessa vez, não irei falhar. — faço o juramento, disposta a passar por cima de qualquer coisa e de qualquer pessoa que se meter no meu caminho.
— Mais uma coisinha...— interrompe-me sem jeito, tossindo. De relance averiguo desconfiada à postura do profissional. Ele se direciona indo até a porta do escritório, abrindo: — Esse será o seu mordomo. Será olhos e ouvidos do chefe. — apresenta um velho de quase sessenta anos, careca, parece tem naturalidade estrangeira, deve ser de origem italiana.
Dou risada.
— Agora terei um cão de guarda? Ou posso chamá-lo de babá?— expresso o meu sarcasmo ao debochar da situação, analisando a figura de cima abaixo. Só pode ser uma pegadinha de muito mal gosto! — Tá de sacanagem, né?
— Não, são ordens do chefe.— informa sério. Bufo bem fundo, revirando os olhos.
— O senhor Nameless é tão paranóico assim, que acha que vou trai-ló? Qual é, não preciso de ninguém na minha cola não. Quebra essa, vai.— imploro, para que salve a minha pele. O desespero é tanto em pensar de ter alguém no meu pé 24 horas por dia, que me coloco feito uma doida na frente do advogado para que intervenha ao meu favor.
— Estou fazendo apenas o meu trabalho, senhorita, dando as instruções repassada pelo meu cliente. É apenas isto, passar bem.— ultrapassa a minha frente, se retirando do escritório.
Desgraçado! Os dois.
Olho para trás, lançando um olhar mortal pro meu guarda costas. Se acha que vou facilitar a sua estadia em seguir os meus passos, está muito enganado. Vou tornar o seu trabalho um inferno.
— Tá fazendo o quê, vai ficar aí parado? — gesticulo os braços, indignada, repreendendo o sujeitinho estranho que tem jeito de múmia em todos os aspectos.— Me sirva uma água. É pra logo.— mando autoritária para que se movimente e saía do canto. Parece até castigo em está sendo chata, pois logo após sinto o lugar da cirurgia que fiz semana passada doer. Gemo baixinho, tocando na região e começando a sentir mais dor.
É muito recente ainda, será que já devo entrar em pânico? A recomendação médica é o repouso total, tanto para quem recebeu o rim, como para doadora. Sei dos riscos, mas o que eu posso fazer já que não tenho opção de ficar em casa me recuperando do pós-operatório.
Terei que colocar a saúde em segundo plano.
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SEDE DO FBI.
No dia seguinte....
Estacionamento.
07:30 AM
Logo quando estaciono, o outro veículo que vem me perseguindo o percurso inteiro, encosta atrás. Bato em cima da buzina de propósito, apitando, para repreender essa palhaçada. Desde de quando preciso ser vigiada? A minha indignação em está puta gera consequência, é aí que me arrependo quando sinto os flashes das câmeras invadirem as minhas pupilas causando um imenso incômodo. Fecho os olhos, coagida por uma quantidade de jornalistas que fazem várias perguntas ao mesmo tempo. Eu não tenho paz! Às pressas puxo a minha bolsa, saindo em disparada. Em meio ao tumulto, por incrível que pareça, estou sendo salva pelo segurança que monta um escudo envolta do meu corpo para me proteger desse bando de animais.
" Mabel, o que o FBI tem a dizer sobre o desaparecimento do agente Lorenzo Cavalcanti?"– o repórter questiona, enfiando o microfone quase na minha cara.
" Você tem algo a ver com isso?"
A insinuação, me faz parar e olhar para trás. É cada questionamento absurdo! Passo reto, resolvendo fingir a egípcia e tornar a situação menos opressora pro meu lado. Eles querem que eu encha a mídia de falsas esperanças e teorias mirabolantes sobre a investigação, há uma enorme repercussão nacional e todos estão emocionalmente envolvidos no caso.
" Mabel, só mais uma pergunta, o FBI pode se pronunciar a respeito do corpo achado no park center. É verdade que a vítima é a sua irmã, Annabelle Bieber?
Paraliso.
Quem vazou essa informação confidencial para imprensa?
— A autópsia que vai esclarecer tudo, é só isso que tenho a dizer.— dou as costas, os deixando falando sozinhos enquanto brigam uns com outros querendo mais um minuto da minha atenção.
Adentro na sede.
Os olhares que recebo não são os melhores, mas não retornei para agradar todo mundo. Na medida que sigo ouvindo o barulhinho do meu salto alto, não abaixo a cabeça, faço a minha entrada ser triunfal.
— O que é, estão olhando o quê? Perderam alguma coisa? Voltem pro trabalho!— sinalizo com o dedo, dando a minha primeira ordem como chefe.
É bom está de volta.
O primeiro canto que procuro é a sala da legista. Quero ficar a par do laudo, porque tenho até às 9 horas da manhã de hoje para fazer a coletiva de imprensa e repassar as informações oficiais. Prestes a entrar para saber o resultado do DNA da cárie dentária, sinto um remorso e saco o celular da bolsa para fazer uma ligação.
" Oi, sou eu, a Mabel."— tento ficar o máximo longe do tal Boris que é o fofoqueiro do russo. Encosto no canto da parede, distante o suficiente para poder falar sem ser ouvida." Posso ser descoberta, mas eu não ligo para o perigo que estou correndo agora. Sinto muito que as coisas tenham chegado nesse nível. Espero que me perdoe um dia. Se não poder me perdoar, pelo menos aceite o meu pedido de desculpas. Eu não sou uma má pessoa, posso ser um pouco complicada sim, mas em hipótese alguma desejo o seu mal. Lamento muito que esteja passando por essa situação. Mas pense pelo lado bom, poderá ser você a única capaz de derrubar essa corja. Confio no seu potencial e sei que você pode voar longe. Aceite entrar para organização, Annabelle, é a sua única chance de sair com vida daí. Eu não quero que os nossos pais tenham que chorar pela sua morte. Faça tudo que eles mandam, por favor! Não piore as coisas. "