Capítulo 10
2573palavras
2023-07-02 08:36
Washington DC.
Presídio de segurança máxima.
Sede do FBI.
POV's Annabelle Bieber
— Só não entro lá, Annabelle, porque eu tenho 16 anos. Sou de menor, não posso.— usa como argumento, arrumando uma desculpa esfarrapada para que eu vá pessoalmente visitar a outra.
Giulia é tão maluca de um jeito, que segue me empurrando em direção ao portão do presídio de segurança máxima. Subo os meus olhos, de frente. Minha vontade é de sair correndo daqui, a não ter que me submeter a essa loucura.
— Acho que ela não vai querer me receber.— afirmo insegura, dando meio volta. Contudo, sou impedida com a mão segurando no meu pulso:
— Se vira, ué.— ouço a arrogância no seu tom fino.— Dá teu jeito. — a encaro indignada. Como pode ser tão prepotente, a esse ponto?— Preciso do IP da Mabel para ter acesso a tudo dela. Caso o contrário, não vou conseguir hackear.
— Como você pode ter tanta certeza que ela tem um celular lá dentro?— franzo a testa, desconfiada. Essa história não está cheirando nada bom...
— Se ela é bandida, ela precisa está por dentro de tudo que acontece aqui fora. Você acha que ela vai ganhar dinheiro, como? Ela passa as coordenadas do presídio. Pode ter certeza, eu conheço como é o esquema.— dá de ombros, garantindo com convicção. Lhe lanço um olhar feio, por está muito esperta pro meu gosto.
— Não estou gostando nada disso, Giulia.— balanço a cabeça em discordância, percebendo que está enfiada até o pescoço.— Você está por dentro demais das coisas, não acha?— a recrimino, mas a própria dá apenas de ombros, não se abalando nem um pouco.
Esse lado sonso que possui, puxa muito o aspecto da outra.
— Sai fora, Annabelle! Tá insinuando o quê?— se zanga, ficando nervosa. Tem coisa podre em suas ações. Giulinha não é mais aquela criança doce, agora se comporta rebeldemente.
— Nada... — dou de ombros, mas não se da como convencida. — Se a carapuça serviu. O que eu posso fazer? Se você ama prejudicar a vida dos outros.
—Tu está na merda e ainda fica se fazendo de doida. — reviro os olhos, sendo meio que chamada de trouxa.— Está com dó da Mabel?— provoca-me, para querer encher o meu saco. Às vezes a própria testa o limite da minha paciência, e quando dou nela, são por esses motivos.— Prefere trocar de lugar com ela?— tem o atrevimento de perguntar.
— Olha aqui.— aperto o seu pulso, para abaixar essa malcriação.— Não aproveita o meu momento ruim, para tirar proveito não viu.
— Tirar proveito?— ri, ironizando tudo que digo, respondendo na ponta da língua.— Eu não tenho culpa que você fez a burrice de matar o nosso querido cunhado. Agora está aí, ferrada! — lhe enfio um tapa no rosto, que sua bochecha fica vermelha pela força que bato.
— Cale a sua boca!
— Não calo. — afronta-me.— A verdade dói, não é?— não se contém, estando revoltada. — Estou tentando te ajudar, sua burra, mas você prefere dar uma de boazinha. Cai na real, até eu que sou mais nova tenho cabeça. Para pra pensar um pouco: ou você entra lá dentro e consegue o número do IP, ou aproveita que está aqui e se entrega logo.
— Quer saber?— começo andar em sentido ao lugar que deixei o cascão e a Melissa brincando. — Não vou dar ouvidos a esses teus devaneios.
— Então vai, pode ir!—grita, inconformada por eu a deixar falando sozinha.— Lavo as minhas mãos. Depois não se arrependa quando tiver num presídio, sem a sua filha.— paro bruscamente, pois as suas últimas palavras gera um impacto. Olho para trás, recuada pela chantagem que faz para convencer eu mudar de ideia.
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11: 30 AM.
Somos irmãs e brigamos, mas depois tudo volta ao normal. Nós estamos agindo como se nada tivesse acontecido. O tapa nem doeu pelo visto, ela já está até merecendo outro.
— Austin falou que não há nada de polícia em frente da casa. Temos tempo, dentro de 6 horas exatamente para resolver tudo — enquanto coloca o aparelho de escuta no meu ouvido, revela.
Ainda não acharam o corpo.
— Espera aí.— a olho confusa. — Austin não é aquele ladrãozinho que fica assaltando as bolsas das mulheres na esquina não, né Giulia?— percebo a intimidade de como menciona o garoto. Sério, eu não acredito! É esse o tipinho que está se envolvendo? Puta que pariu, como pode ser tão louca em se relacionar com um assaltante?
— Fique sabendo que não existe somente um Austin no planeta terra, Annabelle. Mas estou me referindo a ele sim, que mal há nisso? — confessa, sendo uma das poucas vezes que fala a verdade e não me enrola.
— Quer ir presa junto? Quem anda com quem não presta, é igual, ou pior.
— Acho que de vagabundo nós entendemos bem, maninha.— solta a indireta, sem querer ficar por baixo. Acredito que esteja mencionando Richard nas entrelinhas.— Até porque você era louco pelo macho da nossa irmã.
— Me respeita, garota.— meu sangue ferve ao ser insultada.
— Disse alguma mentira? Que eu saiba não!
— Você está merecendo levar outra surra, Giulia, para parar com essas insinuações ridículas.— ri da minha cara, não dando a mínima para as ameaças que faço.
— Fala sério, Anna, me conta. Como foi matar o amor da sua vida? — parece até mesmo uma psicopata, atazanando o meu juízo. Prefiro ignora-lá, para não ter que enfiar a minha mão em sua cara novamente.— Doeu muito?
— Eu já mandei você parar. — aumento o meu tom, repreendendo-a. No entanto, causa zero efeito.
Parece que nada a atinge.
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11:30 AM
Prestes a entrar para realizar a visita de cortesia, repete de novo... Já estou cansada de ouvi-la falar a mesma coisa.
— Faça com que Mabel confie em ti.— impaciente, balanço as pernas.
— Será uma tarefa meio impossível.— com desdém, afirmo. Não estou nem um pouco afim de ir bancar a falsa moralista.
— Pô, é como se você tivesse realizando uma missão pro FBI. Tem que ser atriz, Annabelle.— incentiva-me. Doida sou eu de lhe dá ouvidos.— Vou te dar todas as instruções do ponto. Testa aí, ver se tá funcionando.— pede, e acabo a olhando estranhamente.
— Onde você conseguiu isso?— indago, retirando o aparelho minúsculo do ouvido. Nem da polícia somos para ter acesso a essas coisas.
— Peguei emprestado do papy.
— Papy?— a interrogo, fazendo uma careta confusa.
—Do nosso pai, por quê? Não me diga que existe algum outro?— com sarcasmo, não perde oportunidade de alfinetar. Acabo dando de ombros, meio com um pé atrás.
Será que foi mesmo?
— Não fale besteira. Me dá isso logo.— pego de volta, colocando.
— Olhe Anna, tome cuidado com o meu neném viu.— trata o objeto como se fosse até mesmo uma pessoa. Essa garota precisa de um internamento urgentemente, de preferência em um hospício.— Essa escuta é mega, ultra, tecnológica. É a melhor.— enche a boca, para enfatizar. Pode ser exagero... mas Giulia bota o negócio lá no topo.
— E como é que vou passar pelo detector de metal na hora que eu for revistada, hein?— faço o questionamento, esperando ouvir qual será o truque. Ou será que não pensou nessa parte?
— Deixa comigo. Você não está falando com uma inexperiente hacker, você está falando com a melhor.— se gaba, me fazendo revirar os olhos. Essa confiança toda, me dá até medo.
— Essa eu pago para ver!— subestimo a sua capacidade. Giulia se mantém tranquila, com o celular na mão, só digitando.
" Está dando para ouvir?"– seu tom abafado, ecoa alto, checando. Aceno um sinal de positivo, um pouco mais afastada.
Sou a próxima a entrar. Oh caramba, não posso cometer nem um deslize e nem parecer nervosa na frente dos policiais. Preciso usar o que eu aprendi no FBI, controlar as emoções como se tivesse em operação. O que estou fazendo? Não estou em operação, e sim estou a um passo de ir visitar a outra. Tento desistir em cima da hora, mas é tarde demais... Quando me vejo, já estou sendo revistada com o detector de metal que vai subindo pelo meu corpo inteiro vagarosamente. Estou tremendo. Se eu for pega usando essa escuta, vou ser presa é em flagrante.
Chegando na parte da minha cabeça, minuciosamente observo o negócio do detector parar de apitar. Acho que Giulia possa está hackeando o próprio aparelho, já que do outro lado, ela não para de digitar quase posso sentir o barulho dos seus dedos batucando dentro da minha cabeça.
" Deu certo!"
– Quase tive um ataque cardíaco.— murmuro baixinho, suspirando aliviada por ter passado sem nenhuma restrição.
Encaminho-me para ir a sala de visita. Encarar Mabel de frente vai ser uma das piores coisas que já fiz em toda a minha vida. Nunca fiz questão de vir vê-la. É até uma farsa estar nessa posição, sentada nesta cadeira, a aguardando. Enquanto a espero, reflito em tudo que vivenciei para que não houvesse nenhum sentimento fraterno entre irmãs, mas somente desprezo. Quando eu era pequena, pensava em ter uma família, sonhava em ter uma irmã para contar. Mabel nunca fez questão de ser a minha irmã de verdade, acho que ela tinha inveja da minha relação com a mami. Depois os papéis se inverteram, eu que acabei ficando de lado e ela ganhou toda atenção e amor dos nossos pais.
Ela é a queridinha deles.
— Annabelle?— estremeço, ouvindo a voz familiar soar, surpresa. — O que você faz aqui?— nem consegue acreditar em me vê. Fico de cabeça baixa o tempo todo, me autossabotando em reviver o passado. Em hipótese alguma consigo perdoa-lá por ter defendido fielmente o cara que destruiu a minha vida.
" Não é para chorar, sua imbecil " Giulia me repreende, porque acabo ficando emotiva em está respirando o mesmo ar da pessoa que me causou tanto mal também.— "Ela vai perceber que você guarda mágoa dela, isso não é nada bom.— capta, só pelo som sonoro da minha respiração descompensada. Resolvo erguer os meus olhos, me sobe uma sensação ruim em encara-lá depois de tudo...
— É tão bom te ver, Annabelle.— abre os braços, esperando que vá até ela, e a abrace. Mas paraliso, ficando sem reação. — Senti muito sua a falta.— com o sorriso largo no rosto, diz. Nunca fomos próximas, para que sentisse a minha ausência. Acho que tudo isso é encenação, porque os policiais estão envolta nos observando— Não vai me abraçar?
" Como é falsa ela"- escuto Giulinha constando. " Ela não gosta de você. Acho que ela quer falar, Anna. Dá para sentir no tom dela. Ela quer que você se aproxime, vá. O abraço é um pretexto que está usando como um código para se comunicar contigo.
Como essa garota consegue ler a mente dos outros, sem nem está presente?
Decido a contragosto me direcionar para onde a outra se encontra, retribuindo o "gesto" e abraçando-a. Vou me arrepender amargamente quando eu sair daqui, se é que já não estou arrependida.
— Eu sei que você o matou.— sussurra no canto do meu ouvido. Engulo saliva, paralisando com as palavras. Giulia tinha razão, Mabel não é mais a mesma. Há um olhar frio em seus olhos, um lado obscuro talvez. E para o meu desespero, ela arranca o aparelho da escuta, pisando com os pés em cima. — Você é péssima, sabia? — expressa um olhar superior ao me analisar de cima abaixo. A sensação que dá em ser intimidade dessa forma é que sou uma fraca, igual como Richard falou. E que Mabel sempre será melhor do que eu.— Nem para ser uma profissional de verdade, você sabe ser. Uma coisa que aprendemos no FBI: é nunca chegar perto demais dos inimigos, porque podemos ser apunhalados no check mate. — soa meio que num tom de ameaça.
— O que você quer de mim?— minha voz vacila, odiando ter seus olhos azuis me olhando com indiferença.
— Epa, não é assim.— corrigi-me, erguendo o dedo. Sempre soube que tinha esse gênio, mas quis fingir ser a santa.— Me pergunte o que eu posso fazer por você. O certo seria te matar, já que você assassinou um membro da minha organização. Mas o Richard era um macaco velho, logo, logo seria descartado mesmo.— fala de um modo como se ele não tivesse nenhum valor.
— Você não o amava?
Cai na risada.
— Amar? Amar mesmo eu amo a nossa família, porque o resto quero mais que se exploda. — sente o prazer de menosprezar as demais coisas.— Olha para onde estou!— aponta para as paredes cinzas ao redor.— Acabaram com a minha vida! Destruiram todo sentimento de humanidade que existia dentro de mim.— na medida que despeja para fora, ouço o seu choro amargo. — A sua mãe ferrou com tudo. Nem consigo mais chamá-la de mãe, essa mulher para mim é uma mera estranha, além de ingrata. Considero mesmo o meu pai que nunca me abandonou e sempre vem me ver. Mas aquela mulher não, ela não chegou naquela porta nesses últimos sete anos nem para dizer um sinto muito. Eu a odeio. Eu a odeio todos os dias por ter me abandonado sozinha aqui nesse lugar.
— Não, não é bem assim.— a interrompo, por estar sendo injusta.— Ela só não vem, porque está doente. Nossa mãe está com câncer no pulmão, Mabel. Ela mesmo proibiu do velho te falar a verdade, para que você não ficasse preocupada. Ela não quer que você se preocupe. — revelo por impulso, o motivo. Até nem me reconheço em está me comovendo com suas lágrimas. Se eu fosse vingativa, nem contaria nada e deixaria que a própria continuasse pensando dessa forma.
— O quê? — toma um choque ao descobrir o que há por trás.
— Mami está morrendo.
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POV's Giulia Bieber.
Ferrou.
Ferrou!
Oh, vacilo!
Vou logo partir pro plano B. Digito os arquivos confidenciais dos agentes, criando uma rede anônima para quebrar os algarismos dos códigos. O software no qual estou lidando é de alto padrão que é quase impossível o acesso. Ocorre no momento um duelo com outro hackear, que comanda o sistema deles. Ah é, FBI? Acha mesmo que vai me deter? Enfio o máximo de vírus, para quebrar o sigilo. Error... acesso... error... acesso... Se contrapõe uma disputa, onde digito de um lado, o outro faz uma tentativa para anular a minha invasão. Mas é tarde demais!
— Consegui! — clico em enter, sorrindo satisfeita por salvar a pele da Anna e ainda a colocar lá dentro.
Vai ser demitido otário!
Envio para o número do chefe do FBI seus nudes para chantagea-ló. Envio também para o direitor geral fotos sua onde está na cama com amante traindo a esposa, ameaçando expor nas redes sociais. Se selam tanto pela imagem, terão que ocultar o cadáver do Richard, passar por cima desses burocráticos protocolos e colocar Annabelle como agente.
Faço a caridade em ajudar a minha outra mana. Modifico no sistema judiciário a quantidade de meses que falta para conseguir uma condicional, revertendo para um prazo de uma semana.
Mabel vai ser livre em poucos dias.
Espero que me pague pelo menos o dobro, coisa que seu advogado não foi capaz de fazer em todos esses anos.