Capítulo 8
1486palavras
2023-07-02 08:35
Washington DC.
POV's Annabelle Bieber
— Mamãe, por que você mentiu para vovó dizendo que trabalhava pro FBI?— a pergunta aumenta  o meu nível de estresse. Não a respondo, ignorando-a. Quantas vezes eu vou ter que repetir para essa menina, parar de perguntar? — Você nem trabalha lá e nem é uma policial igual a minha tia.— a vozinha infantil que tira qualquer um do sério, faz-me revirar os olhos. Dar-me paciência!

— Primeiro de tudo, eu não menti, eu apenas omiti, é diferente. — dou de ombros, a corrigindo, por ser chamada de mentirosa.  — E segundo, para de tocar no nome daquela vagabunda.— a belisco. Porque até onde não convém, Mabel é mencionada.— Admirar uma presidiária, é ridículo, Melissa! Onde já se viu, ficar puxando o saco daquela bandida que não vale nada.
— Desculpa, mamãe.
— Desculpa nada, você faz de propósito só para me irritar.—a  encaro feio, brigando, vendo-a com a carinha de choro. Essa daí deve ter puxado o gênio ruim daquele demônio, eu não consigo ver nada de bom nela. Tudo que fala é intencional.
Quando não é uma, é a outra.
Abro a porta do quartinho alugado onde estamos morando, já começo a ter raiva na entrada. Encontro   a preguiçosa  da Giulia bem deitada no sofá mexendo no celular. Nem para ir desejar feliz aniversário para mami, essa garota quis comparecer. É muito folgada e sem vergonha! Passa o dia na internet flertando com os garotos.
— Você não varreu a porcaria daqui, não?— vou logo arremessando o meu salto para atingir a preguiçosa da minha irmã caçula. Porque me estressa ter que bancar a irmã mais velha e  botar moral em tudo.

Eu passo o dia trabalhando naquela lanchonete igual uma condenada, aí quando chego de noite tenho que limpar a bagunça inteira. É muita vagabundagem!
— Aí que susto, Anna! — põe a mão no peito, largando o aparelho.— Eu ia varrer, eu só tava terminando de estudar.
Sorrio sarcástica, por achar que me enrola com esse papinho furado.
— Mentirosa! Deixa de mentira. A mim você não engana.— essa daí  é fora do normal, mente na cara dura.— Cadê  o cascão do pirralho, hein?— olho pros lados, a procura do outro imundo, que passa o dia no meio da rua e só aparece de noite. O menino está tão magro de não comer.

— Não sei, não faço a menor ideia.— dá de ombros, escondendo o paradeiro do compassa. É lógico que só faz isso porque o inocente do pirralho a ajuda fugir a noite, para se encontrar com os drogados daqui do bairro. Desconfio que Giulia esteja fumando maconha.
— Por que será que eu não acredito em você, hein? — a olho irônica.
Se pegar barriga, eu a expulso daqui e boto ela para morar com o velho e a vadia da amante dele. Já basta eu ter que cuidar da Melissa. Não vou ficar assumindo responsabilidade de gente inconsequente não. Nos meus 16 anos, eu não estava nas festas curtindo como ela faz, e sim, trocando fralda de bebê. Perdi muita coisa na minha adolescência. Fiquei tão fudida mentalmente da cabeça que infelizmente acabei não passando no teste psicológico do FBI. A psicóloga alegou que eu não tenho a mente estável para está apta para exercer a função. Sou impossibilitada de ser uma agente.
—Você pega muito no meu pé, Anna.
— Vou pegar mais daqui para frente.— aviso-a, enquanto saio puxando a Mel para levá-la pro banho.— Está de castigo.  E se continuar não dando conta da casa, eu tomo o celular.— ameaço, para ver se criar pelo menos um pouco de juízo.
Giulia quer agir como uma patricinha, só sai com garotas ricas, aquelas padrões mesquinhas que amam humilhar os outros. É por isso que ela sente vergonha da nossa mãe, e chega até sair inventando  por aí que ela está morta.
— Nem minha mãe você é para está tomando as minhas coisas.— interrompo os meus passos, não aguentando.... Meu Deus, como é  malcriada!
— Eu que te sustento, sua mal agradecida! — passo na cara. Faço todo sacrifício para nenhum deles passarem fome — Quem é mesmo que  coloca comida dentro de casa? Sou eu.  Então enquanto  você viver de baixo do meu teto, você vai andar de acordo com as minhas regras. — aponto o dedo para seu rosto, exausta dos chiliques dessa adolescente mimada.
— Por enquanto. — despreza tudo que faço, respondona.— Vou morar com Mabel quando ela sair da cadeia.— fecho a minha mão em punho, por citar o nome da outra. — Minha irmã tem condição, diferente de ti. — analisa-me de cima abaixo, a endeusando e querendo me rebaixar.
Mabel sempre teve tudo, e eu nunca nada.
Com toda a força, lhe dou um tapa na cara.
— Se repetir o nome dessa mulher de novo, eu te dou uma surra tão grande que você vai se arrepender de ter nascido. SAÍA DA MINHA FRENTE AGORA!— ela sai correndo em direção  à rua, chorando. Ignoro, deixando-a ir.
Levo Mel para o banheiro e tento controlar os ânimos para não surtar. Tem vez que sinto vontade de acabar com essa vida, pra não ter que passar por isso. 
— Mamãe, por que está chorando?— ensaboo o seu corpinho  com sabonete, lhe banhando.
—  São os problemas.
— Posso te dizer uma coisa, mamãe? — balanço a cabeça, assentindo. Temos as nossas diferenças, como mãe e filha, mas eu a amo tanto. — Eu tenho muito orgulho de você. Sei que você teve eu muito nova, mas mesmo assim você me quis. Obrigada, mamãe.— suas palavras inocentes causam um efeito bom para eu segurar essa barra pesada. Sussurro baixinho: "que ela é tudo para mim".
Ouço alguém batendo na porta...
Sigo para ir atender.
E me arrependo.
— Que diabos você quer?— entreabro os lábios, nervosa.
— Oi, cunhadinha.— quando vou bater a porta na cara do canalha sem vergonha, ele se coloca no meio.— Não vai me deixar entrar? —sorri com um sorrisinho miserável, na tentativa de  me desestabilizar.
Às vezes sinto vontade matá-lo de verdade, para que esse verme pare de me perseguir. Me dá nojo toda vez que ele surge, propondo fazer programa comigo. Ele engana a minha irmã, ela até merece no fundo ser traída, mas ele me trata como se eu fosse um objeto de prazer e na manhã seguinte do sexo, sou largada igual uma vadia em cima da cama.    
— Me solta!—  debruço, impedindo-o de me agarrar, com medo que a minha filha deixe o banho e apareça. — Eu não quero hoje.— seu toque me faz recordar o meu pior pesadelo. Sinto um  pavor tão grande.
— Você não tem querer, princesa.— continua apertando-me em seus braços musculosos. Quero desvencilhar, tentando escapar das garras desse crápula.—  Vamos para cama.— empurra-me, jogando-me de com força sobre o sofá. Richard está embriagado e seu olhar causa repudia. Ele começa a retirar o cinto da calça, temo que possa me forçar, igual como aconteceu das outras vezes.
De olhos fechados, escuto um barulho. Abro os meus olhos agoniados, estando no meio de uma encruzilhada:
— Aí, moleque!— meu irmão o chuta. E o homem vira-se para agredi-ló.
— Você não irá tocar nele.— me intrometo, abaixando a mão que está erguida. — Richard, ele é deficiente! Para com isso. — imploro, aos gritos para fazê-lo cair na real.
— Não se meta, princesa.— empurra-me, agressivamente, o que me faz cair no chão. Bato os cotovelos no piso, ralando. — Agora meu papo é com você, seu moleque malcriado! — segue em sentido ao menor, que está com o semblante assustado. É covarde da sua parte intimidar uma criança de doze anos, querendo usar a força bruta para amedronta-ló.
Cansada de ser subornada o tempo todo por esse marginal, avanço para cima dele, para tomar a arma que está envolta da sua cintura. Puxo, destravando rapidamente- pelo menos uma coisa aprendi naquele treinamento, destravar uma arma do FBI. Aponto para Richard, ele apenas rir, achando que estou blefando em mirar o revólver para seus miolos, mas na verdade estou disposta pra valer acabar com esse pesadelo.
— Princesa, não seja ingênua.... Você não tem tamanha astúcia para ser uma assassina.—  dúvida  da minha capacidade, sorrindo, sem levar o que está acontecendo agora a sério.— Mas sua irmã, sim! Mabelzinha é ambiciosa. — começa a elogia-lá, usando essa ferramenta para atacar o meu ponto fraco.— Por isso que não fiquei contigo, princesa, porque você é fraca! Fraca demais! Eis uma perdedora. — entra   no meu psicológico, caindo na gargalhada. Sua risada provocativa, mexe ainda mais com o meu autocontrole. Não aguento a pressão e atiro. Atiro várias vezes a sangue frio. 
Cadê, quem é a perdedora agora?  É essa a pergunta que faço ao vê-lo estirado no chão numa poça de sangue.
Eu o matei. 
Oh meu Deus, eu sou uma criminosa!