Capítulo 9
1900palavras
2023-05-26 15:25
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PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Eu tinha gritado com Drake, que apenas tinha erguido o tom de voz. Ele achava mesmo que podia me controlar? Só porque eu era sua dita companheira, achava que era meu dono? Afinal, os três não tinham discutido e resolvido me rejeitar como companheira deles? Então, qual o motivo para aquele comportamento? Por que agir como se me conhecessem, ou melhor, como se eles se importassem comigo, mesmo depois de tudo o que tinham feito!
Eu era a Luna Rejeitada, por que se preocuparam comigo?
Drake ficou paralisado ao ouvir minhas palavras, então franziu a sobrancelhas para mim e me encarou. “Do que você está falando? Em primeiro lugar, nós nunca quisemos que você se machucasse!”
Diante de tal explicação, eu não consegui abafar o riso. Aquilo foi no mínimo ridículo!
Eles pensavam que eu era uma criança, a qual eles poderiam manipular da mesma maneira que minha mãe fazia comigo? O que aconteceria se eu lhes desse o que queriam? Eles se tornariam como minha mãe! Provavelmente, me chantageariam usando o meu irmão, pois ele era o meu único ponto fraco. Assim, não demoraria muito até que eles começassem a abusar de mim, ignorando todos os meus apelos.
Eu não me tornaria a marionete deles.
Então, eu olhei para ele e ri com escárnio. “Você não quer me machucar? Acho que essa é a melhor piada que eu já ouvi na minha vida. Você é um verdadeiro palhaço. Quer mesmo que te lembre sobre como você me chutou aquele dia na universidade, como você me humilhou, gritou comigo e até defendeu aquela desgraç*da da Samantha? Ah... é, você estava apenas defendo a verdadeira vítima, enquanto eu me tornei a vilã da história.”
Apesar de encará-los com um olhar frio, deixei escapar uma risadinha. Pois, vê-los em completo silêncio depois do que eu havia dito, me divertiu, porém o riso resultou em uma dor aguda no abdômen. Por um segundo, tinha me esquecido do sangue que se esvaía pelos ferimentos.
Eu percebi como eles embaraçados como se quisessem se explicar, mas nenhuma palavra saiu de suas bocas.
Revirei os olhos e voltei a ignorá-los.
Mas, repentinamente, senti uma intenção assassina emanar do meu lado esquerdo. Então, olhei para Asher, que fuzilava os trigêmeos com os olhos.
“Esses três Alfas fizeram isso com você, irmã?” Ele perguntou com sua voz de criança, contudo, cada palavra estava carregada de raiva.
Por um momento, eu tinha me esquecido que meu irmão estava comigo.
Antes que eu conseguisse me explicar, Lawrence se pronunciou com sua voz gentil, tentando acalmar Asher, que estava bastante irritado com o que eles haviam feito.
“Nós podemos explicar, ok? Não queríamos machucar a sua irmã. Além disso, ela está sangrando muito e acho que talvez a ambulância demore para chegar. Nós só queremos levá-la até o médico do nosso bando.” Lawrence falou gentilmente, de quando em quando ele desviava o olhar de Asher para mim.
Apenas revirei os olhos, reafirmado e deixando bem claro que não queria falar ou vê-los novamente.
Ao final da explicação, Asher permaneceu da mesma maneira. Ele era diferente das outras crianças, as quais podem ser facilmente persuadidas. Embora ele ainda fosse apenas uma criança, sua mentalidade muitas vezes divergia de sua idade, Asher era bastante inteligente e maduro.
Porém, isso na verdade é mais um consequência do ambiente em vivíamos, aquela casa o forçou a crescer mais rápido.
Só de pensar no nosso passado, meu coração doía. Era mais doloroso pensar no que nós havíamos sofrido do que ser rejeitada como companheira de alguém.
Asher os encarou como se estivesse diante de um bobo da corte.
“Você acha mesmo que eu vou cair na sua conversa? Mesmo que vocês tenham alguma ligação especial com a minha irmã, não ousem passar dos limites... eu estou avisando. Não vou deixar que vocês a machuquem.” Asher vociferou com um tom gélido, então se virou para mim e perguntou.
“Irmã, eles são seus companheiros? Eu senti que você tem um vínculo diferente com eles. Apesar de ser imperceptível, por eles não o reconhecerem, como seu irmão, eu ainda posso sentir.” Ele explicou, mas eu escutei como ele cessou a mandíbula e como seu rosto se transformou.
Cansada eu lhe dei um sorriso fraco, quando minha visão começou a ficar turva. Eu me senti tonta, mas mesmo assim eu respondi sua pergunta.
“Sim, eu sou a companheira deles, uma companheira rejeitada para ser mais exata.” Respondi afagando sua cabeça.
Ao escutar a minha resposta, Asher olhou friamente para os três Alfas, o quais ainda não conseguiam se aproximar de mim, pois Asher se mantinha firme como um filhote protegendo seu guardião.
“Então vocês três podem ir, não precisamos de ajuda. Afinal, a minha irmão não é a companheira rejeitada de vocês? O que ainda estão fazendo aqui? Querem ver minha irmã sofrendo? Vocês são mais cruéis do que o próprio diabo.”
Justo quando Ishid ia retrucar, Asher o arranhou.
“Como irmão de Yunifer Sarmiento, eu anuncio que rejeito vocês três, cujos nomes não conheço e nem tenho vontade de saber, como companheiros da minha irmã. Agora, sumam da vida dela. Encontrem outra Luna e a deixem em paz!” Depois que Asher disse isso, ele pegou o celular e ligou de novo para o número da ambulância.
“Por favar, venha o mais rápido possível! Nós estamos falando de salvar uma vida!” Asher gritou com a voz em pânico.
Nessa hora, eu soltei um suspiro pesado, lutando para manter meus olhos abertos, acalmar os nervos e ficar consciente. Mas, era como se uma força maior estivesse tentando fechar as minhas pálpebras, até pensei que houvesse uma canção de ninar evolvendo o meu corpo para que eu dormisse.
Eu me senti tonta, queria vomitar e então me senti entorpecida pela dor. Eu não conseguia mais sentir nada, só desejava poder fechar meus olhos.
Contudo, antes de eu fechar os olhos por completo, senti meu corpo ser carregado por alguém, até mesmo escutei os gritos de protesto de Asher.
Achei que um dos trigêmeos me carregou.
~•~
Quando eu acordei, vi o soro gotejando e percebi que estava deitada em uma cama de hospital. Eu não conseguia me mover, havia bandagens enroladas em quase todo o meu corpo.
Ao tentar mexer a minha mão, eu senti que uma pequena mão a segurava com força, ao olhar para o lado vi Asher dormindo ao lado da cama, sentado na cadeira.
Suspirei aliviada ao ver que o ferimento, feito pelo sequestrador, em sua bochecha havia recebido a devida atenção. Achei que ele também precisou receber alguns cuidados depois da avaliação médica.
“I...irmã?” Ele falou exaltado em meio a um bocejo.
Depois de bocejar, as lágrimas acumuladas escorreram por suas bochechas, enquanto ele me olhava.
Então, ele me examinou da cabeça aos pés, a fim de verificar se eu de fato estava bem.
Quando Asher concluiu sua análise e viu que eu estava bem, soltou um suspiro aliviado.
“Até que enfim você acordou. Está com fome? Você ficou dormindo por três dias!” Asher exclamou, me observando com aqueles olhos cheios de preocupação.
Três dias?! Se eu tinha ficado inconsciente por três dias, quem levou meu irmão para a escola? Quem cozinhou para ele? Quem tinha cuidado do meu irmão enquanto eu estava desacordada?
Asher percebeu o como eu fiquei confusa, mas ele me respondeu com uma careta.
“Eu odeio admitir isso, mas aqueles três Alfas me forçaram a aceitar os seus cuidados.” Ele falou com desgosto, pois não queria falar quem os ajudara.
No mesmo instante, fiquei surpresa e arquei as sobrancelhas. Aqueles três Alfas tinham cuidado bem do meu irmão?
Mas, eles não tinham sido claros quando me rejeitaram como Luna? Então, por que se envolveram na minha vida. Aliás, eles não pareciam ser do tipo que se importa com alguém além de si mesmos e dos que lhes podem ser úteis.
Desde que eles não machucassem meu irmão, pouco me importava os seus motivos.
Eu voltei a olhar para Asher, que ao murmurar o que os Alfas fizeram, fez um beicinho.
“E a escola? Não me diga que você faltou todos esses dias?” Eu perguntei com um tom maternal.
Ele desviou o olhar, sentindo-se culpado, como se esperasse seu julgamento.
“Ah... então você não foi à aula?” Interroguei estreitando os olhos.
Asher pigarreou antes de começar a se explicar. “Não ia conseguir me concentrar na aula, enquanto minha irmã está no hospital se recuperando depois de me salvar. Eu não tinha como saber quando você ia acordar. Como eu poderia ir para a escola deste jeito? Além disso, mesmo que eu tenha faltado, graças a minha inteligência eu consigo recuperar o conteúdo depois. Não se preocupe, já conversei com a minha professora e pedi uma licença por três dias.”
“A verdade?”
“Ahm... Eu disse para a professora que não poderia ir à escolar por uma semana, porque estava traumatizado e ainda me recuperando. Eu também falei que estava bastante abalado por saber que minha irmã ficara inconsciente depois de me salvar. Mas, o que eu disse é tudo verdade, eu apenas...”
“Exagerou?”
Asher me lançou um olhar inocente enquanto coçava a nuca.
“Só fiz isso porque queria ficar ao seu lado, especialmente depois que eu vi aqueles três Alfas rondando aqui. Quem sabe o que eles poderiam fazer se eu não estivesse aqui com você? Eu não podia deixá-los te machucarem!” Ele explicou seus motivos com um tom bastante solene.
“Eles vieram me visitar?!” Eu perguntei perplexa.
Derrotado, Asher acenou com a cabeça e completou: “Sim. Eu tentei mantê-los afastados, mas os três insistiam em vir visitá-la, quando vêm me trazer alguns lanches ou comida, pelo menos três vezes por dia. Eu não tinha escolha a não ser recebê-los, embora eu seja mais inteligente do que as outras crianças da minha idade, ainda não sei cozinhas ou andar de táxi e comprar comida supermercado. Então, eu aceitei o que eles me traziam.”
Depois de escutar o seu relato, soltei outro suspiro e balancei a cabeça enquanto o acolhia.
“Você fez um bom trabalho. Obrigada por ficar comigo e tentar me proteger.” Eu disse apertando o botão do seu nariz.
Asher riu e me abraçou. “Não foi nada. Eu sou um lobo e o seu irmão mais novo, é minha responsabilidade proteger minha irmã!”
Não contive o riso ao vê-lo entusiasmado com a ideia de ser o meu protetor.
Enquanto riamos alegres, alguém entrou, cortando o clima descontraído. Eram os Alfas trigêmeos, já que suas feições eram as mesmas, a única maneira de diferenciá-los era pela roupa.
Drake vestia um terno, Ishid estava de camisa branca e calça preta, já Lawrence usava uma jaqueta laranja estampada.
O primeiro tinha uma expressão fria, o segundo mantinha uma expressão estoica e o terceiro parecia irradiar uma aura gentil.
Quando os vi caminharem em minha direção, tentei sentar na cama com muito cuidado para não reabrir os arranhões.
“Obrigada por cuidarem do meu irmão nestes últimos dias, enquanto eu estava inconsciente.” Eu agradeci educadamente.
Embora eu detestasse aqueles que são maus comigo, nunca me esqueceria de alguém que me ajudou quando eu estava em apuros.
Nesse meio tempo, não havia outra alternativa a não ser engolir o meu orgulho.
“Agora que você acordou, viemos aqui para pedir o pagamento por termos cuidado do seu irmão.” Foi Ishid, encostado em uma parede, quem tomou coragem para falar sem tirar os olhos de mim.