Capítulo 8
2000palavras
2023-05-26 15:15
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Eu já não estava entendendo mais nada. Do que aquele homem estava falando?
Quando ele viu minha expressão confusa, ele repetiu suas palavras acentuando o desejo lascivo em cada uma delas, enquanto me encarava como seu eu já estivesse nua.
A maneira como ele me olhava me deixou enojada, eu me sentia suja diante daquele olhar malicioso.
“Eu disse, quero que você durma comigo, não é simples? Você quer o seu irmão de volta e eu posso entregá-lo a você, mas para isso, você vai ter que me satisfazer. Você será minha escrava sexual.” Ele disse sem hesitar e mantendo aquele olhar malicioso.
No mesmo instante, senti meu estômago revirar e pensei que iria vomitar.
Aquele homem se achava dono do meu irmão e ainda queria que trocasse meu corpo pela liberdade de Asher. Será que ele nunca se olhou no espelho? Ele não merecia estar com alguém ou que gostassem dele.
Afinal, ele tinha uma aparência horrível, seu rosto era marcado por uma cicatriz na testa, como se fosse uma queimadura ou algo semelhante. Além disso, seu corpo era coberto por tatuagens, para completar ele tinha uma barriga de cerveja e usava correntes de prata. Desde o primeiro momento que o vi, ele me parecia do tipo assassino, apesar de ter sido minha primeira impressão, pelo visto eu não me enganara.
Aquele homem era capaz de matar.
Mas, independentemente disso, eu preferia a morte a deixá-lo se deliciar com o meu corpo. As coisas seriam muito mais simples se ele apenas me matasse e libertasse meu irmão.
Eu estava aflita, pois precisava fazer alguma coisa. Então, eu escutei meu irmão gritando, o que me impediu de responder qualquer coisa para o sequestrador.
“IRMÃ, NÃO! NÃO FAÇA ISSO! VOCÊ NÃO TEM QUE FAZER ISSO... ACK!”
Porém, antes que ele pudesse terminar de falar, o sequestrador lhe dera um tapa no rosto. No mesmo instante os lábios de Asher incharam tanto quanto suas bochechas, ao vê-lo daquela maneira, meus olhos se encheram de dor.
Então, foi como se todo o meu sangue fervesse e explodisse dentro de mim. Não sabia de onde tanta coragem surgira, tão pouco a força que me preencher, mas já não conseguia pensar em mais nada. Foi como se meu cérebro estivesse em branco. E todas as minhas veias pulsavam, meu corpo gritava para que eu matasse o homem que machucou o meu irmão.
Naquele momento, a coragem que me fez levantar, também me fez esquecer a dor do meu corpo, agora meus punhos estavam cerrados e prontos para a briga. Sem hesitar, dei um soco no rosto do homem e chutei seu estômago com toda a força que tinha.
Eu rosnei para ele e sequer que meus olhos mudaram gradualmente de cor, ficando vermelhos, por causa da fúria que me consumia.
Pouco me importava com o sequestrador cujo corpo foi atirado contra a parede. Eu só estava preocupada em salvar o meu irmão.
Imediatamente eu arrebentei as cordas que prendiam suas mãos. Eu lhe dei um abraço apertado enquanto as lágrimas lavavam o meu rosto.
Então, suas mãozinhas tocaram suavemente minhas bochechas e ele abriu um sorriso brilhante.
“Você é tão forte! Você me salvou!” Asher disse orgulhoso, mantendo o sorriso de orelha a orelha.
Eu o abracei de novo, meu coração ainda estava angustiado e as lágrimas não paravam de surgir.
No entanto, o abraço não durou muito, pois logo em seguida eu senti a presença deles atrás de mim. Então, me virei para proteger o meu irmão dos homens que já haviam se transformado em bestas - Lobos.
Eu vi quando eles prepararam as garras afiadas, na intenção de me cortar. Os homens assumiram uma postura de ataque e estavam prontos para me matar.
“Eu estava sendo gentil com você, a minha oferta era única e podia beneficiar a nós dois, mas você recursou. Agora, me perdoe por ser indelicado.” A voz rouca do lobo ecoou enquanto ele levantava as garras para me atacar.
Mas, graças aos meus instintos eu consegui desviar do ataque. Então me preparei para dar um soco na cara dele, quando alguém agarrou meu cabelo pelo lado direito, eu gemi de dor e naquele momento não consegui mais desviar do ataque do lobo. Assim, recebi toda a fúria de suas garras, as quais rasgaram meu abdômen.
O sangue escorria em direção ao chão e eu mordi meu lábio inferior para eu não gritar.
A dor lancinante quase me fez perder os sentidos, mas cerrar os punhos com força me ajudou a manter a consciência.
“Vá para o inferno.” Eu falei com a voz entrecortada, à medida em que eu me preparava para socá-los, mas ao mesmo tempo consegui chutar seus estômagos com toda minha força.
Com a respiração um pouco debilitada eu ainda consegui usar minhas pernas para lhes dar um chute no rosto, os homens cambalearam e levaram as mãos para os rostos ensanguentados. Um deles sangrava mais do que os outros, pois eu tinha conseguido quebrar seu nariz.
Embora eu fosse uma humana e quando comparada aos lobos eu pudesse parecer fraca, eu confiava no poder do meu punho e das minhas pernas. Afinal, todo o meu treinamento não era pra ser em vão, ao longo de toda a vida eu precisei ser forte para proteger a mim mesma e o Asher.
Então, antes que eles tivessem a chance se de se levantarem de novo para me atacar, eu dei um chute com força, ao ponto de escutar o som dos ossos quebrando. Além disso, para ter certeza que demorariam para se recuperar eu dei mais um chute no estômago deles, fazendo-os cair no chão grunhindo de dor.
Foi quando eu me dei conta de como meu pulso latejava e estava inchado por socá-los.
Enquanto eu recuperava o fôlego, deixei escapar um suspiro impotente. Não sabia se era o meu suor ou se era o sangue que escorria pelo meu pescoço.
Além disso, meu abdômen, o qual for a rasgado pelo sequestrador, também latejava. A camisa branca que eu usava já estava tingida de vermelho sangue.
Tudo aconteceu tão rápido, que eu baixei a guarda quando vi o chefe do bando caído no chão, inconsciente depois de tê-lo nocauteado. Mas, eu não percebi que havia alguém atrás de mim, esperando que eu relaxasse para poder me atacar.
Porém, já era tarde demais e quando virei e os encarei vindo em minha direção, as garras estavam bem perto do meu olho e eu não pude desviar.
Eu não tinha tempo para me esquivar.
Se eu não conseguisse desviar daquele ataque, com certeza meu rosto teria sido estraçalhado pelas garras, provavelmente eu perderia o olho.
Contudo, antes que tocassem o meu rosto, o corpo do meu oponente cambaleou de repente, fazendo-o cair no chão. As garras afiadas acidentalmente arranharam seu rosto e o homem urrou de dor enquanto ele era tingindo pelo sangue.
Ao ver aquela cena eu fiquei perplexa. Então, me virei para o outro lado e me deparei com Asher, que tinha chutado o homem, fazendo-o cambalear e atacar a si mesmo.
Quando Asher notou que eu o observava, ele olhou para mim contente e correu para se jogar em meus braços.
“Irmã!” Ele disse abrindo um sorriso largo.
De repente, quando eu ia falar alguma coisa, ele deu um passo para trás, se soltando do meu abraço.
Então, notei que seu corpo tremia e ele observava suas mãos. Ao levantar a cabeça para me olhar de novo, seus olhos estavam vermelhos.
“Você está ferida.” Ele afirmou com a voz trêmula, como se estivesse contendo as lágrimas.
Eu lhe dei um sorriso impotente e afaguei seus cabelos. “Obrigada por me salvar. Se não você por você, provavelmente aquele ataque acabaria comigo.” Eu disse ao me referir aos homens que gemiam de dor no chão.
Um deles estava desmaiado no chão, possivelmente por causa da perda de sangue, mas eu não me importava em como eles estavam, pois o mais importante era o meu irmão.
“N-nós precisamos de um médico! S-seu sangue...” Ele encarava meu corpo horrorizado, especialmente depois de notar como minha camisa esfarrapada por causa da luta, ela também estava toda manchada de sangue.
Ele não se importou de estar com as mãos manchadas com o meu sangue, tão pouco se importou com suas próprias bochechas inchadas dos tapas que o sequestrador, cuja vida estava por um fio, lhe dera.
Ao ver o pânico estampado no rosto de Asher, senti uma pontada no peito. Apesar de ele querer chorar, ele se esforçava para agir normalmente e de maneira muito madura diante de toda aquela situação.
Deixei escapar um sorriso tênue, acariciei seu cabelo e disse: “Bom, então vamos sair daqui.”
Naquele momento minha cabeça estava girando e todo meu corpo latejava de dor. Eu não tinha coragem de dizer a ele que não precisava me acompanhar até o hospital e que ele deveria voltar para a aula. Mas, conhecendo-o eu sabia que ele seria teimoso e preferiria faltar à aula para poder ficar comigo.
Eu não queria que ele se preocupasse comigo, deveria ser o contrário.
Depois de escutar o que eu disse, ele imediatamente segurou a minha mão, me puxando com toda sua fragilidade de criança para fora do prédio abandonado.
“Onde está o seu celular?” Ele perguntou de repente, com os olhos e a ponta o nariz vermelhos.
Então, eu peguei o meu celular do bolso e vi que tinha uma rachadura no canto da tela. Suspirei, pois não havia nada que podia fazer, mas entreguei o celular para Asher e continuamos a andar, apesar das minhas pernas tremerem.
Assim que ele pegou o meu celular, ele imediatamente discou o número do hospital e contou sobre meu estado físico. Depois disso ele também ligou para a polícia e informou o endereço em que os sequestradores estavam.
Assim, nós fomos até um banco próximo ao prédio abandonado e ficamos esperando a ambulância chegar. Eu vi Asher roer as unhas e suas pernas tremendo, ele parecia inquieto. Era como se ele quisesse me teletransportar para o hospital.
De repente, eu avistei uma figura familiar caminhando em nossa direção, quer dizer, parecia mais que a pessoa vinha até mim.
Quando percebi quem era, meu dia só piorou.
Era ninguém mais ninguém menos do que os Alfas Ferrer, os trigêmeos que tiveram a coragem de me rejeitar.
Eu reparei que eles olhavam na minha direção, então desviei o olhar e agi como se não os conhecesse. Afinal, era o que eles queriam que eu fizesse, não implicar ou falar que nós éramos companheiros para os outros.
Asher também notou que eles vinham até nós, ele continuava inquieto, porém ele reagiu de maneira inesperada, tentando me esconder atrás dele. Ele assumiu a postura de ataque e fitou os três Alfas.
“Fiquem longe da gente!” Asher disse friamente, mostrando suas presas e as garras.
Os três pararam e encararam Asher, então depois de um tempo, eles continuaram a caminhando até mim.
Todos me examinavam de cima a baixo, mas eu reparei como a mandíbula de Drake se contraiu à medida que seus olhos se escureceram ao ver o meu estado.
“Quem te machucou?” A voz de Drake soou fria e cortante, um tremor percorreu meu corpo.
Então, eu ergui minha cabeça e lhe lancei um olhar confuso. “Quem é você? Por acaso eu te conheço?”
“Yunifer Sarmiento! Responda o que te perguntei!” Drake bradou com raiva, porém seu tom carregava o poder do Alfa e meu corpo todo se enrijeceu.
O que havia de errado com ele? Até parecia que ele e seus irmãos podiam matar alguém com aqueles olhos sombrios. Quem ele pensavam que eram para levantar a voz para mim?
Mas, eu ainda tinha forças para encará-lo, apesar do meu corpo todo dolorido. “Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?! Eu não fui clara? O acordo era agir como se fôssemos estranhos! Eu não tenho a obrigação de dizer a vocês o que aconteceu comigo! Não era isso que vocês queriam?!”