Capítulo 7
2001palavras
2023-05-26 14:59
****
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Meus lábios se contraíram enquanto eu os observava, pensando em como eles eram tolos.
“Do que vocês estão falando? Por acaso isso é algum tipo de pegadinha? Vocês nem se parecem com um palhaço, então não preciso rir.” Eu disse sem esboçar medo, então me levantei.
Porém, quando eu estava prestes a ir embora eu os escutei rir.
“Então, essa é a sua reação ao saber que somos seus companheiros? Você acha mesmo que nós iriamos querê-la como nossa companheira?” A maneira como essas palavras soaram deixou evidente quem falava.
Óbvio que tinha sido Drake a proferir aquelas palavras, com certeza ele tinha algum problema.
Francamente!
Então, me virei de novo para eles e os encarei. Lawrence me observava com simpatia nos olhos, mas só de olhar de novo para os três meu sangue ferveu.
Enquanto eu os encarava, ignorei o desconforto que sentia em meu coração.
“Vocês três não são um pouco narcisistas demais? Acham mesmo que eu gostaria de tê-los como meus companheiros?” Eu respondi sustentando meu olhar.
O que eu disse era verdade, que em sã consciência iria desejá-los? Como eu poderia ficar com alguém que desejava minha ruína? Naquele momento eu repudiava a ideia de ficar com aqueles trigêmeos!
Contudo, ainda senti uma pontada de decepção.
Ishid riu, me observando com aqueles olhos inexpressivos. “Não fique orgulhosa de si mesma, só porque somos seus companheiros. Nós não a queremos.”
“Nós, os Ferrer, gostaríamos de rejeitá-la como nossa Luna. Você não merece ser nossa Luna, além disso não queremos que você seja também. Seria muito embaraçoso para o Bando Crescent Moon ter uma Luna como você.” Mais uma vez foi Drake quem disse as palavras cruéis, olhando bem no fundo dos meus olhos.
Outra pontada afligiu meu coração. Eu não queria ser a companheira deles, mas havia algo dentro de mim que me sufocou ao escutar aquelas palavras de rejeição.
Os Alfas trigêmeos me observavam sem qualquer expressão nos olhos, como se estivessem diante de uma estranha e não da companheira deles.
Engraçado, ainda não conseguia entender por que fiquei triste depois de me rejeitarem. Eu não queria estar com eles, mas havia uma sensação estranha... eu já não sabia de mais nada.
Porém, eu não tinham a intenção de deixá-los perceber que fiquei triste e desapontada. Afinal, eles eram três valentões, os quais brigaram e me envergonharam no campus. Não havia como eu querer ficar com eles.
Afinal, eu não tinha Síndrome de Estocolmo, ou algo do tipo, para me render assim.
Então, ergui a cabeça e os fitei com confiança. Eu lhes dei o meu sorriso mais doce e educado, enquanto respondia tranquilamente que não me importava com o que ele tinham dito há pouco. Como se aquilo não fosse problema meu.
“Obrigada pela rejeição. Honestamente, é até melhor desta maneira, além do mais eu sou humana e tão pouco acredito nesta história de companheiros ou algo do tipo. Afinal, vocês parecem ter o costume de se unirem contra mim para me envergonhar no campus da universidade, então é um alívio saber que não vou ter que ficar amarrada a vocês três. Quem sabia o que aconteceria comigo se eu me tornasse a Luna de vocês. Ah, mais uma vez, muito obrigada por me rejeitarem. Espero nunca mais encontrá-los e, se por acaso nos cruzarmos, por favor, finjam que não sabem quem eu sou. Eu também rejeito vocês como meus Alfas.” Eu disse com uma voz doce, enquanto eu me virava para ir embora, notei que seus queixos caíram.
De fato, por que eu ficaria triste com algo assim? Eles eram encrenca na certa. Se eles podiam machucar os outros, imagina o que poderiam fazer comigo.
Só pensei que eles agiriam da mesma maneira que minha mãe fez.
Afinal, os três eram Alfas lobisomens. Quem sabia o que eles podiam querer? Com base no nosso primeiro encontro e impressão que tive deles, eles realmente podiam me machucar ou algo assim, ainda mais se eu atrapalhasse seus planos ou por não obedecê-los.
Agora que tinha acabado de conquistar a minha liberdade, não queria ser controlada e usada novamente. De jeito nenhum eu ia aceitar ser companheira deles.
Apesar as sensação sufocante em meu coração, eu ainda os deixei lá, petrificados com meu breve discurso. Não havia nenhuma necessidade de eu continuar brigando com eles, afinal eles também me rejeitaram como sua Luna.
Mas, então por que eu estava sentindo um amargor?
De repente, senti algo vibrar no meu bolso. Então, peguei meu celular e vi um número desconhecido na tela. Por algum motivo, naquele momento um mau pressentimento tomou conta de mim. Mesmo que eu não quisesse atender a ligação, meus instintos diziam para eu atender.
Hesitei por um segundo antes de aceitar a ligação.
“Alô, aqui é a Yunifer. Quem está falando?” Eu pedi com calma, embora eu escutasse a batida forte de meu coração.
Naquele momento eu tive certeza de que algo estava acontecendo, as notícias não eram boas.
“Oh, a senhorita se chama Yunifer? Que nome lindo.” A voz do outro lado falou em tom provocativo.
Eu podia ouvir ruídos ao fundo, parecia que alguém ria da provocação feita, junto com a voz que estava falando comigo.
O que eles queriam?
“Posso perguntar qual é o objetivo desta ligação?” Eu mantive o tom educado, apesar do nervosismo.
Não sabia por quê, mas não me sentia segura. Será que tinha acontecido alguma coisa?
O riso que vinha do outro lado da linha desapareceu. “Hmm, não é nada de mais, quero que você vá até o prédio abandonado próximo ao beco. Você deve ir sozinha e não se atreva a contar a ninguém sobre essa nossa conversa ou então haverá consequências.”
Consequências? Do que ele estava falando?
“D-do que você está falando? E se eu não fizer o que você está me pedindo? Eu não te devo nada.” Por um instante, tomei coragem para perguntar, engolindo os meus medos e o baque ensurdecedor do meu coração.
Mas, a voz ficou mudou para um tom frio e se encheu de ameaças.
“Então, você realmente não vai vir? É melhor não se arrepender depois.” Depois de dizer isso, ele desligou, me deixando muito nervosa.
O que... o que foi aquilo? Quem era ele? O que estava tentando fazer?
Em seguida, não me sentia muito bem e cerrei os dentes por causa do nervosismo.
Não demorou muito e meu celular vibrou novamente, atendi de imediato, porém no meio da confusão mental nem vi quem me ligava.
“O que você quer? O que você quer que eu faça e quem é...”
Antes que eu pudesse concluir minha enxurrada de perguntas, uma voz em pânico me interrompeu.
“É a responsável por Asher Sarmiento? Asher desapareceu da escola! Eu procurei em todos os lugares daqui, mas não o encontrei!”
Ao ouvir isso, meu corpo todo se enrijeceu. Eu não conseguia me mover, foi como se um balde de água fria caísse sobre mim, como se o mundo inteiro congelasse por um instante.
Meu coração imediatamente começou a bater mais rápido, então eu me senti tonta e sufocada.
Contrai os músculos da mandíbula, na tentativa de me manter calma e agir normalmente.
“Q-quando foi a última vez que você o viu?” Eu perguntei, mas por mais que eu tentasse minha voz saiu trêmula.
Também não pude conter as lágrimas que se acumularam nos meus olhos.
“Faz dez minutos que eu descobri que ele tinha sumido. Perguntei aos colegas dele e disseram que não o viram. Ultimamente, Asher estava se isolando das outras crianças. Embora ele interagisse com os colegas, ele parecia estar criando uma espécie de barreira, para impedir as outras crianças de se aproximarem.” A professora de Asher relatou isso em meio às lágrimas.
Apertei os lábios e respondi: “E-entendi, entro em contato com você assim que eu encontrá-lo.”
Depois de dizer isso, eu encerrei a ligação imediatamente e retornei para o número desconhecido que havia me ligado antes.
“Como eu esperava! Eu estava aguardando a sua ligação!” Disse a mesma voz cavernosa e rouca, mas com toque animado.
“Onde está o meu irmão? Onde está o Asher?!” Eu perguntei sem me exaltar.
“Se você quer vê-lo, vá ao local que indiquei. Tenho certeza de que você sabe onde fica e só para lembrá-la, nem pense em trazer mais alguém com você, senão vou cortar a garganta do seu irmão.” Ele disse com um tom ameaçador.
“Eu vou fazer o que você disse, apenas não o machuque.” Eu respondi friamente, enquanto isso eu apertava o meu celular, cerrando os dentes de raiva.
Contudo, de repente, escutei uma voz muito familiar e minha fúria explodiu no meu peito.
“Irmã! Não venha! Eu estou... bem...”
Novamente eu senti as veias da minha testa começarem a inchar e eu estreitei os olhos.
“Não se atreva a tocar no meu irmão!” Eu gritei furiosa.
“Então é melhor você vir rápido ou encontrará o cadáver do seu irmão... Aff...” Depois deste último aviso, o homem desligou.
Com as mandíbulas cerradas soquei a parede mais próxima para aliviar a raiva que sentia naquele momento.
Eu ia acabar com aquele homem! Eu ia matá-lo! Se eu visse um arranhão sequer no corpo de Asher, eu ia fazê-los pagar!
Então, eu me apressei para chegar ao lugar indicado, nem me preocupei em pedir desculpas quando esbarrei no braço de alguém que passava na rua.
No entanto, a pessoa agarrou o meu braço, no mesmo instante meu sangue ferveu, eu fui impedida de continuar o meu caminho.
Eu encarei profundamente essa pessoa. “Tirei suas mãos de mim se você não quiser que eu te corte.”
Em seguida, eu dei um tapa nas mãos que me seguravam e sai correndo na direção do prédio abandonado, o qual aqueles desgraçados falaram para eu ir.
Quando cheguei na frente do edifício abandonado, eu reconheci alguns rostos. Eram aqueles bandidos que estavam perseguindo o lobo com pelo preto.
“É um prazer vê-la novamente.” Um deles disse, com um sorriso malicioso de orelha a orelha.
Eu os encarei e disse: “Onde está o meu irmão?”
Então, senti uma dor repentina no meu estômago, pois fui jogada no chão enquanto eles me chutavam.
“Você gosta de ser arrogante, não é? Você é apenas uma mulher! Como ousa nos encarar desta maneira?! Uma mera humana como você deveria ser nossa escrava!” Um dos homens repreendeu, espumando de raiva e desferindo mais um chute, neste momento eu me contrai de dor.
Quando eles iam começar mais uma sessão de chutes, um deles parou o que tinha me chutado antes.
“Pare já com isso. O chefe quer vê-la. Ele não vai gostar se você matá-la, antes que ele a prove.”
De repente, uma sensação de repulsa invadiu todo meu corpo.
Pelo menos isso me fez recuperar os sentidos, enquanto eu era arrastada para dentro do prédio onde o chefe deles os aguardava.
Eu estremeci da cabeça aos pés ao ver o corpo de Asher, sendo amarrado em uma cadeira, neste momento tive o vislumbre e uma ferida em sua bochecha.
“O que vocês fizeram com ele?!” Eu bradei enquanto socava e chutava o homem que me segurava pelo cabelo, então consegui me soltar e corri na direção do meu irmão, que estava inconsciente.
Mas, antes que minha mão pudesse alcançá-lo, meu corpo atingiu o chão mais uma vez. O sangue escorria pela minha boca, mas eu não dei a mínima para isso.
Quando levantei a cabeça e encarei o chefe, meus olhos estavam tingidos de vermelho... Aquele era o homem que me ligara e tinha sequestrado o meu irmão.
“O... O que você quer?” Eu disse com a voz rouca, mas encarando-o com frieza, embora eu sufocasse em meio ao choro.
Ao escutar a minha pergunta, o chefe deu um sorriso, seu rosto se iluminou de satisfação.
Então, ele se ajoelhou e com a mão levantou o meu queixo, fazendo-me olhar em seus olhos.
Tentei afastar a mão dele com um tapa, mas acabei levando um tapa dele e sibilei de dor.
“Durma comigo.”