Capítulo 6
2351palavras
2023-05-24 11:09
****
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Após o término da aula, caminhei em direção ao corredor, apressada para sair do campus, pois tinha algo importante para fazer naquele dia. No entanto, parei quando alguém bloqueou a minha passagem.
A mulher que estava parada na minha frente, era familiar. Na verdade, ela era minha colega de classe, eu tinha dado uma atenção especial aos meus colegas, afinal até o momento eles me ignoraram por completo.
Se me lembrei bem, a moça que estava no meio do grupo chamava-se Samantha, a do lado esquerdo era Ashley, mas a terceira mulher, a que estava do lado direito, esqueci qual era seu nome.
De repente, Ashley abriu a boca e me encarou com um desgosto, que dificilmente conseguiria esconder.
“Ora, ora… até que você está arrumada hoje, mas não importa o quanto você tente, nunca será o bastante.” Ashley disparou e cuspiu em minha direção.
Mas, graças aos reflexos que desenvolvi por ter morado em uma casa abusiva, consegui desviar do cuspe.
Então, calmamente olhei para ela, sem me preocupar em gastar saliva com aquele tipo se gente. Falar com ela seria algo semelhante a falar com as paredes.
Portanto, decidi que o melhor a se fazer era ignorá-la. Contudo, quanto mais eu ignorava este tipo de pessoa, mais elas vinham para cima de mim, tentando chamar minha atenção.
“Onde você pensa que está indo? Eu ainda não terminei de falar com você.” Ashley exclamou com um tom arrogante, enquanto me lançava um olhar frio.
Eu revirei os olhos para as três garotas e bufei: “Não me importo, pode continuar falando o quanto quiser, de qualquer maneira isso não tem nada a ver comigo.”
Então, depois de dizer isso eu fui embora. Mas, minhas palavras as irritaram e Samantha me encarou com uma cara feia.
Logo em seguida, ela deu um chute na parte de trás dos meus joelhos, fazendo com que eu me ajoelhasse involuntariamente na frente dela.
Senti a mão dela agarrar o meu cabelo com força, obrigando-me a olhar para ela.
“Você acabou de ser transferida para cá, e ainda age como se fosse dona da universidade? Quanta petulância! Você é realmente uma sem vergonha!” Ela disse furiosa e me deu um tapa no rosto.
Eu cerrei os dentes enquanto a encarava. Embora estivesse acostumada a ser abusada e tivesse uma tolerância alta à dor, isso estava longe de significar que eu era um robô ou um saco de pancadas, não deixaria ninguém fazer o que quisesse comigo.
Assim, dei um soco forte nos seus joelhos, mas não com tanta força, tinha medo de quebrá-los e isso me render uma expulsão. Porém, foi o suficiente para que ela gritasse de dor e me soltasse.
Só porque eu tinha a aparência de uma garota ingênua, não significava que eu era boba! Não ia deixar ninguém me intimidar daquela maneira.
Eu fiquei calada, ignorando o modo como agiam contra mim. Pois, pensei que assim elas parariam e não falariam mais pelas minhas costas.
“DESGRAÇ*DA! COMO VOCÊ OUSA?!” Ela esbravejou, tentando me chutar de novo, mas desta vez eu consegui me esquivar do golpe.
Então, eu olhei para ela com um sorriso nos lábios e lhe dei um tapa com força, da esquerda para a direita. “Isso é o que você merece. Além do mais, você fica bem com as bochechas inchadas, até parece com um palhaço.”
“V-você...!” Samantha encarava-me com raiva, massageando as bochechas inchadas.
Logo depois, eu abriu um sorriso educado para ela e da mesma maneira sai do meio da multidão, sob os olhares afiados e cheios de ódio das três garotas.
Agora que eu já estava indo embora, meu corpo foi repentinamente arremessado para longe, por um instante pensei ter ganho capacidade para voar.
Mas, no segundo seguinte, minhas costas entraram em contato com a parede com força, soltei um silvo ao sentir uma dor no estômago.
Demorei algum tempo para compreender que alguém tinha me chutado.
Então, olhei para cima e vi um homem. Ele me lembrava os famosos Alfas da Classe, os quais eram famosos por sempre se meterem em encrencas, prontos para arranjarem briga com qualquer um.
No entanto, apesar de serem valentões sem cérebro, eles chamavam a atenção por causa da aparência. Eles tinham um longo cabelo sedoso e escuro como ébano, combinando com a cor dos olhos, que era um tom de carvão. Além disso, todos tinham a pele pálida, porém isso não lhes dava uma aparência de fracos ou com traços mais femininos, mas conferia um semblante etéreo.
Sim, aqueles eram os famosos trigêmeos. Além de serem bem conhecidos no campus, eles eram do Crescent Moon, um dos bandos mais fortes e referência para os outros.
Os Ferrer.
Lawrence Ferrer, Ishid Ferrer e Drake Ferrer.
Não sabia qual deles havia me chutado e feito eu voar para longe.
Quem me chutou tinha músculos bem fortes, testemunhei o que eles podiam fazer ao ser chutada a alguns metros de distância. Não pensei nisso por ser mulher, mas porque eu tinha um corpo mais robusto do que as outras mulheres.
Eu não era gorda, eu tinha músculos, apesar de não ser tão volumosa como a She-Hulk. Além disso, minha altura era acima da média feminina, eu tinha quase um metro e setenta.
A altura avantajada eu herdei de minha mãe, ela era apenas dez centímetros mais alta do que eu, além de ser muito mais forte, por eu a temia tanto.
“Uma mulher arrogante como você não tem espaço nesta universidade. Saia já daqui!”
Só recobrei a consciente quando escutei uma voz fria, a qual zombava de mim.
Então, ouvi uma risadinha vindo de trás dele... eram seus irmãos, porém sem dar atenção. Ao invés disso, eu o olhei nos olhos e ri com sarcasmo.
“Arrogante? Você é cego? Não consegue nem enxergar que era...”
De repente, antes que eu pudesse completar a frase, ele me deu um soco no rosto, me fazendo sibilar e gemer de dor.
Dr*ga.
Eu só queria estudar!
Eu fitei o homem que continuava a me encarar com frieza.
“Eu não gosto do jeito que você olha para mim. Além do mais, por que está falando comigo neste tom? Sua patinha feia gorda!”
“Pfft... Você não devia ter feito isso, Drake. Olhe só para ela, parece que ela vai chorar.” Um dos gêmeos de Drake o alertou, enquanto ele sorria e o outro irmão apenas assistia o show sem esboçar qualquer reação.
Então, eu bufei irritada e o empurrei para longe, o que fez ele voluntariamente me soltar. Depois disso, virei de costas para ele. Contudo, ele não parecia satisfeito em só me socar, foi quando ele me chutou nos joelhos, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e caísse no chão.
M*rda!
Isso...
Neste momento, eu cerrei os dentes com tanta raiva, ao ponto dos meus olhos ficarem vermelhos de ódio.
“Essa é a sua recompensa por ousar agir de maneira arrogante e destemida!” Ele falou ironicamente e me deixou no chão.
Mas, eu guardei o nome deles, os trigêmeos Ferrer. Em breve eu os faria pagar pelo que tinham feito comigo!
~•~
Mais um dia se passou e descobri que minha agenda estava livre, o que foi ótimo, pois naquele dia seria o evento no Dark Alley, só para os lutadores.
Apesar de não ser uma lutadora profissional, eu ainda me interessava em participar do concurso. O boxe se tornou um hobby para mim, mas também era meu ponto de apoio.
Sempre adorei a sensação de ganhar e derrotar o meu oponente.
Quando cheguei ao local, já havia vários participantes. Além disso, o público se acomodava do lado de fora do ringue, torcendo, pois as lutas já tinham começado.
Para lutar era necessário se inscrever primeiro.
Uma das regras daquela Luta de Rua era que você não tinha permissão para matar. Você até podia fazer seu oponente sofrer ao máximo, mas não podia matá-lo.
A segunda regra era que apenas homens podiam participar da luta, contudo, essa regra só valia para os humanos.
Já a terceira regra proibia o uso de qualquer tipo de arma.
Optei por exagerar um pouco na roupa, até porque eu estava usando uma peruca para não descobrirem que eu era uma mulher. Portanto, as roupas de homem e a o meu porte alto e um pouco masculino ajudaram a criar uma fisionomia convincente. Além disso, eu resolvi usar minha máscara para esconder o meu rosto, assim só poderiam ver os meus olhos e a minha testa.
Enquanto esperava minha vez, alguém sentou ao meu lado e perguntou.
“Calouro?” Sua voz era suave, porém não havia sinal de fragilidade.
Virei minha cabeça e olhei para ela e a observei por um tempo, antes de fazer um aceno com a cabeça positivamente. “Sim.”
Eu tive que forçar minha voz para que parecesse mais grave.
O sorriso no rosto dela desapareceu, então seus olhos me olharam com seriedade. “Tome cuidado na luta. Embora seu adversário não possa matar, ele ainda pode te fazer sofrer bastante. Eles são sempre assim aqui na Luta de Rua.”
Ao ouvir seu aviso atentamente, eu balancei a cabeça. ”Obrigado. Não se preocupe, vou tomar cuidado.”
“A propósito, me chamo Rain, sou uma beta.”
No momento em que ia me apresentar também, escutei chamarem meu pseudônimo.
“Vamos dar as boas-vindas, Moriarty contra Kyle!”
A plateia explodiu em aplausos e gritos, vários já apostando em quem de nós venceria o embate.
Calmamente, eu caminhei para dentro do ringue e viu meu oponente, nós tínhamos a mesma altura, porém, ele eram mais musculoso e muito maior do que eu.
“Você parece legal, Moriarty.” Kyle falou com um sorriso de escárnio, examinando-me de cima a baixo.
Eu apenas olhei para ele e não respondi.
“LUTEM!” O anfitrião anunciou entusiasmado.
Então, vi Kyle correndo em minha direção ao mesmo tempo em que ele preparava o punho para me dar um soco impiedoso.
Por puro instinto, consegui desviar e dei um soco debaixo para cima, o qual atingira no queixo, fazendo-o tropeçar.
Mesmo que meu punho estivesse doente, por causa do soco que dei, ignorei a dor e aproveitei a oportunidade para os antebraços dele para cima, como uma forma de bloqueá-lo e ficar na defensiva. No entanto, Kyle esquivou para o lado e empurrou meu cotovelo, o que me desequilibrou, mas logo consegui me recuperar.
Kyle se posicionou e deu um soco, mais uma vez consegui deslizar para a esquerda. Assim, agarrei seu pulso e o torci, ele gritou de dor e eu agarrei pelo cabelo, puxando sua para frente e quebrar seu nariz.
Em resposta, Kyle soltou um gemido ao mesmo tempo que tentava se afastar de mim, mas eu fui mais ágil e dei uma cotovelada no ponto fraco, na região da têmpora de Kyle, fazendo-o desmaiar.
Eu respirei fundo, soltei o corpo de Kyle que estava em meus braços e o deixei cair no chão, antes de olhar para a plateia.
“E O VENCEDOR É... MORIARTY!”
Com a mesma calma com que entrei no ringue eu saí, fui até o balcão e peguei o meu prêmio.
Não demorou muito para que que recebesse o prêmio, então depois disso decidi sair do Dark Alley e me sentar no banco do parque. Assim que me sentei, tirei a peruca e a máscara, escondendo-os na minha bolsa.
Eu gemi quando senti uma dor no estômago. Provavelmente Kyle acertou um golpe no mesmo lugar em que Drake me socara no dia anterior, porém até aquele momento não tinha percebido a presença da dor.
De repente, uma voz calorosa e gentil soou em meus ouvidos. A voz desacompanhada do conjunto poderia fazer alguém pensar que era a de um anjo.
“Você parece estar com dor, está tudo bem?”
Quanta gentileza... Não, um segundo.... por que a voz dele soava familiar?
Então erguei a cabeça e fiquei surpresa.
“Drake?!” Aquele desgraç*do do Kaleid tinha aparecido na minha frente, agindo como um santo, como se tivesse esquecido o que havia feito comigo.
Ele pareceu surpreso e me observou com mais atenção. “Você é aquela garota que o Drake chutou?”
Ao me recordar do que tinha acontecido no dia anterior, no mesmo instante senti minhas veias incharem na região da testa.
“Qual dos três Alfas você é?” Eu o questionei, olhando-o com desconfiança.
Como eles ousavam zombar de mim, eles achavam que eu era algum tipo de brinquedo?
“Ah, eu me chamo Lawrence. Aquele que não se intrometeu na sua briga com Drake e Ishid.” Apenas revirei os olhos enquanto ele se apresentava.
“Oh, então você era um espectador, aquele que ficou apenas assistindo como se estivesse vendo um show. O que você está fazendo aqui?” Eu o interroguei, ainda com meus olhos fixos nele.
Contudo, quando ele ia me responder, escutamos as vozes irritantes dos outros dois Alfas.
“Lawrence, o que você está fazendo aqui? Estávamos te procurando.” Um homem que se vestia como um gângster foi quem falou, enquanto olhava para Lawrence.
Aquele homem deveria ser Drake.
O outro que se chamava Ishid pareceu notar a minha presença. “Ah... essa mulher me parece familiar.”
Lawrence lançou um olhar impotente para os dois e disse: “Aquela a quem você acabou de insultar.”
Eu rangi os dentes, irritada, pronta para retrucar quando de repente ele se inclinou para mais perto do meu rosto. Senti meu corpo estremecer diante daquele rosto etéreo, o qual me pegou desprevenida. Suas feições hipnotizantes me deixaram confusa.
Como aquele desgraç*do era bonito!
No momento em que me preparava para me afastar dele, o ouvi falar algo.
“Companheira.”
Companheira? Eu?
“Nossa companheira.” Ele repetiu, me fazendo congelar no lugar.
‘Nossa?’ O que ele quis dizer com ‘nossa’?
Mesmo se o inferno fosse um buraco gelado, não havia nenhuma chance de eu acasalar com aqueles três!
De repente, senti uma pontada no peito, como se eu recebesse choque por um segundo, o que me fez franzir a testa. Eu levantei minha cabeça e vi que Lawrence estava olhando para mim, não apenas ele, mas como os outros dois. O olhar dos três parecia ser capaz de medir o valor da minha alma.
M*rda. O que esses desgraç*dos quiseram fazer comigo?