Capítulo 5
1259palavras
2023-05-24 10:37
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Saí da frente da sala e caminhei em direção aos meus colegas, mas sentia que eles tentavam me evitar, como se eu estivesse com alguma doença contagiosa ou algo parecido.
Sempre que eu parava de frente para uma cadeira, a pessoa ao lado da cadeira vazia se enrijecia e imediatamente colocava a mala em cima da cadeira ao lado.
Então, desviei os olhos ao vê-los agir desta maneira. Eu apenas franzi os lábios e suspirei.
Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser me sentar na parte de trás da sala, em uma cadeira vaga, além disso era a parte da sala em que ninguém se sentava.
Quando os meus colegas de turma viram que eu optei por me sentar no fundo, longe deles, todos pareciam ter soltado um suspiro de alívio.
Na hora, pude até ouvir aquele suspiro de alívio e satisfação ao ver que não havia escolhido sentar ao lado de nenhum deles.
Mesmo que eu quisesse conversar com alguém era algo impossível, no fim, eu só podia cerrar os dentes e engolir minhas palavras. Não dava para lidar com aquela gente rica, quem poderia saber o que eles fariam comigo se eu mexesse com eles.
Portanto, decidi que era melhor ficar calada e ignorá-los.
Apesar da minha vontade de falar tudo o que pensava para eles, eu não conseguia dizer nada. Não era porque eu tinha medo, mas não queria me meter em problemas, especialmente no primeiro dia de aula. Além disso, queria que meus dias na faculdade fossem divertidos e agradáveis.
Não havia motivo para eu me tornar o centro das atenções, os outros alunos só queriam me provocar.
Então, decidi me manter de boca fechada. Assim, deixei que eles me evitassem como se eu tivesse alguma doença infecciosa.
A aula começou e eu escutei seriamente o que o professor estava ensinando. Quando eu olhava para os outros, todos pareciam desatentos e ignoravam as questões trazidas pelo professor, só eu de fato estava prestando atenção.
Alguns até jogavam no celular, conversando ou até mesmo comendo. Naquele momento eu senti como se fosse a única aluna da classe.
Em seguida, eu olhei para o professor, ele não demonstrava se importar... bom, ele se importava, porém não podia ir contra aquelas pessoas, especialmente porque seus pais pagavam o salário dele. De maneira que o professor se acostumou com aqueles hábitos e aprendeu a não lhes dar atenção. Ele se concentrava apenas em ensinar, independentemente se alguém o escutava ou não.
Soltei mais um suspiro, aquilo tudo era bem diferente do que eu imaginava.
Quando o sinal tocou, o professor se despediu da turma e eu respondi ao seu cumprimento, logo depois fui embora do campus. Embora alguns alunos ainda me observassem, por simplesmente ignorá-los, mas eu não me importava.
Eu só tinha uma coisa em mente: Voltar para casa e procurar um novo emprego. O dinheiro já estava ficando escasso e precisava pagar a mensalidade da escola do meu irmão.
...
Enquanto eu voltava para casa, tive a impressão de ouvir um gemido ao longe, então franzi as sobrancelhas, intrigada. Eu conhecia aquele velho ditado: ‘A curiosidade matou o gato’, contudo, isso não me impediu e eu segui o som.
Pouco tempo depois, eu estava em um beco escuro e para a minha surpresa, encontrei um lobo com o pelo preto que choramingava no canto da parede. Apesar do pelo escuro pude ver que estava coberto de sangue e todo seu corpo estava tomado por hematomas.
Com apenas uma breve análise, pude deduzir que esse lobo sofreu muito.
No mesmo instante, eu fiquei furiosa com quem tinha feito aquilo com o lobo. Mas, por algum motivo eu não me senti desconfortável quando o segurei, embora eu tivesse desenvolvido uma aversão aos lobos, além de temê-los.
Quando o lobo preto sentia a presença de alguém, ele levantava a cabeça em alerta e ao me ver ele fez menção de recuar.
Mas, me surpreendi quando o vi choramingando e caminhando na minha direção, apenas dos ferimentos graves.
Meu coração se acalmou quando notei como o filhote era fofo, mas de repente, ele ficou paralisado no lugar e todo seu pelo se eriçou, como se tivesse visto algo assustador.
Em seguida, eu resolvi olhar para onde ele fitava e me deparei com vários lobos atrás de mim, encarando o lobinho preto.
Eu dei um passo à frente para esconder o filhote atrás de mim, enquanto encarava os três lobos que pareciam ter um plano perverso em mente. Ao ver suas garras afiadas, não me demorei e saquei minha arma. Era uma adaga bem afiada e especial, a qual podia ser útil contra lobisomens, mas apenas com lobos comuns, o artefato não funcionaria com lobos de alto nível.
Por causa dos traumas que minha mãe deixou em mim, eu passei a carregar essa adaga comigo, aonde quer que eu vá. Por um segundo, isso me fez refletir em como o mundo era perigoso.
“Senhorita, você deveria se afastar e entregar esse lobo atrás você.” Um dos lobos falou, olhando-me com um sorriso, porém por trás daquele sorriso se escondiam milhares de malícias que rondavam sua mente.
“Não.” Eu ri em resposta.
Ao ouvir minha resposta, eles ficaram com raiva e rosnaram vindo em minha direção. Eles estavam prestes a me atacar com as garras, mas eu consegui chutar um dos lobos com todas as minhas forças. O lobo voou por alguns metros e seu corpo se chocou contra a parede.
Com o baque surdo eu pude escutar seus osso se quebrarem, mas não me importei.
Eu era fraca na frente da minha mãe, mas na frente dos outros eu era forte, especialmente quando se tratava de lobos comuns, eu conseguia lidar com eles. Ao contrário daquele lobo que tentou me est*prar, ainda bem que ele não insistiu, afinal, ele era bem mais forte do que eu.
Os outros lobos me encararam com os olhos arregalados.
Então, eu os fitei friamente. “Se vocês não desaparecerem da minha frente, vão receber o mesmo tratamento.”
Ao notar que a ameaça surtiu efeito, deixei escapar um sorriso, satisfeita.
Depois, olhei para o lobo preto, repleto de feridas. Quando fui tocá-lo para examinar os ferimentos, de repente, os trigêmeos apareceram na minha frente.
No mesmo instante, meus olhos se arregalaram, eu ainda empunhava minha adaga, contudo, um deles me prendeu no chão. As garras prendiam a mão que segurava a adaga.
Então, senti que aqueles três lobos não tinham nada de comum, assim como os outros lobos que eu persegui. Eles eram bem mais altos... Acho que eram ainda mais altos do que a minha mãe e aquele homem.
O que os tornava mais perigosos!
“O-o que você está fazendo?” Enfim tomei coragem para indagá-los, encarando o pelo prateado que quase me cegava.
O lobo semicerrou os olhos e já se preparava para me derrubar, quando escutou a voz dos outros dois lobos.
“Deixe-a ir. O lobo negro está sempre desperto. Vamos embora.” O lobisomem que falou isso tinha uma voz profunda e cavernosa.
O outro permaneceu em silêncio, mas pude ver uma expressão que queria dizer: ‘Não se atreva a me incomodar.’
Quando o lobisomem que me prendia no chão escutou essas palavras, ele me soltou com certa relutância, enquanto levavam o lobo de pelagem preta com eles.
Fiquei aonde estava, observando a direção em que eles foram. Em seguida, bufei enquanto me levantava, limpando a poeira das minhas roupas.
Ao menos eles não tinha feito nada comigo, o que era bom. Mas, aquilo tinha sido muito assustador!