Capítulo 4
963palavras
2023-05-24 10:21
PONTO DE VISTA DA YUNIFER
Uma semana se passou, as cenas que presenciei com os trigêmeos lobisomens já tinham desaparecido da minha mente.
Então, depois que deixei o meu irmão na escola, também fui para a aula.
Enquanto eu caminhava, me deparei com um cartaz colado no quadro de avisos, o qual me fez parar quando o vi.
[Arena de Luta de Rua! Convidamos humanos poderosos ou lobos! Os prêmios para os campeões chegam a cem mil em dinheiro! Para cada vez que você ganhar, o prêmio será de trinta mil! O local de amanhã será no Dark Alley! Até lá, lutadores!]
Meus olhos brilharam de alegria quando vi o prêmio para cada luta ganha.
Aquele cartaz era para mim! Nos últimos anos, em que morei com a minha mãe, criei o hábito de praticar boxe. Todas as vezes que a mamãe saía, eu treinava sozinha, só tendo o apoio do livro de referência com os movimentos.
Então, depois de ter saído daquela casa, comecei a fortalecer ainda mais meus músculos. Eu me habituei a trainar todos os dias para proteger meu irmão e não deixá-lo em perigo.
Olhei novamente para o cartaz e deixei escapar um riso sutil de satisfação, pois não precisaria mais encontrar um trabalho de meio período.
Assim, de bom humor, segui meu caminho até a universidade, onde iniciei meus estudos.
No entanto, quando cheguei no campus, vários grupos de alunos começaram a cochichar, falando em sussurros nas minhas costas, alguns até me encaravam com um olhar zombeteiro.
Naquele momento tive vontade de dizer a todos eles que eu podia escutar as besteiras que falavam, mas decidi apenas ignorar.
Mas, esqueci de falar o que aconteceu, este era o meu novo inferno. Desde o primeiro dia, recebi diversas zombarias por causa da minha origem, aparência, modo de agir e porque não tive uma educação formal. Afinal, eu sempre estudei por conta própria e por algum motivo acharam que isso seria motivo para me zoar. Mas, não sem antes descobrirem além de autodidata, as minhas notas eram melhores do as deles, aumentando o desprezo que tinham por mim.
“Esta é a primeira vez que vejo tão maltrapilho entrar nesta universidade. Ela não sabe da excelente reputação que temos em todo o país? Como ela pode se vestir desta maneira... ela está tentando acabar com a universidade?” Uma das alunas murmurou, quando meu lançou um olhar de soslaio e continuava a sussurrar para sua amiga.
“Ela é a nerd da escola ou algo assim? Ouvi dizer que ela é estudiosa!” Outro aluno exclamou enquanto me observava.
“Ela parece um patinho feio. Talvez ela tenha trapaceado para conseguir a bolsa, já que não estudou a vida inteira, não é? Pfft...” Outra voz comentou, assim eu me tornei assunto do campus, já no primeiro dia de aula, depois constatarem que eu não me vestia apropriadamente.
Mas, aliás, o que eu deveria vestir além de uma camiseta simples e jeans? Eu precisava me vestir de maneira atraente como se estivesse indo para uma festa?
Mesmo sem olhar para os outros alunos, eu podia sentir os olhares cheio de desprezo e desdém em cima de mim.
Mas, depois de escutar aquele comentário, apenas revirei os olhos e nem me preocupei em responder, ao invés disso segui para a aula.
Contudo, eu tive que seguir meu caminho com aqueles comentários odiosos, porém minha atitude foi agir como se fosse surda, não ouvi ou respondi nenhuma daquelas palavras.
Apertei os lábios e decidi voltar para a sala de aula, tentando não pensar muito nisso tudo.
Na verdade, eu tinha conseguido passar para o primeiro ano da faculdade, por causa da minha inteligência, mesmo estudando sozinha. Além disso, tinha convencido meu irmão, Asher, a ir para a escola nova, a princípio tive dificuldade para convencê-lo, pois ele não queria se separar de mim, mas no fim ele aceitou e foi para a aula.
Como era o meu primeiro dia de aula, eu vesti minha camisa branca e a calça jeans combinando com meus sapatos pretos. Não tinha o uniforme da universidade, então teria que usar isso por enquanto.
Eu estava meio nervosa, mas ao mesmo tempo animada por estar frequentando a faculdade. Ninguém podia me impedir ou abusar, além disso as palavras cruéis não me assombrariam mais.
Então, respirei fundo quando entrei em um corredor e por acaso eu estava na Seção A. Eu estava esperançosa para fazer amigos.
Porém, quando eu entrei na sala de aula, todos me encararam. Alguns alunos riram no instante que me viram.
O professor olhou para mim e disse calmamente: “Por favor, apresente-se para a turma.”
Eu sorri e olhei para meus colegas e me apresentei.
“Meu nome é Yunifer Sarmiento, tenho dezoito anos eu sou nova aqui e adoraria conhecê-los melhor!” Eu falei educadamente com um sorriso no rosto.
Depois que me apresentei, a sala toda ficou em um silêncio estranhos. Eu os olhei e soltei um suspiro pesado, esperava que ao menos eles esboçassem alguma reação ao algo assim, mas ninguém fez nada. Ao invés disso, o restante da turma desviou o olhar, como se não quisessem se associar a mim.
Não pude conter o desapontamento. Óbvio que eu já esperava ter que me apresentar, também queria fazer amigos e me dar bem com os colegas de turma, porém eu estava enganada.
Mesmo que ninguém falasse, também tinha a sensação de que todos ignoravam minha presença. Mas, o pior era saber que eles me tratavam como seu eu fosse um nada.
Então, deixei escapar uma risada falsa e falei de novo: “É um prazer conhecer todos vocês.”
No entanto, assim como antes, não vi nenhuma reação e suspirei mais uma vez.
Assim, o professor desistiu da ideia de continuar minha apresentação e pediu para que eu fosse para meu lugar.