Kaira dirige até a casa da sua família sem se importar com nada, ela vai o tempo todo se preparando mentalmente para as ofensas psicólogas e talvez físicas que seu pai vai tentar fazer contra ela, mas naquele momento nada importa ela quer apenas esclarecer as coisas. Ela estaciona na frente, caminha até a porta e suspira tomando coragem antes de tocar a campainha.
– O que você faz aqui? – Questiona seu pai irritado ao vê-la.
– Eu preciso falar com a minha irmã, pode chamá-la?
– Ela não está, saiu para jantar com o namorado!
– Em qual lugar?
– Você vai importuná-la? Por que você não deixa a sua irmã em paz, não é suficiente o que você fez ela passar? Eu tentei criar uma mulher e não uma puta como você!
– Um dia o senhor irá se arrepender por me tratar assim, eu nunca fui essa pessoa que falam por aí. Eu dediquei a minha vida a estudar e fazer tudo certo e nunca foi o suficiente, você nunca teve amor por mim.
– Vai começar com o drama que eu só amo a Norabel? Ela é minha princesa, engraçado que nunca falaram nada sobre ela, você ainda insiste em dizer que é uma mulher decente? Toma vergonha na sua cara Kaira, você é uma mulher adulta. Eu sinto vergonha de andar na rua, por causa de você!
– Eu sinto vergonha de ser a tua filha, você está me acusando pelo que Norabel passou, sendo que foi você que em entregou para eles. Não acha curioso, que a menina que acabou de sofrer um trauma está namorando por aí, é no mínimo estranho, não acha? – Ela sente um tapa atingir seu rosto.
– Não se atreva a abrir a boca para falar da minha princesa, o namorado dela está cuidando-a, ele a salvou das mãos daquele doente, que você ficou abrindo as pernas. Adolph é um homem gentil e levou ela ao seu restaurante preferido, depois daquele infeliz ter encostado uma arma na cabeça da minha princesinha, eu ainda vou matá-lo. – Kaira fica surpresa ao ouvir aquilo.
– O Sr. Schneider esteve aqui?
– Você é tão dissimulada, eu não sei o que você fez para aquele doente, para ele ficar obcecado por Norabel, mas trate de resolver, sua vadia imunda, graças a Deus a tua mãe morreu, se bem que ela era uma puta como você. – Ao ouvir aquilo, Kaira perde o controle e dá um tapa no rosto do seu pai, deixando-o sem reação, Magdalena observou a cena perplexa ao entrar na sala.
– Você é um monstro, nunca mais se atreva a abrir essa boca imunda para falar da minha mãe, porque você que não vale nada, você me drogou e me entregou para um desconhecido, você não pode ser chamado de pai e por mim você estaria morto no lugar dela. – Diz ela saindo batendo a porta.
– Vá atrás dela e ensine uma lição para essa vagabunda, quem ela pensa que é para bater em você? Eu juro, Caio, que vou arrancar os cabelos dela, vá e ensine uma lição para ela. – Grita Magdalena, Caio volta a si e abre a porta, mas tudo que ele vê é Kaira saindo da propriedade em seu carro.
– Droga, eu vou te matar vagabunda. – Grita ele cheio de raiva, ele entra em casa e observa o olhar de ódio da Magdalena.
– Eu não quero mais essa vagabunda dentro da minha casa, você está entendendo Caio? Nunca mais, ou eu me separo de você!
– Não se preocupe meu amor, eu mato-a antes dela voltar a pisar nessa casa.
Kaira dirige direto para o restaurante que é o preferido da sua irmã, ela entra e procura em todas às mesas e não encontra eles, ela está cheia de raiva naquele momento, quando ela vai sair, ela sente uma mão agarrar o seu braço, ela vira-se e encara Flinn.
– Por Deus Flinn, eu não tenho tempo para isso, me deixa em paz. – Diz ela soltando seu braço.
– Kaira, eu estou de partida, voltarei para Londres, mas acho que você deve saber tudo que descobri. – Ela encara-o curiosa. – Por favor, venha e sente-se comigo. – Ela decide acompanhá-lo. – Quer comer algo?
– Não, obrigada. Estou um pouco enjoada.
– Eu estava aqui pelo motivo errado, vamos ser sinceros, eu queria aproveitar um pouco com você, pelo tempo investido. – Kaira bebe sua água, tentando controlar o seu nojo naquele momento.
– Resumindo, queria transar com a garotinha virgem. – Diz ela com desdém.
– Também, mas eu vim mesmo, porque não gosto de ser rejeitado e você com esse teu jeitinho toda certinha, mexia comigo, mas você caiu no papo do idiota do advogado do seu marido, eu esperava mais.
– Se é sobre isso que você quer falar, não perca seu tempo! – Diz ela levantando-se.
– Kaira, sente-se, vou só te atualizar sobre o teu processo e agradeça, estou sendo gentil, porque sinceramente, não vale o esforço. – Kaira está enojada naquele momento, mas decide escutá-lo e senta-se novamente.
– Certo, o que tem para me falar?
– Você não está casada com ninguém, eu procurei em tudo que é lugar pelo seu nome e nome do seu marido, mas não achei nada, talvez seja por isso que o teu processo não anda, pois não existe.
– Como é? – Questiona ela perplexa. – Eu vi o contrato de casamento!
– Um contrato difere de uma certidão, há a possibilidade dele estar pagando muito dinheiro para ocultar todos os registros, só vai me convencer que essa cidade é bem corrupta, mas pode acontecer. Mas acredito na primeira opção, que você não está casada. – Ela pega a dose de whisky na mesa e toma um gole, tentando se acalmar.
– Eu não estou acreditando nisso, isso é insano. Você está brincando comigo?
– Não, eu não estou, você só fez papel de boba esse tempo todo. – Kaira não diz nada, ela levanta-se e vai para o seu carro, ela começa a dirigir sem rumo tentando assimilar tudo que está acontecendo nos últimos dias.
Ela não consegue deixar de chorar com tudo aquilo, nos últimos dias nada deu certo na sua vida, ela está descobrindo que por todo esse tempo, ela esteve envolvida numa rede de mentiras que mudou toda a sua vida, quando ela se dá conta, ela percebe que está estacionada em frente a casa do centro, ela entra e vai direto para o quarto do Levi, ela abre a porta e encara a cama bagunçada, mas não encontra ninguém ali, ela se deita na cama dele e chora abraçada em um travesseiro, ela está em choque com tudo que está descobrindo.