Capítulo 97
1713palavras
2023-05-18 20:11
Ponto de vista do Damian.
O fato de saber que eu estava indo para uma emboscada não me deixou com medo, o Carlos foi muito esperto ao pensar em rastrear o esconderijo deles, isso me deixou um passo à frente, eu fiquei tão perdido sem minha menina, sabendo que ela está tendo que passar por tudo isso por minha culpa, que não estava se quer conseguindo raciocinar direito. Entrei na estrada de terra, já sabendo que essa era a única entrada e saída do cativeiro da minha menina e que a essa altura eles já tinham me visto chegar e provavelmente já estavam me aguardando lá dentro. O Carlos foi muito calculista com tudo, e claro a ajuda do Radie foi fundamental para rastrearmos o celular da Patrícia, agradeço pelo fato dela ser burra o bastante para utilizar o próprio celular para me ligar ao invés de um descartável, isso também ajudou muito.
Paro o carro em frente a uma cabana de madeira grande e velha, desço do carro que estacionei a poucos passos da entrada e subo os poucos degraus da escada que dava em uma varanda pequena. A madeira range debaixo dos meus pés com o peso do meu corpo, paro de frente para uma porta que mesmo sendo muito velha me parece ser bem resistente. Giro a maçaneta e constato o óbvio! A porta está trancada. Forço a porta com toda a minha força, mas ela não abre, ouço uma movimentação vindo de dentro da cabana.

- Por que essa porra de porta não abre? – Eu gritei enquanto girava a maçaneta desesperadamente. Parece incrível, mas o fato de estar aqui tão próximo da minha menina só faz a saudade aumentar ainda mais, a minha raiva estava cada vez maior, a frustração estava me sufocando cada vez mais, começo a andar de um lado para o outro desesperadamente até que sinto que não consigo mais respirar, preciso da minha menina, preciso ao menos ver que ela está bem, ter certeza que ela está viva. Eu preciso dela! Paro mais uma vez em frente a porta, respiro fundo, e com toda minha força chuto a porta fazendo assim a fechadura se quebrar e a porta abrir de uma só vez. Ao entrar na casa a passos largos já entro dentro de um cômodo vazio exceto por uma mesa com duas cadeiras em um canto, uma tevê antiga sobre um criado mudo e um sofá rasgado com um travesseiro e um cobertor. O cômodo era escuro, desacelerei meus passos e apertei meus olhos para eles se acostumarem com a escuridão e foi então que eu vi, a cena mais assustadora que vi na minha vida que fez meu coração doer como se ele estivesse sendo arrancado do meu peito, a apenas alguns passos de mim, no centro do cômodo estava minha menina. Ela estava ajoelhada no chão, os pulsos estavam amarrados e com feridas visíveis, os olhos doces dela estavam inchados e vermelhos, seu rosto delicado agora estava vermelho e marcado, havia cortes nos seus lábios e sobrancelhas, ela ainda estava usando as mesmas roupas sujas e rasgadas do dia do acidente, o cabelo estava desgrenhado e sujo, uma fita cinza cobria sua boca e lágrimas escorriam dos seus olhos, ver ela assim partiu meu coração de formas que eu nunca imaginei que seria possível. Do lado esquerdo dela estava a patrícia, me assustei à vela depois de tanto tempo, ela costumava ser tão bonita, mas, agora marcada pela raiva e vingança ela parecia mais com um monstro com um sorriso perverso estampado no rosto, sua mão esquerda estava na cintura e seu braço esquerdo estava pendurado ao lado do corpo com uma arma na mão. Ao lado esquerdo estava a Sara, ela estava virada de frente para minha menina e ela também tinha uma arma na mão, porém a dela estava apontada para a cabeça da Maria.
- Eu já sabia que você era louco por ela. – O sorriso da patrícia ficou ainda maior. – Mas vir atrás dela sozinho não foi loucura, foi burrice!
- Deixa ela ir! – Falei levantando as mãos para o alto para mostrar que eu estava desarmado e dando pequenos passos em direção a elas.
- Fica parado aí! – A Sara gritou, mas eu continuei andando lentamente. – Eu estou avisando! – E então ela engatilhou a arma me fazendo congelar onde eu estava.
- É a mim que vocês querem! Deixa ela ir e eu fico no lugar dela.
- Você está errado queridinho. – A patrícia girou o corpo ficando de frente pra Maria, depois ela levantou o braço e apontou a arma para a cabeça da minha menina. – Não queremos você! Oque nós queremos é ver você sofrer, o que queremos é destruir a sua vida do mesmo jeito que vc destruiu a nossa.

Dei um passo para a frente, a única ideia que eu tinha até o momento era de tentar persuadi-la, tentar convencer a ela que isso tudo seria um grande erro, eu precisava convencer ela a desistir antes que ela machuque a minha menina, mas, eu nem consegui abrir a minha boca, por que antes mesmo de tentar eu fui atingindo por algo nas costas. O impacto inesperado foi muito forte me fazendo cair com meus joelhos e mãos no chão.
- O herói chegou!! – O homem que me atingiu disse em tom de deboche, e apenas pela voz dele eu já sabia que era ele o cumplice da patrícia no dia do acidente. – Não via a hora de nos encontrarmos de novo playboyzinho!
- Eu conheço você? – Ouvi a gargalhada dele, e logo depois senti outra pancada nas costas me derrubando por completo no chão.
- Claro que me conhece. – Ouço os passos dele me rondando até parar na minha frente, levantei meus olhos e então eu reconheci o homem que mandei para o hospital anos atrás. – Ou não se lembra mais de mim? Assim você me deixa triste!

- Acho que não deve ser alguém que valha a pena ser lembrado. Pelo contrário eu me lembraria de você! Sou muito bom com rostos de quem é importante. – Falei sarcasticamente enquanto tentava reerguer meu corpo usando minhas mãos. Eu estava sentindo uma dor em nível bem alto, mas, ao ver os olhos apavorados e desesperados da minha menina consegui ignorar a dor e juntar forças para me sentar nos meus joelhos. – Aliás, quem é você mesmo? – Lancei um sorriso sarcástico enquanto via a raiva e ódio dele aumentarem cada vez mais.
- Você gosta de fazer piadinhas? – Dito isso ele levantou o joelho acertando em cheio o meu rosto, senti o gosto de sangue na minha boca, levei meu dedo até meu lábio e olhei para ele vendo o sangue que vinha dela. – Seu babaca!!
- Está bom, você parece alguém com bastante raiva de mim! – Resolvi fazer um pouco de raiva nele, mesmo sabendo que não poderia revidar aos ataques dele. – Eu já te dei um fora alguma vez?
- OQUE??
- Elas duas estão fazendo isso por vingança, por que eu troquei elas pela Maria. – Falei apontando para Sara e para a patrícia. – Mas de você eu não me lembro.
- Seu imbecil! – Ele me acertou um murro no rosto. – Eu vou acabar com a sua raça! – Ele estava furioso, me acertou outro soco no rosto e depois um chute no estomago me fazendo encolher de dor.
- Agora me lembro de você! – Falei me ajoelhando com a mão na barriga por conta da dor. – Você é o ex que bate igual mulherzinha!
- Seu... seu... cretino! Estupido! – Ele me acertou um chute na costela e outro no rosto, senti algo quente escorrer pela minha sobrancelha e descer pelo meu rosto.
- CHEGA!! – Ele parou como um cachorrinho seguindo as ordens da patrícia, ele estava bufando de raiva, mas mesmo assim se controlou. – Querido... – Ela veio até nos, colocando a arma no bolso, quando ela se aproximou o suficiente dele ela se pendurou em seu pescoço. – Esse não é o combinado lembra? – Ela passou a mão pelo rosto dele, era possível ver a respiração dele se regularizando com o toque dela.
- Você está certa! – Ele se virou de frente para ela e então a beijou com força e desejo, a cena toda a minha frente me fez ficar enjoado. Depois de um tempo eles se separaram e ela se virou novamente para minha menina, ela caminhou a passos largos até ela e então arrancou a fita adesiva da boca dela de uma só vez fazendo com que minha menina gemesse de dor.
- Se despede vadia! – Ela disse enquanto empunhava mais uma vez a arma.
- Damian... – Minha menina falou desesperada, sua voz estava tão fraca e tremula. O lábio dela estava sangrando e sem a fita era possível ver ainda mais feridas em seu rosto. – Por que vc veio? Oque vc está fazendo aqui? E por que? Por que vc não está reagindo? Faz alguma coisa por favor! Não quero que eles machuquem você!! Por favor? – O desespero estava claro no seu rosto pálido e ver ela assim estava me destruindo.
- Calma! Eu vou te tirar daqui! – Tentei tranquilizá-la mesmo eu mesmo estando apavorado. – Confia em mim.
- Você não vai não! – A Patrícia estava mesmo disposta a qualquer coisa. O homem deu as costas para mim, a adrenalina começou a percorrer meu corpo, eu estava suando frio, essa era a hora ideal, eu já não podia esperar mais, era agora ou nunca. Me levantei depressa, em um movimento rápido levei minha mão na parte de trás da minha cintura pegando minha arma e apontando para a cabeça dele, pelo canto do olho vi a cara de surpresa da patrícia e da Sara. O homem se virou de frente para mim ao me ouvir engatilhando a arma.
- PORRAAAA!! Ninguém revistou ele? – Ele falava furioso enquanto olhava fixamente para a ponta do cano.
- É melhor não bancar o engraçadinho Damian, eu ainda tenho a vantagem. – A Patrícia falou sem vacilar.
- Não tem mais!