Capítulo 90
1867palavras
2023-05-18 20:06
Ponto de vista da Maria.
Estou deitada no chão, encolhida no meu canto, olhando pro outro lado do comodo vejo os ratos andando de um lado pro outro, olhando eles me vem o pensamento de como a Ana estaria gritando se ela estivesse aqui, como eu sinto saudades de todo mundo. O frio parece que está cortando minha pele, olho em volta mais uma vez em busca de algo que eu possa usar pra me aquecer mas, mais uma vez não encontro nada, minha cabeça está doendo mais que o normal dos últimos dias, minha perna tem um corte fundo que está inflamando cada vez mais. Ouço o Luan e Patricia discutindo no andar de cima, eles estão andando de um lado pro outro com passos pesados, ouço a Patrícia gritar e logo em seguida escuto um barulho alto de alguma coisa se estilhaçando, escuto a porta lá de cima bater e depois passos pesados descendo as escadas, alguém está indo pra cá! Merda! O medo estava me consumindo cada vez mais, eu não parava de pensar na minha filha, ela não pode ficar sem mãe, ela é tão pequena e tão apegada a mim, e eu, eu amo tanto minha pequena, sem contar que o Damian ainda nem sabe que ele é o pai dela, eu sei que a Ana e o Carlos irão cuidar muito bem dela, mas, eu quero tanto ver minha filha crescer, quero ver ela indo pra escola, quero ver a formatura dela, ela virar uma mulher forte e independente, eu quero mais que tudo está ao lado dela em cada etapa da vida dela, quero ter a chance de dar apoio a ela, quero ter a chance de consolar ela quando ela tiver alguma desilusão, eu só quero estar com ela. A porta do lugar onde estou se abre de repente e a claridade faz meus olhos queimarem.
- Trouxe comida. - O Luan falou rápido, ele não estava mais usando a touca que ele usava para esconder o rosto.

- Estou sem fome. - Me virei pro lado oposto dele, não queria encará-lo, depois que eu terminei com ele, no dia que o Damian me defendia das ameaças dele eu nunca mais o vi. Ele até tinha prometido se vingar, porém nunca pensei que ele iria fazer de fato.
- Não seja idiota Maria! Você não vê que se ficar sem comer vai ficar ainda mais fraca. - Ele caminhou até o canto onde eu estava sentada e se agachou de frente pra mim. - Você quer morrer aqui? Quer deixar a Luna órfã? - O medo percorreu por cada centímetro do meu corpo, então eles sabem dela? Ele colocou a mão no meu ombro e eu notei que a pele dele era muito mais fria do que antigamente.
- Vocês sabem dela? Como? - Eu falei assustada.
- Calma, ela não sabe, não deixei ela descobrir. - Me senti um pouco aliviada em saber, mesmo que eu não sobreviva ao menos a Luna vai ficar em segurança.
- Como você? Eu… - Eu mal conseguia falar de tanto chorar. - Porque? Porque Luan? O'Que eu te fiz? E como você descobriu a minha filha? Me fala! Porque você tá fazendo isso comigo? - Ele me olhou e por frações de segundo eu pensei ver arrependimento nos olhos dele, mas, logo depois ele endureceu o rosto e se levantou bruscamente.
- Por que? Porque você partiu o meu coração quando me deixou por aquele idiota! Você nunca notou mas eu era completamente apaixonado por você Maria, eu era louco com você, e você? Você não dava a mínima pra mim, você era fria, sempre me negando amor e carinho. Ai como se fosse pouco todo o seu desprezo, ainda vem aquele desgraçado me tirar o pouco de você que eu tinha! Isso depois de me dar uma surra é claro. Eu te disse que eu iria me vingar, eu avisei que iria acabar com vocês dois, então, porquê da sua surpresa? - Ele estava muito alterado, a raiva era visível nos olhos dele e ele andava de um lado pro outro sem parar. - DROGA! - Ele gritou e então se agachou novamente de frente a mim. - Por que você tinha que me deixar? Porque? Me fala, o que ele tem que eu não tenho?

- Me perdoa. Eu nunca quis te fazer mal, eu só não te amava e… - Tentei me explicar pra ele, eu realmente nunca quis que ele ficasse mal por minha causa, mas, ele também nunca demonstrou me amar, e ele também tem muita culpa pelo fim do nosso relacionamento.
- Você não entende né? Eu era louco com você, eu tinha medo de você me abandonar, de você me trocar, eu sabia que você não me amava mas sempre tive esperança de te conquistar de verdade, por isso eu te pressionava tanto. - Depois de dizer isso ele deu um longo suspiro e então se sentou ao meu lado. - Você deve estar com frio. - Fiz que sim com a cabeça e ele colocou a mão na minha testa. - Você está queimando em febre! Espera, vou pegar um remédio pra você!
- Não precisa. - Tentei falar alto, porém meu tom de voz estava mais fraco do que eu pensei, meu corpo estava mesmo fraco e trêmulo e o frio que eu estava sentindo estava mesmo fora do normal.
- Só cala a boca e fica quieta. Já voltou e por favor não tente nenhuma gracinha tá. - Dito isso ele saiu apressado escadaria acima, olho pelo caminho que ele seguiu e noto que a porta ficou aberta.

- Talvez se eu for muito rápido eu consiga fugir. - Falo baixinho comigo mesmo. Tento me levantar mas sinto a minha perna machucada queimar, antes mesmo da minha segunda tentativa o Luan entra dentro do cômodo correndo, ele tinha nas mãos um copo de água, uma caixa de analgésicos e um cobertor.
- Foi a única coisa que eu achei. - Ele falou me dando o copo de água e depois um analgésico. Depois que tomei o remédio coloquei o copo ao meu lado e me enchi novamente, o Luan se aproximou de mim e jogou o cobertor por cima de mim.
- Obrigado!
- Tanto faz, não me ajuda em nada você morrer congelada.
- Posso te fazer uma pergunta? - Falei com a voz baixa, ele me olhou e ergueu uma sobrancelha.
- Fala. - Ele disse por fim depois de alguns instantes me encarando.
- Como você e a Patrícia se conheceram? - Senti ele ficar mais tenso depois da minha pergunta, um silêncio perturbador se instalou no cômodo e quando eu ia abrir minha boca pra dizer que não precisava mais me responder ele começou a falar.
- Eu te vigiei por um bom tempo depois daquele dia, eu seguia você sempre, conhecia sua rotina e todas as pessoas da sua vida, sabia tudo da sua vida. É engraçado pensar nisso, sabe, como eu era obcecado por você. Bom um dia eu te segui até a empresa dele, e teve uma discussão entre vocês e a A Patricia estava caída no chão, você foi embora e ele claro, foi atrás de você, bom naquele momento eu sabia que ela seria uma forte aliada pra mim, eu tava com tanta raiva que queria mais que tudo acabar com vocês dois, mas, depois de um tempo eu acabei me apaixonando por ela acredita? De verdade!
- Nossa. - Eu estava sentada ao lado dele olhando pra frente, estava encostada na parede e abraçando o meu próprio corpo pra tentar me aquecer mais rápido.
- É, não vou negar que no começo eu estava só usando ela e toda a raiva dela, mas depois de um tempo eu passei a gostar mesmo dela. Bom, ela planejou o ataque a sua casa e a morte dos seus pais sozinha, eu juro pra você que eu não participei de nada disso, quando me apaixonei por ela eu acabei esquecendo você e também o ódio que eu sentia, mas claro ainda queria que vocês dois se separam, então eu ajudei a Ana a Procurar por você.
- Vocês estavam me procurando?
-Sim, eu sabia onde você estava, mas, você não estava com ele certo? Então não me importei muito, sabia que mais hora menos hora você voltaria pra casa, voltaria pra ele. A parte da sua filha eu nunca contei pra ela, se ela soubesse ela já teria ido atrás de você em Nova York mesmo e matado a garotinha.
- Ela faria mesmo isso? - Eu não consigo imaginar ela fazendo isso com a Luna, sei oque ela fez com os meus pais e comigo mas, a Luna? É só uma bebezinha.
- Você não sabe oque ela é capaz de fazer pra ver você e ele sofrerem. Ela se tornou um monstro, por mais raiva que eu sentia de você eu não imaginei que isso – Ele circulou o dedo no ar. - Chegaria tão longe.
- Então porque você tá ajudando ela? - Maldita boca essa minha.
- Por que eu quero ficar com ela, e prometi não deixar ela sozinha. - Ele tinha cinseridade no olhar, ele parecia realmente gostar dela. - E pra ser honesto, eu ainda odeio aquele maldito! E eu planejo ver ele sofrer muito por tudo que ele fez a Patrícia e a mim, eu quero que ele sofra tanto que ele chegue a implorar pra gente matar ele, vou tentar convencer a Patricia a não te matar, mas não posso garantir nada. - A fisionomia dele mudou rapidamente, o rosto dele endureceu, o olhar dele ficou escuro, ele fechou as mãos em punho e se levantou rápido.
- Luan? - Eu o chamei, ele me encarou por um curto tempo antes de falar.
- Se comporte tá bom, e pode ficar tranquila, não vou deixar ela saber da Luna.
- Por favor? - Luan ? - Antes que eu terminasse de falar e implorar a ajuda do Luan pra escapar a Ana entrou no cômodo.
- Que porra é essa Luan? - Ela lançou um olhar furioso pra ele, e depois pra mim. - Tá achando que ele vai te ajudar? Não se iluda querida. - Ela foi até ele e se pendurou no pescoço dele. - Amor, quero te apresentar uma pessoa. - Ele olhou confuso pra ela, e eu me encolhi ainda mais no meu lugar. Se tinha alguém junto dela ali, não era uma pessoa boa. Olhei em direção a porta e vi uma mulher muito bonita, apertei os olhos pra tentar enxergar melhor a mulher que agora já estava dentro do cômodo e ao lado da Ana e do Luan, olhar os três juntos me fez sentir um frio na minha espinha, a sensação de que toda minha situação agora estava ainda pior. A mulher que agora olhando de perto me parece muito familiar me olhava de cima embaixo com um olhar de desprezo.
- Olá Maria, lembra de mim? - Ela me deu um sorriso cínico. - Meu nome é Sara, e nós duas temos muito oque resolver.
- Merda!