Capítulo 89
2031palavras
2023-05-18 20:05
Ponto de vista do Carlos.
Passei a noite em claro pensando em como agir, já tive algumas ideias porém preciso pensar exatamente no que fazer e em quem eu posso contar, não são muito boas as minhas opções e com certeza vai ser bem difícil enganar essa tal de Patrícia sem contar que pelo que o Damian se lembra ela tem um cúmplice. Me levanto logo cedo pela manhã e vou pra cozinha fazer café, eu sou o tipo de pessoa que não funciona bem antes de tomar logo umas quatro xícaras de café pela manhã, eu voltei pra minha antiga casa, ela é grande e tem muito espaço paras as meninas brincarem, assim que chego na cozinha vejo a Ana já preparando o nosso café.
- Bom dia Carlos. - Ela fala ainda de costas pra mim.
- Bom dia.
- Não consegui dormir nada essa noite, tô tão preocupada com a Maria, será que ela está bem? Eu estou rezando pra gente encontrar ela o mais rápido possível, mas, parece que nada acontece. - Pela voz da Ana pude perceber que ela está tão frustrada quanto eu.
- Eu também não dormi muito essa noite. - Falei me sentando no banco da cozinha. - A polícia parece não estar fazendo nada!
- Eu estou tão preocupada, e a Luna tá sentindo falta da mãe, essa noite ela chamou por ela enquanto dormia, acredita? Ver isso partiu o meu coração. E o Josiano também ligou ontem, ele quer saber notícias da Maria, e também me liberou pra ficar aqui pelo tempo que for necessário.
- Isso é bom, a Mari precisa de você com a Luna e pra ser sincero eu não consigo encarar tudo isso sozinho. - Ela me serviu uma xícara de café e depois serviu também. - O Damian não pode sair do hospital ainda, ele precisa de pelo menos mais uma semana no hospital, por garantia. O trauma dele foi grave e apesar dele estar se recuperando tão bem eu tenho medo de aparecer uma futura sequela.
- Aposto que vai ser difícil de segurar ele mais tempo, ele deve estar aflito. Ele é uma pessoa bem teimosa e decidida, ainda mais quando se trata da Maria.
- Ele parece mesmo gostar dela, né?
- Sim, eu sempre apoiei muito os dois, o relacionamento deles era um pouco confuso não posso negar, mas, eles eram tipo casal de livro sabe? - Ela tinha um sorriso bobo no rosto, ela realmente aprecia muito eles juntos. - A Maria sempre foi muito insegura, muito inocente, e o Damian, bom, ele sempre foi um cara de confiança e muito seguro do amor dele por ela, ele sempre fez declarações maravilhosas pra ela, sempre deixou claro os sentimento que ele tem por ela, quando eu vi aquelas fotos eu meio que passei a desacreditar no amor sabe?
- Por que você diz isso? - Eu fiquei curioso.
- Se tem alguém nesse mundo que demonstrou amor de verdade é o Damian. E quando eu vi as fotos dele com outra mulher eu pensei: “ Se o amor dele não era verdadeiro, de mais ninguém pode ser!”. Eu senti muita raiva dele por ter feito minha amiga sofrer, mas quando eu descobri que foi tudo uma armação eu pensei: “Merda! Eles parecem mesmo um casal de livros! ``. - Ela deu um sorriso amarelo pra mim. - Eu sei que você gosta dela, e eu sinto muito por isso, mas eu acho de verdade que depois de tudo que eles passaram eles merecem mesmo ficar juntos.
- Eu sei, e pra ser honesto, eu amo a Maria, eu amei ela desde o dia que a conheci, e talvez eu a ame até o fim da minha vida, mas, a minha única vontade é de ver ela feliz e por mais que eu deteste admitir ela só vai ser feliz com o homem que ela ama, no caso o Damian, e pelo que eu vejo dele ele realmente merece ela e ele com certeza ama muito ela também, o que me faz pensar em uma coisa séria.
- O que?
- Já tá na hora dele saber da Luna.
- Nossa, é verdade, Carlos, mas, será que eu devo contar? É melhor deixar a Maria fazer isso não acha?
- Infelizmente devemos pensar na possibilidade dela não ter essa chance. - Ela me olhou com um olhar triste, dizer essas palavras estava cortando o meu coração, mas por mais que eu esteja me agarrando a esperança de que ela esteja viva e bem eu também tenho que considerar a opção de que talvez ela não volte mais.
- Não diz isso, por favor. - Ela colocou as mãos no rosto e começou a chorar, sem pensar eu me levantei e fui até ela parando na sua frente, tirei as mãos dela do rosto e a fiz me olhar nos olhos.
- Acredite Ana, isso tá doendo muito em mim, mas, nós temos que considerar essa opção. - Ela escondeu o rosto no meu peito e eu a abracei. - Quer saber, esquece o que eu disse. - Ela me olhou confusa. - Não vamos perder a esperança, vamos nos dedicar a achar ela eu só… - Respirei fundo pra afastar as lágrimas que estavam se formando nos meus olhos, eu não queria chorar, na verdade, eu não podia chorar, eu tenho que ser forte, forte pela Ana, pelas meninas, até mesmo para ajudar o Damian, e principalmente tenho que ser forte para encontrar a Mari, ela precisa de mim. - Eu só preciso tomar mais café e pensar em alguma coisa. - Soltei a Ana e voltei ao meu lugar me servindo de mais uma xícara de café.
- Carlos? Você está pensando em alguma coisa? - Ela se sentou no banco do outro lado do balcão.
- Sim, mas, não tenho certeza se vai dar certo.
- Mas, e se der certo? Você consegue salvar a Maria?
- Sim, porém, se der errado a Maria morre, e todos os outros que tenho em mente também.
- É muito arriscado então. - Ela ficou pensativa por alguns instantes e depois ele me olhou e falou em bom tom.- Eu quero ajudar! - Ela falou confiante.
- Você vai ajudar cuidando das meninas. - Eu nunca colocaria a vida dela também em risco.
- Ela é minha amiga, você não tem o direito de não me deixar ajudar…
- E se essa porra toda der errado as meninas não teriam ninguém, quem cuidaria da sua filha? E da Luna se o pior acontecer com a Maria? - Eu falei firme com ela, não poderia deixar ela participar.
- Mas ela é minha melhor amiga…
- Você não vai e ponto! Agora vou me arrumar pra ir ao hospital, preciso ver como ele está. - Me levante e sai da cozinha antes dela ter a chance de dizer mais alguma coisa.
Ponto de vista do Damian.
Já tem pouco mais de uma hora que estou deitado na minha cama de hospital olhando pro teto, não sei o que fazer, me sinto tão impotente, tão inútil. Minha menina está presa em algum lugar desconhecido por minha causa, ela deve estar machucada e com medo.
- Haaa que ódio! - Falei socando a cama. Como a Patrícia foi capaz de fazer uma coisa dessas? E eu? O que eu posso fazer? Estou aqui nessa porra de hospital de pes e mãos atadas! Eu preciso pensar no que fazer, preciso achar uma solução rápida e lógica. Fico perdido em meus pensamentos até que ouço passos de alguém entrando no quarto.
- Como você está Damian? - O Dr. Carlos estava parado ao lado da cama com as mãos dentro dos bolsos do jaleco.
- Estou bem. - Falei seco com ele, sei que ele está me perguntando sobre minha saúde, mas, como ele pode me perguntar se estou bem sabendo que minha menina está desaparecida?
- Bom! O delegado responsável pela procura da Maria me ligou hoje, ainda não acharam nenhuma pista de onde ela está. - me virei para encará lo e então notei que ele estava tão abatido quanto eu.
- Inferno!! Eles são um bando de inúteis!! - Estava cada vez mais frustrado com a demora deles para encontrar minha menina.
- Eu sei!
- Carlos? Qual é a sua relação com a MINHA MENINA? - Coloquei bastante entonação nas últimas palavras pra deixar claro que ela é minha.
- Bom, acho que seria bom termos uma conversa, mas primeiro quero te contar o meu plano para localizarmos a Mari. - Mesmo sem gostar do fato de ele a chamar por apelido eu fiquei empolgado em saber que ele tinha um plano.
- Claro! - Me sentei na cama e me servi de um copo de água.
- Bom, porque vou precisar de você.
Depois de algumas horas conversando com o Carlos consegui perceber que ele é tão louco pela Maria quanto eu, por mais que eu esteja apavorado com a opção de perder ela para sempre eu não gosto da ideia de ter outro homem além de mim que seja completamente apaixonado por ele.
- Então é isso, o que você achou? - Ele estava sentado em uma poltrona ao lado da minha cama, ele estava inquieto enquanto me perguntava a minha opinião, pude ver pela forma que ele batia os dedos no joelho sem parar.
- Bom… - Antes que eu conseguisse falar o meu celular começou a tocar, olhei a tela e vi que eu tinha recebido várias fotos de um número desconhecido, senti meu corpo estremecer antes mesmo de abrir as fotos, não sei porque mas algo em mim tinha medo do pior! Respirei fundo e com as mãos trêmulas abri a primeira foto, nela a Maria estava deitada em um chão sujo, ela tinha os pulsos e os pes amarrados com cordas, os lábios dela estavam inchados e os olhos dela estavam roxos, tinha sangue saindo de um corte na sobrancelha, o rosto dela estava vermelho e marcado pela sujeira, o olhar dela estava escuro e confuso, ela parecia trazer uma mistura de raiva, dor, sofrimento e ódio. As fotos eram todas parecidas, mas, em cada uma dela a filha da puta da Patricia mostrava um machucado diferente, notei que tinha sangue no cabelo dela também, nos braços dava pra ver grandes hematomas, as roupas dela estavam sujas e rasgadas, eu nunca senti tanto ódio na minha vida.
- O que é? - O Carlos se aproximou de mim curioso com o que eu estava vendo. Quando ele viu as fotos o rosto dele ficou vermelho de raiva. - PORRA!! EU VOU MATAR ELES. - Ele estava tão furioso quanto eu.
- Eu vou fazer eles pagarem por tudo que eles estão fazendo com ela. - O Carlos foi até a parede onde ele infligiu um soco com toda força. Meu celular tocou novamente, mas dessa vez era uma mensagem.
“ Gostou do presentinho que eu te mandei? Espero que sim. Bom estou amando passar um tempinho com essa vadia,mas, temo que já chegou a hora de resolvermos nossas pendências.
Espero por você amanhã às 00:00 no local que eu vou te mandar por mensagem amanhã, e não se atrase porque eu e a sua namoradinha estamos morrendo de saudades. Beijinhos e até amanhã meu amor.
PS: Não tente me fazer de idiota, você tem que ir sozinho, se eu ver sinal de outra pessoa que não seja você essa puta morre!”
- Vadia!! - Falei me levantando da cama. - Eu vou acabar com ela.
- Ei onde você pensa que vai? Você não pode sair assim do hospital. - Ergui meu braço deixando a tela do meu celular na frente do rosto dele, depois de ler a mensagem ele me olhou com ódio nos olhos.
- Troque sua roupa, você não pode sair daqui vestido assim, vou pegar minhas coisa e vou te levar pra minha casa, precisamos conversar sem interrupções e… - Ele suspirou fundo e depois me olhou nos olhos, ele parecia pensar nas palavras certas pra usar. - Eu quero te apresentar uma pessoa.