Capítulo 88
2328palavras
2023-05-18 20:04
Ponto de vista da Maria.
Já não sei ao certo quanto tempo eu estou aqui, mas parece que é muito. Onde eu estou é muito escuro, aqui não tem janelas e a única porta fica quase o tempo todo trancada, um homem vem e traz um prato de comida fria e um copo de água, Nos primeiros dias eu me recusei a comer,mas, depois não tive muita opção, era isso ou então morrer de fome. Meus pulsos estão amarrados um no outro e meus pés também, ele me solta quando traz a comida pra eu usar o banheiro e depois me prende novamente. Olho ao redor tentando mais uma vez achar uma saída, mas, como sempre não encontro nada, aqui parece ser uma espécie de porão, as vezes ouço passos e vozes vindos de cima, sempre é a voz de uma mulher e de um homem, às vezes parecem que eles estão discutindo, outra hora parece que estão transando. Aqui em baixo a única companhia que tenho são dos ratos, que são muitos, o chão de madeira velho e gasto tem vários buracos onde eles se escondem, a porta tem além de uma fechadura grande uma corrente grossa, o único móvel que tem aqui é uma mesa de madeira velha e mais nada, tem um banheiro sem porta que é o'que eu uso, lá tem um vaso sanitário encardido e uma pia enferrujada que não sai água. O homem entra sempre usando calça e blusa de frio preto, e claro, uma touca que tampa todo a cabeça e o rosto, ele nunca fala nada, apenas entra e joga o prato de comida e o copo de água no chão, depois ele vem e desamarrar as cordas dos pés e me acompanha até o banheiro, e só lá dentro ele solta minhas mãos, ele não sai do banheiro enquanto eu uso, ele nem se vira, fica ali parado me olhando até eu terminar e ele poder me amarrar novamente. O meu corpo todo dói todos os dias, no acidente eu não cheguei a me machucar seriamente, porém tive alguns cortes e hematomas por todo o meu corpo, e ficar aqui sentada no chão frio não ajuda muito. Não sei qual a finalidade do meu sequestro, só sei que sinto tanta falta da minha filhinha linda, é ela que me dá forças, pensar que um dia vou conseguir sair daqui e abraçar ela é o'que me ajuda a me manter viva, sinto falta do cheiro dela, da pele macia e gordinha, do sorriso banguela, sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, meu Deus, como eu sinto falta dela, da Ana, da Laila, do Carlos, e claro, do Damian. Acho que o destino não quer mesmo ver nós dois juntos, sempre acontece alguma coisa pra nos separar, e agora quando finalmente estava pronta pra esclarecer tudo que aconteceu com nós dois, agora que eu estava pronta pra contar pra ele sobre a nossa filha, e agora que eu queria esclarecer tudo e me acertar com ele, fazer as pazes e ficar ao lado dele pra sempre, justo agora isso acontece, talvez não seja mesmo pra gente ficar juntos né?! Fico perdida nesses pensamentos até adormecer.
- Acorda vadia! - Sinto uma dor na barriga muito forte, abro os olhos e vejo alguém me chutando forte. Aperto os olhos e consigo ver que é uma mulher que está me agredindo.
- Aii – Eu grito, e em resposta a pessoa me chuta mais duas vezes. Sinto uma dor insuportável nas costelas, e depois começo a sentir dificuldade pra respirar.
- Acorda! Chegou a hora vadia! Preciso de você acordada e bem machucada. - Assim que ela falou isso ela me socou a cara, sinto o gosto de sangue na minha boca, levanto as mãos amarradas pra tentar me defender mas é inútil, ela logo me acerta outro chute mas dessa vez na coxa, depois ela agarra meu cabelo socando minha cabeça com muita força na parede.
- PARA! AI!! - É inútil pedir por ajuda, o homem que me traz comida de repente a segurou pelo braço.
- Já chega! É o suficiente. - Ele me olhou nos olhos e por uma fração de segundos pensei reconhecer aquele olhar. - Ou você planeja matá-la?
- Você sabe quanto tempo eu esperei por isso? - A mulher falou zangada com ele.
- Sei! Mas se ela morrer agora não vai ter adiantado nada todo esse esforço. Me fala, o que você mais quer? - Eu estava encolhida em um canto no chão tentando entender tudo isso. A dor que eu sentia era insuportável, mas eu precisava aguentar, eu precisava sair daqui e encontrar minha menininha, eu precisava ser forte por ela. A mulher respondeu com raiva na voz.
- Eu quero vingança. Essa vadia tirou a única coisa boa que eu tinha, ela me tirou a única pessoa que eu amei a minha vida toda. - A mulher estava com o rosto também coberto, mas quando ela disse isso eu soube quem ela era.
- Você? Você era a namorada do Damian? - Ela soltou uma gargalhada e então tirou a máscara.
- Demorou a me reconhecer sua Vadia! - Ela falou entre dentes. - Sim! Eu era a namorada do Damian até você aparecer em nossas vidas, você estragou tudo. O nosso relacionamento era bom, nos dois respeitamos o nosso espaço, a nossa profissão, nos víamos pouco é verdade, mas mesmo assim tudo era perfeito, até que você apareceu, quando eu vi vocês dois se beijando naquela festa eu deixei passar, porque eu tinha tanto medo de perder ele que achei melhor não começar uma briga por sua causa. - Ela se agachou no chão ficando na mesma altura que eu e me olhando nos olhos. - Voltei pro trabalho e tentei me convencer que era só uma paixão passageira, afinal, ele é homem e homem tem certas necessidades né? - Ela tinha um sorriso perverso nos lábios, o olhar dela sobre mim me causava arrepios, me causava pavor. - Mas não passou, e ele ficou cada vez mais possessivo com você, o'que é engraçado, porque, ele nunca sentiu ciúmes de mim acredita? Depois que minha mãe estava doente então aproveitei a oportunidade pra voltar pra cá e tentar me aproximar dele de novo, na minha cabeça eu iria chegar aqui e me apoiar nele, achei que ele deixaria eu me reaproximar e reconquistar ele, mas não! Ele me deixou na primeira oportunidade que ele teve que escolher entre nós duas, lembra? Depois disso, depois daquele dia a minha vida acabou, minha mãe que estava com pneumonia teve uma infecção e depois algumas complicações e então ela faleceu. Eu fiquei sem nada, sem ninguém, eu perdi o meu emprego, eu perdi tudo! - Ela levou a mão até meu rosto e aperto e eu senti as unhas dela furarem a minha pele. - Não acha injusto que eu seja a única a perder? - O olhar dela queimava de ódio.
- Eu também perdi tudo, eu também perdi….
- Seus país? Kkkkkkkk. - Como ela sabia que eu iria falar deles? O medo foi crescendo dentro do meu peito, o quão perversa essa mulher poderia ser? - Quer saber de um segredinho? - Ela se aproximou do meu ouvido e começou a sussurrar, eu podia sentir a respiração dela na minha pele. - No dia que eu matei os seus pais eu estava rezando pra você estar dentro do carro com eles. - Meu coração parou por alguns instantes, a dor que eu sentia era como se eu tivesse sido apunhalada no peito, senti as lágrimas queimarem os meus olhos e o ar ficar preso na minha garganta. - A primeira vez que tentei me vingar de você eu pedi para pouparem os seus pais. - As cenas daquela noite onde invadiram minha casa e amarraram os meus pais me vieram à cabeça, eles não tiveram feridas graves mas aquela noite foi horrível pra todos nós, eles tentaram me violentar na frente deles e se não fosse o Damian, eu não sei oque teria acontecido com a gente. - Mas no fim das contas eu pensei bem, você tirou tudo de mim então nada mais justo que tirar tudo de você!
- Você? - Eu não conseguia falar, eu congelei no meu lugar, não conseguia me mover e não conseguia respirar.
- Sim! Eu planejei aquela invasão na sua casa, e claro, eu fui a causadora do acidente com os seus pais, e acredite em mim, foi mais fácil do que você imagina.
- Por que? Eles não tinham culpa de nada, eles não tinham culpa de absolutamente nada, porque? Porque você não veio atrás de mim e deixou eles em paz? - A raiva aumentava cada vez mais no meu peito.
- Eu queria ver você sofrer, como eu sofri. Simples assim! Há e antes que eu me esqueça tem mais uma coisinha que eu quero te contar.
- Não acha que já falou demais? - O homem encapuzado interrompeu a Patrícia. - Quando ela sair daqui ela vai correndo contar tudo pra polícia. Você tá louca? Quer ficar o resto da vida na cadeia?
- Calminha Luan. - Olhei surpresa pra ele, não podia acreditar que ele seria o Luan, como eles se conheceram? - Ela não vai sair viva daqui!
- O'Que? Esse não era nosso combinado Paty. O plano era usar ela como isca para trazer aquele playboyzinho aqui, é ele que não vai sair daqui com vida! É ele que planejamos matar, esqueceu? - O Luan tirou o capuz e começou a andar de um lado pro outro.
- Cala a boca! Acha que eu sou idiota? Acha que vou matar ele e deixar essa Puta viva? Se recomponha Luan, os dois destruíram nossas vidas, os dois merecem morrer pra pagar! - Ela falou alto com ele, ele parou de andar e encarou ela por alguns instantes depois se virou e saiu do quarto batendo a porta atrás dele. - Já se perguntou como aquelas fotos do Damian com a Sara chegaram no seu celular? - Eu estava olhando pela porta onde o Luan saiu, mas quando ela falou roubou toda minha atenção pra ela novamente. - Sabe, foi fácil enganar a Sara, dizendo que você era uma golpista, que você estava destruindo a vida do melhor amigo dela.
- O'Que?
- A Sara sempre foi uma boa amiga pro Damian, quando eu liguei pra ela pedindo ajuda pra separar o Damian de uma golpista que estava afundando a empresa e a estabilidade emocional dele ela muito preocupada acabou aceitando.
- Foi você que planejou isso tudo? - Eu não conseguia parar de chorar, tentei me libertar das cordas amarradas nos meus pulso mas elas estavam muito apertadas, senti as cordas cortando a minha pele mas continuei tentando, eu queria estrangular essa mulher, como ela foi capaz de destruir toda a minha vida a troco de nada?
- O Damian foi ainda mais fácil de enganar. - Ela falou entre as gargalhadas que ela dava ao me ver tentando me livrar das cordas. - Um pouco de boa noite cinderela no vinho e pronto! Mas, eu com certeza me superei ao mandar as fotos pra você no pior dia da sua vida né? Foi um truque de génio, não concorda? - Ela deu um tapa estalado no meu rosto, mas eu já não sentia mais dor, eu estava anestesia pelo ódio que eu sentia mais que tudo.
- Eu vou acabar com você!
- Jura? É isso mesmo que você acha? Olha só pra você!
- Por que? Porque você matou os meus pais? Eles eram inocentes e você os matou a troco de nada, porque você não veio atrás de mim? Porque você não me matou no lugar deles?
- Você acha que é simples assim? Eu queria que você sofresse como eu sofri! Agora eu preciso que você chore um pouco mais pra mim. - Com um sorriso perverso ela agarrou meus cabelos e socou minha cabeça várias vezes contra a parede, depois ela deu um soco no meu olho e eu senti algo quente que eu imagino que seja sangue escorrendo pelo meu rosto, em seguida ela me chutou fortemente no estômago me fazendo contorcer de dor, cansada eu deitei no chão segurando a barriga pra tentar controlar a dor. - Agora olha pra cá! - Ela pegou o celular no bolso e começou a tirar várias fotos minhas. - Ótimo! Aquele idiota vai vir correndo depois de ver essas fotos. - Ela guardou o celular no bolso e depois me deu um chute no rosto, uma dor insuportavel tomou conta de mim e o cheiro de sangue inundou as minhas narinas.
- Por que? Porque você tá fazendo tudo isso? - eu me sentei mais uma vez fazendo um esforço enorme, todo o meu corpo doida, sentia que o meu rosto estava inchado e a dor chegava a ser insuportavel, com a mão na barriga consegui me encostar na parede.- Acaba logo com isso, se você me matar agora tudo acaba. - Eu não podia deixar ela me usar pra atrair o Damian, e também não podia deixar ela descobrir sobre a Luna, não poderia nunca deixar ela majucar minha menina linda.
- Olha, eu adoraria ver você morrer bem lentamente, mas, eu preciso de você pra que ele venha, só assim eu vou conseguir matar ele. Tudo isso é culpa sua. - Ela começou a caminhar lentamente até a porta mas antes de sair ela parou e começou a falar sem sequer olhar na minha direção. - Seus pais morreram por sua causa e agora ele também vai morrer por sua culpa, você perdeu todos que você ama nessa vida, eu não poderia simplesmente te matar e acabar com seu sofrimento assim.
- VOCÊ É UM MONSTRO!!! - Eu gritei em vão, ela me olhou por cima dos ombros e depois saiu.