Capítulo 87
1329palavras
2023-05-18 20:04
Ponto de vista do Damian.
Estou dentro do meu carro, tem uma pessoa deitada e dormindo no banco ao meu lado, eu não consigo ver o rosto, mas, sinto uma sensação de alivio por ela estar comigo, a pessoa ao meu lado se mexe no lugar e um sorriso aparece nos meus lábios, tento ver o rosto dela mas não consigo pois os cabelos negros dela estão tampando todo o seu rosto, sinto o perfume dela e o cheiro doce e sensual aquece meu coração. Eu não sei quem é essa pessoa,mas, eu sei que eu sentia a falta dela, eu sei que ela é a dona do meu coração. Pisco os meus olhos e de repente tudo muda a minha frente, vejo um clarão que por frações de segundos cegam os meus olhos, sinto um impacto sobre o meu corpo e sinto dor, muita dor, minha respiração fica pesada e minha cabeça começa a doer, não consigo abrir meus olhos por muito tempo e tudo que eu vejo são cenas picadas, vejo o parabrisa quebrado, vejo minhas mãos que estão machucadas, vejo o banco do passageiro vazio, olho ao redor e não encontro ela, tento me mexer mas o meu corpo não reage, está ficando cada vez mais difícil ficar com os olhos abertos, ouço passos, tento me virar mas não consigo, o meu corpo parece estar prensado em algum lugar, a dor chega a ser insuportável.
- Ele está acordado? - Ouço a voz de um homem, ele está próximo a mim mas eu não consigo vê-lo.
- Mais ou menos. Já pegou a vadia? - Agora era uma mulher quem falava, ela estava ainda mais próxima a mim, e a voz dela, eu tenho certeza que já conheço essa voz.
- Ela está desmaiada. - O homem falou fazendo alguns grunhidos.
- Ótimo! - Ela falou pro homem, logo depois eu comecei a ouvir passos em meios aos cacos de vidro, os meu olhos começaram a pesar ainda mais e eu me sentia cada vez mais fraco. - Eu te avisei Damian, te falei que você não ia ficar com ela.- A voz estava sussurrando próximo ao meu ouvido. - Te falei que você seria meu ou de mais ninguém! - Sinto os lábios dela no meu rosto, pelo canto do olho vejo um rosto distorcido, meus olhos estão queimando e não consigo ver com muita clareza. Depois de beijar meu rosto ouço os passos dela se distanciando de mim, minha cabeça não parava de doer e o meu corpo estava cada vez mais fraco, o cansaço começou a tomar conta de mim junto ao desespero, eu lutava pra me manter acordado, lutava para me manter são, eu preciso achar a pessoa que estava comigo no carro, mas, quem era ela? Os meus olhos já não suportavam mais, e lentamente eles se fecharam, depois disso a escuridão é a única coisa qual eu me lembro.
- MARIAA! - Acordo gritando o nome dela olhando ao redor mas não encontro ninguém, uso minha mão pra arrancar a agulha que está sendo usada pra eu tomar soro no meu braço. Como eu pude me esquecer dela? O sonho que eu tive agora a pouco era uma lembrança do que nos aconteceu.
- Senhor, fique calmo vou chamar… - Uma enfermeira que entrou correndo no quarto começou a falar, mas eu logo a interrompi.
- A Maria? Cadê a Maria? Ela está bem, ela tá nesse hospital também? - Eu estava aflito, não lembro de mais nada depois, não lembro oque aconteceu com ela.
- Senhor fique calmo, eu preciso colocar o soro novamente. - Ela veio até mim tentando me controlar mas era impossível.
- Eu não posso perder ela de novo, me fala onde ela está?
- A pessoa que estava com o senhor no acidente? - Ela parecia um pouco assustada.
- Ela, isso mesmo, cadê ela? Ela está aqui? Eu preciso encontrar ela. - Tentei me levantar da cama, porém me senti tonto, fiz mais algumas tentativas sem sucesso, meu corpo estava trêmulo e fraco.
- Ela não está aqui senhor, fique sentado por favor, seu corpo ainda está muito fraco. - Dessa vez ela me segurou pelo braço e me forçou a deitar novamente na cama.
- Onde ela está? Me fala logo pelo amor de Deus.
- Ainda não a encontraram senhor, agora fica….
- O que você disse? - Meu coração começou a apertar, o ar ficou preso na minha garganta.
- É, é eu, eu… - Ela começou a gaguejar, parecia desesperada. - Eu vou chamar o médico. - Dito isso ela saiu correndo do quarto. Fecho os meus olhos e encosto na cabeceira da cama, as palavras dela não saem da minha cabeça, “Ainda não a encontraram”. Fico ali perdido, não sei como reagir, não sei oque fazer, me sinto um inútil, um fraco. Não sei quanto tempo eu to aqui e não sei quanto tempo ela está desaparecida, me sinto tão impotente, depois de algum tempo perdido nos meus pensamentos e nas minhas tristezas vejo alguém entrando correndo no meu quarto.
- Damian, você está sentindo alguma coisa? - Olho e vejo que é o médico que me atendeu quando eu acordei, mas, não me lembro o nome dele.
- Eu quero saber da mulher que estava comigo no acidente. - O rosto do tal médico demonstrava muita tristeza. - Eu quero a minha menina, quero a Maria.
- Então você se lembrou? Você consegue se lembrar do acidente? Consegue se lembrar do que aconteceu? - Ele pareceu esperançoso e isso me fez acreditar que de algum modo ele conhece a minha menina.
- Um pouco, eu…
- Damian? - Alguém me interrompe, olho e vejo a Ana parada na porta, logo atrás dela está a Sara.
- Ana? - Ela faz que sim com a cabeça. - Nossa, quanto tempo, você tá aqui por causa da Maria né? Tem alguma notícia dela? Quanto tempo ela está desaparecida? - Tentei me levantar mas minha cabeça começou a girar mais uma vez. Droga!
- Vai com calma, seu corpo ainda está fraco. - O médico falou. - Você consegue se lembrar do acidente, ou de alguma coisa depois? Você ficou em coma durante duas semanas, e ela está desaparecida desde o acidente, só acharam a mala dela junto ao celular e documentos no meio dos destroços do carro. Você se lembra de alguma coisa que ajude a encontrá-la?
- Lembro de pouca coisa, o carro apareceu do nada nos acertando pela lateral, o nosso carro capotou algumas vezes e depois eu me lembro de acordar no meio dos destroços, tinha uma mulher, eu não me lembro o rosto dela,mas, ela pediu pro homem que tava com ela pegar a Maria.
- Merda! Então esse homem e essa mulher levaram ela?
- Sim, acho que sim, tá um pouco confuso, eu não sei se eu sonhei com isso ou se é realmente uma lembrança, mas…
- Mas? - O tal médico estava quase tão aflito como eu.
- Ela disse “ Eu te avisei Damian, te falei que você não ia ficar com ela. Te falei que você seria meu ou de mais ninguém!”.
- Quem poderia ser? Com certeza é alguém com quem você já se relacionou, ou alguém que você rejeitou, quem pode ser? - O médico estava cada vez mais aflito e angustiado.
- Eu não sei, não tive muitos relacionamentos, eu só tive a Maria e a Paty, eu saí como uma pessoa uma vez nesses anos, mas ela é uma policial, uma boa pessoa, e ela sabia que era só uma transa e ela não se irritou com isso.
- A Patrícia. - A Sara falou com os olhos arregalados.
- Não acredito que seja ela. - Eu sei que ela ficou magoada quando terminamos mas, ela não chegaria a esse ponto. Ela não seria capaz.
- Damian, precisamos conversar, tenho uma coisa pra te contar.