Capítulo 31
1543palavras
2023-06-01 12:55
Nota: Estou usando partes da musica: The Voice - Celtic Woman vou colocar entre ** as letras da musica.
Destiny POV
Eu *ouço sua voz no vento* e já não estou mais preocupada com o que pode acontecer, porque eu sei Ela nunca me abandonaria… Eu consigo sentir sua presença muito perto, mas meus olhos estão pesados, mesmo que eu queira alcançá-la, não consigo.

*Ouça minha criança* e então apenas me deixo escutar, sem tentar forçar meu corpo a acordar e a se levantar.
Então com delicadeza posso sentir o toque em meus cabelos e o calor que isso trás, cada vez que seus dedos delicados passam entre os fios. Respiro fundo e quero me aconchegar ainda mais nesta aura, neste carinho.
*Eu sou a voz da sua história.*
Eu nunca escutei uma voz tão etérea quanto esta e isso me faz relaxar ainda mais.
*Eu sou a voz do seu anseio e da sua dor.*
Solto um gemido baixo, sem querer me lembrar das coisas que já passei, sem querer pensar nas dores que já senti e naquilo que está em meu caminho.

*Não tema, venha, siga-me.*
É difícil se libertar desta casca e desses sentimentos, eu sei que preciso, mas a dor ainda é muito clara, é muito real… Pois me lembro o momento em que vi John cair e eu me jogar contra aquela criatura e não me importava mais nada, só me vingar daquilo que havia tirado a coisa mais preciosa em minha vida.
Em meio a raiva e a dor eu me perdi e isso causou a morte de minha loba… Por um erro, por um equívoco eu perdi quase tudo naquele dia, estava a beira de me perder também… E durante muito tempo me perguntei se não era melhor eu ter apenas seguido o ciclo da vida.
Me encolho, sentindo novamente a dor que foi ver meu amado sendo consumido, enquanto nosso elo se desfazia e ele se erguia, seu corpo agora coberto por aquela Corrupção… Seus olhos apenas mostravam distanciamento e frieza e vejo uma estaca negra se formar em sua mão esquerda e depois não senti quase nada, apenas o uivo de minha loba.

Se eu não tivesse destruído o corpo da criatura que estávamos enfrentando, então sua essência não teria corrompido John, ele teria continuado o ciclo das almas… Eu ainda teria minha loba…
*Eu sou a voz do passado que sempre será.*
Eu sei que essa dor já deveria ter passado, que eu já deveria ter aceitado esse fato, mas para mim, muitas vezes, é como se tivesse acabado de acontecer… Mesmo entre os sonhos, eu não consigo deixar de me lembrar. Talvez esse seja um dos pecados que eu cometo, porque apesar de ter aceitado o caminho que colocaram a minha frente, eu ainda sinto a dor de ter perdido aquele que mais amei.
Eu não posso mudar o passado, eu sei…
‘Eu me arrependo, céus, como eu me arrependo de não ter tido mais paciência…'
Pensei e sei que meu pensamentos chegam até Aquela que está me embalando, porque seus carinhos em meus cabelos pararam por alguns segundos.
*Eu sou a voz do seu anseio e da sua dor.*
Ela volta a repetir e solto mais alguns gemidos de dor… Eu não preciso me esconder, eu não preciso me fazer forte… Pois Ela me escuta, ela me conhece.
“*Ouça minha criança…* você ainda tem muitas estações para viver. Seu ciclo não deve terminar aqui.”
Esta dor aos poucos começa a passar conforme me lembro da sensação de quando estava vagando entre a vida e a morte, eu podia ver aquelas longas filas de almas que caminhavam até o topo daquela montanha feita de cinzas, ossos e carne… O início de uma jornada que levava até o rio Estige.
Naquele momento eu senti uma força maior, algo que me puxava para o meio, entre a Vida e a Morte, eu não vi ninguém, mas senti sua presença, Seu toque sobre meu rosto e Sua energia sendo transferida e me acolhendo e então eu acordei em meio aquela floresta que já estava sendo corrompida.
Ao meu lado tem uma máscara e posso sentir a atração por alguns objetos que estão envoltos a Escuridão que se espalha e começa a tomar a Vida do lugar… Meus pés me levam até esses objetos e é a primeira vez que vejo as laminas que agora fazem parte de mim e no final, ao voltar para onde tudo tinha finalizado e começado eu vi a máscara dourada.
Eu sabia que precisava colocá-la e foi o que fiz, desde aquele dia nunca mais eu tinha visto meu rosto por completo e aos poucos entendi que a Escuridão também podia me obedecer…
Eu tinha morrido, mas agora tinha uma segunda chance de continuar e fazer aquilo que os Deuses queriam de mim… O maior presente que meu Pai me deu, foi a Vida… E agora entendo, que não foi só ele.
*Eu sou a voz nos domínios em que o verão acabou, Eu sou a força que na primavera vai crescer, Eu sou a voz do vento e da chuva torrencial e A dança das folhas no Outono, quando os ventos sopram.*
Meu Pai entendeu o que era a Vida quando conheceu minha Mãe… Os dois se completam… E se os Destino influenciasse os Deuses, então meu Pai e minha Mãe estavam Destinados a se apaixonarem.
Hades e Perséfone eram a antítese do Panteão, onde maridos e esposas traem uns aos outros apenas pelo prazer, ou por um desafio… Zeus é o mais nobre entre os Deuses e o mais traiu sua Esposa… Enquanto Hades e Perséfone permanecem fiéis um ao outro.
Respirei fundo, sentindo essa pontada de dor se aliviar aos poucos, até ser apenas uma lembrança em meu coração e mente e finalmente consigo abrir os olhos e já não sinto mais aquela caricia em meus cabelos e vejo apenas o tronco da árvore que agora está verde como a mais forte das árvores.
Lentamente eu me levanto e olho para os galhos, vendo que ele está cheio de frutas, todas elas brilhando contra este ambiente opressor.
*Não temas - vêm, siga-me, Responda meu convite e vou tornar você livre.*
Aquelas foram as últimas palavras que escutei ao vento e então estendi a mão e peguei uma única fruta, abrindo ela com cuidado e percebendo que existem apenas 6 sementes ali dentro. Peguei uma das sementes e comi.
Todo o ambiente começou a girar e ao parar começou a se desfazer, como uma pintura em que a água está escorrendo. Eu podia ter me sentido enjoada, mas não estou, pois atrás desta pintura eu vejo novamente aquele galpão. Eu retiro as outras sementes e então jogo a casca da romã no rio vermelho e sei que ela será dissolvida.
Após algum tempo estou de volta ao galpão e vejo Nosferatus e Max, eles estão esperando, Kaiden e Dylan estão nas arquibancadas, mexendo em um tablet. O tempo parece que quase não passou… Mas é só uma impressão, porque a pressão da Noite se faz presente, talvez um ou dois dias, mas o importante é que eu havia voltado.
Eu vejo uma marca em Max, é como se sua pele estivesse começando a se quebrar a partir de seu coração… A primeira indicação que sua parte espiritual estava acordando. Que tipo de monstro ele carregaria? Sorri de canto, pois vi um pequeno vislumbre de sua sombra daquilo que ele se tornaria.
“Cuidado com aquilo que deseja… Alguém sempre está escutando… Você nunca pode saber quem vai realizá-lo.”
Sinalizei com calma para Max e o vi ficar tenso, assim como seu pai.
“Nunca se esqueçam, há mais coisas entre o Céu e a Terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.”
Eu sei que é uma frase muito batida e repetida várias e várias vezes, mas ela é tão real quanto o Sol que nasce no começo do Dia e a Morte que vem coletar sua alma quando morreres.
“Os desejos humanos são infindáveis. São como a sede de um homem que bebe água salgada, não se satisfaz e a sua sede apenas aumenta.” Nosferatus falou e caminhou até mim. “Por isso é preciso tomar cuidado… Para que não se afogues nas águas salgadas de um mar sem mim.”
“A procura pela realização deles é como nadar neste mar sem fim e jamais encontrar uma ilha… Mas saber que ela existe…” Respondi e sorri de canto. “É uma ilha que aparece apenas se Algo ou Alguém o quiser… E cada ilha tem seus próprios moradores e suas próprias regras.”
Nosferatus parou na minha frente, me olhando diretamente nos olhos e sustentei aquele olhar.
“Mas nenhum ser que anda sobre este plano terrestre pode ficar sem desejos, porque senão ele já não estaria mais Vivo.”
“*Traga-me a sua paz, traga a sua paz, e as Minhas feridas irão cicatrizar*” Sinalizei.
O tempo poderia ter parado nesse exato momento, porque no instante seguinte bloqueie o ataque de Nosferatus, ele tinha tentado segurar meu rosto, mas peguei seu pulso e o empurrei para longe.
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