Capítulo 29
2012palavras
2023-06-23 08:22
— Olá novamente Kyra! - Disse quem eu menos queria ver hoje.
"Como é que é?" - Meu cérebro estava surtando.
— O que você está fazendo aqui Dante? - Eu falei com cara de quem queria matá-lo.

— Então, eu estava na casa do meu querido casal e perguntei se podia vir junto.
— Menos Dante, bem menos... Meio que você nos obrigou a trazê-lo. - Disse Lucy.
— Você é um dos meus melhores amigos e sabe disso, porém sei que a Kyra vai querer meu pescoço. - Disse Nick.
— Dante sabe que eu não o suporto. Desculpa Kyra. - Disse Lucy.
— Você é tão generosa Lucy, te amo também. - Falou Dante rindo.
— Eca. - Disse Lucy também rindo.

— Odeio vocês! Não tem lasanha para ninguém... Todo mundo fora daqui! - Eu falei com o semblante fechado.
Quando eu disse isso, todo mundo ficou me olhando com cara de espanto. Nick foi o primeiro a se recompor.
— Sério isso? Calma, eu jogo o Dante lá fora... Quero lasanha! - Ele disse desesperado.
Eu não me aguentei e comecei a gargalhar. Nossa, como eu ri, ri tanto que cheguei a chorar.

— Você faria isso por mim ou pela lasanha Nick? - Eu falei limpando as minhas lágrimas.
Nick penteou os cabelos comprindos com uma das mãos. Parecia estar pensando no que iria dizer.
— Se dizer que é pela lasanha, eu te jogo da sacada! - Eu avisei.
— Óbvio que é por você. - Todos riram.
— Forçado... Dante, só um aviso, qualquer gracinha e eu te coloco para fora daqui. Entendido? - Eu avisei o fuzilando.
— Tudo bem, eu vim na paz. - Disse ele.
— Sei... Na real, até sei porque está aqui. Independente do que falar, a minha resposta ainda é não. Se quiser ficar, por favor, sem falar de trabalho. Hoje é a minha noite de descanso e só quero relaxar.
— Tudo bem. - Concordou.
— Podem ir sentando, tudo já está pronto, só vou buscar a lasanha. - Eu falei indo em direção ao forno.
— Quer ajuda? A travessa parece pesada. - Disse Dante me seguindo.
— Quero, só coloca essas luvas para não queimar as suas mãos. - Falei tirando as luvas e entregando-as a ele.
Dante levou a travessa até na mesa, eu peguei os refrescos que havia preparado e começamos a comer.
— Kyra, fiquei sabendo que você foi até na empresa de Dante para uma entrevista, menina como foi isso? - Quis saber Lucy.
— Então, eu havia me esquecido que Dante comprara a editora Vadema há 5 anos e como me ligaram para uma entrevista, eu fui.
— Sua lasanha está incrível. - Disse Dante.
— Pode parar, o que sobrar é meu, se acostume com isso. - Disse Nick rindo.
— Larga mão de ser mesquinho e divide!
— Meninos, querem brincar lá fora? - Perguntou Lucy com sarcásmo.
— Que bom que estão gostando. - Eu ri.
O jantar foi tranquilo, mesmo com o meu coração a mil por hora. Dante se comportara como um cavalheiro, até não atendeu as ligações que tivera durante o jantar. Após comermos, Lucy me ajudou a recolher a mesa e eu comecei a lavar a louça enquanto eles me aguardavam no sofá para vermos um filme.
— Onde tem uma toalha para eu secar? - Perguntou Dante.
— No armário aí do seu lado na segunda gaveta.
— Seu apartamento está bem diferente do que me lembrava.
— Ainda bem, eu consegui fazer um "upgrade" nos móveis e deixei o ambiente mais confortável. - Eu falei piscando para ele.
— Estou um tanto curioso Kyra, aparentemente você não está namorando. Como os homens não te enxergaram enquanto eu fiquei fora durante esses 5 anos? - Ele se encostou na pia esperando por uma resposta.
— Bom, isso não é da sua conta não acha? - Falei dando de ombros.
— Posso levar o tempo todo do mundo, mas vou descobrir.
— Após a lambada que levei de você, que não era nem para estar aqui, para começo de conversa, eu não quis mais me envolver com ninguém. Cada um que aparecia conseguia ser pior que você.
— Minha moral está extremamente baixa com você, mas não a julgo.
— Você me disse que não estava mais com a Lola, o que houve? Cansou de ser pisoteado?
— Então, com a Lola foi mais que uma ameaça.
— Uma ameaça? Não entendi. - Eu disse franzindo o cenho.
— Sim, naquela época como eu tinha acionistas, eles não queriam que eu a demitisse e como eu estava querendo fundos para investir na Vadema, tive que fingir que estava com ela ainda.
— Por isso aquelas fotos... Agora entendi. - Falei com desânimo.
— Isso, mas não justifica os erros que eu cometi... Poderia ter feito de outra forma, mas fui covarde. Preferi te perder do que enfrentá-los e isso não foi certo.
— Dante, vamos deixar o passado para trás. Não quero reviver isso de novo. - Eu falei lavando os pratos.
— Mesmo se eu disser que em todos esses anos, eu não consegui te esquecer?
— Fácil falar, você só está revivendo isso porque me viu novamente.
— Não é verdade e eu vou te provar isso.
— Não quero que prove nada, só quero paz.
— Não irei forçar a barra, mas com o tempo, quero te mostrar tudo o que sinto.
— Você está falando isso só para eu aceitar o emprego né?
— Não, eu quero que seja feliz e fique confortável com as suas escolhas, mas se bem que adoraria te ver todos os dias, não seria nada mal. - Disse ele colocando a mão no queixo e sorrindo.
— Era só o que me faltava mesmo! Eu querendo me livrar de você e você querendo que eu trabalhe com você e ainda por cima, que te veja todos os dias? Você pirou né?
— Óbvio que não! Sei que tens talento e quero aproveitar ambas as partes.
— Ambas as partes? Acho que vou te jogar da sacada. - Falei apontando uma faca para ele.
— Você ficou super assustadora com essa faca! Por hoje não irei insistir no assunto, eu prefiro viver. - Disse ele levantando uma bandeirinha branca invisível em sinal de paz.
Me segurei para não rir.
— Desde quando ficou brincalhão? Você não era assim.
— Quando fico ao seu lado, meu mau-humor some.
— Lá vem as cantadas ruins. - Eu disse rindo.
— Você é má. - Disse ele fazendo beicinho.
— Você me ensinou a ser. Aguente!
— Vou te contar um segredo. - Disse ele chegando bem próximo do meu ouvido e colocando uma das mãos na minha cintura.
— Qual segredo? - Eu disse meio rouca por causa da aproximação repentina. Totalmente me traindo por dentro.
— Eu vou fazer de tudo para você admitir que é minha. - Disse ele rouco no meu ouvido.
Eu paralisei, meu coração estava quase saindo pela boca, bateu um calorão e com ele o desejo de beijá-lo. Eu tentei me recompor, mas Dante não me deu espaço para pensar.
— Por qual motivo, você acredita que eu vou cair nesse seu joguinho? - Eu perguntei tentando me concentrar e colocar os pensamentos em ordem.
— Simples, sei que ainda gosta de mim, da mesma forma que eu sempre gostei de você.
— Você virou comediante agora? Deve ser uma ótima profissão para você! - Eu disse tentando me desvencilhar do seu toque.
— Por você, eu viro qualquer coisa.
— Aff, você está aprontando tudo isso só para que eu não desista da vaga né? - Eu falei largando os copos, secando a mão e colocando as mãos na cintura furiosa.
— Também, esse é um ponto muito bom a ser levado em consideração.
— Então quer dizer que se eu não aceitar, você irá me perturbar sempre?
— Digamos que sim, não vou parar de te provocar, muito menos de vir ao seu apartamento já que agora eu sei o seu endereço. - Ele sorriu indicando que estava no controle da situação.
— Qual é? Por que não me deixa em paz? - Eu perguntei colocando a mão na testa.
— Porque desta vez, não irei deixar você escapar de meus braços.
— E se eu não quiser? Procuro coisas que você não está disposto a oferecer.
— Como o quê? Um relacionamento sério?
— Exatamente! Pode não parecer, mas como nunca tive uma família, quero formar uma.
— Não vejo nada de errado nisso. Eu quero namorar você, mas desta vez, da forma correta.
— E qual seria a forma correta?
— Te levar para jantar, passar o dia com você, fazer as coisas de que goste, te beijar que é uma das coisas que eu mais sinto falta e se você me aturar, quero ficar ao seu lado.
— Muitas promessas das quais você não cumprirá nenhuma, acorda! Eu não sou mais tão ingênua assim para acreditar que um homem como você, se apaixonaria por uma garota como eu.
— Naquela época não te namoraria porque você era muito melhor do que eu. Eu não queria que se machucasse e no fim, fui eu o causador do seu sofrimento.
— Tudo bem Dante, vamos deixar as coisas no passado e se concentrar no presente. Eu quero ver um filme com eles, então por favor, vamos esquecer isso e ir na sala? Obrigada.
Eu deixei Dante pensativo na cozinha e me joguei no sofá.
— Oh, até que enfim! Pensei que vocês iriam refazer as louças pela demora. - Disse Nick.
— Na próxima Nick, é você quem lava! - Eu falei jogando uma almofada nele.
— Como você é um amor Kyra, meu Deus do céu! - Disse ele rindo.
— Eu concordo com a Kyra, na próxima os dois lavam. - Disse Dante aparecendo na sala derrepente.
— O penetra já querendo argumentar. - Disse Lucy.
— Lucy, você é um doce. - Disse Dante.
— Sem mais delongas povo, vamos assistir o que? - Eu perguntei.
— Que tal comédia romântica? - Sugeriu Lucy.
— Amor, você sabe que não gosto muito de romance. - Disse Nick.
— Por mim, você faz um esforço. - Disse Lucy.
— Esposa feliz, casamento feliz. - Disse Nick.
— Com toda certeza de que Kyra vai querer ver comédia romântica, então, as garotas decidem. - Disse Dante sentando ao meu lado.
— Perfeito! O que você vai querer ver Lucy? - Eu disse empolgada, ignorando a aproximidade dele.
— Que tal aquele novo que saiu que os dois voltam a se reencontrar no futuro?
— Pode ser, vamos ver. - Concordei selecionando o filme.
Cada casal ficou em um sofá e como estava frio, eu e Dante estavámos dividindo a mesma coberta. Isso estava me tirando total atenção, já que ele passou o braço em volta do meu pescoço bem a vontade.
"Que atrevido! Com certeza eu irei aprontar." - Eu pensei.
Foi então que eu tive a brilhante ideia de beliscá-lo para que ele soubesse que estava invadindo o meu espaço e com essa deixa, eu tentei me afastar... Totalmente em vão.
— Sério? Que os jogos comecem Kyra! - Dante susurrou no meu ouvido e me deu um beijo no rosto.
Fiquei vermelha da vergonha, até porquê, estavámos na frente de Nick e Lucy.
— Agora é guerra! - Eu disse caindo no jogo dele.
Levantei sua blusa e camisa, como eu estava com a mão gelada, coloquei na sua barriga. Dante deu um grito no meio do filme. Nick e Lucy ficaram nos olhando bem sérios e eu estava gargalhando, sério, não consegui me conter.
— O que vocês dois estão aprontando? - Perguntou Lucy sorrindo vendo toda a situação.
— Nada, sou totalmente inocente. - Eu disse.
— Sim, totalmente! - Disse Dante sarcásticamente.
— Crianças, se comportem! - Disse Nick.
— É assim que eu gosto de te ver. - Disse Dante sorrindo.