Capítulo 30
1706palavras
2023-07-09 02:29
— É assim que eu gosto de te ver. - Disse Dante sorrindo.
— Assim como? - Falei confusa.
— Feliz e aprontando.

— Vamos nos concentrar no filme, ok?
— Tudo bem, vou fazer isso por você. - Disse Dante.
Assistimos o filme tranquilamente, claro, eu estava nervosa e tensa, mas tentei não deixar transparecer. Após o filme acabar, Lucy e Nick anunciaram que iriam embora, pois tinham que levantar cedo.
— Kyra, temos que ir, mas obrigada por tudo! - Disse Lucy me abraçando.
— Imagina! Eu que agradeço por terem vindo.
— Tchau sua chata! - Disse Nick.

— Sei que você me adora irmão mais velho! - Eu falei rindo e tirando sarro dele.
— Como estou de carona, já vou indo também para não te pressionar. - Disse Dante.
— Mas você já está fazendo isso. - Disse Nick.
— Nick você é meu amigo? Me dá uma ajuda aqui? - Disse Dante.

Nick começou a rir. Era evidente que todos estavam tirando sarro de Dante.
— Tudo bem, mas você terá de provar o seu valor novamente! - Disse Lucy.
— Eu sei, mas quero ela trabalhando para mim! Ela é incrível como escritora e se eu a perder, minha editora chefe me mata!
— Sei que é só pela sua editora. - Disse Lucy o fuzilando com os olhos.
— Do que mais seria Lucy? - Eu perguntei sem graça. - Bom, minha resposta ainda é não e tranquilo, boa noite! Vocês precisam descansar. - Eu disse empurrando-os para a porta.
— Ela está louca para se livrar de nós! - Disse Nick fingindo estar chateado.
— Como você descobriu? - Eu falei rindo.
— Tudo bem, tudo bem, estamos indo! - Disse ele.
Os acompanhei até a porta, me despedi e eles saíram do meu apartamento. Quando fechei a porta, me encostei nela. O que foi aquilo?
Meu cérebro não estava conseguindo raciocinar direito, só estava em choque. Era como se estivesse revivendo o passado novamente... Eu não estava preparada para isso e eu havia pensado que o tinha esquecido, mas, parece que todo esforço foi em vão.
— Ai como isso me irrita! Depois de tanto tempo, ele cismou em aparecer e ainda fica falando coisas sem sentido, como se realmente eu fosse importante para ele... Francamente! - Eu disse irritada.
"Se Dante achava que iria ganhar o meu coração novamente de forma rápida, ele estava completamente enganado..." - Pensei.
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— Dante, o que você aprontou? - Perguntou Trish.
— Como assim? Não estou te entendendo. - Me defendi.
— Kyra recusou novamente a minha proposta e disse que você foi até o apartamento dela ontem.
— Fui, mas não conversei sobre ela ser escritora, na verdade fui descobrir onde ela morava atualmente e pedi ajuda para um casal de amigos.
— Presumo que não saiu como planejado né?
— Não, mas foi melhor do que eu havia imaginado.
— Explique!
— Ela ficou chocada por eu ter aparecido do nada, não foi tão legal comigo quanto era no passado, mas também não me colocou para fora de seu apartamento, o que já foi uma vitória.
— Pensando por este lado, você tem razão. Qual o seu plano? - Disse Trish colocando os dois braços em cima da mesa como forma de me intimidar.
— Vou te contar, mas saiba que mesmo você agindo dessa forma, não irá me intimidar.
— Como se eu quisesse... - Falou Trish rindo.
— O que eu pensei foi o seguinte: vou dar uma pressãozinha para ela começar a trabalhar conosco, se eu for insistente, ela irá ceder.
— Ok, o grande golpe da insistência, quem nunca? - Disse ela levantando os braços em sinal de "tanto faz". - E depois?
— Vamos fazer com que dê tudo certo publicando e fazendo marketing de seus livros.
— Ao mesmo tempo que você tenta capturar seu coração novamente, presumo?
— Exato!
— O fato é: será que você irá conseguir? Se for com muita sede ao pote, vai acabar perdendo a segunda chance que o destino te deu.
— Eu sei, estou levando isso em consideração. - Eu falei me levantando da cadeira e olhando pensativo pela minha janela.
— Acredito que podemos arrumar algumas viagens, eventos para você comparecer junto com ela, com o pretexto de não haver mais ninguém que possa ir com ela. - Começou a mente maquiavélica de Trish funcionar a todo vapor.
— Ainda bem que sou seu amigo Trish, que mente perversa que você tem! - Eu falei fingindo estar assustado.
— Como se a sua mente fosse diferente da minha... - Falou Trish dando meia volta e saindo da minha sala.
Eu ri pensando no que ela havia falado. Com toda certeza, minha mente não perdia em nada para a dela, em certos momentos, era até pior.
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Acordei com meu alarme matinal. Estava um tanto nervosa, pois sonhara a noite toda com Dante.
— Aquele verme maldito! - Eu falei me sentindo muito melhor.
Não acredito que havia sonhado que estava tendo uns "amassos" com ele. Eu estava com uma camisola rosê e ele sem camisa. Vou te contar que realmente gostei do sonho e acordei toda suada.
Isso era terrível, meu orgulho nunca aceitaria eu afirmar que havia gostado do sonho, por isso foi tão bom xingá-lo.
— É Kyra, estamos bem! - Eu falei a mim mesma.
Me levante, tomei um banho, fiz aquele café maravilhoso e fui escrever o meu curta no jornal que iria ser publicado amanhã. Eu queria mais do que uma pequena coluna em um jornal, mas só o fato de eu ter que ver Dante todos os dias, me deixava com o estômago virado. Sei que era uma oportunidade única, que eu iria me arrepender pelo resto de minha vida, porém, meu coração não iria suportar ver ele com outra pessoa novamente. Se ele fosse igual o Dante do passado, teria mudanças de humor e atitudes que não me deixavam segura.
— Bom, não vou ficar pensando nisso agora. Devo me concentrar no meu trabalho. - Eu disse dando dois tapinhas na minha cara.
Escrevi o restante da manhã, me empolguei tanto que já havia inscrito dois capítulos: o de amanhã e depois de amanhã.
Me sentia tão bem em saber que haviam leitores para os meus curtas. É tão bom, um sentimento único de você ver a quantidade de pessoas comentando e participando da criação de um projeto magnífico. Estava tão orgulhosa que qualquer sentimento ruim que vinha, ia embora no mesmo momento.
Foi então que eu ouvi minha campainha tocar... Quem seria? Será que era Dante novamente?
Corri para a porta apreensíva esperando ser Dante. Abri e vi Diana sorrindo para mim. Eu respirei aliviada e um tanto desapontada.
"Acorda Kyra! Que isso agora?" - Eu pensei.
— Olá Di, tudo bem? Entra aí. - Eu falei abrindo espaço para que ela pudesse passar.
— Nossa Kyra, estava esperando outra pessoa? A cara que fez quando viu que era eu parecia um tanto desapontada. - Disse Diana rindo.
— Impressão sua Di, não é nada demais.
— Você estava esperando o Dante? - Disse ela com curiosidade.
— Capaz, por qual motivo eu o iria esperar?
— Talvez pelo mesmo motivo que eu esperei dez anos pelo Dominic. - Disse ela com cara de quem estava aprontando.
— Di, você sabe muito bem que eu não me vejo com ele, mesmo ele tendo me oferecido o emprego dos meus sonhos como escritora de comédia romântica.
— O que? - Disse ela surpresa. - Você aceitou na mesma hora né?
— Claro que não. Não quero vê-lo todos os dias... É doloroso.
— Doloroso em que sentido Kyra? - Disse ela sentando-se no sofá da sala.
— Por causa do passado Di. - Eu disse baixando o olhar para não ter que encará-la.
— Eu quero a verdade Kyra, chega de você mentir para sí mesma.
— De eu ver ele com outra pessoa. Era essa a verdade que queria ouvir?
— Era sim... Eu entendo os seus sentimentos, sei o quanto já sofreu por causa dele, mas perder uma chance de viver o seu sonho por conta do passado, não é injusto consigo mesma Kyra?
Por um momento, fiquei inerte em pensamentos... Não sabia o que responder, mas eu sabia que a Di estava certa. Meu orgulho ferido estava me cegando, isso era notável.
Eu suspirei e me sentei no sofá ao lado dela.
— Eu sei Di, você tem razão, mas não sei o que fazer. Tenho medo, sou insegura com meu coração.
— O que você pode fazer neste momento, é pensar em sí mesma e perguntar: o que eu Kyra desejo fazer neste momento?
— Eu desejo virar escritora.
— E você vai deixar esse seu orgulho pisar nos seus sonhos?
— Não deveria...
— Exato! Além do mais, todo mundo sabe que você ainda ama aquele cabeça oca. Isso é nítido. Porém, aguenta por um tempo, talvez não seja tão ruim quanto imagina.
— Sim Di, você quer um café? - Eu disse me levantando para pegar um para mim.
— Quero, seu café é maravilhoso! - Disse ela toda empolgada.
Servi dois cafés com leite, entreguei um a ela e sentei novamente.
— Obrigada Kyra.
— Você não quer comer nada? Comprei um bolo de laranja muito bom.
— O bolo eu vou deixar passar. Eu vim aqui lhe fazer um convite.
Eu a olhei apreensiva. Que convite ela iria me entregar?
— Diana, você me mata com tanto mistério... Sou uma pessoa ansiosa, fala logo do que se trata o convite.
— Calma, calma... Eu quero que você seja minha madrinha de casamento.
— Espera, vocês ficaram noivos durante 5 anos? Eu pensei que já haviam casado. - Eu falei surpresa.
— Sabe, nós já moramos juntos fazem 4 anos, mas adiamos o casamento porque estavámos enrolados com a construção da casa, meu emprego e o dele... É uma longa história... Enfim, aceita ou não?
— Óbvio que aceito!
— Aiii que tudo! Só tenho que te falar uma coisinha...
— Já até sei o que vem pela frente... Dante vai estar lá.
— Exato! Como seu par.