Capítulo 27
1344palavras
2023-06-21 08:07
— Vou ter que trabalhar com o Dante.
Trish ficou me olhando com os olhos arregalados. Parecia que eu era um ET que havia acabado de aterrizar na terra levantando a bandeirinha da paz. (Até eu ri dos meus pensamentos).
— Do que você está sorrindo? Eu estou preocupada porque eu nunca imaginei que ele fosse o seu primeiro amor.

Eu arregalei meus olhos, o tiro foi certeiro. Deve estar escrito na minha cara, não é possível!
— Nossa, está tão visível assim? - Perguntei com o cenho franzido.
— Sim, então você é a pessoa da qual ele fala que não conseguiu esquecer. Interessante.
— Oi? Será que é por causa de tudo o que ele aprontou? Deve ser arrependimento.
— Ele disse que agiu como cafajeste, mas nunca nos contou o que o levara a agir de tal forma.
— Sabe, eu realmente sofri muito, entrei numa cilada e acabei me machucando. - Eu desviei o olhar para ela não perceber a dor de voltar ao passado estampada em meus olhos.

— Você sabia que todas as mulheres que deram em cima dele, nesses anos todos, foram dispensadas? - Ela disse arqueando as sombrancelhas.
— Você me quer tanto na sua equipe que está até apelando para tentar me convencer a ficar? - Eu disse desafiando-a.
— Com toda certeza que sim, você é o que eu preciso. Não a deixarei ir tão facilmente até porquê o que estou revelando não é mentira.
— Continuo não querendo me misturar novamente.

— Tudo isso é medo de reviver os sentimentos que tanto te assombraram durante esses anos todos?
— Como você pode supor tal coisa, se eu consegui superar?
— Se isso fosse verdade, você não ligaria de trabalhar na mesma empresa que ele. Vai por mim, disso eu entendo bem.
O que ela acabara de falar fazia todo o sentindo, ainda mais que revivi tudo novamente hoje, mas ela não precisava saber disso. Tenho meu orgulho a zelar.
— Mesmo que tivesse certa, o que não é o caso, não quero reviver isso. Hoje ele já me deu uma prova do que vai ser trabalhando aqui.
— Você o encontrou? - Disse ela com os olhos arregalados.
— Sim, eu topei com ele no corredor quando estava indo ao toalete. - Eu disse com cara cansada.
— Como assim topou? - Disse ela não conseguindo segurar o riso.
— Sim, isso é engraçado. Foi um choque e tanto, você deveria ver, cheguei a cair sentada. - Eu disse vencida.
Nesse instante Trish começou a rir sem parar e eu fiquei com cara de paisagem. A risada dela dava para escutar do corredor, conseguia ser mais escandalosa que a minha (vocês deveriam ver a minha, é tenso).
Depois de muito rir, chorar, chorar e rir, Trish respirou fundo e se recompôs limpando as lágrimas que rolaram pelos seus olhos.
— Já posso ir embora? - Perguntei desanimada.
— Me desculpe, mas sinceramente, a sua vida daria uma ótima história de amor.
— Ah sim, só se for de drama né?
— Como você é malvada! Já se perguntou se Dante não sentiu a mesma coisa que você na época, só não sabia como aceitar os próprios sentimentos?
— Pode até ser, mas dava o direito de ele brincar com os meus sentimentos.
— Quer me contar como as coisas aconteceram?
— Para você rir novamente? - Falei com cara de poucos amigos.
— Vou tentar me conter. - Disse ela rindo.
— Bom, o conheci em uma palestra em que ele estava ministrando na faculdade que eu estudava há 5 anos.
— Bem na época em que ele adquiriu a Vadema Inc.
— Sim, me lembro dessa época, pois ele me mostrou como estavam as coisas na empresa, incluindo que a tinha acabado de adquirir.
— E deixa eu adivinhar... Você esqueceu o nome da empresa e nem se tocou que estava vindo fazer entrevista na empresa dele hoje, correto? - Disse ela cruzando os braços e me olhando segurando o riso.
— Sim. - Eu disse derrotada.
— Ok, continue.
— Nesta época, eu não queria saber de me envolver com ninguém, até porque todos os rapazes que havia conhecido até o momento, eram uns idiotas. Aí um professor nos apresentou, minha amiga o achou lindo, mas eu nem liguei e ele ficou no meu pé até eu aceitar namorá-lo.
— Lembro que ele saiu em várias revistas, sites e colunas de fofocas. Todos queriam saber quem era a felizarda que havia roubado o coração de um dos empresários mais bem sucedidos do país e também o mais bonito.
— Exato, mas o que ninguém sabe é que ele estava tentando esquecer a maldita Lola e que me usou como desculpa para a trazer de volta.
— Que foi o boato de que eles haviam voltado. Ele estava com você nessa época? - Ela fez cara de brava.
— Sim, digamos que era um relacionamento em que ambas as partes estavam tendo algum benefício. No meu caso, ele me ajudava com algumas matérias na faculdade e eu o ajudava a espantar as moças que chegavam e davam em cima dele.
— Entendo, ele é bem insistente quando se trata do que ele quer.
— Sim, mas não tinha me dito que gostava da Lola. Não teria sido tão doloroso se ele tivesse jogado a real comigo.
— O que ele exatamente te disse?
— Quando ela apareceu no restaurante em que estávamos, ele me disse que queria minha ajuda para esquecê-la, mas sempre acabava correndo para os seus braços quando se aproximava de mim.
— Aproximava como? - Disse ela me olhando bem séria.
— Quando me beijava ou no dia em que ficou doente, eu o trouxe para o meu apartamento e cuidei dele durante dois dias. Nesses dois dias, ele correu para os braços dela.
— Na segunda vez como eu já estava apaixonada, o mandei embora. Meu coração doía tanto, que eu não queria nem vê-lo. Me senti um step, isso é bem humilhante.
— Você chegou a dizer que gostava dele?
— Na época, sim... Mas, ele não soube lidar com isso. Como ele não decidiu o que queria da vida, eu decidi por nós dois.
— Qual a desculpa que ele deu?
— Que nunca se vira em um relacionamento com uma de suas alunas, que aquilo não era certo e que precisou ir até a Lola para ver se gostava dela ainda.
— Agora até eu quero matá-lo. Fez bem em mandá-lo embora. O que ele te disse quando te reconheceu?
— Que não estava mais com a Lola. - Eu respondi amarga.
Trish colocou a mão na cara, como sinal de reprovação.
— Como Dante é idiota para se comunicar! Não acredito nisso. Sério, é um excelente Administrador, sábio em fazer negócios, em reerguer empresas, mas quando se trata de sentimentos, dá dó.
— Bom, agora que você sabe da história toda, vou indo porque tenho compromisso, mas agradeço a chance e também por ter me escutado. Nos daríamos muito bem, já que você é bem sincera.
— Tudo bem, hoje a deixarei ir, mas saíba que ainda não desisti de você. Vamos nos falando.
— Ok, acredito que não mudarei a minha decisão, mas obrigada.
— Vou fazer você mudar. Até mais. - Disse ela fazendo anotações no meu portifólio.
Levantei e saí da sala. Chamei um táxi e voltei ao meu apartamento, pois essa noite Lucy e Nick iriam vir jantar comigo.
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Assim que Kyra saiu da sala, Trish ficou pensativa. Tinha que encontrar uma forma de convencer Kyra a ficar. Via um futuro brilhante para ela na empresa e isso iria trazer prestígio para a Vadema Inc. Tinha de definir uma estratégia e fazer com que Kyra caisse em sua armadilha, mas isso não seria fácil até porque queria matar Dante juntamente com ela por ter machucadi seu coração e também arruinado seu plano.
Levantou, saiu da sala e foi em direção a chefia da empresa.
"Agora ele vai me escutar!"