Capítulo 25
1258palavras
2023-06-15 11:29
Entrei na sala que iria acontecer a entrevista. A editora Trish ainda não havia chego. Olhei a decoração da sala que acompanhava o hall de entrada, as paredes eram da mesma tonalidade de marrom, com quadros pendurados das gestões anteriores, mas que faltava o quadro da gestão atual. Esse fato não me incomodou. Verifiquei a mesa redonda central, com poltronas confortáveis seguindo o tom das paredes e de fundo havia uma vista magnífica que dava para o centro da cidade.
Um fato que eu não contei para você, caro leitor, é que eu me mudei do meu antigo apartamento. Hoje moro mais próximo do centro, um apartamento menor, devo dizer, mas que é igualmente aconchegante. Não me mudei porque queria, mas a dona do apartamento falecera (eu a adorava, foi uma mãe para mim enquanto eu estava lá), chorei horrores e sua filha me pediu para desocupar. Como foi 6 meses após eu e Dante termos terminado, nao consegui dividir apartamento com ninguém (até porque João e Lucy estavam com namorados, eu não queria atrapalhar), foi aí que encontrei meu atual apartamento em um classificado no jornal. Quem diria que as pessoas ainda utilizam esse meio para divulgarem imóveis , carros, animais perdidos e até mesmo aluguéis. Com o passar do tempo, consegui juntar o dinheiro para comprar o apartamento e fiz uma proposta para o antigo dono, que na época, aceitou a oferta. Fiquei imensamente feliz, comemorei com meus amigos em uma festa do pijama de arrombar (bom, com bastante chocolate, cerveja e filmes de romance). Não havia superado Dante, mas com o passar dos dias, começara a doer menos.
Voltando a minha entrevista: Me aproximei para ver a vista, minha mente foi longe, fiquei em devaneios pensando em alguns momentos que eu vivi no passado e confesso que de alguns eu sentia saudade. Fiquei ali parada durante 20 longos minutos e nada da editora chegar. Voltei dos meus devaneios, decidi me sentar e notei alguns papéis em cima da mesa, como estava sozinha ali, decidi dar uma lida para saber do que se tratava (sim, sou muito curiosa). Os documentos eram relacionados a escrita, em como o autor deveria se portar, passar sentimentos ao leitor e até mesmo tratar seu fã e leitor. Achei o material incrível, tirei meu bloco da bolsa, fiz algumas anotações e decidi criar um enredo para a proxima historia que eu iria escrever. Como amo comédia romântica, de praxe que eu irei escrever sobre esse tema. Imaginei como os personagens seriam, seus gosto, personalidades e costumes. Nao sou muito fã de romances clichês, mas comédia é a definição da minha vida, disso eu entendo bastante. Quando me dei conta da hora, já faziam mais de 1 hora que eu estava na sala e que ainda não havia sinal da editora. Meu estômago começou a roncar porque já estava próximo do meio dia e eu não sei o que fazer.

"Será que devo ligar para a recepção?" - Eu pensei.
Decidi ligar para a recepção e verificar se eu podia sair para almoçar e retornar logo em seguinda.
— Editora Vadema, boa tarde!
— Boa tarde Carol. Aqui é a Kyra, estou aqui na sala esperando a editora e eu gostaria de saber se posso sair para almoçar e depois retornar?
— Te aconselho a continuar aí na sala até a senhorita Trish chegar. Sei que é ruim, mas como gostei de você, estou te dando uma dica.
— Muito obrigada pela ajuda Carol.

— Imagina, vou aí te levar uns biscoitos e um cafezinho.
— Sério? Não quero te dar trabalho. -Eu disse preocupada do outro lado da linha.
— Imagina, sei como é ruim ficar sem almoçar. Estou indo, até mais. -Dizendo isso, ela desligou.
Eu fiquei emocionada, não esperava este tipo de tratamento, estava acostumada com grosseria, um tentando puxar o tapete do outro, tentando ganhar mérito pelas feitos que você fizera e aí por diante. Dificilmente as pessoas se quer me perguntavam se eu estava bem, quem dirá me trazer comida por causa do horário de almoço.

Ouvi duas batidinhas na porta, a mesma foi aberta por Carol que veio ao meu encontro sorrindo com uma bandeija na mão.
— Você é um amor por se preocupar comigo. -Eu disse ajudando-a com a bandeija.
— Imagina senhorita Kyra. Só estou fazendo o meu trabalho. - Disse ela ficando vermelha.
— Não estou acostumada com esse tipo de tratamento e fiquei bem feliz pela sua preocupação.
— Imagina, a senhorita que é diferente. Me tratou com respeito desde quando chegou. Sei que está aqui há um bom tempo esperando. Não vim te avisar antes do contratempo que a senhorita Trish teve porque ela me ligou a pouco se desculpando.
— Ahh entendi, ela está bem? Se quiser, posso voltar outro dia.
— Imagina, ela pediu que você a aguarde. Está tudo certo com ela, mas o carro quebrou e ela está na oficina a mais de 3 horas. Ela me disse que já estão terminando os reparos e que no máximo em 1 hora estará aqui.
— Perfeito! Muito obrigada por ser meu anjo hoje. Agradeço de coração.
— Foi um prazer! Vou sair para o almoço e dentro de 1 hora estarei de volta. Qualquer coisa que precisar, pode me procurar quando eu voltar.
— Muito obrigada e bom almoço. -Eu disse sorrindo para ela.
— Vou lá. Até mais. -Disse Carol saindo da sala.
Fui até a bandeija e meus olhos brilharam por tanta coisa que tinha. Não imaginava que ela traria um banquete, tinha leite quente e café preto em duas garrafas, bolachas de diferentes tipos, incluindo as salgadas e até um bombom com um bilhete me desejando sorte. O sentimento que eu tive nao tem explicação, me senti tão bem recebida, mesmo não tendo feito a entrevista ainda. Senti um pouco daquele sentimento de família da qual só senti com a Lucy e com o João. Isso foi uma surpresa para mim. Eu sorri por ser um sentimento muito bom, me servi de leite com café (esse meu gosto ainda não mudou hehe), bolacha salgada com geleia de morango e almocei. Agora sim, meu estômago parou de doer, mas ainda estava fazendo uns baulhos estranhos.
Como faltavam 1 hora para a senhorita Trish chegar, decidi encontrar um banheiro para escovar meus dentes e me "renovar" (se é que me entende). Saí da sala, fui na recepção, conversei com Janine e perguntei onde ficava o toalete, ela me explicou certinho que eu teria que ir até o final do corredor, virar a esquerda, continuar reto até chegar ao toalete que ficava também a esquerda. Agradeci e fui em direção ao banheiro meio que apressadamente porque os barulhos aumentaram e estava começando a me preocupar. Quando virei a esquerda, trombei com uma silhueta grande e caí sentada.
— Você está bem? - Perguntou uma voz conhecida.
Eu ouvi aquela voz e entrei em choque. Seria muita coincidência encontrá-lo depois de cinco anos e cômico ao mesmo tempo por causa do tombo que eu tomei. Não estava com coragem de encará-lo com medo de que o meu sexto sentido estivesse certo. Me recusava a acreditar que o destino iria me pregar uma peça tão grande, isso seria como encontrar uma agulha no palheiro, uma chance em um milhão, poderíamos chamar de azar instantâneo, mas como se tratava da minha vida, tudo poderia acontecer porque eu sou a Kyra né?
— Você está bem senhorita? - Perguntou novamente a silhueta grande estendendo a mão para que eu a pegasse.