Capítulo 23
1434palavras
2023-06-09 05:12
— Kyra, você deve estar orgulhosa de seu triunfo né? - Disse uma voz profunda ao meu lado.
— Eu devo estar ficando louca, tô até ouvindo vozes. - Falei sem me virar.
— Engaçadinha você! - Disse a voz mais uma vez.
— O que está fazendo aqui?
— Vim ver o que você está aprontando.
— Bom, se me lembro bem, não fui eu quem virou manchete de jornal!
— Você tem razão em estar brava, mas tinha que vir para uma casa noturna? - Disse totalmente reprovando a minha escolha
— Não preciso da sua permissão Dante! Além do mais, sou solteira e faço o que eu "Bem" entender.
— Temos um contrato, não esqueça disso.
— Nós tínhamos um contrato. Como você saiu nas manchetes todo amoroso com a Lola, isso quebra o contrato. Eu ainda não fiquei com ninguém aqui.
— E nem vai! Ainda não quero cancelar o contrato.
— Não é sua escolha, é minha. Você está livre Dante, vai assumir a Lola e me deixa em paz.
Dante me puxou pelo braço até o camarote que ele estava e fechou a porta. Não havia ninguém ali além de nós dois.
— Aqui poderei te escutar melhor. A música alta estava me deixando louco! - Disse ele.
— Sei que era a música. - Eu disse dando de ombros. - Me arrastou aqui para quê?
— Eu não estou com a Lola. Isso aconteceu porque eu queria entender os meus sentimentos. Encontrei ela por acaso e quis ver se eu ainda sentia algo por ela.
— O que eu tenho haver com isso? - Falei super irritada.
— Você me mostrou que não estou apaixonado por ela.
— Aí jura? Toda vez que algo acontece, é para ela que você corre. Você é a pessoa mais confusa que já vi na vida! Consegue ser mais do que eu.
— Não sou tão instável assim.
— Não? Então me responde o que está fazendo em uma casa noturna, após ser pego com a ex?
— Nick me avisou de que você estava aqui.
— Você não estava aqui antes juntamente com o Nick?
— Sim, eu estava... Nick foi chutado pela noiva e precisava de apoio.
— Então, por qual motivo você veio até mim? Não foi você mesmo quem terminou tudo hoje?
— Não foi bem assim, confesso que não tenho sido muito bom ao escolher as palavras corretas para conversar com você. Ainda mais que ontem, você me assustou.
— Te assustei? Você é um idiota mesmo. - Eu falei com raiva.
— Kyra, eu te desejo, mas não posso tirar isso de você...
— Do que você está falando? - Perguntei sem entender.
— Da sua virgindade... Você tem que fazer isso com a pessoa certa no momento certo...
— Vá para o inferno! Você não manda na minha vida, muito menos com quem eu durmo.
— Veja pelo meu lado, eu nunca havia me envolvido com uma aluna antes. Tudo isso é novo para mim e eu quero que você encontre alguém especial que possa te dar o que eu não posso.
— Não pode ou não quer me dar? Quantas desculpas mais você vai inventar para não continuar comigo, mas continuando comigo? Isso soou bem confuso por sinal. - Eu falei indo em direção a porta.
— Eu realmente não quero continuar, mas também não quero te deixar.
— Ou seja, você quer um "step" para utilizar quando o pneu (Lola) não estiver disponível né?
— Você colocando dessa forma, parece que sou um monstro. Não quero a Lola, fui atrás dela somente para verificar se ainda gostava dela.
— Dante, faça o que quiser, mas me deixe em paz! - Abri a porta e fui sair, mas senti que Dante segurou o meu braço.
Eu olhei para a mão me segurando e fixei meu olhar em seus olhos.
— O que foi agora? - Eu falei tentando puxar a minha mão, em vão.
— É isso que eu adoro em você!
Dizendo isso, Dante me puxou para ele, colocou uma das mãos na minha cintura e a outra na minha nuca e me beijou. De início, tentei recuar e me afastar, mas ele não deixou. No início era bem devagar, parecia que queria saborear os meus lábios. Ele foi me empurrando devagarinho até me encostar na parede. Suas mãos começaram a passear pelo meu corpo, tocando minha bunda e apertando-a. Eu estava indo nas nuvens e Dante aprofundou ainda mais o beijo. Eu nunca havia deixado ninguém me tocar daquela forma, sabia que não era certo, mas com ele, eu não conseguia me conter.
— Aqui realmente não é lugar para isso. - Falou Dante com a voz rouca no meu ouvido, interrompendo o beijo.
Eu ainda não tinha recobrado a minha sanidade. Me apoiei nele, respirei fundo umas 15 vezes, olhei para ele e disse:
— Realmente não é lugar para isso, porém não quero continuar com isso! Referente ao contrato, estou livre de você e agora assuma a Lola e me tire de sua vida!
Dante arregalou os olhos em choque, aproveitei a oportunidade e sai correndo dali. Desci as escadas correndo, procurei por João e o vi no bar ainda conversando com o rapaz de jaqueta preta. Fiz o mesmo com Lucy e a vi ainda conversando na mesa com Nick. Mandei mensagem para os dois avisando que estava indo embora, chamei um táxi e fui embora. Não aguentava ficar mais um minuto ali.
O táxi chegou, entrei sem olhar para trás. Dei meu endereço ao taxista e desabei a chorar. Como Dante pôde ser tão insensível, arrogante e escroto? Eu sabia que havia me apaixonado por ele, mas ser humilhada dessa forma, não havia sentido algum. Sabia que iria me machucar, só não esperava que seria a segunda escolha. Eu desisti, não tenho como competir com a Lola, não só por sua fisionomia, mas também pelo sentimento que Dante nutria por ela. Me recusava a acreditar que quando uma pessoa ama, que ela machuca, humilha ou até mesmo te deixava como uma segunda opção. Estava farta daquilo tudo!
Cheguei em casa, paguei o taxista e entrei correndo. Só queria tomar um banho, chorar e me livrar daquele sentimento todo. Tomei um banho e fui dormir.
Acordei sábado pela manhã com batidas na porta. Levantei sem saber ao certo onde estava, abri a porta e vi Dante parado na minha frente.
"Merda" - Eu pensei.
— Precisamos conversar! - Disse ele.
Como eu não queria, tentei fechar a porta o mais rápido que pude (com sono), mas ele colocou o pé entre a porta e o marco e não consegui finalizar o que eu queria.
— Eu sei que você tem toda a razão, mas realmente precisamos resolver. - Disse ele entrando.
— Merda! Você acabou com a minha paz. - Eu disse fechando a porta.
— Como se você tivesse feito algo diferente. Você não entende que conseguiu bagunçar a minha vida? E eu não estou sabendo ligar com toda essa mudança.
— Eu já te disse, não sou sua segunda opção.
— Kyra, seja sincera, você sente algo por mim?
— Sim, não vou negar. E você, todo poderoso Dante? - Eu disse sarcasticamente.
Dante me olhou fixamente, parecia com olhar triste e acabou desviando o olhar. Parecia longe olhando para a minha sacada. Eu já sabia a resposta, sabia que ele não nutria sentimentos por mim e então peguei o contrato que estava na gaveta e sem esperar uma resposta, rasguei o contrato.
— Não quero saber a sua resposta, só encare isso como um término e por favor, saia do meu apartamento! - Eu falei segurando o choro.
— Mas...
— Não tem mas, só saia da minha vida e me deixe em paz. Sei que ama a Lola e que não sou mulher para você. Não quero mais participar disso. - Eu falei interrompendo-o.
— Deixa eu te explicar. - Ele tentou.
— Não, eu me apaixonei por você e com a mesma facilidade que me apaixonei, eu quero te esquecer.
— Kyra... Eu...
— Você mesmo disse ontem que não quer me namorar, que nunca se envolveu com uma aluna e que não quer se envolver, então deixa eu facilitar para você. Só sai da minha vida, por favor!
— Quando se acalmar, você sabe o meu número. Quero explicar as coisas para você. - Dizendo assim, Dante saiu do meu apartamento.
Meu sábado estava apenas começando, só que de uma forma chuvosa, com o coração partido e 1000 litros de lágrimas derramadas.