Capítulo 22
2325palavras
2023-06-05 22:20
Finalmente sexta-feira! - Sim, eu tenho o direito de comemorar após uma semana sofrida de provas. O fato é: Não aceitarei lágrimas derramadas em vão, por este motivo lindo, enxuguei as minhas lágrimas, desci e corri para pegar o ônibus. Ainda não sei o que o dia me reserva, mas uma coisa eu posso garantir: O final de semana das meninas será um arraso!
— Sim Kyra, você merece comemorar, até porque hoje sairão as notas das provas que você se matara em estudar! - Falei para mim.
Coloquei os meus fones, sim, aquele rock melódico junto com uma confiança da qual eu não tinha, mas que naquele momento estava acima do esperado. O fato é que eu não iria me entregar tão facilmente, embora estivesse sofrendo, me corroendo por dentro, me desmantelando… Tá, parei de me autodepreciar, mas cá entre nós, é engraçado quando sofremos por amor porque no futuro, iremos olhar para o passado e rir de tudo o que passamos, bom assim eu espero. Até lá já vou ter esquecido de um par de olhos castanhos, cabelos compridos e queixo quadrado…
“Pare Kyra, está se auto sabotando”. - Eu pensei.
Meus pensamentos estão confusos, terei de colocá-los no lugar na marra.
O caminho para a faculdade fora tranquilo, não vi nenhum reporter, as pessoas pareciam que haviam se esquecido um pouco da minha presença, o que era bom porque eu não gostava de ser notada. Cheguei na faculdade, cheguei na sala, sentei na carteira perto da janela e fiquei observando o movimento até que o professor chegou para a aplicação de um trabalho que provavelmente eu terminaria em casa com Lucy.
O trabalho passara tão rápido quanto a faculdade. Não tive muitos problemas, teve bastante movimento, porém foi gratificante o dia. Chegou a hora de ir embora, peguei um sorvete, pois era o meu prêmio por ter me saído bem nas provas. Fui para a parada com meu delicioso sorvete de morango e creme esperar o ônibus como de costume porque às sete horas Lucy iria chegar no meu apartamento.
Subi no ônibus, terminei o meu sorvete, coloquei uma música novamente bem tranquila, sim, metal ópera que estava me representando com letras profundas e melancólicas com participações de vocais femininos. O trajéto de volta foi super proveitoso (a quem eu estou tentando enganar?), até agora o dia tinha sido perfeito, não tinha do que reclamar.
Cheguei em casa com uma sensação de vazio imensa, mas logo Lucy chegaria, então não podia deixar a peteca cair.
“Vai tomar um banho Kyra, depois faremos um café e esperaremos Lucy, já que a mesma disse que não precisava comprar nenhum doce ou guloseima porque ela estava incubida disso”.
Tomei um banho, fiz um café, deixei a mesa posta para receber Lucy que aparecera na hora conforme havíamos combinado.
— Kyra, você viu a manchete no jornal? - Ela me perguntou preocupada.
— Que manchete? - Eu perguntei sem me importar muito.
— Dante foi visto com Lola num café bem requisitado.
— Hunn… Entendi, no caso o bilhete que ele me deixou hoje pela manhã era um término? Nice Joby Dante. - Eu falei com um sorriso de maníaca no rosto.
— Kyra, você está me assustando, não quero ser assassinada junto com ele. - Disse Lucy com um sorriso de poucos amigos.
— Lucy, vamos terminar os trabalhos que temos a fazer e vamos sair para danças?
— Uiii, adoro. Uma pequena vingança Kyra?
— Não, é uma volta por cima. - Eu sorri triunfante.
— Posso te arrumar? Você irá com a roupa e maquiagem da minha preferência.
— Combinado! Qual das casas noturnas você gosta de ir?
— Eu gosto da “Stylo Caliente”, lá da para dançar sem nos preocuparmos com marmanjos nos tocando. Entre outras palavras, temos espaço para realmente curtir a noite.
— Fechado. Nós merecemos isso, esse semestre foi puxado.
— Concordo, sem contar que beber é uma opção né?
— Hoje podemos. Vou convidar o João.
— Isso, ele vai arrasar hoje lá.
Peguei meu celular, procurei o contato do João, selecionei e encaminhei o convite:
— Bora João sair comigo e com a Lucy na Stylo Caliente?
Demorou uns 5 minutos e já veio a resposta.
— Partiu! - João confirmou.
Como Dante estava em outra cidade, não tinha perigo de nos esbarrarmos por coincidência e pela primeira vez, iria sair com meus amigos, o que eu nunca havia feito até aquela fase.
As horas passaram muito rápido, quando vimos já eram dez horas. Finalizamos todos os trabalhos que precisávamos para a semana que vem toda e fomos nos arrumar para esperarmos o João porque era o único que tinha carro.
— Kyra, eu trouxe um conjunto todo preto com body tule de pedras transparente e calça flare, ficará lindo em você combinado com um sutiã preto.
— Eu achei ele lindo. Vai lá, prove enquanto me arrumo nesta linda saia Lipo Prada com cropped preto transparente rendado.
— É amiga, vamos dar trabalho essa noite. - Eu disse sorrindo.
— Sempre né, viemos para a terra para isso garota!
Finalizamos de colocar as roupas e maquiagens, recebemos a mensagem de que João estava chegando e descemos para esperá-lo em frente ao apartamento.
— Olá girls! Vocês estão divando hoje, Kyra… É você mesmo? Meus Deus menina, quem te raptou? - Perguntou João incrédulo.
— A Lucy João. - Eu sorri entrando no carro.
— Lucy, você fez um milagre acontecer. Como conseguiu converser Kyra a ir dançar com a gente?
— Não sei João, acho que ela deve estar com febre sabe… Foi ela quem nos convidou, o que é mais entranho ainda! Em todo este tempo de faculdade juntos, ela sempre negou.
— Eu lembro amiga! Só pode ser uma coisa. - Disse João.
— O que? Também estou curiosa. - Disse Lucy toda atenta com a resposta de João.
— A substituíram.
— Essa é a melhor teoria da conspiração que eu já ouvi. - Disse Lucy rindo da minha cara.
— Qual é? Eu ainda estou aqui sabiam? - Eu retruquei.
— Antes tarde do que nunca! - Disse João.
— Sim, não vamos reclamar… Vai que ela volta né? - Disse Lucy gargalhando.
— Odeio vocês! Bora migas, hoje a noite é nossa!
O trajeto até a casa noturna foi agitação total. Rimos muito e eles ainda tiraram sarro da minha cara, sério, várias e várias vezes… São umas pestes, mas eu os amo.
Chegamos, João foi estacionar o carro e pediu para pegarmos a fila para entrarmos que logo mais, ele se juntaria conosco. Então nós fomos guardar um local até ele chegar. Entramos sem problema algum, pegamos uma mesinha próxima do bar e fizemos os pedidos de nossos drinks. Como eu era novata, Lucy me ajudou a escolher e foi se sentar com João. Fiquei esperando o meu drink ser finalizado em frente ao bar encantada com o profissionalismo do barman, se fosse eu, teria deixado tudo cair na segunda virada da garrafa. Enquanto estava maravilhada com a técnica dele, senti uma mão no meu ombro e me virei para ver quem era que estava chamando a minha atenção.
— Nick? - Eu falei surpresa.
— O que faz aqui Kyra? - Perguntou ele em tom de desaprovação.
— Como assim? Hoje é sexta, estou comemorando o estouro que foi esse semestre com meus amigos. Não posso?
— Você não está aqui por causa de Dante? - Perguntou ele desconfiado.
— Por que eu estaria? Ele não está em outra cidade com Lola?
— Ah… Você pode ter entendido mal.
— O fato de ele estar com a Lola ou em outra cidade?
— Então…
— Fique tranquilo doutor, ao que tudo indica, ele terminou comigo hoje pela manhã quando deixou um bilhete em minha mesa da cozinha. - Eu disse interrompendo-o.
— Kyra, pense bem, será mesmo que ele terminou?
— Bom, disse com todas as letras para eu não o procurar e que entraria em contato quando fora o caso. Não sou mais útil, então relaxa e curta a sua noite porque é o que eu farei hoje.
— Você não vai se arrepender? - Quis me persuadir.
— Doutor, sei que você é íntegro e está tentando apaziguar a situação, mas não tem o que fazer, ele nunca gostou de mim, foi só para reatar com a Lola.
— Não estou convencido disso.
— Mas, me diz uma coisa, você tem namorada?
— Por qual motivo deseja saber?
— Fica tranquilo que não é para mim. Na verdade, quero distância de homem neste exato momento.
— Eu levei um fora da minha noiva.
— Ah entendi o por quê de você estar aqui. Quer beber com a gente?
— Posso?
— Óbvio que sim. - Eu disse indo em direção a mesa.
— Vou aceitar porque aí fico de olho em você.
— Doutor, se for para eu aprontar, você não irá conseguir me impedir.
— Dou um jeito. - Disse ele convícto de que conseguiria.
— Eu duvido. - Eu falei me aproximando de Lucy e João. - Lucy e joão, quero que conheçam doutor Nick.
— Olá. - Disse João com os olhinhos brilhando (sei que achou o doutor bonito).
— Olá, como vocês se conheceram? - Perguntou Lucy com o cenho franzido.
— Ele é o médico de Dante. - Eu falei.
— É sério? - Disse Lucy bem desmotivada.
— Relaxa Lucy, ele é diferente dele. - Eu quis tranquilizá-la.
— Todos são. - Disse Lucy levantando e indo no bar pegar mais uma dose.
— Deixe-a me julgar, hoje meu dia está horrível mesmo. Pelo menos ela não se jogou em cima de mim por causa de status ou dinheiro. To de saco cheio desse tipo de mulher.
— O que realmente aconteceu com o seu noivado? - Eu perguntei tentando fazê-lo aliaviar um pouco a alma.
— Ela estava tendo um caso com um advogado. Fui em seu apartamento hoje mais cedo por conta de que um paciente faltou e acabei flagrando os dois na cama.
— Você tinha a chave do apartamento dela?
— Não, mas o zelador tinha e como já me conhecia, me emprestou a reserva porque eu queria fazer uma surpresa. Eu quem fui surpreendido.
— Sinto muito.
Eu não tinha visto que Lucy parara a alguns passos da nossa mesa para escutar o desabafo de Nick.
— Sua ex era uma vadia. Erga a cabeça doutor, você merecia consideração, respeito e fidelidade e não alguém que faz o contrário. - Disse Lucy.
— Ah, então você ficou curiosa com o que aconteceu comigo? - Perguntou Nick arqueando uma das sobrancelhas.
— Óbvio que não, mas autoconfiança ajuda bastante nessas horas. Até porque, você é bonito, daqui pouco vai estar namorando novamente com uma pessoa boa.
— Me diz uma coisa: com esse seu gênio forte, é provável que não tenha namorado.
— Não tenho namorado por escolha.
— Posso te perguntar qual o motivo?
— O que você vê quando me olha pela primeira vez? - Questionou Lucy.
— A aparência?
— Bingo! Por isso que não estou namorando.
— Deixa eu ver se entendi, você não está namorando porque é linda?
Lucy arregalou os olhos, ela na certa não esperava pelo elogio dele. Na verdade estava tão na defensiva, que não esperava chamar a atenção de Nick, mas pelo visto, foi o que acabara acontecendo.
— Obrigada pelo elogio, mas não é o caso de eu ser bonita ou não. Os homens me tratam como se eu fosse fútil e sem um pingo de inteligência. Aí quando começam a conversar comigo, acabam desistindo porque a única coisa que de fato queriam, era me levar para a cama. - Falou com amargura.
— Interessante o seu jeito de pensar. - Disse Nick.
— João, vamos deixar esses dois conversando até porque estamos estragando o clima aqui. - Eu sussurrei.
— Bora amiga.
Eu e João saímos de fininho que os dois não perceberam. Fomos ao bar novamente e eu peguei mais um drink, João como estava dirigindo, pegou uma água gaseificada.
— Amiga, que babado… Mas, o homem é lindo. Tomara que os dois se acertem.
— Já imaginou? Eu sou ou não um belo cupido?
— Mentira? Você fez de caso pensado? - Disse João incrédulo.
— Sim! Ele é muito querido e a Lucy também.
Estava todo preocupado comigo no bar dizendo para que eu não fizesse nenhuma besteira.
— Adoroooo…
— Só falta você né amigo? Não encontrou nenhum gatinho de quem gostou?
— Então, não estou a procura hoje. Quero passar com vocês.
Vi que um homem de jaqueta preta, musculoso de jeans azul claro e camiseta preta com decote em “V” não parava de olhar para o João.
— João, você viu esse bonitão de jaqueta preta aqui na ponta do balcão?
— Quem amiga? - Disse João procurando.
— Disfarça. Ele está só te olhando.
— Capaz, deve ser coisa da sua cabeça.
— Vamos fazer o seguinte: vou fingir que vou no banheiro e você fica aqui no bar tomando a sua água com gás como se não quisesse nada. Se ele chegar em você, vai ter que aproveitar a noite, lógico né, se for solteiro.
— Óbvio amiga. Acordo fechado! - Disse João sorrindo.
Eu saí em direção ao banheiro e me escondi atras de uma coluna. Não deu 5 minutos, o homem se aproximou de João e começou a conversar com ele. João olhou para trás a minha procura, me encontrou e sorriu para mim. Eu sorri de volta dizendo: “Eu ganhei”.
Agora sim, tudo certo… Eu não era muito boa com a minha vida pessoal, porém era ótima em juntar as pessoas. “Eu sou de mais! Dante que Lute para encontrar alguém como eu”. - Eu sorri satisfeita.
— Kyra, você deve estar orgulhosa de seu triunfo né? - Disse uma voz profunda ao meu lado.