Capítulo 19
1201palavras
2023-05-31 09:10
Cheguei em casa e Dante estava com cara de exausto deitado no sofá dormindo. Retirei todos os remédios da sacola, preparei algo para comer e fui então acordá-lo para comer e beber os remédios.
— Olá Kyra, como foi a sua manhã?
— Foi boa, acredito ter ido super bem na prova de hoje. - Eu disse sorrindo.

— Eu sabia…Parabéns! Até quando vão as suas provas?
— Essa semana é até amanhã. Semana que vem tem mais uma complicada, mas depois é só trabalho.
— Você tem planos para o final de semana?
— Eu tinha, mas acredito que ela não ligará em estudar aqui.
— Não se prive por mim, assim que melhorar, vou embora para não te atrapa…
— Cala a boca Dante! Saúde vem em primeiro lugar e eu só vou deixá-lo ir, quando estiver melhor! Quem vai cuidar de você lá? - eu o interrompi brava.

— Ok Kyra, você venceu! Mas saiba que você está indo bem por influência minha… Hoje te vejo mais animada, não querendo me gabar. - Eu disse com uma sobrancelha elevada e um pequeno sorriso no canto esquerdo da boca.
— Como você é convêncido né? Estou repensando em te colocar para dormir no seu apartamento sob a supervisão do Doutor Nick, o que achas? - Eu sorri maléfica.
— Ui, como você é má! Depois dessa, vou até tomar um banho. - Disse ele.
— Vou pegar uma toalha limpa para você e roupas.

— Ainda bem que você gosta de roupas masculinas e folgadas. Já imaginou se fossem coladinhas e rosadas? - Dante fez uma careta.
— Eu iria rir muito da sua cara. - Eu disse sem dó.
— Cheguei a me arrepiar visualizando a cena.
— Vai tomar banho! - Eu disse rindo.
Dante foi em direção ao banheiro, ainda estava com a cara bem abatida, porém agora com os remédios, ele só precisaria descansar.
Enquanto ele tomava banho, eu arrumei a mesa para comermos a sopa que eu fiz antes de acordá-lo e como Dante ainda não havia saído do banho, preparei a minha roupa e tomei uma ducha rápida. Quando saí do banho, Dante já estava sentado no sofá mexendo no celular.
— Está tudo bem? - Perguntei indo em direção a sala.
— Alguns problemas surgiram entre ontem e hoje.
— Muito graves?
— Digamos que se eu estivesse lá, seriam resolvidos rapidamente.
— Alguém de confiança pode assumir enquanto você estiver doente?
— Sim, já pedi ao meu braço direito verificar a situação e me enviar um laudo até amanhã meio dia.
— Se quiser, pode usar meu notebook.
— Capaz, sei que tens prova, está tudo bem.
— Dante, a prova de amanhã eu já estudei. Pode utilizar e se precisar da minha ajuda, é só pedir.
Fui em direção ao quarto pegar meu notebook e não dei espaço para que ele pudesse retrucar.
— Eu acabei de receber o laudo. Descobri desvio de verbas, em nome de algumas pessoas que ainda estão em nossa folha salarial, que saíram dos cofres da empresa nova na qual adquiri.
— Entendi. Pegue. - Eu disse entregando o notebook a ele.
— Obrigada.
— Quantas empresas você toma conta? - Eu perguntei curiosa.
— Cerca de 3 grupos do mesmo ramo e uma nova que adquiri para publicar os meus livros.
— No caso, uma editora?
— Sim, a editora Vadema Inc. Corporations. Eu pedi a Charles que viesse fazer uma investigação enquanto estou doente. Como é uma editora que possui nome e prestígio no mercado, é mais fácil ter algo errado porque não se conhece todos os colaboradores.
— Você diz “ter algo errado” por qual motivo? O que o levou a suspeitar de algo?
— Na verdade, as ações dela caíram drásticamente no último ano, os antigos donos queriam decretar falência alegando que não estavam tendo lucro. Foi aí que fui verificar os livros caixa, o sistema e também a quantidade de vendas e os gastos mensais e anuais.
— O que faz muito sentido, se tratando de uma nova aquisição.
— Sim, foi aí que encontramos os desvios de verbas feitos da conta da empresa para contas de gestores, tanto do Financeiro quanto para o Diretor geral. Então com esses dados aqui (disse ele apontando para o computador e me mostrando), vou debater de frente com eles para saber o que foi feito com os valores e quando irão devolvê-los.
— Como isso foi passar batido? - Eu perguntei incrédula.
— Digamos que são pessoas de confiança dos antigos proprietários, sendo que eles nem olhavam ou percebiam pequenas retiradas, mas coisa que sobre o meu olhar, não passam batidas.
— Nem podem passar, são valores “simbólicos”, mas que fazem falta a longo prazo.
— Sim, vê aqui no gráfico? Então ao que tudo indica, eles estão fazendo isso há quatro anos.
— Entre esse período, eles adquiriram imóveis, viagens ou quaisquer bens?
— Sim, para piorar suas próprias situações. Ao meu ver, eles não esperavam que a empresa seria vendida e sim decretada falência, era mais vantajoso e sem riscos.
— Como você conseguiu convencer os antigos proprietários a vender a empresa?
— Tenho meu charme, seria rentável para mim e para eles. Fiz uma proposta na qual eles não puderam recusar. O que foi um gelo no pessoas que está por trás de tudo isso porque não foram comunicados sobre a fusão. Só serão notificados na segunda ou terça-feira que vem, no caso, assim que eu melhorar.
— Como ficou sabendo que os donos estavam pensando em decretar falência?
— Eles me contaram durante a reunião que os seus diretores financeiro e comercial não estavam de acordo com a venda, alegavam ser pior para a empresa e que se optassem por isso, iria “sujar” o nome dos proprietários no mundo das “Editoras”.
— Eles caíram nesse papo?
— Algum tempo, mas aí fiz suas “cabeças” e os convenci que era melhor eles venderem, pois eu iria levantá-la novamente.
— Eles acreditaram?
— Não muito, mas decidiram me dar uma chance por causa do meu nome e da experiência que tenho.
— Você realmente me encanta quando fala sobre administração, mundo corporativo e até mesmo gestão de pessoal.
— Levo alguns anos na bagagem, mas daqui a pouco será a sua vez, basta ter fé em sí mesma.
— Obrigada… - Eu disse sorrindo. - Vamos comer? Já deve ter esfriado a sopa.
— Me desculpe, eu nem vi a hora passar. Realmente percebi agora que estou com fome.
Fomos em direção a mesa, pedi para ele se sentar e coloquei a sopa esquentar novamente. Quando a sopa já estava pronta, coloquei a panela na mesa e servi a sopa em uma tigela e a entrei. Fiz o mesmo processo para mim e me sentei para comer.
— Você quer queijo? - Eu perguntei.
— Você costuma comer queijo na sopa?
— Sim, já experimentou? - Eu quis saber.
— Ainda não.
— Beleza, faz o senguinte: pica as fatias do queijo dentro da sopa, mexe um pouco e estará pronta para comer.
— Assim tão fácil?
— Sim. - Eu sorri.
Comemos em silêncio até o telefone de Dante tocar.