Capítulo 122
1090palavras
2023-06-25 00:01
(Ponto de vista de Nikolai)
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"Ashley, por favor, não faça isso. Me desculpe", ajoelhei-me ao lado dela enquanto colocava a mão em uma de suas mãos. Em seguida, acariciei suas bochechas gentilmente enquanto sussurrava minhas palavras para acalmar sua tristeza: "Querida, me desculpe. Eu não quis falar aquilo... Eu simplesmente não aguentaria te perder de novo. Não consigo... Prefiro morrer do que viver essa vida sem você. Por favor, olhe pra mim."
Ela abriu os olhos e encarou-me. Beijei seus lábios e puxei seu corpo para mais perto do meu: "Eu te amo, Ashley. Por favor, já chega. Você precisa descansar. Loraine tá vai encontrar uma cura para o nosso filho. Você não deve usar toda a energia que resta em você. Guarde para os bebês."
Loraine havia deixado escapar, acidentalmente, que Ashley estaria grávida de gêmeos. Fiquei muito feliz com a notícia. Contudo, depois de saber como seria difícil sua gravidez de gêmeos, fiquei sem saber como reagir.
Eu não iria perdê-la. Eu precisava encontrar uma forma de salvar tanto ela quanto nossos bebês.
Mas, primeiro, precisávamos salvar meu filho Teddy.
"Tô com tanto medo, Nikolai... Eu não posso perdê-lo... Não desse jeito", ela sussurrou enquanto eu abraçava seu corpo trêmulo perto do meu, "Sem meus poderes, como vou protegê-lo?"
Ela se acabou em lágrimas. Partiu meu coração vê-la naquele estado. Minha outrora forte e confiante Ashley estava enfrentando seu pior medo, e eu também tinha o mesmo medo de perder um filho. "Não se preocupe, meu amor. Eu vou encontrar uma solução", falei para acalmá-la.
A porta do quarto se abriu, por onde entraram Loraine e a Rainha. Ambas estavam carregando uma vasilha cada. Daisy entrou em seguida com um livro na mão: "Tudo bem, Nikolai. Vamos fazer do nosso jeito. Agora, precisamos tirar um pouco do seu sangue pra fazer essa poção funcionar. Vai doer, não vou mentir. Você tá pronto, garotão?"
Enquanto Daisy me preparava para o feitiço que as bruxas iriam realizar, a Rainha se aproximou e olhou para Ashley com amor: "E você, Ashley, precisa descansar. Não é bom para os seus bebês todo esse estresse que você tá sentindo."
"Bebês?", ela olhou para mim com um olhar de preocupação, e eu podia sentir que as notícias a estavam deixando com medo de ter que passar por uma gravidez difícil mais uma vez. "Vou sobreviver a essa gravidez, Loraine?", ela perguntou.
Ajudei Ashley a se levantar e a abracei gentilmente: "Você vai, meu amor."
"Como você tem tanta certeza disso, Nikolai?", ela olhou para mim e, depois, para Loraine, "Por que você precisa do sangue do Nikolai pra fazer essa cura? Sangue de lobisomem poderia acordar o Teddy?"
Daisy riu e aproximou-se de mim. Ela então segurou meu punho, com uma faca na outra mão. Parecia a mesma faca que as bruxas usaram para matar Erique durante a guerra. "O que você tá fazendo, Daisy?", perguntei.
"Sangue de lobisomem, não, Nikolai. Eu preciso que você traga pra fora aquela força que você tem mantido trancafiada dentro de você, chame-a: Liberte o vampiro em você. O sangue dele pode salvar seu filho", a Rainha me disse antes de sorrir para Ashley, "E o mesmo sangue pode salvar você e os seus bebês, Ashley. Existe uma maneira de salvá-los."
"Eu nunca li sobre esse feitiço em nenhum dos livro das bruxas, vovó", Ashley parecia confusa, olhando para a Rainha e, então, virou-se para me olhar, "O que vai acontecer comigo depois que eu beber seu sangue, Nikolai?"
Virei-me para acariciar suas bochechas com uma mão e acalmá-la: "Eu já te dei meu sangue quando você estava inconsciente no rio. Não aconteceu nada de ruim. Provar meu sangue faria você me desejar, da mesma forma que te desejei quando provei o seu pela primeira vez. Mas isso pode te tornar mais forte. Contanto que você continue viva e não se alimente de nenhum outro sangue além do meu nas próximas 48 horas, você vai ficar bem."
Ela assentiu com a cabeça para mim e foi me abraçar, colocando os braços em volta da minha cintura e falando: "Eu te amo, Nikolai."
Eu assenti com a cabeça, com um sorriso, e beijei a cabeça dela: "Eu te amo mais, meu amor."
"Como você sabia que seu sangue poderia salvar a Ashley, Nikolai?", Loraine perguntou enquanto passava, com um pincel, um pó na testa de Teddy.
Então, me lembrei de algo: "Uma mulher ruiva apareceu na minha frente enquanto eu tentava salvar a Ashley no rio. Ninguém mais a viu além de mim. Que estranho, né?"
"Ruiva? Que interessante", Loraine piscou para mim. Eu poderia imaginar que ela já sabia disso tudo antes mesmo de acontecer. Loraine tinha a habilidade de ver o que estava por vir.
"Quem era aquela mulher?", fiquei curioso para saber, mas Loraine não me respondeu. Ela apenas sorriu para mim, o que me irritou muito.
"Mãe? Você também tá aqui?", Ashley perguntou enquanto andava em direção à porta para encontrar sua mãe, a qual mantinha a típica expressão fria.
"Eu vim aqui pra te ajudar, minha filha. E todos nós vamos salvar Theodore, seu filho. Ele é um menino especial, com um futuro brilhante", a mãe de Ashley se aproximou dela e sentiu um pouco de nervosismo ao reencontrar a própria filha, "Espero que você encontre uma maneira de me perdoar, Ashley. Eu errei e nunca quis te machucar. Eu não sabia o que fazer naquela época. Por favor, nos perdoe. Quero que recomecemos como uma família."
Ashley então abraçou a mãe dela e chorou em seus ombros: "Eu sei, mãe. Eu sou mãe agora. Eu entendo o que você precisou fazer naquela época."
Suspirei de alívio quando vi mãe e filha unidas novamente. Foi então que, do nada, Daisy tirou sangue da minha mão: "Ai! Ei, cuidado."
"Ah, qual é?! Você é um bebezão", Daisy riu e sussurrou um feitiço para curar minha ferida, "Agora, coloque a Ashley pra descansar enquanto realizamos o ritual."
"Vou ficar. Eu quero estar aqui quando Teddy acordar", Ashley andou até ficar ao meu lado.
Eu então segurei a mão dela e sorri: "Nós dois estaremos aqui com o nosso filho quando ele acordar."
"E eu também", virei-me para ver minha própria mãe entrar e cruzar os braços sobre o peito enquanto falava, "Ele é meu neto. Vou cuidar bem dele quando ele acordar."
Eu ri e assenti com a cabeça para minha mãe teimosa. Ela não aceitava um 'não' como resposta quando decidia algo: "Tudo bem, senhoras, o que vocês estão esperando? Vamos fazer isso juntos."