Capítulo 121
1552palavras
2023-06-24 00:01
(Ponto de vista do autor)
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Sangue. Cadáveres. Morte.
Tudo isso cobria o armazém inteiro, exceto por duas pequenas crianças.
Uma estava parada no meio de uma poça de sangue, enquanto a outra estava com os olhos vendados e amarrada a um poste. Ela ouviu barulhos. O tipo de barulho que causava arrepios.
Não ser capaz de ver o que estava acontecendo a estava deixando ansiosa. "T-Teddy... cadê você? O que aconteceu?"
Ela sussurrou com sua voz trêmula. O som que ela ouviu antes era assustador.
Havia o som de lobos uivando de dor, ossos se quebrando de uma forma dolorosa e aflitiva. Gritos de socorro foram ouvidos, seguidos pelo som de portas e janelas trancadas.
"T-Teddy, você... você ainda tá aí?", Crystal sussurrou com medo do que estava a sua volta.
Ela não conseguia ver ou se mover muito. Ela tentou se soltar, o que provou ser inútil, e ainda acabou machucando mais as mãos, pois a corda estava muito mais apertada no seu punho. "Socorro. Alguém, por favor, nos ajude", ela pediu.
Foi então que Crystal ouviu os gritos de um menino. Ela sabia quem era e se perguntou o que estava acontecendo: "Teddy, é você?"
"C-Crystal, m-me ajude", essas foram as últimas palavras que ela o ouviu sussurrar antes de desmaiar, sem que ela soubesse.
"Teddy! Teddy!", ela gritou seu nome várias vezes, com lágrimas molhando suas bochechas inchadas e doloridas. O forte tapa que Pamela havia lhe dado ainda ardia em sua pele macia.
O tempo passou. A pequena Crystal não sabia o que estava acontecendo a sua volta.
Silêncio.
Era como se ela estivesse sozinha mais uma vez naquele quarto, naquele quarto escuro.
Chorando de dor e medo, Crystal fez o possível para se soltar daquela corda apertada. Seu punho estava doendo, e ela podia sentir que a ferida em suas mãos estava doendo bem mais.
'SNAP!'
Por fim, ela se soltou e tirou a venda que cobria seus olhos.
Olhando ao redor do quarto escuro que estava sendo iluminado somente por uma pequena lâmpada quebrada, ela sobressaltou e se arrastou de volta para a parede. Seus olhos se arregalaram de medo do que ela viu.
Um líquido vermelho e pastoso cobria o chão. Os corpos daqueles que os ameaçaram de morte antes estavam, agora, torcidos de uma forma estranha.
E, então, ela viu um corpo que se parecia com o de Pamela. De suas órbitas, escorria sangue. A cabeça dela havia sido torcida para o lado e seu corpo estava coberto de sangue. Com toda a força que Crystal tinha dentro dela, ela gritou de medo com sua respiração acelerada.
Seu coraçãozinho estava batendo muito rápido devido ao medo, e ela estava ofegante, buscando ar para respirar. "Teddy! Cadê você? Fale comigo", ela dizia.
Com o corpo trêmulo, ela se levantou lentamente para ver o que havia além daqueles corpos. Lágrimas cobriam seu rosto e escorriam pelo seu pescoço.
Definitivamente, aquilo não era algo que crianças da idade deles deveriam ver. Uma visão aterrorizante que mudaria suas vidas para sempre.
Sendo uma garota corajosa, Crystal andou lentamente para frente no chão escorregadio. Ela não queria ver em que estava pisando, pois sabia que era mais do que apenas sangue.
"Teddy!", vendo o menino deitado no chão, ela correu até ele enquanto escorregava várias vezes antes de alcançá-lo.
"Acorde, por favor! Não me deixe aqui. Precisamos ir pra casa... Teddy, acorde!", as mãos dela estavam movendo os braços e ombros dele, "Não me deixe aqui, Teddy... Tô com tanto medo..."
Deitando-se para abraçar o corpinho dele, Crystal então ouviu seu fraco batimento cardíaco: "Você tá vivo. Teddy, consegue me ouvir?"
Não houve resposta.
'BAM!'
Ouviu-se o som da porta se abrindo, o que assustou Crystal. Ela puxou o corpo de Teddy para perto do dela enquanto tentava carregá-lo na tentativa de se esconder do perigo em algum lugar.
"Crystal! Cadê você? Teddy!", ouvindo a voz de seu pai, ela sorriu e gritou para ele.
"Papai! Tô aqui. Pai, por favor, venha cá! Teddy não tá acordando. Me ajude!", ela gritou enquanto segurava de joelhos o Teddy incosciente.
"Ah, minha garotinha", Ivan aproximou-se correndo e cobriu o rosto dela em seu peito. Ele então beijou a cabeça dela e tirou a jaqueta para mantê-la aquecida: "Você não deveria ver o que aconteceu aqui. Feche os olhos, filhinha."
"Eu já vi, papai. Eu não sei o que aconteceu. Você precisa me ajudar a acordar o Teddy. Por que ele tá dormindo por tanto tempo?", Crystal continuou tentando acordar Teddy enquanto fungava e chorava.
Drake entrou seguido por sua namorada, Cindy. Havia outros lobisomens também que seguiram atrás, prontos para qualquer ataque que pudesse ocorrer a eles.
A visão que os esperava na sala marcou suas vidas. Drake segurou a mão de Cindy, para mantê-la atrás dele, e disse: "Não olhe, Cindy. Fique pra trás. Volte para o carro."
"Não!", Cindy abriu caminho e correu para onde viu que o Teddy estava deitado no chão, com Ivan examinando-o.
"Precisamos tirá-lo daqui", Cindy se ajoelhou ao lado de Teddy e o pegou para carregá-lo em seus braços, "Precisamos encontrar Loraine Winters. Ela é a única que pode ajudá-lo."
"Você sabe o que aconteceu com ele?", Ivan perguntou com ceticismo. Sem esperar por uma respota, ele estava carregando Crystal em seus braços, enquanto cobria o rosto dela em seus ombros, pois não queria que ela visse mais daquela cena assustadora diante deles.
"Não sei, mas pode ser o que aconteceu com Tiana antes. Isso parece ser o que ela chama de desmaio. Eu preciso levá-lo de volta. Preciso ligar pra mãe dele. Isso não é bom", disse Cindy com Teddy em seus braços enquanto deixava aquela cena horrível no armazém para trás.
"O que di*bos aconteceu aqui?", antes que Cindy conseguisse sair, ela arfou quando viu Ashley e Nikolai parados na entrada do armazém.
"Teddy ! Ah, meu filho", Ashley correu em direção a Cindy e pediu para carregar seu filho nos braços.
Contudo, Nikolai chegou primeiro até Cindy e o carregou. "O que aconteceu no armazém? Ivan? Drake? Quem fez esse massacre?", ele perguntou.
"Crystal? Você se lembra de alguma coisa?", Ivan perguntou a sua filha que se recusou a responder. A menina não entendeu o que havia acontecido. A última coisa de que ela se lembrava era do tapa de Pamela.
"Nikolai, faça alguma coisa. Precisamos ajudá-lo", Ashley estava chorando e beijando tanto as bochechas quanto a cabeça de Teddy, pois não querendo deixá-lo ir.
"Vamos levá-lo pra casa, querida. Não se preocupe, vamos encontrar uma maneira de acordá-lo", Nikolai virou-se para Frankie, que chegou com Daisy, a qual era, agora, seu caso de amor.
"Ah, querida, precisamos levá-lo pra casa rápido. Loraine tá vindo para cá. Bem, ela sabia que isso ia acontecer alguma hora", Daisy verificou o pulso de Teddy e suspirou, "Não temos muito tempo."
"O que aconteceu com ele?", Ashley perguntou enquanto andava ao lado de Nikolai, que carregava o filho deles.
"Não sei. Talvez a Rainha saiba alguma coisa sobre isso", Daisy então checou seu celular e sorriu, "e ela tá a caminho do Palácio dos Wulfgard."
*****
(Ponto de vista de Ashley)
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Quando chegamos à casa de Nikolai, meus olhos já estavam inchados de lágrimas, as quais não consegui impedir que escorressem pelo meu rosto. Fiz tudo o que pude para salvar Teddy.
Contudo, minhas habilidades provaram estar falhando devido a minha gravidez. Eu havia explicado para Nikolai como eu fiquei vulnerável quando engravidei de Teddy. Quanto mais tempo eu ficasse no período de gravidez, mais fraca eu ficaria. Eu não conseguia nem me curar.
"Por que você não me contou tudo a respeito das suas complicações na gravidez? Eu teria impedido que isso acontecesse! Eu nunca deixaria você sacrificar sua vida dessa maneira!", ele levantou a voz para mim com raiva, "Eu escolheria você em vez desses bebês que você tá carregando!"
Eu bufei e o empurrei para o lado. Ele estava ao lado da cama de Teddy. "Só saia da frente, Nikolai. Como você pode falar essas coisas sobre nosso filho que nem nasceu ainda! Saia daqui!", eu mandei irritada.
Ele me encarou enquanto seus olhos ficavam avermelhados. Eu sabia que ele estava com raiva.
Como eu poderia ter contado a ele sobre minhas complicações? Eu não planejava engravidar de novo. Ele me engravidou, porque quis.
Daisy uma vez me disse que seria impossível que eu engravidasse depois do Teddy.
Entretanto, eu fiz e foi um milagre.
"Ashley...", ele tentou falar comigo em um tom mais suave, mas eu bati nele e o empurrei.
"Cale a boca!", e então joguei um travesseiro nele e apontei para a porta para que ele saísse, "Esse corpo é meu. Eu vou decidir o que quero fazer com ele. Vou manter meu bebê, mesmo que isso custe minha vida. Só dê o fora daqui, Nikolai. Eu não quero vê-lo agora."
E, então, sentei-me ao lado de Teddy e coloquei minhas duas mãos em seu peito. Citando um antigo feitiço de proteção, fechei os olhos e deixei fluir toda a energia que ainda restava no meu corpo para curar meu filho.
Fiz tudo o que pude e dei a ele toda a força que eu tinha dentro de mim.
Contudo, por que parecia que eu o estava perdendo?
Por que minha magia não estava funcionando nele?