Capítulo 118
1805palavras
2023-06-21 00:01
(Ponto de vista de Ashley)
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Acordei na cama de Nikolai, a qual nunca deixava de ser confortável, com aquela sensação macia e suave dos lençóis brancos, além de ter um cheiro agradável também. Eu sorri e me movi para o meu lado, pensando que ele ainda estaria ali comigo.
Mas a cama estava vazia do outro lado. Suspirei e puxei o edredom quente e macio para cobrir meu corpo completamente, como se estivesse em um casulo protetor.
Eu já sentia falta dele. Queria que ele voltasse para mim logo, como me prometeu antes. Fechando meus olhos novamente, eu descansei minha cabeça no travesseiro, o qual ainda estava com aquele cheiro dele que eu passei a amar.
Era amor. Nunca pensei que me apaixonaria novamente por outro homem, depois do que Philip fez comigo há cinco anos atrás. Contudo, Nikolai era diferente. Estar com ele era emocionante, e ele fazia com que eu me sentisse especial.
Quando voltei a dormir, ouvi o som de batidas na janela, o que estava atrapalhando meu descanso. Era definitivamente irritante a ponto de ter feito com que eu me levantasse da minha cama.
Nikolai me ajudou a descansar depois do banho que tomamos juntos. Foi um bem rápido. Parecia que ele estava com pressa para ir a algum lugar e lidar com os problemas da alcateia. Não perguntei muito, pois estava cansada demais para conversar.
Eu sabia que ele voltaria para dormir ao meu lado logo depois que terminasse de tratar com sua alcateia, então esperei. Eu já sentia falta dele.
Teddy provavelmente estava dormindo naquela hora. Eu não queria acordá-lo. Além do mais, já havia passado da hora de dormir.
Ouvi a batida na janela mais uma vez.
"Arghh... por favor, pare!", finalmente decidi me levantar da cama de quatro colunas para verificar qual era a causa daquela batida na janela. Eu sentia vontade de esmagá-la.
O grande quarto com decoração vitoriana foi mantido escuro, apenas com a luz fraca da lâmpada do lado da cama acesa. Talvez Nikolai quisesse que eu descansasse bem, mantendo o quarto escuro para que eu dormisse melhor.
Eu sorri para mim mesma, amando a atenção que ele estava me dando. Era diferente de como Philip me tratava. Os dois homens tinham suas próprias formas de fazer com que eu me sentisse muito amada.
A memória de Gloria confessando que Philip estava por trás do meu mal-entendido com Nikolai passou pela minha cabeça. Fiquei desapontada com aquela revelação. Como ele pôde fazer aquelas coisas comigo?
Achei que podia confiar em Philip, mas o fato era que ele mudou nos últimos cinco anos em que estivemos separados. O Philip que conheci no passado nunca mentiria para mim. Não guardávamos segredos um do outro. Ele nunca me magoaria, não importava o quão mal eu o tratei no passado.
Suspirei quando alcancei a grande janela daquele quarto enorme do Nikolai. Tantas coisas estavam passando pela minha cabeça. Uma delas era a respeito de como eu administraria meus negócios em Amberose quando me mudasse para Xevia.
Deslizando a cortina para o lado, sobressaltei-me quando vi um pássaro branco segurando um bilhete, de bruxa.
Eu me perguntei que bruxa iria querer se comunicar comigo no meio da noite. Era Loraine? Mas por que ela usaria um pássaro?
Abrindo a janela, recebi o bilhete do pássaro antes que ele voasse para o lugar de onde veio. Tal método de comunicação era antigo e não se utilizava mais.
Mas eu sabia que algumas bruxas ainda o utilizavam, pois achavam que era a forma mais segura de se comunicar no mundo moderno, em que os métodos de comunicação são rastreáveis. Andei em direção a um sofá de couro na sala para ler o bilhete.
O bilhete só podia ser lido por uma bruxa, nenhuma outra espécie conseguiria lê-lo. Somente a pessoa destinada a receber a carta poderia ler seu conteúdo.
Depois de sussurrar um feitiço para abrir o selo, li o conteúdo e exclamei: "Ai, meu Deus! Teddy!"
Era um bilhete no qual se dizia para que eu me encontrasse com alguém que dizia ter sequestrado o Teddy.
O que estava acontecendo?
Nikolai já sabia disso?
Teddy não estava em casa do Ivan todo esse tempo?
O bilhete tinha um pedaço de papel anexado a ele. Era um mapa. Pediram-me para que eu o seguisse.
Se eu me atrasasse, eles machucariam o Teddy. Ah, não! Eu não podia deixar que isso acontecesse. Teddy devia ter ficado com medo, sozinho em um país que não conhecia.
Não perdi tempo para ir atrás do meu filho. Vesti a camisa de Nikolai sobre minhas calças, cobri-me com minha jaqueta quente que ainda estava um pouco úmida. Deixei o bilhete na cama antes de sair do quarto. Ele não tinha mais utilidade para mim.
Eu esperava que Nikolai encontrasse uma forma de me encontrar. Não pude contar a ele, porque a pessoa que estava com meu filho queria que eu fosse sozinha. Além disso, não consegui encontrar a p*rra de um celular em nenhum lugar daquela sala enorme.
Embora eu estivesse sentindo-me cansada e desejasse poder ficar na cama a noite toda, meu filho era minha prioridade. Eu não conseguia parar de pensar em como ele estava lá fora, sozinho e com frio. Meu coração se partia só de pensar nas coisas que o sequestrador podia ter feito ao meu filho.
Quando cheguei na porta para sair do grande Palácio dos Wulfgard, e era claro que me perdi naquele palácio enorme, por isso, encontrei os homens de Nikolai, os quais me impediram de sair do palácio. "Senhorita Winters, sob as ordens do Alfa Nikolai, devemos garantir sua segurança o tempo todo. Já é bem tarde. Por favor, volte para o seu quarto. Não é seguro aqui fora", um deles disse.
Olhando para eles com meus olhos tristes, pedi desculpas pelo que tinha que fazer com eles: "Me desculpem. Preciso salvar meu filho."
Eu usei minhas habilidades e empurrei sem esforço três dos homens de Nikolai usando apenas um movimento dos meus dedos. Entretanto, eles não faziam ideia de que aquilo estava drenando minha energia. Eu podia parecer durona por fora, mas meu interior chorava de dor enquanto eu me esforçava para usar minhas habilidades.
Estava acontecendo de novo. Eu ficava muito mais fraca quando estava grávida. A minha capacidade de cura diminuía e, às vezes, eu me sentia como se fosse um ser humano normal.
Loraine disse uma vez que isso podia estar ocorrendo porque meu bebê estava absorvendo minha energia. Quanto mais forte eu era, mais fraca eu ficava durante a gravidez.
E quase morri quando carreguei Teddy na barriga. Eu ia arriscar mais uma vez a minha vida para salvá-lo. Não importava com quem eu teria que lutar para libertá-lo. Eu ia fazer com que quem quer que machucasse meu filho pagasse.
Então me virei para o último homem de pé: "Agora, Frankie, preciso que você me leve a algum lugar e rápido."
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(Ponto de vista do autor)
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"Ah, aí tá você, cria do diabo", uma mulher agarrou Teddy pela jaqueta e segurou o rosto dele com uma mão, apertando suas bochechas rechonchudas, "Ah, você se parece tanto com ele. Ha! Vou cortar esses seus olhos azuis que se parecem com os daquela bruxa inútil. Ela arruinou tudo!"
"Pamela? Por que você tá fazendo isso conosco?", Crystal disse enquanto chorava, pois estava com medo, visto que aqueles ao seu redor eram pessoas que ela nunca havia conhecido antes. Homens e mulheres grandes que pareciam ferozes. Havia cinco deles vigiando-a e uma das pessoas estava com uma corda, "Por que você tá nos machucando? Por favor, solte o Teddy."
"Cale a boca, sua pirralha!", Pamela virou-se para encarar Crystal, a qual estava chorando, e a empurrou para o chão, "Mais uma palavra sua e corto sua língua."
Crystal balançou a cabeça e gritou: "Você é uma velha má!"
"Peguem-na! Amarrem-na naquele poste e certifiquem-se de que, dessa vez, ela não se solte. Eu vou lidar com ela mais tarde depois de dar conta desse garoto, que é o motivo de eu ter perdido Nikolai", Pamela disse com os dentes cerrados e agarrou Teddy pelo pescoço. Ela queria tanto sufocar o ar dos pequenos pulmões do menino.
Quando ela descobriu que Nikolai tinha um filho, Pamela perdeu a cabeça.
Ela sabia que perderia Nikolai para sempre por causa de Ashley. "De todas as mulheres nesse mundo, como Nikolai pôde escolher ter um filho com aquela sua mãe bruxa! Ela não serve pra ser uma Luna. Ela não é adequada pra se sentar ao lado dele no trono! Deveria ser eu!", ela gritou.
"Por favor, solte-o! Teddy, faça alguma coisa!", Crystal gritou suas últimas palavras antes de sua boca ser selada novamente com uma fita. Mesmo com a fita cobrindo sua boquinha, Crystal continuou gritando, pedindo para que Teddy encontrasse uma forma de escapar das garras de Pamela.
Ela sabia que ele tinha habilidades que poderiam ser usadas para libertar ambos, mas Crystal não conseguia entender por que ele não queria usá-las. Era como se ele tivesse medo de usar essas habilidades para se libertar.
"Cale a boca!", Pamela andou em direção a Crystal e deu-lhe um tapa forte. Isso deixou a garotinha tonta e fez com que sua visão ficasse embaçada, assim ela passou a enxergar Teddy de forma turva também.
"Crystal!", Teddy gritou o nome dela várias vezes sem saber se ela estava ouvindo. Ele tentou se livrar de Pamela, mas ela segurou a jaqueta dele com força. "Solte-me, sua mulher má!", ele gritou.
"Má? Sua mãe que é má!", Pamela riu histericamente, "Talvez ela tenha colocado um feitiço pra fazer seu pai se apaixonar por ela. Ouça, menino. Nikolai me ama. Assim que você for dessa pra melhor, vou garantir que sua mãe o culpe por não ter conseguido te proteger. Eles vão terminar. E, então, eu serei o amor dele novamente. Eu serei a Luna dele. Eu serei a esposa dele!"
"Você é maluca! Me solte. Solte a Crystal!", Teddy então mordeu a mão de Pamela e se livrou dela. Ele correu em direção a Crystal e chutou o homem que estava amarrando as mãozinhas dela a um poste acima da cabeça dela.
Todos zombaram do esforço que Teddy fez para lutar, já que ele era tão pequeno e fofo. Aqueles olhinhos redondos dele estavam mudando lentamente para um tom de cores diferente.
"Crystal", vendo que Crystal não estava respondendo ao seu chamado, Teddy sentiu uma onda de energia fluindo de dentro do seu corpo. Suas mãos começaram a tremer, e vozes falavam em sua cabeça, chamando seu nome.
E uma das vozes era a do seu Lobo, Kiko.
Foi então que ele liberou as habilidades que nunca soube que tinha dentro de si.
A sala escura foi então preenchida por vozes de homens e mulheres gritando, pedindo por socorro.