Capítulo 116
1562palavras
2023-06-19 00:01
(Ponto de vista de Nikolai)
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"Como você tá, querida?", acariciei as bochechas dela e dei um beijo em sua testa, "Chegamos. É aqui que eu moro em Xevia."
Eu a vi olhando para um espaço aleatório novamente. Eu me perguntei no que ela estava pensando: "Você tá bem?"
Ela assentiu com a cabeça e piscou enquanto olhava pela janela da minha caminhonete: "Parece um palácio. Você mora aqui? Essa é a sua casa?"
Eu ri e envolvi seu corpo com uma jaqueta, para que ela continuasse aquecida. "É a nossa casa, minha princesa linda. Já foi chamada de O Grande Palácio dos Wulfgard. Tem séculos de idade, mas o mantivemos reformado e, como você pode ver, tá se mantendo firme e forte", eu expliquei.
Ela sorriu e descansou a cabeça nos meus ombros quando falou: "Teddy vai adorar esse lugar. Ele sempre quis morar no palácio, como um príncipe."
"Ele vai?", eu ri e acariciei seu gentilmente cabelo, "Ele já não é um pequeno príncipe?"
Ela riu das minhas observações e balançou a cabeça: "Você não se lembra? Minha própria mãe quer colocar uma corrente nos meus punhos. Não vou voltar pra minha família, Nikolai. Eles me prenderiam de novo, e o Teddy também, assim que descobrissem que ele é meu filho."
Eu levantei o queixo dela e beijei seus lábios macios e carnudos antes de declarar: "Nosso filho. Eu não vou deixar isso acontecer. Teddy e você vão ficar aqui comigo. Não é seguro lá fora, querida. Eu não estava por perto pra cuidar de ti quando você estava grávida do Teddy. Deixe que eu fique perto de você agora, por favor."
Coloquei a mão na barriga ainda lisinha dela e a acariciei gentilmente: "Agora somos uma família, não somos?"
Ela riu e assentiu com a cabeça. Quando senti que os braços dela estavam envolvendo minha cintura, eu soube que tudo ficaria bem. "Eu te amo, Nikolai. Por favor, não parta meu coração."
Eu sorri e beijei a cabeça dela antes de falar: "Eu te amo mais do que você pode imaginar. E, por favor, não me deixe de novo. Podemos resolver qualquer coisa conversando se você ficar com raiva de mim por algum motivo. Podemos conversar a respeito de qualquer coisa. Venha, vamos entrar. Você precisa descansar e se manter hidratada."
Antes de abrir a porta, ela segurou meu braço e olhou para mim com seus olhos azuis e tristonhos: "Sinto muito pela Gloria. O que vai acontecer agora? Os Regalia vão querer se vingar de nós? Tô com medo, Nikolai. Não tô pronta pra enfrentar outra guerra, nem outro desmaio daqueles."
Eu segurei o rosto dela com uma mão e balancei minha cabeça para falar: "Esse é um problema com o qual eu devo me preocupar. Ninguém vai machucar você ou os nossos filhos. Fique tranquila, vou fazer um acordo com os Regalia. Quanto a Gloria, ela fez a escolha dela. Ela vai ser lembrada pelo sacrifício que fez por nós."
Ela assentiu com a cabeça e exalou: "É um palácio grande, Nikolai. Você mora aqui sozinho?"
"Eu sou um lobisomem, querida. Todos nós moramos debaixo do mesmo teto", talvez eu houvesse dito isso de uma forma errada, o que fez com que os olhos dela se arregalassem, como se ela houvesse acabado de ver um fantasma.
"O quê? Todos debaixo do mesmo teto? Como um covil de lobisomem?", ela se afastou de mim e cobriu a boca com a mão, "Nikolai, eu não acho..."
"Ei, se acalme. Vai ficar tudo bem. Ashley, aqui é bem grande. Você provavelmente não vai ver os outros. Vamos morar na seção isolada. Só nós e... talvez minha mãe. Você vai gostar dela alguma hora. Vamos ter toda a privacidade de que você precisa", eu segurei a mão dela e a beijei, tentando acalmar suas preocupações, "Vai ficar tudo bem, confie em mim."
Ela assentiu com a cabeça, mas eu sabia que ela estava preocupada com a possibilidade de não se adaptar ou ser aceitar na minha alcateia. Nem todos viviam no Palácio conosco. Apenas aqueles próximos a mim, para proteger a nossa fortaleza quando fôssemos atacados por inimigos. Até o Ivan escolheu morar sozinho, fora do Palácio, na mansão antiga da minha família.
O mundo havia se modernizado. A cultura tradicional não era praticada como antes.
Não era fácil ser um Wulfgard. Tínhamos muitos inimigos. A maior parte gostaria de desafiar nossa reivindicação ao trono. Eu esperava que, um dia, eu fosse muito respeitado a fim de poder liderar minha espécie e proteger meu povo. Foi o que prometi ao meu falecido pai em seu leito de morte.
Segurei a mão dela enquanto caminhávamos para adentrar minha casa. Seus olhos observavam tudo, como se ela esperasse que alguém ou algo pulasse em cima dela para machucá-la. Levaria tempo para que ela se ajustasse ao meu mundo. Eu esperava que isso não a afugentasse. "Vai ficar tudo bem, querida. Ninguém vai te machucar aqui", eu a confortei.
Ela assentiu com a cabeça, e eu sabia que ela estava mostrando um sorriso forçado, pois o restante da sua expressão não era alegre. "E as minhas coisas? Deixei na casa do Ivan. Teddy também tá lá, esperando que eu vá buscá-lo", ela perguntou.
"Ivan tá voltando pra casa e vai trazer o Teddy pra cá pessoalmente. Nós vamos garantir que suas coisas sejam trazidas pra cá também. Só procure descansar agora. Deixe que eu cuido de tudo", me movi para segurar o rosto dela e a beijar. Um beijo longo e apaixonado para deixá-la tranquila.
Ela tinha um sabor tão doce, e eu adorava o jeito com que ela gemia baixinho durante nossos beijos. Nessa hora, ouvimos alguém pigarrear.
"E essa é ela?", minha mãe apareceu na porta e olhou para Ashley da cabeça aos pés. Ela torceu o nariz, pois não gostou de eu ter trazido uma companheira que não era um lobisomem para casa.
"Mamãe, essa é a Ashley, minha companheira marcada. Ela vai morar aqui de agora em diante. Por favor, seja gentil. Ela tá grávida", quando mencionei a palavra 'grávida', pude ver os olhos castanhos da minha mãe brilharem de entusiasmo.
"Ela tá carregando meus netos? Ah, que maravilha", foi uma mudança repentina de humor. Minha mãe empurrou-me para o lado e segurou o braço de Ashley, e então começou a falar: "Você deve estar cansada, minha filha. Venha comigo, você precisa descansar. Você precisa comer mais, tá tão magrinha. Eu vou te engordar para que você dê à luz meus netos saudáveis."
Eu ri e pisquei para Ashley, a qual estava olhando para mim, às vezes, enviando sinais de que precisava de ajuda. Eu andei atrás dela com um sorriso.
"Nikolai, onde vai ser o quarto do Teddy?", Ashley virou-se e olhou para mim quando chegamos ao nosso quarto. Minha mãe estava andando ao lado dela, segurando seu braço para garantir que Ashley não caísse. Eu sabia que isso era tudo o que ela queria de mim - seus netos.
"Nosso filho vai ter um quarto próprio. Aquele ali. Só precisamos prepará-lo primeiro. Tenho certeza de que ele vai adorar. É o meu antigo quarto", apontei para uma porta do outro lado da escada.
"Filho? Do que você tá falando, Niko? Você já tem um filho? E você não me contou?", minha mãe me deu vários tapas no braço, e eu tinha certeza de que ela me chutaria se Ashley não estivesse ali conosco.
"Mamãe, comporte-se. Se não, você nunca vai ver seu neto", eu disse enquanto ria. Foi bom ver a Ashley rindo de novo. "Você tá gostando disso, não tá, querida? Uma ajudinha seria bem-vinda aqui, Ashley", pedi.
"Sra. Wulfgard, não é culpa dele. Ele acabou de saber sobre nosso filho, o Theodore...", Ashley hesitou em mencionar o nome 'Winters' e olhou para mim, "Teddy, pra encurtar. Ele tem cinco anos de idade."
"Ele vai se chamar Theodore Wulfgard de agora em diante", eu me movi para beijar a cabeça de Ashley e pisquei para minha mãe, "E, então, velhinha. Você é avó agora, tá feliz?"
"Cadê ele? Eu preciso preparar o quarto dele!", minha mãe empurrou-me e caminhou em direção ao meu antigo quarto para instruir as empregadas que o preparassem para o Teddy.
"Ela é legal", Ashley riu e segurou minha mão, eu perguntei a ela, "Quero tomar um banho, você vem junto?"
Ela passou os dedos pelo meu peito e mordeu os lábios. Eu a provoquei, "Você sabe que, já que te marquei, consigo sentir o que você quer. Sei exatamente o que se passa na sua cabeça, querida."
Ela colocou os braços em volta do meu pescoço e beijou meus lábios antes de falar: "Vou entender isso como um 'sim'."
Eu sorri.
Em seguida, ouvi uma mensagem que o Ivan enviou através da nossa conexão mental. Ele estava falando algo sobre alguma emergência, sobre alguém ter desaparecido.
"Qual é o problema, Nikolai?", Ashley perguntou e olhou para mim, tentando entender o que eu estava sentindo, "Você parece preocupado."
Eu balancei minha cabeça e forcei um sorriso. Eu não queria que ela se preocupasse também. Não seria bom para a saúde dela, então eu falei: "Nada, não, vamos te dar um banho, pois quero que você descanse."
Depois que deixei Ashley descansando na cama para que ela dormisse, não perdi tempo para chegar na casa de Ivan.
Meu filho havia desaparecido, assim como Crystal.