Capítulo 107
1367palavras
2023-06-10 00:02
(Ponto de vista do autor)
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Era uma noite escura que estava ficando cada vez mais fria a cada minuto que eles continuavam lá. Mas aonde eles planejavam ir era muito mais frio. Um lugar onde os lobisomens estavam no poder, dominando o país todo.
Era fundamental que saíssem do país onde se encontravam o mais rápido possível, se não queriam ser detectados pelas autoridades. Não seria bom para sua alcateia se vazassem notícias de que ele estava ajudando a namorada do inimigo a escapar.
Contudo, uma coisa era certa, Antonio Laurent era um homem de palavra, e Ashley manteve sua parte do acordo em relação a curar o filho dele. Então, era a vez dele de retribuí-la.
Olhando para seu filho único, sentado ao seu lado no voo fretado, Antonio sorriu e segurou a mão do filho: "Vai dar tudo certo."
"Tem certeza de que ela vem? Você sabe que precisamos sair daqui agora, pai", disse Antonio Junior enquanto se acomodava no assento. Ele já andava um pouco, com a ajuda de muletas. O progresso era realmente satisfatório, mas ele tinha que continuar tomando a poção terrivelmente nojenta que Ashley havia feito para ele.
"Você tomou seu remédio?", Antonio perguntou ao filho e olhou pela janela, esperando que Ashley chegasse o mais rápido possível. Ele se certificou de que ela tivesse alguma ajuda para sair do hospital. Era o mínimo que ele podia fazer para ajudar uma grávida que estava morrendo de vontade de ver o amor da sua vida, o qual, aliás também estava morrendo.
'Uma história de amor triste', ele pensou. Sem dúvidas, ele desprezava Nikolai, mas, pelo menos, o homem deveria saber que ele tinha um filho prestes a nascer nesse mundo. Isto é, um herdeiro.
A linhagem dos Wulfgard havia sido restaurada.
Naquela época, Antonio não fazia ideia de que Nikolai já tinha um filho.
"Aquela poção tem cheiro de cocô", o filho de Antonio torceu o nariz e engoliu a poção toda, "Você quer experimentar um pouco?"
"Você quer voltar pra cama do hospital, com meu punho acertando bem nesse seu rostinho idi*ta?", Antonio alertou e suspirou, "Luisa, vá ver se ela saiu do Hospital. Nós precisamos..."
Suas palavras foram cortadas quando seu filho apontou o dedo para a janela e disse: "Ela chegou. Ei, quem é aquele garoto?"
Antonio olhou pela janela do avião e semicerrou os olhos. Mesmo de onde ele estava sentado, ele conseguia ver um garotinho muito parecido com Nikolai quando ele tinha a idade daquele garoto. "Não pode ser dele", ele disse pensativamente.
*****
(Ponto de vista de Ashley)
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Com a ajuda do motorista, desci da van que transportava a roupa suja do Hospital, segurando Teddy nos meus braços.
Foi bem oportuno que Cindy tenha vindo me visitar no Hospital mais cedo para me atualizar sobre nosso sucesso em sermos selecionadas para a próxima fase do concurso de design em Paris. Era claro que fiquei animada quando ouvi essa notícia.
Entretanto, eu não estava com vontade de pensar em nada, além de ver Nikolai novamente. Eu faria qualquer coisa para vê-lo de novo. Eu tinha muitas coisas para falar.
Por um lado, eu queria contar a ele sobre o Teddy. Eu queria que ele lutasse para sobreviver pelo Teddy e por mim, e pelo nosso bebê que eu carregava na barriga.
Cindy insistiu em ir conosco, pois queria encontrar Drake novamente. Ela também se sentia culpada por ter terminado seu relacionamento com Drake.
Com a ajuda de Antonio e da sua médica de família, eles conseguiram me tirar do hospital sem que Philip percebesse que eu tinha sumido. Não foi fácil fazer com que ele me deixasse ir.
Eu sabia que magoaria Philip. Eu esperava que, algum dia, ele entendesse por que eu tive que deixá-lo. Meu coração era de Nikolai, e eu precisava confessar meu amor por ele.
"Mamãe, aonde estamos indo?", Teddy sussurrou e abraçou-me com força. Sorri para ele e dei um beijo em sua testa. Como ele estava ficando mais pesado, eu o coloquei de pé no chão e segurei sua mão.
"Nós vamos ver seu pai. Ele tá vivo, meu amor", eu disse para ele com um sorriso enquanto lágrimas molhavam minhas bochechas.
Teddy olhou para mim e sorriu ao perguntar: "É o Nikolai?"
Eu ri e respirei fundo. Eu nunca conseguia mentir para meu filho, ele era um menino tão inteligente, inteligente até demais para sua idade. Então, eu balancei a cabeça afirmativamente.
"Eu sabia que ele era meu pai! No meu aniversário, fiz um desejo para que ele fosse meu pai. Tô tão feliz, mamãe! Meu desejo de aniversário se tornou realidade!", ele disse e pulou para cima e para baixo como um coelhinho.
Eu não aguentava mais vê-lo naquele estado de felicidade. Agora, como eu deveria contar para ele que seu pai estava morrendo?
Comecei a chorar até me sentir tonta. Em seguida, caí sobre o corpo de um homem que me segurou bem a tempo de me salvar de cair no chão. Abri os olhos e tomei um leve susto: "Ivan?"
"Senhorita Winters, você precisa se apressar, não temos muito tempo", ele disse e me ajudou a ficar de pé.
"Tio Ivan!", Teddy foi correndo até Ivan e os dois bateram suas mãos uma na outra, "Onde você estava? Senti saudade de você. Crystal tá aqui?"
Mordi os lábios e olhei para Ivan, o qual franziu a testa. Ivan parecia cansado, como se estivesse acordado por muitos dias. Ele tinha algumas cicatrizes no rosto, e eu vi que ele estava mancando quando se aproximou de Teddy.
"Crystal tá esperando por você no local para onde estamos indo. Vamos, pequeno Teddy", Ivan ofereceu a mão para que Teddy andasse segurando-a. Ele então gesticulou para que eu fosse na frente enquanto ele seguia atrás. Pude ouvir Cindy perguntar a Ivan sobre Drake.
Não parecia que ela tinha recebido uma notícia boa. Eu a vi escondendo lágrimas e sua cabeça abaixando enquanto andava. Hã Deusa da Lua, eu esperava muito que Drake ainda estivesse vivo.
Antonio cumprimentou-me no avião e guiou-me até meu assento. Seu filho sorriu para mim e ergueu seu copo de poção para que eu visse. "Quer um pouco dessa poção de m*rda, Vossa Alteza?", ele perguntou brincando.
Eu sorri para ele e sentei ao seu lado, com Teddy no meu outro lado. "Espero que você esteja tomando as poções conforme as instruções que te dei. Nem mais, nem menos. Você parece estar bem melhor, Antonio Junior", falei para ele.
"É seu filho, princesa?", Antonio perguntou e olhou para Teddy como se o estivesse estudando, "Ele se parece com alguém que conhecemos."
Eu não queria me envolver nesse tipo de conversa e ignorei Antonio, enquanto preparava Teddy para que se sentasse ao meu lado. Claro que Teddy era uma cópia de Nikolai. Só Nikolai era cego o suficiente para não ver que Teddy era seu filho.
Ivan estava conversando com Antonio em francês. Eles estavam tendo uma conversa séria, parecia até uma negociação. "Antonio, eu não sabia que você era amigo do Ivan. Achei que os Laurent e os Wulfgard não estavam pra conversa", falei.
"Sou um homem de negócios, senhorita Winters. Eu tenho uma coisa que o Ivan quer e estou trocando por algo que eu quero. Tivemos uma boa conversa. Prometi que te levaria até Nikolai, e isso vai completar nosso pequeno acordo", Antonio disse, com seus olhos ainda observando Teddy. Bloqueei sua visão com meu corpo.
"Aonde estamos indo?", eu perguntei e olhei de Antonio para Ivan. Eles nunca me disseram aonde Nikolai estava. O suspense por não saber estava me deixando inquieta.
Ivan olhou para mim com tristeza no olhar e disse: "Estamos indo pra Xevia. Nikolai tá ferido. Ele não tá se curando rápido o suficiente."
Engoli em seco e balancei a cabeça. Ah, eu esperava que chegássemos a tempo.
Ivan continuou depois de sinalizar ao piloto que se preparasse para decolar: "Senhorita Winters, o lobo tá dele morrendo. Precisamos chegar lá a tempo. Ele precisa de você. Ele tem chamado seu nome enquanto dorme."
'Tô indo até você, Nikolai. Por favor, continue firme e forte, meu amor', eu disse a mim mesma e sussurrei um feitiço de força e proteção.