(Ponto de vista do autor)
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Ashley sentiu-se tonta, então sentou-se no banco mais próximo, de onde tinha vista para a suíte exclusiva do hospital. Era onde o filho de Antonio estava internado em estado crítico. Ela olhou em volta e viu várias enfermeiras entrando e saindo do quarto dele com uma expressão de tristeza e decepção.
Pensando que era culpa dela que colocou o filho de Antonio em estado crítico, Ashley estava em lágrimas. Eram lágrimas de culpa. "Ah, o que foi que eu fiz?", ela sussurrou para si mesma e enxugou as lágrimas que umedeciam seu rosto.
Querendo saber o que estava acontecendo dentro do quarto, Ashley foi lá dar uma olhada. Contudo, não era fácil fazer isso quando havia dois guarda-costas grandões vigiando a porta daquele cômodo. "Com licença, eu sou amiga do paciente. Posso visitá-lo?", pedi.
Ela estava tentando a sorte para entrar sem usar suas habilidades. Devido ao seu estado de saúde, parecia que suas habilidades não estavam funcionando tão bem quanto ela queria. Sua mente também estava nublada por perguntas e decepções com relação ao que havia acontecido entre ela e Nikolai nos últimos dias.
Nikolai estava a ignorando. Ele não foi atrás dela desde a última vez que se encontraram no aeroporto de Amberose.
"Você é amiga do Antonio Junior? Nunca te vi antes", um dos guarda-costas na porta falou com um sotaque francês forte. Antonio era francês? Ela pensava que fosse italiano.
"Só permitimos a entrada de amigos próximos e familiares. E, claro, de xamãs", a outra guarda-costas, que, por acaso, era uma mulher, disse e moveu-se para o lado de Ashley, a fim de proteger a porta, não permitindo que ninguém entrasse. Os dois estavam até mostrando suas presas de lobo para Ashley, como um sinal de alerta.
Ambos os guarda-costas cheiraram a Ashley e torceram o nariz. Eles perceberam que Ashley não era um lobisomem e, portanto, era improvável que fosse amiga do filho do chefe deles.
"Xamã? Bem, vocês estão com sorte. Eu sou uma", ela mentiu.
Em seguida, Ashley fez um gesto com a mão e demonstrou suas habilidades, mostrando que ela era, de fato, uma bruxa. Uma pequena chama formou-se em sua palma, e ela podia controlar livremente seu tamanho, de grande a pequeno. Depois, ela moveu a mão para o outro lado conforme demonstrava suas habilidades de cura na própria palma que estava sendo queimada pelo fogo quente.
Aquilo definitivamente foi impressionante para os guarda-costas. No entanto, a guarda-costas mulher não parecia muito convencida de que Ashley era uma xamã: "Qualquer bruxa pode fazer um truque desses. Qual é o seu nome?"
Por um instante, Ashley ficou pensando em um nome aleatório. E um nome surgiu na sua cabeça: "Daisy. Sou Daisy, a xamã. Você não me conhece?"
Ao ouvir aquele nome, os dois se moveram para os lados e permitiram que Ashley entrasse. O guarda-costas homem até se curvou ligeiramente e disse: "Pedimos desculpas, xamã Daisy. Nosso chefe estava esperando pela sua chegada."
Ashley fingiu não estar surpresa e, também, ficou preocupada com a possibilidade de ser pega quando a verdadeira Daisy chegasse. Não querendo perder mais tempo, Ashley entrou no quarto e fechou a porta atrás de si com cuidado.
A suíte do hospital era, sem dúvida, de aparência exclusiva e espaçosa. Parecia mais o interior de um quarto de hotel do que o de um hospital.
O som de aparelhos apitando em um ritmo rápido foi ouvido. Adentrando mais o quarto, ela viu Antonio Junior, com fios e tubos presos ao corpo ligados a outro aparelho médico.
Ashley sobressaltou quando viu como Antonio Junior havia sofrido, e tudo por causa dela. "Sinto muito", ela sussurrou enquanto se aproximava da cama dele.
"Eu vou encontrar uma maneira de ajudá-lo. Você vai ficar bem. Eu prometo", ela tocou a mão dele gentilmente e sussurrou um feitiço que acalmou os batimentos cardíacos acelerados de Antonio Junior.
"Foi você. Você causou isso", quando ouviu outra voz na sala, Ashley gritou e recuou enquanto procurava o dono da voz, a qual era de um homem, provavelmente, na casa dos cinquenta, o qual parecia abatido e cansado.
"Quem... quem é você?", Ashley levantou a mão e posicionou sua palma para frente, "Não se aproxime. Por favor, não quis fazer por mal. Eu não queria que isso acontecesse..."
Ashley estava preparada para se defender, pois sabia o que faria se a situação fosse o contrário. Se fosse o Teddy na cama, ela mataria a pessoa que machucou seu filho com as próprias mãos.
Antonio parecia tranquilo, olhando Ashley da cabeça aos pés com um rosto inexpressivo: "Então, você é quem eles disseram ser a causa da morte de Nikolai."
Quando ouviu essas palavras, Ashley abaixou a mão e balançou a cabeça: "O que você disse? O quê... A morte de quem?"
Vendo que Ashley estava tremendo de medo, Antonio soltou uma risada curta e disse: "Você não sabia? Quando foi a última vez que você falou com seu namorado, Vossa Alteza Real?"
Ashley deu alguns passos para trás depois de perceber que Antonio sabia quem ela era. Aquilo foi inesperado, e Ashley não estava preparada para o que estava por vir. "Como? O que você quer de mim?", ela perguntou.
"Eu que deveria estar te fazendo essa pergunta, princesinha", Antonio deu um passo adiante e encarou Ashley com ódio no olhar, "Salve o meu filho, se quiser viver mais um dia pra ver o seu namorado patético."
Ashley balançou a cabeça e suspirou: "Não consigo salvá-lo aqui, nessas condições, nesse lugar. Entretanto, talvez eu consiga aliviar a dor dele."
"Quero que você o faça andar de novo!", Antonio cuspiu suas palavras, "Os outros lobisomens podem ter medo de você, medo do que você é capaz de fazer. Mas eu, não. Eu quero que você faça meu filho andar de novo ou farei o mesmo com o seu filho."
Suas palavras fizeram com que Ashley engasgasse e tampasse a boca com as mãos. Para ela, aquele pensamento de que o Teddy poderia sofrer qualquer tipo de sofrimento era insuportável. Ela não podia deixar que isso acontecesse. Nunca.
"Eu não sei como, mas conheço um feitiço e uma poção que podem ajudá-lo a ficar mais forte pra poder, com esforço, voltar a andar. Levaria tempo, mas pode funcionar. É ele quem precisa se curar. É o melhor que posso fazer. Eu sou sua única esperança. Então você não pode me matar. Eu tenho certeza de que Daisy não iria ajudá-lo", Ashley queria continuar se defendendo para salvar sua vida do olhar furioso de Antonio.
Mas, então, uma mensagem chegou ao celular dela. Ela demorou um pouco para ler a mensagem enviada pelo médico que era amigo da família. Mesmo antes de ler o relatório de saúde, ela já suspeitava de qual poderia ser a causa da doença que ela estava sentindo. Em seguida, ela começou a chorar.
"Por que você tá chorando, princesa? Eu te pedi pra curar meu filho, não pra compartilhar seus problemas comigo", Antonio suspirou e balançou a cabeça enquanto olhava para Ashley, a qual começou a sorrir.
"Tô grávida", e foi dessa forma que Antonio tornou-se a primeira pessoa com quem Ashley compartilhou a boa notícia.
"Filho de Nikolai?", ele perguntou, com um olhar de quem não estava interessado em saber sobre os problemas de Ashley. Por alguma razão, Ashley sentia que Antonio não era uma má pessoa.
Ashley assentiu com a cabeça e aproximou-se de Antonio. Ela, então, sussurrou: "Vou ajudar seu filho. Em troca, quero que me ajude a encontrar Nikolai. Ele tá bem? Onde ele tá? Por favor, deixe-me salvá-lo."
Antonio suspirou e assentiu com a cabeça. Ele sentiu um pouco de pena quando olhou para Ashley, a qual parecia magra e meio mal. "Ele tá travando uma guerra entre lobisomens, a qual ele tá perdendo. Não sei por quanto tempo ele vai conseguir defender sua alcateia. Ouvi dizer que seu lobo estava enfraquecendo-se. Você precisa se apressar e dar um jeito no meu filho, ou não vai chegar a tempo de ver o Nikolai."