Capítulo 101
1415palavras
2023-06-06 00:02
(Ponto de vista de Ashley)
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Estávamos quase chegando em Paris. Já era a manhã seguinte. Deveria ter adormecido quando embarcamos no jato particular de Philip. Abri os olhos e vi Teddy dormindo ao lado de Dave. Dissemos a ele para fingir que era filho de Dave.
Meu filho ouvia-me obedientemente e nunca questionava por que eu sempre pedia a ele para fingir ser o filho do Finley ou do Dave. Era como se ele gostasse da ideia de ter uma figura paterna como o Dave ou o Finley.
Bem, eu nomeei Dave e Finley como os padrinhos do meu filho de qualquer forma, no caso de que algo infeliz acontecesse comigo. Os padrinhos de Teddy eram pessoas incríveis.
"Você tá bem, querida?", ouvi Philip me perguntar enquanto segurava minha mão. Afastei minha mão e fingi um sorriso. Ele estava sentado um pouco perto demais ao meu lado.
"Tô bem. Philip, por favor, não me chame desse jeito", eu não gostava que ele me chamasse de 'querida', pois isso me lembrava de Nikolai.
Lembrei-me do terrível incidente em que Nikolai socou o rosto de Dave, o que acabou quebrando a mandíbula dele. Felizmente, pude curar Dave para que ele voltasse ao seu estado original.
Eu não podia acreditar que Nikolai havia perdido o controle novamente. Eu pensei que, depois do que ele havia feito com o Finley e com a Cindy, aquilo havia sido o suficiente para fazer com que ele se arrependesse de ter ferido a eles e a mim.
Contudo, ele continuava fazendo isso. Eu odiava vê-lo naquele estado de raiva. Não era assustador para mim. Era frustrante.
Nikolai me pediu para que eu focasse no que amo quando perco o controle para a escuridão. Ele, por outro lado, não fez o mesmo quando perdeu o controle. Ele não me amava, por acaso?
Se não fosse pelo Philip, o qual estava carregando um taser com ele, eu teria usado meus poderes para parar Nikolai de uma forma não muito boa. Eu estava com muita raiva dele e muito desapontada devido à violência com que ele atacou meus amigos.
Ele fez aquilo, porque pensou que Dave era o pai do Teddy? Ele era tão idi*ta a ponto de não perceber que Dave era gay?
Inacreditável!
Suspirei e sentei-me na cadeira confortável enquanto olhava pela janela.
"Você tá pensando no Nikolai?", Philip perguntou enquanto me servia um copo de água.
"Você pode, por favor, não mencionar o nome dele?", eu, então, bebi um copo do que parecia ser uma água com gás. Ele ainda se lembrava do que eu gostava de beber. Philip até conseguiu fazer com que a aeromoça arrumasse a mesa para que eu tomasse um café da manhã simples, porém delicioso.
Olhei para ele e sorri fracamente. Por que ele tinha que ser tão meigo comigo?
Era como nos velhos tempos, quando Philip sempre me dava toda a sua atenção e amor. Ele sempre fazia com que eu me sentisse a pessoa mais importante sentada ao lado dele.
Isso me deixava um pouco triste.
Eu deveria sentir amor por ele. Eu deveria voltar para ele. Era o que a minha família queria. Definitivamente, o que os pais dele queriam.
Eu também quis isso no passado. Entretanto, meu coração não era mais dele.
Sem dúvidas, eu estava furiosa com Nikolai, mas ele continuava sendo o único que conseguia fazer meu coração disparar. Meus sentimentos por Nikolai ainda estavam presentes no meu coração.
"Não tenho muito o que fazer hoje. Eu tinha remarcado minha reunião com meus parceiros de negócios pra amanhã. Se você não se importar, eu gostaria de te acompanhar enquanto você leva seus desenhos", Philip ajudou-me a colocar um guardanapo no colo e apertou um botão para ajustar meu assento enquanto falava.
Ele ainda era o mesmo Philip por quem me apaixonei no passado, tão atento as minhas necessidades.
"Por que você tá olhando assim pra mim?", Philip perguntou e provou a comida antes de mim. No passado, ele sempre fazia isso para garantir que eu comesse a melhor e mais deliciosa comida servida pelo chef de cozinha.
Eu ri baixinho, com os olhos marejados. Era como se estivéssemos no passado quando ainda éramos um casal.
"Qual é a graça, coelhinha?", ele piscou para mim e assentiu com a cabeça, dando a aprovação de que a comida era boa para comer.
"Philip, por que você é tão legal comigo? Depois do que fiz com você...", eu levei um momento para acalmar meus nervos, pois não queria chorar igual uma bebêzona. Aquela havia sido uma semana tão estressante para mim.
"Ei, não se preocupe. Tô aqui do seu lado, não importa o que aconteça. Eu falei a verdade sobre o que eu te disse antes, Ashley. Eu não me importo até onde você e Nikolai foram no seu relacionamento. Estarei aqui esperando por você se encontrar uma maneira de me perdoar e me dar mais uma chance", ele segurou minha mão e sussurrou essas palavras que me fizeram fungar e chorar.
"Eu já te perdoei, Philip", enxuguei minhas lágrimas com os dedos e desviei o olhar, "Mas as coisas mudaram agora. Eu preciso... eu não... eu preciso focar no meu trabalho agora. Não quero pensar em relacionamentos por enquanto."
Ele assentiu com a cabeça e surpreendeu-me com um leve beijo na bochecha. "Eu vou esperar por você, Ashley. Não importa quanto tempo for preciso", ele concluiu.
Ah, por que tinha que ser tão difícil, para mim, ter o Nikolai e o Philip me querendo ao mesmo tempo?
Eu não sabia quem escolher. Por um instante, pensei que amava os dois.
Entretanto, imaginei que fosse de uma forma diferente.
Chegamos, então, a Paris. Philip havia preparado um quarto luxuoso para todos nós ficarmos em um hotel próximo ao local onde precisávamos apresentar nossos desenhos. Ele até deixou preparado para nós um carro com motorista para nos conduzir.
Como um favor, para fazer com que Finley e Dave gostassem dele, Philip contratou um tutor para ajudar o Teddy a acompanhar as aulas da escola. Nós mentimos para o Philip, dizendo que Teddy era um lobisomem.
Que outra escolha eu tinha?
Se ele soubesse que Teddy era meu filho, Philip informaria minha família, a qual soltaria os cachorros em cima de mim.
Assim como Nikolai, Philip me deu um cartão de crédito para que eu gastasse em qualquer coisa que eu quisesse, a fim de que eu continuasse o trabalho com meus desenhos para o concurso. Eu recusei aquela oferta generosa.
Entretanto, aquela minha assistente sem vergonha, Cindy, pegou e guardou o cartão de Philip.
Depois de enviar nossos desenhos, Cindy e eu passamos vários dias trabalhando para atender ao pedido do nosso cliente mais importante: o baile beneficente. Rainha Flora, a mãe de Phillip, até foi a Paris para me encontrar e discutir os preparativos.
Ela estava realmente feliz por eu ter aceitado o trabalho.
Os dias se tornaram semanas.
E eu nem percebi que Nikolai havia parado de me ligar ou de me enviar mensagens de texto. Eu me perguntei o que havia acontecido com ele.
Ele queria terminar nosso relacionamento? Eu estava esperando que ele fosse a Paris cortejar-me de volta até que eu ficasse caidinha por ele.
Bem, isso não aconteceu. Que decepção. Eu estava esperando demais.
Eu não me senti bem por alguns dias. Talvez fosse por causa do estresse dos trabalhos exigentes que recebi de vários clientes novos. Estávamos trabalhando em Paris, em um lugar que a Rainha Flora permitiu que usássemos como escritório temporário. Ela era tão agradável de se ter por perto e até nos ajudava com ideias.
Devido à deterioração do meu estado de saúde, decidi ir ao hospital mais próximo para fazer alguns exames. Eu era uma bruxa. Eu poderia me curar, mas o que eu estava sentindo era particularmente estranho. Nenhuma magia poderia aliviar a dor.
Enquanto eu esperava pelos resultados do meu exame de saúde no Hospital, vi um grupo de homens vigiando uma sala onde diziam estar onde um paciente muito importante que estava recuperando-se de uma paralisia.
"Um filho muito conhecido de um lobisomem", foi o que ouvi dizer, pelo menos.
Foi, então, que percebi, depois de perguntar por aí, que o pai do paciente era Antonio, um inimigo de Nikolai.
Naquele instante, veio à tona a lembrança do incidente bizarro e do que eu havia causado ao filho de Antonio. O que eu havia esquecido durante o blecaute voltou com tudo.
Com isso em mente, vomitei na lixeira mais próxima.