Capítulo 74
1329palavras
2023-05-24 00:02
(Ponto de vista de Nikolai)
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"Como você pode ver, ela já fez a escolha dela. Ela não escolheria um animal, até um assassino como você. Suas mãos estão cheias de sangue por ter tirado vidas inocentes em uma guerra que você e seu pai começaram", Philip zombou com um sorriso perverso, pois pensou que estava ganhando.
"Cale a p*rra da boca! Não mencione meu pai, seu humano fraco", eu disse com os dentes cerrados e respirei fundo para controlar minha raiva.
Eu não estava convencido de que Ashley havia me rejeitado. Ela estava apenas confusa, e eu não queria forçá-la a me escolher em tal situação. Sem dúvida, fiquei com o coração partido, mas eu sabia que ela ainda me amava.
Ela só precisava de tempo, e eu daria isso a ela.
"Só vá embora logo, Nikolai. Tá na cara que a minha neta já escolheu", disse a Rainha calmamente com seu sorriso de vitória. Eu a odiava. Se não fosse pela Ashley, eu gostaria muito de morder e arrancar o pescoço dessa vovózinha.
"Tudo bem. Mas isso não significa que eu vou desistir de você, Ashley. Prometi que esperaria você me aceitar e vou fazer isso mesmo que eu precise de esperar por muito tempo", eu disse para ela, a qual estava olhando para o chão, tentando evitar olhar tanto para Philip quanto para mim.
Eu sabia que ela estava pensando e sabia que ela não havia decidido ainda com quem ela ficaria. Contanto que ela não dissesse que havia me rejeitado, eu sabia que ainda tinha uma chance.
"Você tá perdendo seu tempo, caia fora, Nikolai. Espero que nossos caminhos não se cruzem novamente", disse Philip antes de dar alguns passos para ficar ao lado de Ashley. Aquele homem arrogante estava cheio de confiança por algo que ainda não havia conquistado.
Suspirei e assenti com a cabeça. Eu daria a ela tempo e espaço para pensar.
"Ashley, eu vou devolver suas coisas. Eu não vou te forçar a me escolher. Mas eu gostaria muito que sua escolha viesse do seu coração e que você não fosse manipulada pela sua própria família, a qual você sabe muito bem que não tá a seu favor", minhas palavras chamaram a atenção dos irmãos dela, e eu pude ouvir os dois bufando.
"Dê o fora daqui", disse um dos irmãos gêmeos dela enquanto abria a porta para que eu saísse.
Eu me virei e andei em direção à porta.
Esse não era o fim, pois eu encontraria um caminho para o coração dela. Como meu pai me disse certa vez, paciência era uma virtude e não deveria lutar quando não conseguia controlar minha raiva.
Quando eu estava prestes a sair pela porta, senti uma mão em meu braço. Eu sorri e me virei para ver o meu par de olhos azuis favoritos encarando-me.
*****
(Ponto de vista de Ashley)
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Eu não sabia o que fazer. Minha mente estava em conflito. Nikolai não me contou que era um híbrido.
Eu estava pensando em quais habilidades meu filho teria herdado de seus pais. Que tipo de homem ele se tornaria se seus poderes ficassem cada dia mais fortes? Como eu iria controlar esse poder que havia dentro dele?
Havia muitas vozes no local, mas eu não estava realmente as ouvindo, pois fiquei apavorada pensando no futuro que aguardava pelo Teddy. Eu não sabia o que fazer, era coisa demais para que eu carregasse sozinha como mãe solteira.
Eu precisava do Nikolai. Eu precisava que ele fosse o pai do Teddy. Entretanto, ele me perdoaria por mentir para ele? Meu filho me perdoaria por ter dito que seu pai estava morto?
Tantas perguntas estavam passando pela minha cabeça.
Então, olhei para cima a fim de ver que Nikolai ainda estava estendendo a mão dele para eu a pegasse. Ele estava me deixando?
A troca de palavras entre Philip, Nikolai e minha avó deixou-me inquieta. Eles estavam lutando por algo que estava fora do controle deles. O destino determinaria com quem eu ficaria, não eles.
Eu não sabia quem era minha alma gêmea, mas meu coração queria muito ficar com um homem. E este era o pai do meu filho.
Com isso, segurei os braços dele e sussurrei: "Leve-me com você."
Ele sorriu e moveu sua mão para segurar a minha. Quando nos aproximamos da porta, Philip bloqueou o caminho e encarou-nos com raiva: "Você não vai levá-la daqui. Ela precisa de ficar com a família dela. Claramente, você possui alguma coisa que a fez te escolher cegamente. Ela não te ama, e você não a ama tanto quanto eu."
Eu segurei a mão de Nikolai e mexi minha cabeça para ele. Eu não queria que ele lutasse com Philip. Eu estava cansada e queria muito ficar com meu filho.
"Philip, por favor, deixe-nos ir", eu disse, o que o fez olhar para mim com muita tristeza.
"Não, Ashley. Não vá embora. Você só tá confusa. Não jogue fora o que tivemos por mais de uma década. Você acabou de conhecê-lo e realmente não sabe que tipo de homem o Nikolai é. Ele é perigoso. E você vai viver uma vida na qual terá que ficar olhando pra trás, com medo de que alguém queira colocar uma bala na sua cabeça. Nikolai tem muitos inimigos. Você não tá segura com ele", Philip disse desesperadamente. Havia algumas verdades no que ele havia dito, mas eu não queria voltar atrás e viver no passado.
Eu decidi seguir em frente com a minha vida, mesmo que fosse para uma vida perigosa e cheia de incertezas. Além disso, escolhi ficar com Nikolai.
"Deixe-os ir", a voz do meu pai fez com que todos nos voltássemos para encará-lo.
Ele estava acordado e parado na porta de seu quarto, com minha mãe servindo de apoio ao lado. Sorrindo para mim, ele assentiu com a cabeça e gesticulou para que eu fosse embora com Nikolai. "Minha filha fez a escolha dela, Philip. Deixe-a ir. Você tem minha bênção, Ashley. Eu te amo, e tudo que eu quero é que você seja feliz", ele exclamou.
"Ashton!", era claro que minha avó protestou contra essa decisão.
"Querida, deixe-os ir", era a voz do meu avô, que finalmente falou algo, e ele assentiu com a cabeça para mim, mostrando que apoiava a minha decisão.
Sussurrei, "obrigada", para o meu pai e saí do local com Nikolai.
Andamos depressa em direção ao carro e sem olhar para trás. Ambos preocupados com o tipo de ameaças que a Rainha nos lançaria.
Para minha surpresa, havia dezenas de homens inconscientes no chão. Lá estavam os guardas reais da minha família. Olhei para Nikolai, o qual sorriu para si mesmo.
Aquilo foi obra dele. Espero que os guardas ainda estejam vivos.
Ele era um homem tão arrogante, o que me fez pensar se eu havia feito a escolha certa. "Não se preocupe. Eu não matei seus preciosos guardas", ele disse.
Entramos no carro, e ele foi embora depressa, pois não queria ficar nem mais um minuto na área do Hospital. Durante todo o tempo, ele ficou segurando minha mão com força com uma de suas mãos enquanto a outra estava no volante.
Eu me perguntei onde estava seu motorista, Frankie. Eu esperava que Nikolai não demitisse aquele bom homem.
Fiquei quieta com minha mente, perguntando-me se Nikolai me perdoaria por ter deixado que o Philip me beijasse. Eu não o impedi de fazer isso. Na verdade, eu quis aquilo naquele instante. Contudo, o beijo parecia diferente.
Não era igual aos beijos que eu dava no Nikolai. Esse pensamento fez com que eu corasse.
"No que você tá pensando, querida?", ele perguntou com o foco na estrada enquanto dirigia, "Sem mais segredos, tá bom? De agora em diante, só quero a verdade entre nós."
Eu assenti com a cabeça e sussurrei: "Philip me beijou."
De repente, Nikolai parou o carro no acostamento. Ele se virou para me olhar e perguntou com os dentes cerrados: "Ele fez o quê?"