Capítulo 72
1393palavras
2023-05-23 00:02
(Ponto de vista de Ashley)
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Pisquei, com a visão embaçada, no Hospital. Eu estava de volta ao quarto onde meu pai ainda estava deitado na cama. Minha mão esquerda ainda estava segurando as mãos dele enquanto a outra mão estava em sua testa. "Pai?", sussurrei, chamando-o fracamente.
"Ashley, você acordou", minha mãe falou, veio até mim e abraçou meu corpo fraco, com lágrimas molhando seu rosto, "Eu estava tão preocupada. Achei que ia perder vocês dois. Eu não suportaria isso."
"Mãe, tô bem. O Pai tá acordado?", eu perguntei e, lentamente, sentei-me e enxuguei gentilmente as lágrimas nas bochechas de minha mãe. Ela balançou a cabeça e olhou triste para o meu pai, o qual ainda estava inconsciente.
Eu ainda estava com raiva dela, mas ela não deixava de ser minha mãe. A raiva logo diminuiria, e eu sabia que não importava o quanto eu odiasse meus pais, eu ainda os amava muito.
Eu só queria que eles pudessem entender-me melhor. Eu era diferente, e eles sabiam disso, mas perderam a esperança em mim e foi aí que as coisas ficaram um pouco fora de controle entre meus pais e eu.
Se eles tentassem entender meus poderes, como Loraine Winters ajudou-me a controlá-los nos últimos cinco anos, as coisas seriam muito melhores para todos nós. Não seriam necessárias correntes. Nenhuma prisão poderia me segurar por muito tempo de qualquer forma.
"Não se preocupe, ele vai acordar. Tenho certeza disso. Vai tudo ficar bem. Talvez demore mais um pouco, mas sei que meu pai é um homem forte. Ele vai superar isso no final", eu falei e mostrei um sorriso fraco para minha mãe, o que fez com que ela sorrisse de volta e me puxasse para mais um abraço apertado. Eu senti como se o meu corpo estivesse sendo esmagado pelo corpo minúsculo dela.
"Mãe, não consigo respirar", sussurrei, o que fez com que ela risse.
"Me desculpe. Faz cinco anos que não te vejo. Eu procurei por você em todos os lugares. Onde você estava?", ela perguntou enquanto arrumava meu cabelo e meu vestido, como sempre fazia no passado, "Você tá tão linda. 'Tiana Winters', é assim que você prefere ser chamada agora?"
Eu sabia que ela estava tentando puxar assunto comigo. Pelo menos, ela estava tentando, e isso era tudo que importava. Assenti com a cabeça em resposta à pergunta dela e segurei sua mão para falar: "Não posso ficar aqui, preciso de ir embora."
Estava ficando tarde, e eu estava preocupada que Nikolai aparecesse e fizesse um barraco no Hospital. Teddy também devia estar procurando por mim, e eu não estava pronta para apresentar meu filho a minha família. Eu ainda não confiava neles.
"Por favor, fique. Nós sentimos saudade de você. Encontre no seu coração o poder pra nos perdoar, por favor. Ashley, você sabe que o que fizemos foi pra te proteger. Nunca quisemos te machucar. E quanto ao Philip, ele continua muito apaixonado por você", ela segurou minha mão com força e fungou ao conter uma lágrima, "Foi tudo culpa da Helen. Ela estava trabalhando junto com o Erique pra destruir nossa família. Para que você e seu pai voltassem pra ele. Foi terrível. Foi o tempo mais longo da minha vida que passei separada do seu pai. Eu não conseguia acreditar que o havia deixado sozinho, lutando para voltar."
"Vocês ficaram separados?", era algo difícil de acreditar, pois o amor deles era muito forte. Eu me perguntei que tipo de magia a Helen usou contra eles para que se odiassem.
"Faz poucos dias que conseguimos nos libertar do feitiço. Graças a Alister e Paulina, que encontraram uma poção pra curar a todos nós. Eu não poderia imaginar uma vida em que eu envelheceria sem seu pai, você e meus filhos. Seria igual a morte pra mim", ver minha mãe chorando fez com que eu chorasse também.
"Vai ficar tudo bem, mãe", sorri e assustei-me com o som do meu celular. Alguém estava me ligando. Eu esperava que não fosse o Teddy procurando por mim.
Para minha surpresa, era Nikolai e havia cerca de sete chamadas não atendidas dele. Apesar de ter parecido que passei apenas dez minutos no mundo dos sonhos, o mundo real estava tomando mais de uma hora do meu tempo. Rejeitei a ligação dele e enfiei o celular na bolsa.
"Quem era?", minha mãe perguntou e sorriu, "Você tá saindo com alguém?"
"Eu não sei", e essa era a verdade. Eu não tinha certeza se queria continuar tendo um relacionamento com Nikolai. E se eu fosse apenas uma amante para ele e, no fim, ele acabasse se casando com a Pamela? Essa dúvida ainda persistia na minha cabeça e no meu coração.
"Por que você não fala com o Philip? Ele ficou tão mal depois de saber o que ele fez com você. O feitiço sobre ele foi o mais difícil de quebrar. Helen controlou a mente dele por muito tempo", minha mãe olhou para mim como se esperasse que as coisas voltassem a ser como eram há cinco anos.
Não era tão fácil assim, então falei: "Mãe, já faz cinco anos. Muita coisa mudou. Também eu mudei. Não posso simplesmente voltar a fazer as coisas que eu fazia naquela época. Não é tão simples assim."
Eu soltei a mão dela, sorri e, por fim, falei: "Preciso de ir agora. Tenho certeza de que o pai vai acordar logo. Se cuidem."
Olhei em volta e percebi que só os meus pais estavam lá, então saí do quarto. O resto estava esperando em um quarto adjacente.
Com o coração pesado, saí do quarto e fui caminhando até a parte privada do saguão, onde vi Philip esperando por mim. Ele estava tão charmoso. Quando o vi olhando para mim daquela forma, meu coração acelerou. Eu sorri nervosamente e limpei minha garganta para falar: "Eu tenho que ir. Obrigada por me ligar e informar sobre a condição do meu pai. Ele vai ficar bem. Só dê a ele um pouco mais de tempo."
Eu passei pelo mesmo que meu pai passou no passado, então eu tinha certeza de que ele precisaria de dias para se recuperar ao acordar daquele tipo de viagem para outro mundo.
"Não vá embora. Por favor, fique", Philip pediu e bloqueou meu caminho para a porta de saída. Eu olhei para cima e o vi olhando para mim com uma expressão triste. Eu sabia o que ele queria, mas era algo impossível, pois eu não poderia dar o que ele queria. Pelo menos, não tão cedo.
"Philip, por favor, saia do caminho. Tô cansada e quero ir pra casa", suspirei e evitei olhar para ele, pois eu sabia que eu acabaria chorando a qualquer instante.
"Querida, seu lar é com a sua família, sua família de verdade. Volte pra nós. Volte pra mim", ele levantou meu queixo para que eu olhasse para ele, e eu o vi sorrindo para mim. Aquele tipo de sorriso que me dava frio na barriga quando eu e ele estávamos muito apaixonados. "Eu te amo, Ashley. Espero a sua compreensão quando digo que parece que foi ontem que te pedi em casamento. Eu nunca te magoaria. Por favor, acredite em mim."
"Philip, não posso. Você não entende. Já se passaram cinco anos. Muita coisa mudou, e você me magoou muito naquela época. Partiu o meu coração te ver com a Helen. Acho que nunca vou conseguir me recuperar disso", e então senti meu rosto sendo molhado pelas minhas próprias lágrimas. Eu sussurrei para ele: "Por favor, me deixe ir."
De repente, a lembrança de ter sido traído por ele com a Helen veio a minha mente. Tentei empurrá-lo para trás com cuidado, pois não conseguia suportá-lo perto de mim.
Mas, então, ele me puxou para mais perto de si e senti seus lábios pressionando os meus. Eu congelei. Ah, como eu senti falta desses lábios. Fechei os olhos e deixei que ele me beijasse.
E, então, ouvi uma voz familiar chamando o meu nome: "Ashley! Cadê você?"
Em um reflexo, empurrei o Philip para trás bem a tempo de ver a pessoa abrir a porta com um chute. "Nikolai?", exclamei surpresa.
"Ashley, precisamos de ir agora. Volte pra mim", Nikolai disse sem fôlego. Eu me perguntei de onde surgiram aqueles hematomas no rosto dele.
Olhei para Philip e para Nikolai.
Por um instante, fiquei sem palavras.