Capítulo 70
919palavras
2023-05-22 00:02
(Ponto de vista do autor)
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"Parem com isso! Não estamos aqui pra brigar. Ashley veio até aqui pra ajudar o nosso pai. Por favor, afastem-se", Aaron falou e gesticulou para que o resto da família recuasse a fim de que sua irmã desse um jeito de curar seu pai, "Por favor, quanto mais demorarmos, mais difícil vai ser trazer nosso pai de volta à vida."
Ashley sorriu fracamente para seu irmão, que ela considerou ter amadurecido e tornado-se um homem sábio. Ela se perguntou o que havia acontecido com seu irmãozinho, que adorava chorar em seu ombro quando se machucava.
Vendo seu pai pálido e fraco na cama, Ashley ficou triste. Ele era um homem forte e temido por muitos devido aos seus traços dominantes. Ninguém ousava questionar suas decisões, pois ele sempre garantia veementemente que eram as melhores escolhas. Contudo, naquela noite, ele parecia exatamente o oposto da figura paterna de que ela se lembrava.
Sentada na cama ao lado dele, Ashley colocou uma mão em cima das mãos de seu pai. Sua mão direita foi colocada na testa dele. Fechando os olhos, ela sussurrou um feitiço que a levou aonde ela pensava que seu pai estava.
"Espíritos das Bruxas do Leste, clamo que me ajudem a juntar-me ao meu pai no mundo diferente do dos vivos. Deixem o vínculo que temos nos unir. Ele não deve mais ficar sozinho. Ele não deve mais sentir dor. Unam-nos e guiem-nos para o caminho correto. Ajudem-me e ficarei em dívida com vocês", Ashley sussurrou em uma língua antiga. A Rainha, por sua vez, sabia muito bem o que ela estava fazendo.
"Ashley, não!", a Rainha gritou para impedi-la de continuar com o feitiço que provinha do livro de magia negra. Nada de bom saía daquele livro.
Mas já era tarde demais.
Ashley caiu sobre o corpo de seu pai, com a cabeça apoiada no peito dele.
Silêncio. Escuridão. Solidão.
E então... ela piscou, abriu os olhos e acordou em um lugar escuro, porém mais quente.
Não era o hospital no qual ela estava. Não era sequer o mesmo mundo que ela havia deixado.
O local estava cercado de chamas e, no final dele, havia uma gaiola, dentro da qual um homem estava preso. "Papai!", ela gritou.
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(Ponto de vista de Nikolai)
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"O que você fez?", suspirei e joguei meu celular na parede, o qual acabou espatifando-se. Fiquei sabendo que meu motorista idi*ta havia levado a Ashley para se encontrar com alguém no Hospital Real de Averna. Pressenti o perigo, então eu precisava ir até ela.
Fiz um gesto para que Drake preparasse meu carro. Eu precisava de encontrar minha Ashley.
"Nikolai, não consigo achar a mamãe", ver o rosto preocupado de Teddy fazendo-me essa pergunta fez com que eu escondesse toda a raiva que eu estava sentindo e fingisse um sorriso. Havíamos acabado de voltar da floresta, onde demonstrei ao Teddy como era a vida de um lobisomem.
O menino parecia aprender rápido, e isso me fez pensar se ele realmente tinha apenas quatro anos de idade, como ele havia me contado. Eu tinha certeza de que ele era mais velho do que isso. Ashley fez com que ele mentisse para mim?
"Não se preocupe. Mamãe tá trabalhando, e eu vou sair agora pra buscá-la", eu era ruim em mentir para o Teddy e senti que ele sabia disso.
"Posso ir junto?", ele perguntou enquanto pulava para cima e para baixo como um coelhinho. Eu me perguntei se ele, alguma vez, já se cansou de ficar pulando desse jeito. Ele tinha tanta energia. Eu imaginei que tipo de lobo ele seria, com certeza, um dos rápidos.
"Não, mamãe quer que você vá pra cama. Agora. Ordens estritas", eu só esperava que esse garoto também fosse do tipo obediente. Eu não era bom em lidar com crianças. Entretanto, isso não significava que eu não gostasse delas.
Eu simplesmente não sabia como controlá-las a não ser pela força.
"Ainda não é minha hora de dormir. Além disso, mamãe sempre canta uma música ou lê uma história pra mim antes de eu ir pra cama. Você poderia fazer isso pra mim, por favor?", quando ele me pediu isso, por um instante, pensei que fosse uma ideia ridícula.
Eu, cantar? O mundo ia acabar.
Contudo, ao ver os lindos olhos redondos e hipnotizantes de Teddy, fui atraído por eles. Eu só esperava que essa não fosse uma de suas habilidades fazendo efeito em mim. E, se ele fosse realmente meu filho, esse tipo de habilidade ia acabar comigo. Eu precisava de encontrar uma forma de escapar disso.
Dez minutos depois, eu estava sentado ao lado dele na cama, fazendo algo que nunca fiz antes na minha vida.
Ele me fez cantar. E, naquele momento, percebi que o vínculo que tínhamos era incrível. De alguma forma, não me importei com o fato de que minha voz poderia estar soando terrível.
Em meu coração, eu desejava muito que o Teddy fosse realmente meu filho.
"Nikolai, temos uma emergência. Precisamos de você agora mesmo", ouvi a voz de Ivan do lado de fora da porta do quarto do Teddy.
Beijei a testa do Teddy e esperei que o menino estivesse realmente dormindo.
Em seguida, saí de casa para enfrentar meus inimigos lobisomens que me queriam morto. Do fundo do meu coração, eu rezava para que minha Ashley estivesse bem onde quer que estivesse.
Contudo, por algum motivo que eu não entendia, senti algo querendo puxar-me para ir até ela.
Algo parecia fora do lugar.