Capítulo 60
1235palavras
2023-05-14 00:02
(Ponto de vista de Ashley)
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Eu não entendia o que estava acontecendo comigo. Parecia que meu corpo estava fraco e flutuando. Eu me senti leve.
Ficar doente era incomum para mim. Eu tinha todo tipo de feitiço memorizado a fim de curar qualquer doença que pudesse cair sobre mim.
Então, o que estava acontecendo? Que experiência estranha.
Eu conseguia ouvir o Nikolai chamando-me e falando meu nome. Chamei pelo nome dele várias vezes na esperança de que ele conseguisse me ouvir e, talvez, salvar-me.
Quando abri meus olhos, tudo estava branco em volta de mim e senti um frio congelante.
Onde eu estava? Eu estava sonhando?
Eu fiquei vagando pelo local, o qual parecia um vazio sem fim de nuvens brancas. Eu conseguia sentir o cheiro do Nikolai. Ele também estava ali comigo?
Então, dei a volta e corri o mais rápido que pude. Eu esperava que o Nikolai estivesse por perto para me ajudar a sair desse lugar frio e solitário.
Parei de correr, porque cansei. Era como se o oxigênio nos meus pulmões estivesse acabando-se.
"Nikolai", sussurrei seu nome e, por algum motivo que eu não entendia, de alguma forma, o senti perto de mim.
Foi então que vi uma porta vermelha aparecer do nada. Eu olhei para ela por alguns segundos antes de decidir abri-la.
Claro, o que mais eu deveria fazer? Eu não tinha escolha de qualquer forma. Era a porta ou ficar presa nesse lugar solitário.
Abrindo a porta, engasguei ao ver que dava para onde eu costumava chamar de lar. A casa dos meus pais - O Palácio de Averna.
Estava exatamente como eu me lembrava desde o dia em que o deixei. O que estava acontecendo? Eu estava sonhando, ou isso era algum tipo de jogo mental doentio pelo qual alguém estava me fazendo passar depois de ter colocado um feitiço em mim?
Andei pelo local até ouvir o som de crianças rindo. Eram vozes familiares, como se eu me lembrasse da cena.
De onde eu estava, vi meus pais brincando com uma criança que se parecia comigo. Meus irmãos também estavam lá no jardim de flores do quintal de trás. Meu pai estava perseguindo minha versão pequenininha, o que me fazia gritar de tanto rir.
Meus irmãos gêmeos estavam pulando nas costas dele, tentando impedir que ele me pegasse. Fui procurar a minha mãe, a qual estava sentada em um banco de pedra rindo alegremente enquanto olhava para nós.
Eu estava rindo também, com lágrimas nos olhos. Isso me fez perceber que meus pais amaram-me bastante há muito tempo atrás, e isso fez com que eu sentisse muita saudade dos bons e velhos tempos.
Eu gostaria de poder voltar no tempo e consertar o que quer que deu de errado conosco. Eu nem sabia o momento em que tudo começou a dar errado. Às vezes, eu me perguntava o que eu havia feito para que eles me odiassem.
Enquanto eu chorava, outra porta surgiu de repente ao meu lado. "E agora?", sussurrei para mim mesma. Parecia que ninguém podia me ouvir.
Eu poderia gritar o mais alto que conseguisse, mas não havia ninguém ali para me salvar, então perguntei: "Nikolai, cadê você?"
Eu funguei, contive uma lágrima e abri a porta ao meu lado, a qual era marrom.
A porta me levou ao dia em que Philip pediu-me em casamento. Ó! Foi um dia maravilhoso mesmo. Foi exatamente como eu queria que fosse: uma festona, com ele anunciando o pedido para amigos e familiares.
Estávamos muito felizes, e eu sabia que estávamos muito apaixonados. Eu podia ver isso nos olhos dele. Eu tinha certeza de que era real.
Tentei tocar o rosto dele, mas era apenas uma sombra da minha imaginação. Ei! Por que ele me magoou tanto? Eu realmente não era boa o suficiente para ele?
Fechei os olhos por um instante.
Nessa hora, ouvi a voz da Helen.
Ao piscar, percebi que estávamos no meu quarto. Foi naquela hora, há cinco anos atrás, que percebi que a Helen havia me drogado uma noite antes do meu casamento. Aquela v*dia!
Eu estava dando socos no rosto dela e chutando seu corpo. Porém, no final, eu estava apenas acertando o ar.
Argghh! Eu a odeio tanto!
Então, fechei os olhos e gritei o mais alto que pude. Eu só queria poder levantar-me e sair dessa lembrança, pois foi nesse momento que tudo mudou. Era o momento da minha vida em que mais fui magoada.
Então ouvi a voz dele me chamando. "Nikolai?", chamei-o.
Abri meus olhos lacrimejantes e pude ver a cena de nós fazendo amor na cama dele. Ah, ele foi realmente gentil. Dava para ver que eu o queria muito, pois eu estava puxando-o para mais perto de mim. Que vergonha!
Contudo, a verdade era que ele me queria tanto quanto eu o queria.
Aquela cena fez com que eu respirasse irregularmente. Era como se eu pudesse senti-lo me tocando, beijando-me.
Eu caí no chão chorando e disse: "Me desculpe."
Eu não queria deixá-lo depois daquela noite em que perdi minha virgindade com ele. Eu conseguia vê-lo olhando para mim com amor e carinho. Ele realmente me amava?
Meu coração estava batendo rápido, como se eu já soubesse a resposta.
Então, senti uma dor repentina no meu abdômen. 'Ah, não, o que era agora?', pensei.
Após abrir os olhos, vi o quarto em que fiquei quando morei com Finley em seu pequeno apartamento em Amberose. Fiquei lá por alguns meses depois de deixar Averna.
Isso foi antes de eu ter coragem de conhecer a minha madrinha, Loraine Winters.
"Eu me lembro disso", olhei em volta e vi meu reflexo no espelho, colocando a mão no abdômen. Essa era uma lembrança de quando eu estava grávida do Teddy. "Teddy", eu sussurrei e sorri.
Por que essa memória era diferente? Por que eu a estava revivendo?
Lembrei-me do sofrimento pelo qual passei quando estive grávida de uma criança híbrida. Foram extremamente dolorosos os momentos perto da hora do parto. Finley e Dave sempre estiveram ao meu lado.
Pelo menos, alguma coisa de bom na minha vida.
Então, eu vi uma porta surgindo na minha frente. Era uma porta feita de fogo.
Outra porta apareceu a minha direita. Uma porta diferente, feita de madeira.
Ao lado da porta de madeira, havia outra porta. Dessa vez, esta era feita de aço.
O que eu deveria fazer?
Por algum motivo que eu não compreendia, senti-me atraída pela porta feita de fogo. Senti como se algo estivesse me empurrando para que eu entrasse nela. Então, eu fiz isso.
Estava quente, mas não queimava a minha pele. Que esquisito!
Atrás da porta, vi um corredor. O caminho terminava em um trono feito de ouro. Havia um homem sentado nele.
Eu me perguntei quem era ele.
"Olá, minha princesinha", disse ele, com um sorriso, enquanto piscava para mim. Eu não conseguia vê-lo claramente, mas parecia que ele estava pegando fogo
Espere, que língua ele estava falando? Como foi que eu consegui entendê-lo?
"Quem é você? Onde eu tô? Você é real?", eu perguntei na mesma língua, o que me surpreendeu.
"Eu sou seu avô, Erique. Bem-vinda ao meu mundo. Você gostou dele?", ele levantou a mão e, de repente, as paredes ao seu redor desabaram e pude ver que o lugar estava cercado de chamas.
Contudo, eu não estava me sentindo quente. Era exatamente o contrário.
"Agora, Ashley. Nós precisamos de conversar."