Capítulo 119
945palavras
2023-08-10 00:02
Ponto de vista de Xavier:
Para ser honesto, eu não pensei muito adiante sobre a gravidez de minha companheira e da criança que ela estava esperando. Eu apenas aceitei o bebê como parte de um pacote, já que não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso.
Por mais que eu odiasse o fato de Armand ser o pai, precisava me lembrar que esta criança também era de Inara.
Então, quando ela pegou minha mão, deixando-me sentir os movimentos do bebê em seu ventre, fiquei surpreso e impressionado. Para mim, aquele não foi um simples toque. Foi muito mais.
Pude sentir o vínculo e o amor que os dois tinham um pelo outro, sem falar na empolgação e o medo quanto ao que o futuro os reservava.
Essa nova vida que crescia dentro de Inara era a perfeição em si. Não podemos deixar de nos apaixonar por ela também.
Eu ainda processava minhas emoções quando a ouvi soltar um suspiro que me deixou assustado por um instante. Então, percebi que os outros dois dentro de mim haviam despertado.
Ao entender que já era hora, deixei que eles se fizessem presentes enquanto pensava na conversa que teríamos em breve.
Foi desse jeito que Magnus nos encontrou, se bem que encontrar não era a melhor palavra para definir o que aconteceu. Na verdade, senti que ele estava escutando nossa conversa desde o momento em que entramos na cozinha. Ele apenas não se juntou a nós antes porque queria nos dar um instante a sós. Ainda me surpreendia o quanto ele havia mudado e não podia estar mais orgulhoso dele.
"E aí, pombinhos..."
"Magnus", Inara o cumprimentou com um olhar divertido no rosto.
"Inara", ele a respondeu no mesmo tom.
"Vou perguntar de novo, eu quero entender o que está acontecendo?" Questionei com as sobrancelhas levantadas.
"Não", eles responderam ao mesmo tempo, o que não me surpreendeu.
"Como quiserem. Então... você prefere ir para a sala de estar ou ficar aqui para conversarmos sobre a pergunta que me fez? Precisamos ter uma conversa, amorzinho."
"Tá... Parece ser sério."
"É sim", confirmei. Com um rápido aceno de cabeça para Magnus, ele se acomodou no assento em frente ao nosso.
"Para começar, estamos no reino da Fonte", expliquei com calma antes de fazer uma pausa à espera da reação mais comum quando entrava nesse assunto.
"O quê? Fon... Fonte? Reino da Fonte? Isso não é possível! Olha, tudo bem se não quiser me dizer onde estamos, mas o reino da Fonte é um pouco demais, não acha?" Ela reagiu exatamente como eu esperava.
"Por acaso, eu já menti para você antes, amorzinho?"
"Não, mas..."
"Mas nada. Eu não começaria a fazer isso agora", eu a tranquilizei antes de nos apresentar. Pela maneira como ela reagiu à essa primeira informação, acreditei que seria melhor se ela entendesse aos poucos sobre este reino e o nosso mundo para ser mais preciso.
"Por favor, me escute... Meu nome é Xavier Sebastian River. Sou príncipe herdeiro do trono da Fonte. Meu avô é o Rei Chaos, governante da Fonte, rei dos reis e senhor dos senhores de todos os reinos.
"Você está mesmo no reino da Fonte agora, ao menos no principal. É aqui que vivo com a minha mãe, meu tio e o resto da minha família. Na verdade, meu pai é um lobisomem.
"Por ser um alfa, ele mora em sua alcateia com a minha irmãzinha e sua nova companheira." Fiz uma pausa para que ela pudesse processar tudo o que acabei de dizer. Dava para ver seu cérebro trabalhando para colocar as ideias no lugar.
"Mas... Mas... isso é um mito... Contos de fadas", ela gaguejou.
"Meu amorzinho, os humanos também acham que os dragões são seres de contos de fadas. No entanto, aqui está você, uma princesa de um reino de dragões. Todas as histórias têm seu fundo de verdade, não importa o quão pequeno ele seja."
"E eu... eu... eu estou predestinada a você? Isso é mesmo possível? Isso é permitido?"
Não pude conter o rosnado de Santiago.
"Sim, é possível. Você é minha!"
"Por que seus olhos fazem isso?" Ela questionou ao inclinar a cabeça, curiosa.
"Fazem o quê?"
"Mudam de cor e giram. Quando isso acontece, tenho a sensação de que você está olhando para dentro da minha alma. Eu me sinto como se estivesse sendo observada."
"Bom... nós... quero dizer, não quero te assustar, mas..."
"Não, não foi o que eu quis dizer. Não acho isso estranho ou assustador. Na verdade, é lindo, até mesmo hipnotizante."
Sua resposta veio acompanhada de um sorriso tímido.
"Ownt... Agora vocês estão me deixando sem graça", Magnus nos interrompeu, estourando a pequena bolha a qual estávamos começando a criar à nossa volta.
"Vá se ferrar, Magnus", rosnei enquanto tentava segurar Santiago, que estava a um passo de avançar nele por arruinar nosso momento íntimo com Inara.
Com uma risadinha, minha companheira voltou a nos interrogar com aquela leve inclinação de cabeça que fazia sempre que estava curiosa.
"E quanto a Magnus? Ele também é deste reino?"
"Ah! Bem que eles queriam que eu fosse!" Magnus retrucou de maneira atrevida.
"Sério? Por quê?" Inara insistiu.
"Bom, você não iria querer saber" Ele brincou, fazendo suas sobrancelhas dançarem para ela.
Minha companheira só precisou fazer beicinho com seus lábios tentadores para que eu abrisse o bico.
"O idiota é na verdade um príncipe."
"Ah!" Ela fingiu estar surpresa. "Não diga! Quem poderia imaginar uma coisa dessas?"
"Ei! Eu tenho cara de príncipe!"
"Se você diz", eu disse, abafando uma gargalhada que não via a hora de escapulir dos meus lábios diante do olhar assassino brincalhão que ele deu à minha companheira.