Capítulo 120
1221palavras
2023-08-11 00:02
Ponto de vista de Xavier:
"Claro que eu digo! Eu sei que pareço um príncipe! Vocês dois estão apenas sendo os idiotas irritantes de sempre!" Magnus resmungou e, por mais difícil que fosse de acreditar, ele chegou até a bater o pé.
Algumas coisas realmente jamais iriam mudar.
Limpando a garganta, continuei: "Magnus é príncipe do clã da Casa de Venandi."
"Espere. Clã? Tipo, clã de vampiros? Eles também são reais?"
"Claro que eu sou real", Magnus brincou, revirando os olhos.
"Uau... Pelo visto, os vampiros também não são apenas seres de histórias antigas. No entanto, meu pai me disse que a maioria deles foi extinta. Aqueles que sobreviveram se esconderam tão bem que ninguém poderia encontrá-los a menos que eles quisessem aparecer. Não pensei que houvesse o suficiente de vocês para formar um clã. Mas, novamente, meu pai me falou sobre um vampiro em específico que deixou uma marca em sua alma, ou sei lá o que isso quer dizer."
Sua última frase me levou de volta à expressão no rosto do rei após descobrir que Magnus era um Venandi. Se a careta no rosto do meu amigo era indício de qualquer coisa, ele se lembrou da mesma coisa que eu.
"Ele alguma vez disse quem era esse tal vampiro?" Ele perguntou.
"Ah, sim, ele disse. Na verdade, ela era uma vampira chamada Callidora. Aparentemente, ela era amiga íntima da minha mãe. Isso é tudo o que meu pai me contou sobre o assunto."
"Não é muita coincidência? E essa história de marca de alma? Tem algo aí que não está batendo." Magnus se virou para mim com o cenho ligeiramente franzido.
"O que é muita coincidência? E o que é uma marca de alma?" Minha companheira perguntou, lançando um olhar astuto na minha direção. Esta mulher seria o meu fim e eu a deixaria acabar comigo de bom grado.
"Bom, essa vampira que mencionou é a mãe de Magnus, mestra do clã da Casa de Venandi", respondi, ignorando sua última pergunta de propósito. Afinal, não era minha intenção abrir a caixa de Pandora antes de ter todos os detalhes sobre a ligação entre Callidora e o rei.
"O quê? Está falando sério? Mas Magnus parece tão jovem. Meu pai mencionou que Callidora tinha um filho mais velho que o lembrava muito de si mesmo. Eu sei que vampiros não envelhecem muito, mas não acho que ele estava falando de Magnus."
"E não estava mesmo. Eu sou o último dos doze filhos da minha mãe, mas me deixa intrigado como seu pai sabe do meu irmão mais velho. Ele também comentou sobre isso quando nos conhecemos em sua sala do trono. Há mais alguma coisa que ele te contou?"
"Não. Na verdade, ele mal fala sobre a sua mãe..."
Magnus me lançou um olhar bastante significativo.
"Acho que obteremos mais respostas se interrogarmos o seu pai ou a minha mãe. Vamos ver quem será o azarado que irá aparecer na nossa frente primeiro!" Magnus disse entre dentes conforme suas presas desciam.
Como elas podiam ser uma visão bastante intimidadora, não fiquei surpreso ao ouvir o suspiro que escapou da minha companheira.
"Ele não vai te fazer mal nenhum. Suas presas normalmente aparecem quando ele fica agitado. Afinal, ele ainda é um bebê vampiro comparado aos seus irmãos", afirmei, sorrindo maliciosamente para Magnus, o que funcionou como um passe de mágica. Ele soltou uma risadinha e revirou os olhos antes de retrair suas presas.
"Vá se ferrar, Xav."
"Homens..." Minha companheira sorriu, balançando a cabeça. "Bom, falando em família, conheci sua tia e o companheiro dela."
"Tia? Qual delas? Há zilhões de pessoas que chamo de tia. Algumas são, na verdade, minhas tias-avós, sem falar nas outras com títulos ainda maiores, então, eu apenas as chamo de tia."
"Uau... Bom, eu conheci sua tia Kiara", ela explicou com uma careta. Não pude deixar de notar o súbito interesse de Magnus pelo teto e as luzes naquele momento.
Ai, ai...
"O que aconteceu? Eu sei que minha tia Kiara pode ser um pouco exagerada às vezes..."
"Às vezes?" Magnus debochou.
"Tá, ela sempre exagera, mas posso garantir que ela não faz por mal. É da natureza dela ser cautelosa e superprotetora. No entanto, ela sabe que você é minha companheira e jamais faria nada para ferir você ou esta criança."
"Eu pude perceber isso, mas ela me deixou um pouco apreensiva por um momento. Sei que ela tinha razão em perguntar sobre o bebê. É só que fiquei meio abalada com a forma como ela soube de cara que a criança não era da sua espécie. Pelo que você acabou de me contar sobre a sua origem familiar, acho que faz sentido ela ter notado.
"Mas, honestamente, isso me preocupa porque todo mundo saberá também e não quero que meu filho cresça como eu. Sempre fui tratada de forma diferente porque nasci com um blodsvreden. As pessoas me excluíam por medo do que achavam que eu me tornaria um dia.
"Eu nunca tive amigos de verdade porque todos mantinham a distância de mim na esperança de não serem atingidos quando eu finalmente perdesse o controle. Não é assim que uma criança deve crescer. Eu dei muitas voltas antes de desistir e passar a aceitar as opiniões dessas pessoas sobre quem eu era. Agora, eu me recuso a deixar esse ciclo se repetir. Eu me recuso a permitir que meu filho sofra dessa forma." A maneira como ela divagou e as lágrimas que se acumularam em seus olhos foram a minha ruína. Isso fez com que os outros seres dentro de mim choramingassem angustiados também. Eu entendia bem o que eles estavam sentindo.
"Surpreendentemente, eu te entendo. Nos primeiros anos da minha infância, vivi na alcateia do meu pai e preciso te dizer que crescer entre lobisomens não é nada fácil. Minha mãe e minha tia também eram diferentes de todo mundo lá, mas os membros da alcateia aprenderam a aceitá-las. Só que eu era um novo tipo de diferente para eles.
"Não só minha aparência era estranha, mas as circunstâncias acerca do meu nascimento me diferenciava das outras crianças. O fato de eu ter crescido duas vezes mais rápido que um lobisomem normal também não ajudava, sem falar na minha altura. Ninguém precisou dizer nada, mas o jeito que me tratavam foi o suficiente para eu voltar para este reino e essa foi a melhor decisão que já tomei.
"Todo mundo aqui é um pouco diferente. Estamos apenas tentando nos encaixar, então, posso jurar pela minha vida que ninguém jamais fará esse bebê se sentir como um peixe fora d'água. As pessoas aqui simplesmente não irão se importar com isso. No entanto, os membros da minha família tendem a ser superprotetores uns com os outros e, às vezes, eles podem exagerar. Mesmo que eu os diga para te darem um pouco mais de espaço, eles não o farão a menos que você os coloque em seu devido lugar.
"Somos uma espécie muito dominante. Muitas vezes, não conseguimos evitar quem somos, mas eu sei que você saberá lidar com isso. Eu conheço você, Zya e Moira, portanto, tenho certeza que podem enfrentá-los. Inclusive, por favor, façam isso. Jamais deixem outra pessoa, seja ela da família ou não, fazê-las duvidar do seu lugar ou desta criança ao meu lado", eu a tranquilizei com convicção.