Capítulo 118
1128palavras
2023-08-09 00:02
Ponto de vista de Inara:
"Ah, vamos falar sobre isso ainda, amorzinho. Mas, primeiro, deixe-me alimentar vocês dois", ele afirmou enquanto se levantava e se virava para começar a tirar as coisas dos armários. Isso fez meu coração aquecer tanto que cheguei a sentir um calorzinho na alma.
O que eu tinha feito para merecê-lo?
"Há algo em particular que esteja com vontade de comer?" Ele perguntou de repente.
"É errado eu querer bife de novo? Eu sei que já comi um pouco mais cedo, mas estou com um desejo que simplesmente não passa..." sussurrei de dedos cruzados.
"Não precisa dizer mais nada, até porque você pode comer o que quiser. Se tiver vontade de comer bife cinquenta vezes por dia, por que não?" Ele argumentou, surpreendendo-me mais uma vez.
Não pude evitar a risadinha que escapou de mim.
"Está falando sério?" Eu queria ter certeza absoluta.
"Você precisa entender que eu não brinco com as palavras, querida." Isso não era uma surpresa, considerando que ele cumpriu todas as promessas que me fez. Eu não poderia lhe ser mais grata por isso ou, então, ainda estaria trancada naquela maldita mina.
"Eu nem sei o que dizer." Fui honesta.
"Não precisa dizer nada. Apenas sente-se e relaxe."
A partir de então caímos em um silêncio reconfortante enquanto o aroma das especiarias, o chiado do bife na frigideira quente e o som dos utensílios que Xavier usava para cozinhar nos acompanhava.
Era uma visão e tanto ver um gigante igual a ele fazendo algo tão delicado como cozinhar, não que eu estivesse reclamando. Afinal, eu não sabia ferver uma água, que dirá preparar uma refeição completa.
Não levou muito tempo até ele deslizar um prato fumegante com três pedaços generosos de bife ​​na minha frente. Só de olhar salivei tanto que precisei engolir algumas vezes.
Em seguida, murmurei um agradecimento rápido e agarrei meus talheres, pronta para atacar a comida. No entanto, antes que pudesse fazer isso, fui erguida do meu assento e colocada no colo do meu companheiro. Por mais confortável que isso parecesse, eu me sentia minúscula perto dele.
"Permita-me." Foi tudo o que ele disse antes de pegar os talheres de minhas mãos e começar a cortar os bifes em pedaços bem pequenos até estarem todos iguais.
Ele, então, abaixou a faca e, depois de me posicionar adequadamente em seu colo, espetou um pedaço de bife, levando-o até minha boca, a qual abri depressa.
O gemido que escapou dos meus lábios não era capaz de descrever o gosto perfeito daquela iguaria tão bem temperada. Não era que o bife de Magnus não estivesse gostoso, mas este era algo de outro mundo. Apesar de Xavier ser meu companheiro, não estava sendo parcial. Essa era minha opinião real sobre o assunto.
Era improvável que existisse algo tão gostoso fora deste reino, ou seja lá que lugar era esse. O sabor do bife simplesmente estalou e chiou antes de derreter na minha boca.
"Hmm... Isso é bom. Muito bom", elogiei, puxando o garfo da mão dele para comer mais.
"Hmm", gemi de novo.
"Querida... Por mais lisonjeado que eu esteja com a sua aprovação, esses sons não me ajudam nada. Não acho que nós dois estejamos prontos para as coisas que estão passando pela minha cabeça."
Como estava muito concentrada na refeição maravilhosa à minha frente, as palavras dele me deixaram um pouco confusa. Mas bastou um olhar na direção do meu companheiro para eu corar diante do desejo com o qual ele me observava.
Eu definitivamente sabia no que ele estava pensando agora. Devagar, larguei meus talheres e me virei para ele. Fiquei surpresa com o quanto eu queria iniciar aquilo. Antes que pudesse me convencer do contrário, agarrei seu rosto e o beijei.
Ao que parecia, eu o peguei desprevenido, pois quando nossos lábios se conectaram, ele não reagiu. Contudo, em um piscar de olhos, ele já estava com as mãos em cima de mim, devorando-me.
Uma adrenalina sem igual atravessou o meu corpo. Eu sabia que teria escorregado e caído se não estivesse sentada em seu colo.
Devoramos um ao outro até que ele interrompeu nosso beijo. O gemido que deixou meus lábios não pôde ser evitado. Eu realmente não queria parar.
"Nããããão..." sussurrei.
"Eu sei, mas você precisa terminar sua refeição pelo seu bem e do seu bebê. Depois, nós conversamos. Se não pararmos agora, você vai acabar deitada sobre essa mesa, cantando uma música diferente de todas as outras. Mas agora não é a hora certa para isso, meu amorzinho."
Não pude deixar de fazer beicinho. Entretanto, o pequeno sorriso que surgiu em seu rosto me fez abrir um também.
"Coma", ele ordenou, apontando para o prato com a cabeça.
Com um revirar de olhos e um sorriso estampado no rosto, voltei a atacar os bifes suculentos à minha frente. Argh! Como eles eram incríveis! Eu tinha acabado de comer o último pedaço quando senti um chute na barriga, fazendo-me ofegar.
"O que foi?" Meu companheiro perguntou com o cenho franzido de preocupação.
"O... o bebê se mexeu", respondi com a voz carregada de emoção.
"Ah, que coisa incrível", ele afirmou com uma sinceridade que me surpreendeu. Então, ao sentir a criança chutar de novo, agarrei a mão de Xavier e a coloquei sobre o meu ventre. Imediatamente, ele suspirou com um olhar de admiração. Talvez ele tenha se emocionado mais do que eu, pois seus olhos começaram a girar enquanto uma lágrima solitária escorria pela sua face.
"Isso foi lindo", ele sussurrou, admirado.
Antes que eu pudesse respondê-lo, senti algo que há muito não sentia. Aquele vazio no meu peito foi se preenchendo pouco a pouco até que as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto de tão emocionada que fiquei.
"Zya... Moira... são vocês mesmo?"
"Também sentimos sua falta, criança", Moira respondeu presunçosamente.
"Não, não somos nós", Zya respondeu de maneira sarcástica.
"Céus! Como senti a falta de vocês! Eu sinto muito. Não sei o que aconteceu ou o que Armand fez comigo, mas de uma hora para outra, não podia mais sentir a presença de vocês", eu me desculpei com toda a sinceridade.
"O que aconteceu não foi sua culpa. Não precisa se desculpar. Somos nós que devíamos ter lutado mais", disse Zya solenemente.
"Não, não, não foi culpa de ninguém, muito menos de vocês duas. É Armand que sempre dá um jeito de conseguir o que quer."
"Bom, nem sempre. Ele devia saber que querer é poder! Apesar de não termos conseguido lhe tirar daquela maldita prisão, arranjamos alguém que podia."
"O que quer dizer com isso?"
"Xavier... Nós conseguimos alcançá-lo de alguma forma."
"E eu serei eternamente grata por isso. Jamais poderei agradecê-las o suficiente."
"Bom, não precisa nos agradecer. Ele não apenas resgatou você, ele salvou a todas nós."